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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, maio 29, 2010

Como dizia o amigo biltre: Aécio vice? Neves…

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Como dizia o amigo biltre: Aécio vice? Neves…

O PSDB erra ao insistir, a ponto de aparentar desespero, na esperança vã de ter Aécio Neves como vice de Serra. O meu amigo especialista em piadinhas biltres, anunciou aqui a negativa de Aécio ao convite, outrora discutida em O Recôncavo.

O PSDB não terá Aécio na vice. O mineiro, mais uma vez, recusou-se a ir para o sacrifício. Aécio, que teve o seu direito às prévias partidárias solenemente negado, deveria enlaçar o seu pescoço na forca, como prova de seu “patriotismo” e submissão à vontade partidária. Em resposta, Aécio Neves classificou de “piada” o que era petulância e acinte.

Agora o candidato a vice na chapa tucana, seja ele quem for, será içado à posição de “Plano B”, por obra e graça dos estrategistas tucanos e o indiscreto desespero em apresentar Aécio Neves como a salvação da lavoura oposicionista.

Se Aécio é a salvação, como acreditam os cardiais tucanos, sem ele, resta o purgatório.

Aécio Neves calcula, e com razão, que não tem nada a ganhar ao aceitar a candidatura à vice, principalmente estando Dilma Rousseff na liderança da corrida e com um teto de crescimento maior.

Aécio expõe o fato de que não confia em Serra. Não é possível existir acordo sem confiança. E não há lugar para dois líderes nacionais no PSDB. “Serra presidente, Aécio na penumbra”, reflete o mineiro. Ademais, a maior preocupação do sobrinho de Tancredo Neves é impulsionar a candidatura de seu candidato ao governo de Minas Gerais. Quem não manda em sua casa, não manda em lugar nenhum.

Graças à desastrada estratégia de “coagir” o ex-governador mineiro a aceitar a vice, o PSDB acabou por não ter vice nenhum. O partido terá, na melhor das hipóteses, um Plano B.

Quem será o Plano B do PSDB?

do Rodrigo Viana

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