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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, maio 28, 2010

Madame Hillary Clinton tem toda a sua razão






Hillary Clinton tem razão

Madame Hillary Clinton tem toda a razão no que declarou ontem à noite no lançamento da nova estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos, segundo a BBC.
Disse ela que tem “divergências muito sérias com a diplomacia brasileira em relação ao Irã”.
Pura verdade.
Nós queremos uma negociação digna, que supere as desconfianças e dê ao mundo a tranquilidade de ver eliminado um foco de tensão militar e – mais! – nuclear.
O Departamento de Estado, que ela chefia, quer o contrário: tensão e desconfiança para criar uma situação que é comum nos EUA: quando o país está em crise política, moral ou econômica, valer-se de um “inimigo externo” que alivie as pressões sobre a Casa Branca.
E lá, crise é o que não falta, desde a situação recessiva a um vazamento de óleo que deixou o Governo Obama como ficou Bush durante o furacão Katrina: tendo que explicar a falta de capacidade do Governo em enfrentar crises internas.
As externas são mais fáceis: em materia bélica, os EUA podem submeter – ou tentar submeter – qualquer um, mas os EUA têm de enfrentar um mundo cada vez menos disposto a ser seu caudatário.

do Tijolaço

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