EUA e Seul reúnem malta para forjar ‘evidências’ contra RPDC
Ao ignorar Grupo das 6 Partes (que conduz as negociações sobre a Península Coreana desde 2003) expõem as insuficiências das ‘investigações’ sobre o naufrágio
Com o intuito de respaldar supostas “evidências” de que o afundamento da corveta Cheonam, no mês de março, foi causado por um torpedo disparado por um submarino da República Popular Democrática da Coréia (RPDC), a Coreia do Sul convocou um “grupo de investigação conjunta de civis e militares” do país e “especialistas” indicados pelos EUA, Japão, Austrália e Suécia para averiguar suas “investigações”.
Com isso, se juntou aos EUA para dispensar o Grupo das Seis Partes, única instancia internacional reconhecida por negociar as questões atinentes à Península Coreana desde 2003. E, o que é mais grave, afastou das averiguações exatamente os que poderiam questionar a veracidade das provas apresentadas: a própria RPDC, a China e a Rússia.
“A RPDC não comete esses atentados. Embora fosse uma embarcação de combate, partimos do fato de que os desaparecidos e resgatados são também nossos compatriotas que prestavam o serviço militar. Forçados a uma política equivocada, mas nossos compatriotas. Nós defendemos a unificação da Pátria e até hoje consideramos o fato como uma desgraça que não devia ter ocorrido”, disse o porta-voz do Comitê de Defesa Nacional (CDN) da RPDC ao repudiar a parcialidade e incongruência das conclusões apontadas por Seul.
Ele lembrou que, logo depois do ocorrido, as autoridades do Sul asseguraram que “com a rigorosa e continua vigilância de seus oficiais da Marinha e de equipamentos como radares e detectores de som, não se encontraram indícios de infiltração de nenhum submarino da RPDC”. No entanto, logo depois e ainda antes de finalizar qualquer investigação, as autoridades de Seul “inventaram uma série de hipóteses e conjecturas – as chamadas provas circunstanciais – e apresentaram como evidencia material uns pedaços de ferro e alumínio, o que só pode ser visto como uma burla”, assinalou o CDN.
A agência KCNA descreveu que “as provas materiais consideradas como determinantes apresentadas pelo chamado grupo de investigação conjunta são a ‘uma ínfima quantidade de pólvora’, um ‘pedaço de material fundido’, a parte traseira do torpedo de 1,5m de cumprimento e as letras ‘Nº. 1’ escritas ‘ao estilo norte-coreano’”.
O presidente sul-coreano, Lee Myung Bak, provocou a ruptura das relações proibindo, no dia 25, a passagem dos barcos da RPDC pelas águas marítimas do Sul e determinou a interrupção do comércio entre os dois países. Disse que levaria o caso ao Conselho de Segurança da ONU. Quer dizer, aprovar mais retaliações contra a RPDC.
A RPDC reagiu afirmando que o Comitê pela Reunificação Pacífica da Pátria (CRPP) suspende as comunicações e já considera afastar os funcionários sul-coreanos que trabalham no complexo industrial bilateral de Kaesong.
Dias antes, a RPDC tinha proposto enviar um grupo de inspetores para participar de uma análise científica e objetiva das supostas provas do envolvimento do país no incidente, mas as autoridades sul-coreanas rejeitaram a iniciativa.
Desde o dia 26 a RPDC denuncia que em sua fronteira ocorrem ações provocativas há vários dias incluindo distribuição de panfletos, afixação de faixas com dizeres agressivos e transmissões por alto-falantes contra o governo e seu povo.
“Essas provocações violam o acordo militar Norte-Sul e levam as relações a uma situação insustentável”, afirmou o porta-voz do CDN. O governo dos EUA elevou as provocações anunciando exercícios militares conjuntos na Península.
A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, chegou à Coréia do Sul, depois de visita à China, pedindo que o governo de Myung Bak endurecesse ainda mais as medidas contra a RPDC.
Em Pequim, no entanto, no dia 26, o vice-ministro do Exterior chinês, Zhang Zhijun, não se comprometeu com a posição dos EUA e afirmou que seu país está avaliando as informações sobre o incidente. “Sempre acreditamos que o diálogo é melhor do que uma condenação”, enfatizou. A China, membro permanente do Conselho de Segurança da ONU com poder de veto, considera que “problemas internacionais e regionais devem ser conduzidos de forma objetiva, justa e baseada em fatos”, assinalou a porta-voz do ministério das Relações Externas de Pequim, Jiang Yu.
Jiang afirmou que a China sempre teve o compromisso de manter a estabilidade no nordeste da Ásia e na Península Coreana, promovendo a negociação multilateral sobre a desnuclearização da península. “A China é resolutamente contrária a qualquer tipo de comportamento que viole a paz e a estabilidade no nordeste da Ásia”, sublinhou.
O presidente russo, Dmitri Medvedev, informou que enviará à Coreia do Sul uma equipe de especialistas para analisar os vestígios do naufrágio da corveta sul-coreana. “Medve-dev considera muito importante estabelecer a razão exata da perda da fragata e revelar com precisão a responsabilidade pelo ocorrido”, informou o governo russo, acrescentando ainda que “é importante que se demonstre contenção e moderação no interesse de evitar uma nova escalada de tensão, preservar a paz, segurança e estabilidade na península coreana e na região como um todo”. O porta-voz da Chancelaria russa, Igor Lyakin-Frolov, destacou que Moscou não aceitará que se leve o incidente ao Conselho de Segurança da ONU porque a participação da Coreia do Norte no naufrágio não está provada.
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do Lingua de Trapo
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