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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, maio 29, 2010

PaTativa

PATATIVA DO ASSARÉ CANTA AQUI E CANTA LÁ

Por Bráulio Wanderley



Antônio Gonçalves da Silva poderia ser mais um homem camponês do sertão cearense castigado pela seca e pelos coroneis, mas resolveu ser diferente. Nasceu pra ser história do Brasil e do mundo, Patativa é estudado em catédra na Universidade de Paris nos conceitos brasilianistas.

Patativa nunca se mudou, morou na mesma casa que se localiza na praça de Assaré ao lado da Igreja (que hoje conta que uma estátua sua). Casou-se com dona Belarmina - a quem tratava carinhosamente por Bela - e na condição de camponês não estudou o Brasil, ele o narrou na problemática social com versos. Analfabeto, frequentou a escola por apenas 4 meses aos 12 anos de idade, mas a vida trágica que ele tanto versou o obrigou a cair no cabo da enxada.

Poesias se tornaram hinos da esquerda libertária durante a ditadura, dentre as quais estão: Triste Partida, Canto lá que eu canto cá, Caboclo Roceiro, Antônio Conselheiro, Vaca Estrela e Boi Fubá, entre outras obras do nosso ilustre cancioneiro.

Antônio Gonçalves da silva nasceu em Assaré-CE em 1909, nunca foi membro da academia cearence ou brasileira de letras, já outros menos dotados como Roberto Marinho e Sarney... Patativa faleceu em 2002 na mesma cidade que o apelidou, o presenteou e o eternizou para o mundo.






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