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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quinta-feira, maio 27, 2010
A lei e a moralidade
A lei e a moralidade
quinta-feira, 27 maio, 2010 às 21:11
Acabamos de assistir a uma flagrante prova da imoralidade da oposição PSDB-DEM. Burlaram, deliberadamente a lei. Sabiam que estavam transgredindo, não subjetivamente, mas objetivamente.
Não foi, num programa tucano, a exaltação de Serra, um de seus integrantes que podia – ou não – ser considerada propaganda antecipada.
Foi violação direta, expressa, objetiva, flagrante, criminosa. Foi fazer algo que se sabia proibido, anunciado previamente.
Quando, amanhã, apresentarem uma defesa pró-forma, às impugnações que sofrerão, a estratégia será a de dizer que a lei eleitoral permite eventos conjuntos de partidos. Verdade, se não fosse um pequeno detalhe: não é um programa eleitoral, regido pelas instruções que o permite. É um programa partidário, regido pela lei 9.096 que, não é demais repetir mil vezes, estabelece que é proibida a participação de pessoas filiadas em outros partidos. Com todas as letras.
José Serra e os dirigentes do DEM associaram-se para transgredir a lei. E outros, como o PPS e o PTB já anunciam pelos jornais que vão se juntar a essa associação,
Só quem tem a certeza da impunidade age assim.
Não li uma palavra do Ministério Público, que vai aos jornais ameaçar de cassação Dilma Roussef.
Não li um protesto em um grande jornal.
Todos vão continuar parados?
Nós não levantamos a bandeira da legalidade eleitoral por acaso. E não a deixaremos cair.
Um homem que se presta a ser integrante de uma associação feita com o fim de transgredir a lei delibradamente, sabendo que a punição não virá, a não ser como algo inócuo, não tem condições morais de sequer pretender chegar à Presidência da República.
Em 1954, quando houve a posse dos deputados federais e estes iam, um a um, jurar a Constituição, ao chegar a vez de Carlos Lacerda, Leonel Brizola agarrou um microfone e disse:
“Este vai ser um juramento falso, Sr. Presidente, porque ele está pregando o golpe lá fora e vem jurar a Constituição aqui dentro”
Acho que falta alguém com a coragem de dizer que o aspirante a rei está nú, em sua vergonha moral.
Brizola Neto Comentários (3)
Consumatum est
quinta-feira, 27 maio, 2010 às 20:37
Acaba de entrar no ar a ilegalidade.José Serra está ocupando, ao total arrepio da lei, o horário do “Democratas”, apresentado pelo mesmo Paulo Bornahausen que disse que Lula estava “esbofeteando” o tribunal ao apenasm encionar o nome de Dilma.
Já não há censura prévia a alegar. Foi ferido escandalosamente o disposto no Art. 45. parágrafo 1°, inciso I da Lei 9.096. Serão mais oito longos minutos de transgressão.
Espero que amanhã, os nossos editorialistas e, imediatamente, os blogueiros dos grandes portais estejam bradando aos céus por punições.
Afinal, não são imparciais?
do Tijolaço
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