Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, julho 16, 2010

A crise mundial e a hipocrisia em não resolver











A mentira na História e a compreensão da crise

Via ODiario

Miguel Urbano Rodrigues

“Nunca antes a humanidade dispôs de tanta informação; mas em época alguma esteve tão desinformada. Nesta era da informação instantânea, as forças do capital estão conscientes de que a transformação da mentira em verdade é cada vez mais imprescindível à sobrevivência do capitalismo.”

O capitalismo atravessa uma crise estrutural para a qual não encontra soluções.

Para que os povos se mobilizem na luta contra o sistema que os oprime e ameaça já a própria continuidade da vida na Terra, é indispensável a compreensão do funcionamento da monstruosa engrenagem que deforma o real, impondo à humanidade uma História deformada, forjada pelo capitalismo para lhe servir os interesses.

Essa compreensão é extraordinariamente dificultada pela máquina de desinformação mediática controlada pelas grandes transnacionais. Nunca antes a humanidade dispôs de tanta informação; mas em época alguma esteve tão desinformada. Nesta era da informação instantânea, as forças do capital estão conscientes de que a transformação da mentira em verdade é cada vez mais imprescindível à sobrevivência do capitalismo.

A LÓGICA DAS CRISES

No esforço para enganar e confundir os povos, a primeira mentira é inseparável da afirmação categórica, difundida através de um bombardeamento mediático, de que nos EUA irrompera uma grave crise, definida como financeira, resultante de especulações fraudulentas no imobiliário. Obama e os sacerdotes de Wall Street reconheceram a cumplicidade da banca e das seguradoras quando surgiram falências em cadeia, mas garantiram que o tsunami financeiro seria superado através de medidas adequadas. Trataram de ocultar que se estava perante uma crise profunda do capitalismo, de âmbito mundial.

A simulação da surpresa fez parte do jogo.

O Presidente dos EUA e os senhores da finança mentiram conscientemente.

As grandes crises mundiais raramente são previstas e anunciadas com antecedência. Mas quando se produzem não surpreendem. Inserem-se na lógica da História.

Isso aconteceu, por exemplo, após a II Guerra Mundial. A Aliança que fora decisiva para a derrota do III Reich não poderia prolongar-se. Era incompatível com as ambições e o projecto de dominação do capitalismo.

A dimensão da vitória, ao eliminar a Alemanha como grande potência militar e económica, gerou uma situação potencialmente conflitiva.

A partilha dessa dramática herança foi feita, numa atmosfera de aparente cordialidade, nas Conferencias de Teerão e Yalta. Mas, quando os canhões deixaram de disparar, Washington e Londres logo se entenderam para criar tensões incompatíveis com o respeito dos compromissos assumidos.

A Guerra Fria foi uma criação dos EUA e do Reino Unido. Derrotado um inimigo, o fascismo, o imperialismo precisava de inventar outro. A tarefa não exigiu muita imaginação. Os slogans que nas duas décadas anteriores apresentavam o comunismo como ameaça letal à democracia foram rapidamente retomados.

Como os povos estavam sedentos de paz, uma gigantesca campanha de falsificação da História foi desencadeada para persuadir no Ocidente centenas de milhões de pessoas de que a União Soviética configurava um perigo para a humanidade democrática. Essa ofensiva contribuiu decisivamente para dissipar as esperanças geradas pelas Nações Unidas e o discurso humanista sobre uma paz perpétua.

A chamada Guerra Fria nasceu dessa mentira. O famoso discurso de Fulton, quando Churchill carimbou a expressão Cortina de Ferro para caracterizar a imaginária ameaça soviética, foi previamente discutido com a Casa Branca. O medo da «barbárie russa» abriu o caminho à Doutrina Truman e à NATO.

Não foi a URSS quem tomou a iniciativa de romper os acordos assinados pelos vencedores da guerra.

Cabe recordar que, somente após o afastamento dos comunistas dos governos da França e da Itália, os ministros anticomunistas deixaram de integrar governos de países do Leste europeu.

É também significativo que os historiadores norte-americanos e ingleses, com raríssimas excepções, omitam que a implantação de regimes alinhados com a União Soviética se concretizou na Europa sem recurso à força armada enquanto na Grécia – pais situado na zona de influência inglesa – o exército de ocupação britânico desencadeou uma violenta repressão quando os trabalhadores revolucionários estavam prestes a tomar o poder. Foram então abatidos milhares de comunistas gregos para garantir a sobrevivência de uma monarquia apodrecida, mas os media ocidentais ignoraram esses massacres.

O tema era incómodo.

O tão comentado plano russo de «conquista e dominação mundiais» não passa de um mito forjado em Washington e Londres para criar o alarme e o medo propícios à criação da NATO como «aliança defensiva» capaz de se opor «à subversão comunista». E a arma atómica passou a ser usada como instrumento de chantagem.

Na realidade, a URSS, a quem a guerra custara mais de 20 milhões de mortos (a maioria homens de menos de 30 anos), precisava desesperadamente de paz para se reconstruir. As hordas nazis tinham devastado as zonas mais desenvolvidas e industrializadas do país. Como poderia desejar a guerra e promover o «expansionismo comunista» uma sociedade nessas condições?

A agressividade vinha toda dos EUA que tinham sido enriquecidos por uma guerra que não atingiu o seu território e na qual as suas forças armadas sofreram perdas muito inferiores às do seu aliado britânico.

A Grã-Bretanha, cujo império principiava a desfazer-se, ligou, porém, o seu destino ao colosso americano. Os elogios ao aliado russo, antes frequentes, foram substituídos por insultos e calúnias. Aos jovens de hoje parece quase inacreditável que Churchill, o inventor da Cortina de Ferro, meses antes do final da guerra, tenha afirmado «não conheço outro governo que cumpra os seus compromissos (…) mais solidamente do que o governo soviético russo. Recuso-me absolutamente a travar aqui uma discussão sobre a boa fé russa» (Citado por Isaac Deutscher em Ironias da História, pag 184, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro 1968).

Assim falava o primeiro ministro do Reino Unido pouco antes de transformar o aliado que tanto admirava em ogre que ameaçava o mundo…

MESMA HIPOCRISIA
NUMA CRISE MUITO DIFERENTE

Desagregada a União Soviética e implantado o capitalismo na Rússia, o imperialismo sentiu a necessidade de reinventar inimigos para justificar novas guerras. E eles foram rapidamente fabricados. Surgiu assim «o eixo do mal». Pequenos países como Cuba, o Iraque e a Coreia do Norte, metamorfoseados em potências agressoras, foram apresentados como «ameaça à segurança» dos EUA e dos seus aliados. Um homem, Osama Bin Laden, foi guindado a «inimigo número um» dos EUA. O Afeganistão, onde supostamente se encontrava, foi invadido, vandalizado e ocupado. Bin Laden, aliás, não foi sequer localizado. Permanece vivo, em lugar desconhecido. Mas a sua organização, a fantasmática Al Qaeda, é responsabilizada como a fonte do terrorismo mundial.

Seguiu-se o Iraque. Durante meses, a máquina mediática dos EUA inundou o mundo com notícias sobre «as armas de extinção massiva» que Sadam Hussein teria acumulado para agredir a humanidade. O secretário de Estado Colin Powell declarou perante o Conselho de Segurança da ONU que Washington tinha provas da existência desse arsenal de terror. O britânico Tony Blair garantiu que também dispunha dessas provas.

O Iraque foi invadido, destruído, saqueado e, tal como o Afeganistão, permanece ocupado. Mas Bush e Blair acabaram por reconhecer que, afinal, as tais armas de extinção massiva não existiam.

Entretanto, o complexo militar industrial dos EUA agigantou-se. O Orçamento de Defesa do país é o maior da História.

Agora chegou a vez do Irão. O berço de uma das mais importantes civilizações criadas pela Humanidade é a mais recente ameaça à «segurança dos EUA». A Agencia Internacional de Segurança Atómica não conseguiu encontrar qualquer prova de que o país esteja a utilizar as suas instalações nucleares com o objectivo de produzir armas atómicas. Com o aval do Brasil e da Turquia, o governo de Ahmanidejah comprometeu-se a que o seu urânio seja enriquecido no exterior com fins pacíficos. Mas Washington acaba de impor, através do Conselho de Segurança da ONU, novas sanções a Teerão. Mais: o presidente dos EUA ameaçou já utilizar armas atómicas tácticas contra o país se ele não se submeter a todas as suas exigências.

Isto acontece quando Obama se viu forçado a demitir o comandante-chefe norte-americano no Afeganistão na sequência de uma entrevista na qual o general Mc Chrystal – aliás um criminoso de guerra – (v. artigo de John Catalinotto em odiario.info, 12.7.2010) criticou duramente o Presidente e esboçou um panorama desastroso da política da Casa Branca na Região.

ENTRE A FARSA E A TRAGÉDIA

Diariamente, os grandes media norte-americanos repetem que a crise foi praticamente superada nos EUA graças às medidas tomadas pela Administração Obama. É outra grande mentira. A taxa de desemprego mantém-se inalterada e a situação de dezenas de milhões de famílias é crítica. É suficiente ler os artigos sobre o tema de Prémios Nobel da Economia, aliás empenhados na salvação do capitalismo – Joseph Stiglitz e Paul Krugman, por exemplo – para se compreender que a situação, longe de melhorar, pode eventualmente agravar-se.

Não é a taxa do PIB que lhe define o rumo, porque a crise, global, é do sistema e não apenas financeira.

Os discursos do Presidente contribuem para confundir os cidadãos em vez de os esclarecer. Persistem contradições entre a Casa Branca e a finança. Mas elas resultam de os senhores de Wall Street e os chairman das grandes transnacionais considerarem insuficientes as medidas da Administração que os beneficiaram. Pretendem voltar a ter as mãos totalmente livres.

A retórica presidencial não pode esconder que a estratégia de Obama visou no fundamental salvar e não punir os responsáveis por uma crise que adquiriu rapidamente proporções mundiais.

As empresas acumulam novamente lucros fabulosos enquanto os trabalhadores apertam o cinto. A desigualdade social aumenta e os banqueiros, driblando decisões do Congresso, continuam a atribuir-se prémios principescos.

O grande capital resiste aliás, com o apoio firme do Partido Republicano, a todas as medidas de carácter social, na maioria tímidas – como a reforma do sistema de saúde – que a Administração adopta (ver artigo de John Bellamy Forster, odiario.info, 13.7.2º10).

É cada vez mais transparente que estamos perante uma crise do capitalismo, sem solução previsível, embora a esmagadora maioria da humanidade não tenho tomado consciência dessa realidade.

A tentação de ampliar a escalada militar na Ásia como saída «salvadora» é muito forte, mas no próprio Pentágono generais influentes temem as consequências de um ataque ao Irão. A invasão terrestre está excluída e o bombardeamento com armas convencionais de alvos estratégicos não produziria outro efeito que não fosse uma gigantesca vaga de anti-americanisno no mundo muçulmano.

O recurso a armas nucleares tácticas é a opção de uma minoria. Essa hipótese tem sido admitida por destacadas personalidades internacionais, mas não se me afigura que possa concretizar-se.

Não obstante a vassalagem dos governos da União Europeia e do Japão, os povos condenariam massivamente uma repetição do genocídio de Hiroshima. Seria o prólogo de uma tragédia cujo desfecho poderia ser a extinção da humanidade.

Retomo assim a afirmação do início, tema desta reflexão. A mentira na História dificulta extraordinariamente a compreensão da crise de civilização que o homem enfrenta.






A Festa Do Rodo Anel, E O Nosso Ó

Governo paulista autoriza edital para concessão do rodoanel

E Tome Pedágio Paulista

rodoanel O governo de São Paulo deve lançar em julho o edital para concessão, por 35 anos, dos trechos sul e leste do rodoanel. O lançamento foi autorizado ontem em decreto assinado pelo governador Alberto Goldman (PSDB).
A empresa ou consórcio que explorar o trecho sul, que custou R$ 5 bilhões aos cofres públicos e foi inaugurado no início do ano, será autorizada a cobrar pedágio inicial de até R$ 6, com reajuste anual pelo IPCA, depois de cumprir um programa de investimentos ainda indefinido pelo governo. E terá que executar em 36 meses as obras do trecho leste, de 42,4 km, onde a tarifa inicial do pedágio custará R$ 4,50.
A concessionária poderá antecipar a cobrança do pedágio no trecho leste assim que concluir as obras de conexão com o trecho sul e a rodovia SP-66.
Como outorga fixa, a concessionária vai pagar R$ 370 milhões ao estado.

http://www.brasiliaconfidencial.inf.br/?p=18856
doamoralnato

quinta-feira, julho 15, 2010

Cinema Zeitgeist II

Zeitgeist II: Addendum - 2008



SINOPSE
Nesta segunda parte da sequência “Zeitgeist”, chamada Addendum, o documentarista Peter Joseph trata de demonstrar como o sistema financeiro foi magistralmente arquitetado para manter o poder (e o dinheiro) nas mãos das mesmas pessoas de sempre, e que o atual sistema fracionário produz um “dinheiro de fumaça”, que na verdade não existe e, em situações de crise, não há como fazê-lo aparecer, levando à quebra geral de instituições financeiras e bolsas de valores. Também é apresentado como solução para o problema o Projeto Vênus, idealizado por Jacque Fresco, cujo currículo apresenta títulos de professor, escritor, inventor, futurologista, engenheiro social, entre outras coisas. Segundo ele, o Projeto Vênus indica uma nova visão de mundo, na qual não sofremos por escassez de recursos, mas sim por uma péssima distribuição de riquezas e uma equivocada forma de relação com a natureza.

DADOS DO ARQUIVO
Áudio: Inglês
Legendas: Português
Duração: 123 min.
Qualidade: DVDRip
Tamanho: 448 MB
Servidor: Megaupload (3 partes)

LINKS
Parte 1
Parte 2
Parte 3

SS erra e sua vocação de Capachildo









Serra ataca de novo o Mercosul. Valentia, só com os fracos

Serra acha simples o Brasil ser o "irmão menor" dos EUA

Seguindo na sua linha de que bom mesmo é ser amigo dos ricos, José Serra voltou a atacar hoje o Mercosul. Segundo ele disse à Folha, o Brasil teria mais chances sozinho de fechar, de forma ágil, um acordo com a União Europeia, sem depender do Mercosul. “Seria importante ter uma flexibilização das regras do Mercosul. O Brasil tem condições de avançar mais sozinho”, disse o tucano.

Ele fez críticas à política externa do governo Lula. Serra disse que “o Brasil investiu muito em estreitar relações com países de pouca relevância no comércio mundial”.
Não tenho dúvidas que Serra fecharia mais rápido os acordos com os países ricos. É mais rápida a negociação onde o lado mais fraco diz: “sim, senhor”, “certo”, “está bem”, e “seja como o senhor quiser, patrão”.

Eu já o comparei aqui com o exemplo de Juracy Magalhães, aquele da frase “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil.

Curioso é Serra falar isso justamente depois de uma reunião com a União Européia. Os europeus, que sendo de esquerda ou de direita não querem ser capachos de outras potências econômicas, negociam em bloco com o mundo. Aqui, o “jenial” Serra acha que na base do “cada um por sí” vamos a algum lugar.

A cabeça egoísta de Serra é assim. Ele não cultiva relações, nem solidariedade. Tem comportamento subalterno. Natural que entenda assim as relações comerciais com o mundo.

dotijolaço

Industria Brasileira têm preferência para o Trem Bala






Fornecedor nacional terá preferência no trem-bala


Edital prevê que, já na construção, 30% dos trilhos e 15% dos motores sejam feitos no Brasil. Na operação, exigência sobe

http://www.radarsindical.com.br/blogdoneto/wp-content/uploads/2009/10/trem-bala3.jpg

Gustavo Paul –

BRASÍLIA. O governo vai exigir que o concessionário que vai construir e operar o Trem de Alta Velocidade (TAV) que ligará o Rio a São Paulo e Campinas dê preferência aos fornecedores nacionais. O edital de licitação, divulgado ontem, estabelece as diretrizes para incentivar e desenvolver a indústria e o mercado brasileiros. O índice de nacionalização exigido será crescente, sendo que as obras civis e o projeto, desde o início, terão de ser feitos inteiramente no país.

A preocupação se deve ao fato de representantes de sete países terem tecnologia e estarem interessados na licitação de R$ 33,1 bilhões: Canadá, França, Alemanha, Coreia do Sul, Japão, Itália e China.

O material rodante, por exemplo, como freios, motores e rodas, deve ter 15% de produção brasileira nos dois primeiros anos e chegar a 60% até a concessão completar 40 anos. Já 30% dos trilhos e dormentes deverão ser brasileiros no início e esse índice terá que chegar a 90% em 2051.

Se licença ambiental atrasar, empresa terá prazo revisto O edital determina que a concessionária deverá dar aos fornecedores brasileiros as mesmas condições oferecidas aos estrangeiros, tanto na fase de implantação, quanto na de operação e manutenção do TAV. A empresa terá de convidar empresas nacionais, disponibilizar em português as especificações exigidas para compra de bens e serviços e conceder os mesmos prazos. A indústria nacional também não poderá ser discriminada com exigência de competências técnicas adicionais.

Os fornecedores brasileiros terão preferência diante dos estrangeiros, caso as condições de preço, prazo e qualidade sejam iguais. Uma das cláusulas diz que o vencedor tem de “manter-se informado sobre os fornecedores brasileiros aptos a oferecer propostas de fornecimento de bens e serviços, buscando, sempre que necessário, informações atualizadas sobre esse universo de fornecedores”.

Escaldado com os atrasos da Justiça brasileira e a demora na obtenção das licenças ambientais, o governo deixou claro no edital que a concessionária não será responsabilizada por atrasos na concessão de licenças e outras permissões.

O texto diz que, se após o início do prazo para a operação houver atrasos nas desapropriações e na obtenção das licenças ambientais prévias que afetem o cronograma previsto, fica assegurada a restituição do prazo comprometido. O prazo para concluir a obra é de seis anos depois da concessão da licença ambiental.

A obra poderá demorar mais tempo para ficar pronta do que o prazo sugerido pelo diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo.

Caso os prazos estabelecidos no edital sejam seguidos à risca, as obras só devem ter início no final do primeiro semestre de 2012. A previsão da agência é que elas podem começar em dezembro do ano que vem.

Obra só deverá ser liberada em junho de 2012 Se não houver atrasos, a data de assinatura do contrato será em 11 de maio de 2011. A partir daí, a empresa tem 360 dias para elaborar o projeto executivo. Como a agência terá um “prazo razoável” — não especificado — para apreciar o projeto, a obra só deve ser liberada pelo menos em junho de 2012. Para a ANTT, os prazos podem ser reduzidos pelo próprio vencedor, que terá interesse em acelerar as obras.

Além de operar o TAV, o edital determina que a concessionária tenha uma obrigação adicional: implantar, manter e gerir a infraestrutura e redes de banda larga ao longo de ferrovia. Essa obrigação consta do decreto que instituiu o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), assinado em maio passado.

O projeto ainda estabelece os parâmetros socioambientais que devem ser seguidos na obra. Um deles é fazer túneis em alguns locais, como no centro do Rio, entre a estação da Leopoldina (Barão de Mauá) e a entrada do Aeroporto Galeão, para evitar interferências com áreas urbanas.

Também será subterrâneo o trecho entre a saída do Galeão até Rodovia Washington Luiz, para evitar impactos ambientais e interferências aeronáuticas. Em São Paulo, o trem deverá trafegar por túneis nas áreas povoadas de Guarulhos, São Paulo e Caieiras.

Postado por Luis Favre

Pré Sal já produzindo






Começa a produção comercial do pré-sal

Operação vai ocorrer no campo de Baleia Franca, no litoral capixaba, que até o fim do ano vai produzir 40 mil barris de óleo por dia

http://www.blogmercante.com/wp-uploads/2010/03/FPSO-capixaba_Low-Res.jpg
Plataforma FPSO Capixaba começa a exploração comercial do pré-sal

Nicola Pamplona enviado especial / Vitória –

A Petrobrás inicia hoje a primeira produção comercial de petróleo do pré-sal brasileiro, no campo de Baleia Franca, no litoral capixaba. A produção será feita por meio da plataforma FPSO Capixaba, que até o fim do ano produzirá, no pré-sal, 40 mil barris por dia. O projeto faz parte de um programa de investimentos que deve elevar a produção capixaba a 400 mil barris de petróleo por dia em 2015, duplicando o volume atual.

Desse total, 60% virão de campos do pós-sal e o restante, do pré-sal, explicou o gerente executivo da unidade de operações da Petrobrás no Espírito Santo, Robério Silva. O Estado tem outros dois polos de produção, um em terra, na divisa com a Bahia, e outro no litoral norte, onde estão os campos de Golfinho e Camarupim. Silva diz que a empresa tem esperança de encontrar reservas abaixo do sal no litoral norte, que hoje está fora da área delimitada pelo governo como pré-sal.

O campo de Baleia Franca está oficialmente na Bacia de Campos, mas em frente ao litoral capixaba, e faz parte da província petrolífera batizada de Parque das Baleias. Foi lá que a Petrobrás iniciou os testes de produção do pré-sal, por meio da plataforma P-34, no campo de Jubarte. A operação, no entanto, é encarada como um teste pela Petrobrás. “A P-57 é o primeiro projeto de produção do pré-sal em escala comercial no País, já desenhado a partir dos testes de produção anteriores”, comentou Silva.

A FPSO Capixaba receberá ainda poços do campo de Cachalote, na mesma região, que tem reservas entre 1,5 bilhão e 2 bilhões de barris no pré-sal. A unidade deve atingir sua capacidade máxima de 100 mil barris por dia ainda este ano. Metade da produção virá de reservatórios abaixo da camada de sal. O gás será escoado para unidade de tratamento no município de Anchieta.

O Parque das Baleias recebe ainda este ano a plataforma P-57, em obras no estaleiro Brasfels, de Angra dos Reis. Com capacidade de 180 mil barris por dia, a unidade vai produzir apenas óleo do pós-sal. A província receberá ainda as plataformas Cidade de Anchieta, no campo de Baleia Azul, em 2012, e P-58, na porção norte da província, em 2014. A plataforma P-34, que está hoje em Jubarte, será deslocada em 2015 para produzir óleo do pós-sal de Baleia Azul.

O Parque das Baleias fica no extremo norte da região delimitada pelo governo como área do pré-sal, que vai de Santa Catarina ao litoral sul capixaba. Ao lado da concessão, estão descobertas do pré-sal da Shell, em província conhecida como Parque das Conchas, e da americana Anadarko, conhecida como Wahoo. Silva disse que a estatal ainda não perfurou poços de pré-sal mais ao norte, já na Bacia do Espírito Santo, mas pretende fazê-lo para testar a existência de pré-sal.

GÁS. O gerente da Petrobrás para o Espírito Santo informou que a empresa vem retomando a produção de gás no Estado, que ficou em marcha lenta por causa da baixa demanda pelo combustível após a crise econômica.

Hoje, a produção está em torno de 5 milhões de metros cúbicos por dia, parte desse volume exportada para o Nordeste por meio do Gasoduto Sudeste Nordeste, inaugurado este ano. A companhia fez nova descoberta de gás no norte do Estado, próxima ao campo de Camarupim Norte, em área onde tem parceria com a americana Unocal.


Desenvolvimento é mais veloz no ES que na Bacia de Santos

Ritmo tem relação com ‘facilidades’ encontradas no Estado, onde o pré-sal é menos profundo e mais próximo do continente

Nicola Pamplona –

A velocidade no desenvolvimento das reservas do pré-sal no Espírito Santo, maior do que a verificada no polo de Tupi, na Bacia de Santos, tem relação com as facilidades encontradas no litoral capixaba, na comparação com a região onde estão as maiores reservas brasileiras de petróleo.

O pré-sal do Espírito Santo está mais próximo do continente (a cerca de 80 quilômetros, contra os mais de 300 quilômetros de Tupi) e fica a profundidades menores (1,5 mil metros, contra mais de 2 mil metros). Além disso, a camada de sal no Parque das Baleias tem espessura média de 200 metros, dez vezes menor do que a de Tupi, o que facilita as perfurações no local.

Outra vantagem, lembrou o gerente executivo da unidade de operações da Petrobrás para o Espírito Santo, Robério Silva, é o menor teor de gás carbônico no pré-sal capixaba. O teor de gás carbônico está em torno dos 5%, contra 12% a 20% em Tupi. A alta quantidade do gás tóxico na Bacia de Santos obrigará a empresa a perfurar poços para reinjetar o gás nos reservatórios.

Foi no Espírito Santo o primeiro teste de longa duração do pré-sal brasileiro, no campo de Jubarte, iniciado em setembro de 2006. O teste de Tupi, por sua vez, foi iniciado em maio de 2009. A região produtora da Bacia de Santos receberá sua primeira produção comercial em dezembro, por meio da plataforma-piloto de Tupi, com capacidade para 100 mil barris por dia.

De todo modo, o pré-sal do Parque das Baleias vai produzir algo em torno de 160 mil barris de petróleo por dia em 2014. Já na Bacia de Santos, segundo o planejamento estratégico da Petrobrás, o pré-sal terá capacidade instalada de 340 mil barris por dia, além dos testes de longa duração previstos para as descobertas da região.

Postado por Luis Favre


Estão quase prontos, pintados e começando a receber os componentes eletrônicos, os três primeiros dos 50 grandes helicópteros EC725 comprados






Helibras prepara a entrega de primeiros super-helicópteros no País

Roberto Godoy –

Estão quase prontos, pintados e começando a receber os componentes eletrônicos, os três primeiros dos 50 grandes helicópteros EC725 comprados pelo Ministério da Defesa para equipar a frota das Forças Armadas. O trio está longe do Brasil, em Marignane, na França, em um hangar da Eurocopter.O primeiro voo foi feito no dia 26 de maio.

A culpa é da pressa: Marinha, Exército e Aeronáutica querem ter ao menos uma unidade operacional, na versão básica, para treinamento de pilotos, planejadores de missão, artilheiros e pessoal de terra.

A encomenda envolve o Super Cougar, francês, capaz de transportar quase 12 toneladas de carga, armas e tropas. Um grande negócio. O contrato bate em R$ 5,2 bilhões, financiado por um consórcio europeu liderado pelo banco Societé Generale.

A transferência das tecnologias de ponta exigida pelo acordo entre governos se dará por meio da Helibras, única fabricante de helicópteros da América do Sul, associada ao Grupo Eurocopter – por sua vez, controlado pela EADS (European Aeronautic Defence and Space), um gigante do setor, que emprega 119 mil pessoas e faturou 42,8 bilhões em 2009.

A partir da quarta aeronave será incluído um índice gradativo de nacionalização que atingirá o nível de 100% na entrega do helicóptero número 15, nas linhas da Helibras em Itajubá, no sul de Minas Gerais. Isso só vai acontecer em julho de 2013. O último é assunto para 2017.

Expansão. Bem antes, em dezembro próximo, os três modelos iniciais serão trazidos de Marignane e recebidos formalmente na sede da indústria. A área está em obras. Para atender ao pedido da Defesa, a empresa está dobrando de tamanho, vai ganhar um complexo de produção de 11,5 mil metros quadrados. Fica pronto em 2012. Até lá, o quadro atual de 350 funcionários será aumentado para comportar mil vagas.

A distribuição do pacote será igual. As três Forças receberão 16 helicópteros. Os dois excedentes vão para o Palácio do Planalto, na configuração executiva, de alto luxo. As pinturas seguirão diferentes padrões; verde-escuro para o Exército, cinza-marítimo para a Marinha e camuflado para a Aeronáutica.

Não é a única variação. Os Comandos Militares definiram que, na partilha, oito dos EC725 devem ser destinados essencialmente ao emprego geral – transporte de pessoal, evacuação médica e apoio a operações de assistência humanitária.

Os outros 24, divididos em três grupos de oito, serão configurados prioritariamente para missões de combate ou de intervenção armada. O grupo naval, além de recursos para atuação tendo por base fragatas e o porta-aviões São Paulo, terá sistemas digitais para guerra antissubmarino, com dispositivo para lançamento de sensores eletrônicos de vigilância e disparo de torpedos ou mísseis.

O Exército quer seus modelos integrados com um Flir (infravermelho de visão frontal, em inglês), equipamento que usa o calor para “ver”, na tela digital e em tempo real, os alvos em imagens tridimensionais. Serve para noites escuras ou áreas de baixa visibilidade, na selva ou locais cobertos pela névoa. O alcance médio é de 26 quilômetros. Dois suportes laterais poderão receber metralhadoras 7.62 mm ou canhões leves, de 20 mm. O mesmo suporte levará disparadores de foguetes de 70 mm com 32 tubos.

A Força Aérea estuda um arranjo combinado, para ações de busca e salvamento, mas sem perda da capacidade de deslocamento armado da sua infantaria. O painel de bordo adotará um sensor de rastreamento de superfície.

A personalização será toda executada em Itajubá, tomando os primeiros protótipos como referência. Ao menos 40 engenheiros e técnicos brasileiros passarão por treinamento na França, de onde virão 20 profissionais para participar do processo. Há quatro especialistas da Helibras em Marignane. Nos próximos, meses serão 18 profissionais. O investimento do grupo supera os R$ 430 milhões.

‘Vamos desenvolver e construir um helicóptero todo brasileiro até 2020′

Eduardo Marson, presidente da Helibras e do Conselho da EADS Brasil

O Estado de S.Paulo

Aos 47 anos, Eduardo Marson divide seu tempo entre as 52 viagens que faz a cada ano – uma por semana, duas delas internacionais todo mês – por exigência das duas presidências corporativas que ocupa, a da Helibras e a do Conselho de Administração da EADS Brasil. Bacharel em política, pós-graduado em comércio internacional, Marson falou ao Estado na sexta-feira – pouco antes de uma nova viagem.

Qual é a maior dificuldade do programa EC725?

O desafio do programa do EC725 é a grande complexidade do contrato, que está sendo administrado conjuntamente pela Helibras, Eurocopter e a Comissão Coordenadora da Aeronáutica. Implica variáveis no planejamento, organização e execução de todas as ações envolvidas – do desenvolvimento dos sistemas próprios de cada Força até o treinamento, a documentação técnica e a manutenção.

Qual é o valor do investimento?

O investimento da Helibras no programa do EC725 é de R$ 430 milhões para todo o projeto de produção das aeronaves, incluindo treinamento, ferramental, simulador de voo e intercâmbios. Mas, além desse valor, haverá o investimento das indústrias independentes, que integrarão a cadeia de fornecimento e supridores.

Quais são os planos da EADS/Eurocopter para o Brasil?

Acho que o nosso plano mais ambicioso é a Helibras, num prazo de 10 anos – até 2020 – poder desenvolver, projetar e construir um helicóptero todo brasileiro, em parceria com a Eurocopter. A criação do Centro de Engenharia da Helibras será o ponto-chave para isso. A Helibras também está se capacitando para buscar soluções para outros setores, criando novos opcionais e novas configurações para outros modelos, tais como o EC225, a versão civil do EC725. Com a nova fábrica, a Helibras pretende atender também o mercado offshore e parapúblico do Brasil. Vamos lançar uma ofensiva exportadora em países de toda a América Latina e de regiões onde a presença diplomática brasileira seja forte.

Qual é a rotina diária da condução do programa EC725?

Uma das características do trabalho é essa, a de não ter rotina. As minhas responsabilidades, tanto na presidência da Helibras quanto na presidência do Conselho de Administração da EADS Brasil, obrigam-me a um permanente deslocamento dentro do Brasil e no exterior. Toda semana passo de um a dois dias na fábrica da Helibras em Itajubá, e o resto do tempo na sede da empresa em São Paulo. Mas a minha agenda envolve compromissos também nas capitais em que mantemos escritórios, como Brasília, Rio e Curitiba, além da minha participação em reuniões, quinzenalmente, nas sedes europeias das empresas, ou onde mais a minha presença seja exigida.

A mão de obra qualificada exigida no empreendimento é encontrada no País?

Sim. Hoje o Brasil possui uma indústria aeroespacial altamente sofisticada tecnologicamente, cuja mão de obra tem condições de responder rapidamente a um estímulo representado por investimentos em projetos como o do EC725. Mas ela necessita de treinamento específico, e essa preparação está sendo ministrada por meio de uma série de programas atualmente em desenvolvimento na Eurocopter, na França, e na própria Helibras.

A rede de fornecedores já está completa?

A identificação das empresas que participarão do acordo de cooperação industrial está bastante avançada, com vários protocolos de intenção assinados em consonância com a Copac. As organizações cobrem praticamente todas as áreas – da motorização, painel de instrumentos, aviônicos, radiocomunicação, navegação e partes estruturais até os conjuntos dinâmicos.

Que conhecimento de ponta ainda precisa ser trazido de fora do País?

O Brasil não domina a mais moderna produção de materiais compostos. Mas é só uma questão de tempo – e é relativamente pouco tempo. Vamos transferir essa tecnologia.


Postado por LuisFavre

Patético pateta SS erra






Serra já faz mais sucesso que o casseta Marcelo Madureira


Ao acusar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter transformado o Brasil em uma “república sindicalista”, José Serra optou por agregar a seu modelito eleitoral, definitivamente, o discurso udenista de origem, de forma literal, da maneira como foi concebido pelas elites brasileiras antes do golpe militar de 1964.

Por Leandro Fortes, no blog Brasília, eu Vi


Não deixa de ser curioso ouvir essa expressão, “república sindicalista”, vinda da boca de quem, naquele mesmo ano do golpe, colocava-se ao lado do presidente João Goulart contra os golpistas que se aninhavam nos quartéis com o mesmíssimo pretexto, levantado agora pelo candidato do PSDB, para amedrontar a classe média. Jango, dizia a UDN, macaqueavam os generais, havia feito do Brasil uma “república sindicalista”.

Ao se encarcerar nesse conceito político arcaico, preconceituoso e, sobretudo, falacioso, Serra completou o longo arco de aproximação com a extrema-direita brasileira, iniciado ao lado de Fernando Henrique Cardoso, nos anos 1990. Um casamento celebrado sob as cinzas de seu passado e de sua história, um funeral político que começou a ser conduzido sob a nebulosa aliança de interesses privatistas e conveniências fisiológicas pelo PFL de Antonio Carlos Magalhães, hoje, DEM, de figuras menores, minúsculas, como o vice que lhe enfiaram goela abaixo, o deputado Índio “multa-esmolé” da Costa.

Pior que o conceito, só a audiência especialmente convidada, talvez os amigos que lhe restaram, artistas e intelectuais arrebanhados às pressas para ouvir de Serra seus planos para a cultura brasileira: Carlos Vereza, Rosa Maria Murtinho, Maitê Proença, Zelito Viana, Ferreira Gullar e Marcelo Madureira – este último, raro exemplar de humorista de direita, palestrante eventual do Instituto Millennium, a sociedade acadêmica da neo UDN.

Faltou Regina Duarte, a apavoradinha do Brasil, ausente, talvez, por se sentir bem representada. Diante de tão seleta plateia, talvez porque lhe faltem ideias para o setor, Serra destilou fel puro contra as ações culturais do governo Lula, sobretudo aquelas levadas a cabo pela Petrobras, a mesma empresa que os tucanos um dia pretenderam privatizar com o nome de Petrobrax.

Animado com o discurso de Serra, o humorista Madureira saiu-se com essa: “Quero que o Estado não se meta na cultura e no meu trabalho, como está acontecendo”. Madureira trabalha na TV Globo, no Casseta & Planeta Urgente. Como o Estado está se metendo no trabalho dele, ainda é um mistério para todos nós. Mas, a julgar pela falta de graça absoluta do programa em questão, eu imagino que deva ser uma ação do Ministério da Defesa.

O que José Serra não confessou a seus amigos artistas é que a “república sindicalista” saiu-lhe da boca por despeito e vingança, depois que as maiores centrais sindicais do país (CUT, CGT, CTB, CGTB, Força Sindical e Nova Central) divulgaram um manifesto conjunto no qual acusam o candidato tucano de mentiroso por tentar se apropriar da criação do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e por “tirar do papel”, seja lá o que isso signifique, o Seguro-Desemprego.

“Serra não fez nenhuma coisa, nem outra”, esclareceram as centrais. O manifesto também lembra que, na Assembleia Nacional Constituinte (1987-1988), o então deputado federal José Serra boicotou inúmeros avanços para os trabalhadores e o sindicalismo. Serra votou contra a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, a garantia de aumento real do salário mínimo, a estabilidade do dirigente sindical, o direito à greve, entre outras medidas.

Desmascarado, Serra partiu para a tese da “república sindicalista” e, apoiado em apenas uma central que lhe deu acolhida, a União Geral dos Trabalhadores (UGT), chamou todas as outras de “pelegas” e as acusou de receber dinheiro do governo federal para fazer campanha para a candidata Dilma Rousseff, do PT.

Baseado nesse marketing primário, ditado unicamente pelo desespero, Serra mal tem conseguido manter firmes seus badalados nervos de aço, que logo viram frangalhos quando defrontados por repórteres dispostos a fazer perguntas que lhe são politicamente inconvenientes, sejam os pedágios de São Paulo, seja sua falta de popularidade no Nordeste.

Sem amigos e, ao que parece, sem assessores, Serra continua recorrendo ao tolo expediente de bater boca com os jornalistas. Continua, incrivelmente, a fugir das perguntas com outras perguntas, a construir na internet, nos blogs, no You Tube e nas redes sociais virtuais uma imagem permanente de candidato à deriva, protagonista de vídeos muitíssimo mais divertidos que, por exemplo, as piadas insossas que seu companheiro de artes cômicas, Marcelo Madureira, insiste em contar na televisão.

Roubado Portinari

A dor da perda de um quadro de Portinari

Foi com muita tristeza que li hoje no Jornal do Comércio, do Recife, a notícia sobre o roubo da tela “Enterro”, do nosso grande e querido pintor Cândido Portinari, do Museu de Arte Contemporânea, em Olinda. A cada notícia de roubo de quadros de museus brasileiros, parece que retiram um pedaço de cada um de nós. É como se nossa identidade ficasse ferida pela perda de uma parte dela mesma.

O quadro roubado em Olinda é um pequeno óleo de 0,23 x 0,33m da fase azul de Portinari, mas como toda a sua obra é impregnada de brasilidade. Nele, quatro homens simples carregam um caixão de criança, um retrato pungente da mortalidade infantil tão comum nas cidades do interior do Brasil antigamente. Portinari expunha o Brasil profundo aos brasileiros, com suas glórias e suas mazelas.

Portinari dedicou toda a sua vida à pintura e mesmo sabendo estar se intoxicando com as tintas continuou a pintar até sua morte, em 1962. Quem rouba ou ordena o roubo de uma tela do pintor desrespeita sua vida e seu compromisso com o Brasil. Torço para que a tela seja recuperada, como aconteceu com outros quadros famosos, e devolvida para a apreciação de todos os brasileiros

dotijolaço