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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, outubro 01, 2010

Lula o filho do Brasil no mundo

A estreia de Lula na argentina

Ariel Palacios CORRESPONDENTE BUENOS AIRES – O Estado de S.Paulo

Lula, o Filho do Brasil, dirigido por Fábio Barreto, debutou nos cinemas portenhos na quinta-feira passada, transformando a Argentina no primeiro país no exterior a exibir o filme que retrata a vida do presidente brasileiro. Foram 8 mil espectadores no fim de semana da estreia. Mas a expectativa do coprodutor do filme, o argentino Eduardo Costantini Jr., é que um total de 100 mil pessoas vejam a produção na Argentina nos próximos meses.
Otávio de Souza/Divulgação
Otávio de Souza/Divulgação – Mãe coragem. Gloria Pires no filme que revê a vida de Lula

Costantini, que confessa seu “fascínio” pelo Brasil, será o responsável pela distribuição do filme em toda a América Latina. Em entrevista ao Estado, no café do Malba (Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires), instituição criada por seu pai, o financista Eduardo Costantini, o produtor de 34 anos – que considera que para as próximas gerações Lula será mais conhecido do que Pelé – falou sobre seus projetos e a repercussão que o filme teve na área política.
Qual sua expectativa de público para a obra no país?
Estreamos com 20 cópias em Buenos Aires. Não é a melhor época para a estreia, pois na primavera, com o sol, as pessoas vão em peso aos parques e deixam de lado os cinemas. Além disso, com a proximidade das eleições no Brasil, houve até críticas de que havia um interesse eleitoral, o que é um absurdo, já que no país o volume de brasileiros que vota na embaixada é mínimo… Mas, de forma geral, nossa estimativa é que poderíamos chegar aos 100 mil espectadores. Uma coisa peculiar é que o filme foi até comentado nos jornais argentinos no meio de matérias sobre a economia brasileira. Nas próximas semanas, levaremos o filme às cidades de Córdoba e Rosário (respectivamente, a segunda e terceira cidade da Argentina). Esta é a primeira estreia fora do Brasil. Estamos viabilizando a distribuição no México, Venezuela, Colômbia, Chile, Paraguai, Equador e Uruguai. A ideia é estrear em todos esses países até meados de 2011. Minha expectativa de público para a Argentina é de 100 mil pessoas, o que é um volume grande. Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles, atraiu um público de 150 mil espectadores na Argentina.
Nos dias de hoje, há um crescente fascínio pelo Brasil por parte dos argentinos. Antigamente, o Brasil interessava mais pelas praias e pelo carnaval.
Mas, desde o final dos anos 1990, os políticos brasileiros, tanto da oposição como do governo, são citados como exemplos a seguir pelos argentinos. E de quebra, os empresários argentinos confessam sua inveja da economia brasileira.
A que atribui essa “brasilmania” que agora tomou conta da Argentina?
Acho que o Brasil está vivendo um período de enormes transformações que vem de várias décadas. Já na época do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso começou a tornar visível a estabilidade graças ao Plano Real e ao crescimento da economia. E, depois, Lula, com todo o seu carisma, continuou esse plano, dando prosseguimento ao crescimento do Brasil.
Seria possível fazer um filme sobre outra figura política da região, como Chávez ou os Kirchners?
Acho que poderiam ser feitos filmes sobre Evo Morales e Chávez. Mas a política não me interessa. O que me interessa é o Brasil, e especificamente, a figura de Lula, além do prazer de ter trabalhado com Fábio Barreto. O Brasil me interessa como um todo, mais do que fazer filmes sobre políticos da região.
Foi criticado por ter produzido um filme que alguns setores enquadraram de “direita” como o Tropa de Elite e agora é criticado por ter produzido um filme definido como de propaganda política da esquerda…
São acusações ridículas. A intenção de um filme como Tropa de Elite era a de mostrar a violência da polícia com os narcotraficantes. Não apoiamos essa violência, mas a mostramos e denunciamos. No caso do filme do Lula, alguém dizer que tem intenções políticas é um absurdo. Além disso, o trabalho está focalizado na relação de Lula com a sua mãe.
Quais as chances para o Oscar de melhor filme estrangeiro?
Acredito que ele tem altas chances de ser selecionado. Fico feliz que o Brasil tenha escolhido este filme para o Oscar. A produção é sobre Lula, logo, Hollywood deve ficar bem interessada. Ora, para que escolher outro filme para representar o Brasil?
Tem novos projeto para o país?
Estivemos conversando com o cantor e produtor americano Lenny Kravitz, que quer fazer um filme no Brasil, no qual ele seria protagonista. O diretor seria um inglês que reside em Hollywood. Estamos atrás do financiamento. Tudo deve estar definido até o fim do ano.
Nas últimas décadas foram feitos filmes sobre figuras como Gandhi e Mandela. Gandhi já morreu e Mandela está aposentado… é complicado fazer um filme sobre um líder político que ainda está na ativa?
Complicado não foi. Mas aprendi que muitas pessoas não gostaram porque acharam que era um filme proselitista por coincidir com o ano eleitoral…
Como imagem do Brasil, para as novas gerações, Lula poderia ser mais conhecido do que Pelé?
Sim, acredito que daqui para a frente, Lula deverá se tornar mais conhecido do que Pelé.
O presidente Chávez assistirá a Lula, o Filho do Brasil quando o filme estrear em Caracas?
Não sei… mas seria ideal!

Marcha da ...





Gilmar Mendes pode cair.Quebra do sigilo de Mendes, já!


A matéria apresentada pelo Jornal Folha de S. Paulo é de extrema gravidade. Pelo noticiado, e se verdadeiro, o ministro Gilmar Mendes e o candidato José Serra, tentaram, por manobra criminosa, retardar julgamento sobre questão fundamental, referente ao exercício ativo da cidadania: o direito que o cidadão tem de votar.

por Wálter Fanganiello Maierovitch, para o Terra Magazine


Atenção: Gilmar e Serra negam ter se falado. Em outras palavras, a matéria da Folha de S.Paulo não seria verdadeira.

Pelo que se infere da matéria, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes interrompeu o julgamento do recurso apresentado pelo PT. Pela ação proposta, considera-se inconstitucional a obrigatoriedade do título eleitoral, acrescido de um documento oficial com fotografia.

O barômetro em Brasília indica alta pressão. Pressão que subiu com o surpreendente pedido de “vista” de Mendes. E que chegou no vermelho do barômetro com a matéria da Folha. Ligado o fato “a” (adiamento) com o “b” (pedido de Serra), pode-se pensar no artigo 319 do Código Penal: crime de prevaricação.

Já se fala entre políticos, operadores do Direito e experientes juristas, caso o fato noticiado na Folha de S.Paulo tenha ocorrido e caracterizado o pedido de Serra para Gilmar “parar” o julgamento, em impeachment do ministro.

O impeachement ecoa na “rádio corredor” do Supremo. E por eles circulam ministros e assessores.

Com efeito. O julgamento da ação proposta pelo PT transcorria sem sobressaltos. Não havia nenhuma dificuldade de ordem técnica-processual. Trocando em miúdos, a matéria sob exame dos ministros não tinha complexidade jurídica. Portanto, nenhuma divergência e com dissensos acomodados e acertados.

Sete ministros já tinham votado pelo acolhimento da pretensão apresentada, ou seja, ao eleitor, sem título eleitoral, bastaria apresentar um documento oficial, com fotografia. A propósito, a ministra Ellen Gracie observou que a exigência da lei “só complica” o exercício do voto.

O que surpreendeu, causou estranheza, foi o pedido de vistas de Gilmar Mendes. Como regra, o pedido de vistas ocorre quando a matéria é de alta complexidade. Ou quando algum ministro apresenta argumento que surpreende, provocando a exigência de novo exame da questão. Isso para que quem pediu vista reflita, mude de posição ou reforce os argumentos em contrário.

Também causou estranheza um pedido de vista de matéria não complexa, quando, pela proximidade das eleições, exigia-se urgência.

Dispensável afirmar que não adianta só a decisão do Supremo. É preciso tempo para a sua repercussão. Quanto antes for divulgado, esclarecido, melhor será.

Terceiro ponto: a votação no plenário do STF se orientava no sentido de que a matéria era de relevância, pois em jogo estava o exercício da cidadania. A meta toda era, como se disse no julgamento, facilitar e não complicar o exercício da cidadania, que vai ocorrer, pelo voto, no próximo domingo, dia das eleições.

Um pedido de vista, a esta altura, numa questão simples, em que os sete ministros concluíram que a lei sobre a apresentação de dois documentos para votar veio para complicar, na realidade, dificultava esse mencionado exercício de cidadania ativa (votar).

O pedido de vista numa questão que tem repercussão, é urgente e nada complexa, provocou mal-estar.

Os ministros não querem se manifestar sobre a notícia divulgada pela Folha, uma vez que, tanto José Serra quanto Gilmar Mendes negaram. Mas vários deles acham que a apuração do fato, dado como gravíssimo, se for verdadeiro, é muito simples. Basta quebrar o sigilo telefônico.

Pano rápido. Como qualquer toga sabe, a matéria da Folha de S.Paulo é grave porque envolve, caso verdadeira, uma tentiva de manipulação que prejudica o direito de cidadania. Trata-se de um ministro do Supremo, que tem como obrigação a insenção. Serra e Mendes desmentiram. A denúncia precisa ser apurada pelo Ministério Público e, acredita-se, que a dra Cureau não vai deixar de apurar e solicitar, judicialmente, a quebra dos sigilos telefônicos de Serra e Mendes.

A única forma de se cassar um ministro do Supremo, já que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) não tem poder correcional sobre eles, é o impeachment. Ministros do Supremo só perdem o cargo por impeachment.

O único caminho, quando se trata de grave irregularidade, de crime perpetrado — e esse caso, se comprovado, pode ser caracterizado como crime —, é o impeachment.

Na historiografia judiciária brasileira nunca houve impeachment de ministro do STF. Já houve cassação pela ditadura militar, e por motivo ideológico.
* Oni Presente.

Serra foi além dos sapatos

Na foto, o "jenio"
O melancólico desempenho de José Serra nos debates da Globo e da Record é a comprovação do provérbio romano: “Não vá o sapateiro além dos sapatos”.
Em toda a campanha, Serra demonstrou que não conseguiu adicionar um único voto ao que o “Poste Anti-PT” teria.
Serra não representa nada – além da elite branca (e separatista, em São Paulo) que votaria em qualquer Poste.
Serra não tem visão – não tem uma proposta para o Brasil.
Como diz o sábio Fernando Lyra: São Paulo não pensa o Brasil.
Serra é paulista e o Brasil cansou do paulistismo.
Serra não tem biografia.
Essa história de que “fiz isso”, “fiz aquilo” não esconde uma realidade inescapável: em 50 anos de carreira, ele não apresentou uma única idéia que preste.
O que pensa esse rapaz, se perguntou o filósofo Paulo Arantes, numa sabatina na Folha.
Serra não tem carisma.
Serra não é popular.
Serra fugiu do padrinho, FHC.
E não botou ninguém no lugar.
Ficou sozinho, a tomar café com o índio.
Serra é um apparatchik soviético, putiniano.
Um operador de máquina partidária e das finanças que azeitam essa máquina.
Serra é um operador do PiG, especialmente do PiG de São Paulo.
Serra persegue jornalistas que não sejam do PiG.
Clique aqui para ler “por que Serra elogiou ACM – ou, a liberdade de expressão”.
Serra não tem escrúpulos – se necessário, passa com um trator por cima da mãe e telefona para o Gilmar, se isso prejudicar o adversário e melar a eleição – clique aqui para ler.
Serra vai virar o bode expiatório.
A "colonista" Eliane Catanhêde disse que ele era o candidato “mais consistente”, quando havia ainda a possibilidade de se realizar uma convenção no PSDB e Aécio sair candidato.
Aécio não era “consistente”, portanto.
Hoje, na pág. 2 a Folha, a Catanhêde joga Serra ao mar.
O PiG vai dizer que a culpa é dele – o sapateiro que tentou ir além dos sapatos.
Nem o Fernando Henrique o consolará.
Ontem, o Farol de Alexandria iluminou uma reunião de banqueiros em São Paulo – sua platéia de preferência.
Provavelmente, em troca de um cachê de US$ 50 mil.
O Farol não falou em Serra uma única vez.
Em 2002, logo depois que Serra perdeu a eleição pela modesta diferença de 61% a 39%, a repórter Dolores Mendes, do UOLNews, perguntou ao Presidente Fernando Henrique como ele explicava a derrota que tinha acabado de sofrer.
O Farol se irritou e começou a piscar.
Os lábios adquiriram um movimento espontâneo.
E FHC respondeu rispidamente: eu não perdi; quem perdeu foi o Serra.
Dez minutos depois da entrevista, recebo – este ordinário blogueiro era o chefe do UOLNews – um telefonema do Presidente da empresa Caio T. (“T” de Tartufo) Costa.
Queria saber quem era essa tal de Dolores e mandava demití-la.
(Essa história de que só o Serra no PSDB persegue jornalistas precisa ser reavaliada.)
Lamentavelmente, não foi possível atender à sugestão do(s) Presidente(s).
Vai ser assim: FHC vai vender o Serra na baixa.
O PiG vai vender o Serra na baixa.
A elite vai vender o Serra na baixa.
E Serra vai retornar ao limite de sua competência: ser um poeta municipal.
Paulo Henrique Amorim

Família Tuma declara segundo voto a Netinho para Senado em São Paulo

O vereador e cantor Netinho de Paula, candidato ao Senado por São Paulo, recebeu hoje declaração de apoio da família do senador Romeu Tuma).

Romeu Tuma Júnior ligou para Netinho para dizer que o senador disse estar indignado com a "campanha promovida contra Netinho", se referindo às denúncias envolvendo o candidato.
Netinho com Mercadante
Segundo Netinho, as matérias na imprensa e as ofensas que recebeu pela internet são uma espécie de bullying no cenário político. "Acredito que esta campanha trouxe à tona um fenômeno novo, o do bullying político.
*esuqerdopata

História

O vôo da liberdade

Foto de autor desconhecido. Os jornais de todo o país estamparam na primeira página a fotografia da libertação de 13 presos políticos em frente ao Hércules 56 da FAB. Rio de Janeiro, 1969.

No dia 4 de setembro de 1969, em pleno regime militar, militantes de duas organizações de esquerda seqüestraram o embaixador dos Estados Unidos Charles Burke Elbrick, numa rua do bairro de Botafogo, no Rio, exigindo a libertação de 15 presos políticos e a divulgação de um manifesto como condição para a devolução do diplomata. Foi a mais espetacular ação da guerrilha urbana, que se iniciara timidamente em 1968 e ganhara enorme impulso depois do AI-5. O governo atendeu às reivindicações dos seqüestradores: os presos políticos foram enviados para o México e o manifesto foi publicado nos principais jornais e divulgado em todas as rádios e televisões. Libertado o embaixador, seguiu-se feroz repressão, que levou em novembro do mesmo ano ao assassinato de Carlos Marighella, líder da ALN e principal dirigente da luta armada contra a ditadura. Os jornais de todo o país estamparam na primeira página essa fotografia da libertação de 13 presos políticos em frente ao Hércules 56 da Força Aérea Brasileira. De pé, a partir da esquerda: Luís Travassos, José Dirceu, José Ibrahim, Onofre Pinto, Ricardo Vilas, Maria Augusta, Ricardo Zarattini e Rolando Frati. Agachados: João Leonardo, Agonalto Pacheco, Vladimir Palmeira, Ivens Marchetti e Flávio Tavares.
*ImagemVisions

PHA definiu o debate

Dilma preside debate da Globo.
Serra não foi. Estava no telefone


    Serra depois de trucidar a Dilma: as olheiras se encontraram com as gengivas
    O debate da Globo seria “decisivo”.

    Segundo o PiG (*) e seus colonistas (**), no debate da Globo o jenio ia trucidar a Dilma.

    Foi o oposto.

    Dilma desmoralizou a platéia tucana, quando riu por ela dizer que todas as doações da campanha estavam registradas.

    Dilma fica melhor quando vai para o ataque.

    Não tem nenhum Ricardo Sérgio nas finanças da campanha da Dilma.

    Dilma explicou muito bem o papel das UPPs no combate à violência urbana.

    Dilma explicou os planos de expansão das ferrovias.

    E, mais importante, ela explicou por que vai fazer um Governo de coalizão com o PMDB.

    Dilma falou como Presidenta.

    O Serra não foi ao debate.

    Quando conseguiu se articular, além da manifestação autônoma de seu dedo anular direito, o jenio não foi mais do que um “prático em contabilidade”, como diz o meu amigo mineiro.

    O amigo navegante se perguntaria – se conseguiu ficar até o fim – o que a Bláblárina Silva fez ali, além de enunciar o óbvio: tudo é “muito grave” !

    Como ela explicaria que um anúncio da Natura entrou no break comercial do debate ?

    Esquisito, não, amigo  navegante ?

    E o Serra ?

    O que ele tem a oferecer ?

    Por que ele quis ser Presidente, além de querer ser ?

    Esse tipo de debate não vai a lugar nenhum.

    Amanhã, este Conversa Afiada pretende comparar o debate presidencial no Brasil e nos Estados Unidos, por exemplo.

    Candidato não sabe fazer pergunta.

    Quem sabe fazer pergunta é jornalista.

    Mas, no Brasil, os candidatos e os partidos precisaram se proteger dos jornalistas, invariavelmente partidários e, na maioria, tucanos.

    Deu nisso.

    Um debate inócuo.

    Em 2002, o Serra também anunciou que ia esmagar o Lula no debate final da Globo.

    De fato, conseguiu.

    O Serra esmagou o Lula na eleição por 39% a 61%.

    Foi o que aconteceu agora.

    O Serra massacrou a Dilma.

    E vai perder no primeiro turno.

    O Serra, desde 2002, tem 30%.

    Bye-bye Serra forever.

    Em tempo: Serra criou o Bolsa Família, o genérico, o programa anti-Aids, a bússola, a energia a vapor, o telescópio e o avião. A Lei da Gravidade, porém, é concepção original do Fernando Henrique.

    Em tempo 2: falta esperar o que o Ali Kamel vai fazer na edição do debate. E o que o Lula poderia fazer, se o Kamel manipulasse a edição.

    Em tempo 3: ninguém perguntou ao Serra sobre o telefonema ao Gilmar. Não deixe de votar na trepidante enquete: o que acontece se você telefonar para o Gilmar.

    Em tempo 4: aos 20 minutos desta sexta-feira, Serra era um caco. A máscara da derrota. As olheiras, finalmente, se encontraram com as gengivas. Um encontro triunfal.


    Paulo Henrique Amorim

    MUITO BOM: NOVA VERSÃO PARA “E AGORA, JOSÉ?”, DE DRUMMOND, POR ADILSON FILHO


    Já é bom ir pensando...
    Oportuno, sugestivo, inteligente! Ótimo para dizer de forma artística, as verdades que merecem ser ouvidas por aquele tal de Zé Serra que quer ser presidente!
    E agora, José?! (ou Canção do dia “pra sempre”)
    E agora, José?
    A festa acabou,
    a Dilma ganhou
    o Índio sumiu,
    a Globo mudou..
    e agora, José?
    e agora, você?
    você que é sem graça,
    que zomba da massa,
    você que fez plágio
    que amou o pedágio
    e agora, José?
    Está sem “migué”
    está sem discurso,
    está sem caminho..
    não pode beber,
    não pode fumar,
    cuspir não se pode,
    nem mesmo blogar?
    a noite esfriou,
    o farol apagou
    o voto não veio,
    o pobre não veio,
    o rico não veio..
    não veio a utopia
    não veio o João
    tão pouco a Maria
    e tudo acabou
    o Diogo fugiu
    o Bornhausen mofou,
    e agora, José
    E agora, José ?
    Sua outra palavra,
    seu instante de Lula:
    careca de barba!
    sua gula e jejum,
    sua favela dourada
    sua “São-Paulo de ouro”
    seu telhado de vidro,
    sua incoerência,
    seu ódio – e agora ?
    com a chave na mão
    quer abrir qualquer porta,
    não existe porta;
    o navio afundou
    quer morrer no mar,
    mas o mar secou;
    quer ir para Minas,
    Minas não há mais.
    nem Rio, Bahia, Sergipe, Goiás..
    José, e agora ?
    Se você gritasse,
    se você gemesse,
    se você tocasse
    a valsa da despedida
    e a Miriam tirasse…
    se você dormisse,
    se você cansasse,
    como o leitor do Noblat
    se você “morresse”
    Mas você não morre,
    você é vaso “duro”, José !
    E sozinho no escuro
    qual bicho-do-mato,
    sem teogonia,
    sem megalomania
    Sem Folha, O Globo, Estadão, o Dia..
    sem Cantanhede
    para se encostar,
    sem o cheiro da massa
    pra você respirar..
    e sem cavalo grego
    que fuja a galope,
    sem o Ali Babá
    pra lhe arranjar algum golpe,
    você marcha, José !
    José, pra onde?
    pra sempre?
    E agora, José?
    Se quando a festa acabou, o povo falou
    que sem você, podia muito mais..
    Então, nesse caso: Até nunca mais, José!

    A esquerda latino americana é da Paz não perderá a ternura

    Esquerda fez opção pela democracia na América Latina”

    Em entrevista à Carta Maior, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz um balanço de oito anos de governo, aponta as conquistas e mudanças que esse período trouxe para o Brasil e para a América Latina e fala sobre o aprendizado que teve neste período a frente da presidência da República. Entre outros assuntos, aborda também a relação com os meios de comunicação e destaca o compromisso assumido pela esquerda na América Latina: "A esquerda fez uma opção pela democracia. "quem dá golpe não é a esquerda. Não foi ninguém de esquerda que deu o golpe em Honduras".
    Redação - Carta Maior
    Em entrevista concedida à Carta Maior e aos jornais Página/12 (Argentina) e La Jornada (México), na manhã desta quinta-feira, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um balanço de seus oito anos de governo e as mudanças que esse período trouxe para o país e para a América Latina. Na conversa, entre outros assuntos, o presidente fala sobre o aprendizado que teve neste período - Quando você está no governo, você não pensa, você não acha e você não acredita; você faz ou não faz. E o governo é um eterno tomar de posição – sobre a relação com os meios de comunicação – Se dependesse da imprensa eu teria 10% de aprovação, ou menos – e sobre o compromisso assumido pela esquerda na América Latina: A esquerda, na América Latina, fez uma opção pela democracia, e está chegando ao poder em vários países pela via da democracia. E quem dá golpe não é a esquerda. Não foi ninguém de esquerda que deu o golpe em Honduras.
    Participaram da entrevista, o sociólogo e colunista da Carta Maior, Emir Sader, e os jornalistas Martín Granovsky, do Página/12 (Argentina), e Carmen Lira, do La Jornada. A Carta Maior publica a íntegra dessa conversa. Aqui está a primeira parte.
    Emir Sader: A primeira questão é sobre o que o seu desempenho na Presidência lhe ensinou? Quais foram os aprendizados, as mudanças? O que o Lula de 2003 tem de diferente do Lula de hoje. E o que o Lula de 2010 tem de diferente em relação ao de 2003?
    Presidente Lula: Eu penso, Emir, que na Presidência primeiro a gente aprende a governar. Quando você chega à Presidência da República, você se depara com a tua convivência de muitos anos de oposição em que você vai para um debate, você vai para uma reunião e você diz aos teus interlocutores “eu penso, eu acho, eu acredito”. Quando você está no governo, você não pensa, você não acha e você não acredita; você faz ou não faz. E o governo é um eterno tomar de posição. Você aprende a ter mais tolerância e você aprende a consolidar a tua prática democrática, porque a convivência política na adversidade é um ensinamento estupendo para quem acredita na democracia como um valor incomensurável na arte de fazer política. E isso a gente só aprende exercitando todo santo dia. Eu não acredito que tenha uma universidade capaz de ensinar alguém a fazer política, a tomar decisão. Você pode teorizar, mas entre a teoria e a prática tem uma diferença enorme no dia a dia. E eu penso que esse é o aprendizado. Por exemplo, no segundo mandato meu, todo mundo sabe que eu tinha medo do segundo mandato. Eu tinha medo do esgotamento, eu tinha medo da chatice, eu tinha medo de que você vai repetir a mesmice.
    Quando nós criamos o PAC, na verdade nós fizemos um transplante de todos os órgãos vitais do governo e fizemos um governo novo, muito mais produtivo, muito mais eficaz, muito mais atuante, e as coisas estão acontecendo. Eu acho que isso, para mim, foi um aprendizado estupendo e que eu não quero desaprender nesse tempo em que eu vou deixar a Presidência. Eu preciso continuar aprendendo porque passar pela Presidência, enfrentar as adversidades que nós enfrentamos, e chegar ao final do mandato na situação que nós estamos chegando, eu penso que o exercício da democracia foi praticado intensamente.
    Foram 72 conferências nacionais sobre todos os temas, de Segurança Pública a Comunicação, de portador de deficiência a GLTB [LGBT], e todas as políticas deliberadas por nós são resultado dessas conferências. Portanto, o povo participou ativamente das decisões e das políticas públicas do governo. Então, essa é a mudança fundamental, além do que, quando eu cheguei em 2003, a gente gastava R$ 1 bilhão por ano no Ministério dos Transportes, por ano, e hoje nós gastamos R$ 1,6 bilhão por mês. Ou seja, aprendemos a gastar e aprendemos a fazer obras.
    Houve essa mudança no mesmo ministério?
    Presidente Lula: No mesmo ministério. Hoje, nós gastamos 1,6 bilhão por mês, pagamos, contratamos, coisa que a gente só fazia 1 bilhão por ano. Nós tínhamos 380 bilhões de crédito para o Brasil inteiro. Hoje, nós temos 1,6 trilhão de crédito. Olha, o dia que a imprensa brasileira resolver divulgar a revolução que aconteceu no Brasil, o povo vai se dar conta porque é que o governo aparece com 80% de aprovação nas pesquisas. Não é o Lula, é o governo que aparece com 80% de aprovação no oitavo ano de mandato. Qual é o fenômeno? Porque não depende da imprensa. Se dependesse da imprensa, eu teria 10, menos 10 de aprovação. Eu estaria devendo pontos. Ou seja, qual é o fenômeno? O fenômeno é que as coisas estão chegando na mão do povo. O povo está recebendo os benefícios, o povo está vendo as coisas acontecerem. E quem não falou não fez parte da história nesse período. Eu acho que essa foi a grande mudança que eu vejo de 2003 para 2010.
    Carmen Lira/La Jornada: O senhor acabou de mencionar uma coisa muito interessante para os mexicanos. Fizemos coisas que algum dia a imprensa vai divulgar. Não foi divulgado através do governo?
    Presidente Lula: Olha, aqui no Brasil, há um debate muito interessante. E eu tenho notado que não é um debate do Brasil. Eu tenho notado que na Argentina tem o mesmo debate, e que nos países da América Latina há o mesmo debate. E eu tenho notado até o Obama que, quando tomou posse, disse que a Fox não agia como um meio de comunicação, mas como um partido político. Bem, eu converso com muitos dirigentes do mundo inteiro. Todo mundo reclama. Eu não reclamo muito da imprensa porque eu acho que eu cheguei onde cheguei por causa da imprensa. Ela contribuiu muito para que eu chegasse onde cheguei. Portanto, eu sou um defensor juramentado da liberdade de expressão e da democracia. Agora, tem gente que confunde a democracia, a liberdade de comunicação com atitudes extemporâneas. E eu não sei se é uma coisa mundial... que não há notícias boas.. não vendem jornal, talvez o que venda jornal seja só escândalo...
    Veja, eu vou terminar o meu mandato sem nunca ter almoçado com nenhum dono de jornal, nenhum dono de televisão, nenhum dono de revista, durante o meu mandato. Mantive com eles uma relação democrática, respeitosa, entendendo o papel deles e querendo que eles entendessem o meu papel. Acho que muitas vezes o povo sabe das coisas boas que acontecem neste país porque nós divulgamos, em publicidade do governo, porque a internet divulga, os blogs divulgam, o blog do Planalto divulga....Mas às vezes, se dependesse de determinados meios de comunicação, eles simplesmente não falam a respeito do assunto. Alguns até dizem “olha, nós não temos interesse em fazer essa cobertura oficial, de inauguração de coisa”. Sabe, não têm interesse. Pode ser verdade...
    O dado concreto é que eu acho que se o povo fosse melhor informado, o povo saberia de mais coisas e o povo poderia fazer juízo de valor melhor, sobre as coisas. Então, para mim, a arte da democracia é essa, é as pessoas terem segurança na qualidade da informação, na lisura da informação e na neutralidade da informação. Quem acompanha a política brasileira nesse momento vai perceber que seria muito mais fácil que alguns meios de comunicação assumissem, categoricamente, o seu compromisso partidário. E aí, a gente ficaria sabendo quem é quem, mas não é assim que funciona no Brasil. Parece tudo independente, mas é só ver as manchetes que a independência termina onde começa.
    Esse é um processo de aprendizado, ou seja, nós temos muito pouco tempo de democracia, se vocês compreenderem, nós estamos vivendo neste instante o maior período de democracia contínua do Brasil, seja a partir da Constituição de 88, seja a partir da eleição do presidente Sarney. São vinte e poucos anos, portanto, é uma democracia muito incipiente, que está muito fortalecida e com instituições sólidas. Aqui, nós fizemos um impeachment e não aconteceu nada com o país. Aqui se elegeu um metalúrgico e nós estamos percebendo um avanço geral na América Latina e eu acho que isso vai consolidando a democracia independentemente dos saudosistas que sempre disseram que um metalúrgico não poderia chegar no andar de cima, que um índio não poderia chegar no andar de cima, que um negro não poderia chegar no andar de cima, que uma mulher não podia chegar no andar de cima. Nós estamos quebrando esses tabus, e estamos mostrando algo que precisa ser valorizado: a esquerda, na América Latina, fez uma opção pela democracia, e está chegando ao poder em vários países pela via da democracia. E quem dá golpe não é a esquerda. Não foi ninguém de esquerda que deu o golpe em Honduras. Então, as pessoas precisam saber que se a informação fluir corretamente, ela facilita a vida das pessoas na tomada de decisões.
    E eu penso que no Brasil nós vamos aprendendo, nós vamos aprendendo e vamos construindo a nossa democracia, e eu, sinceramente, não... eu sou um homem que não tem o direito de reclamar, porque eu vou terminar o meu mandato, certamente com a maior aprovação que um governo já terminou. Tem gente que não começa com o que eu vou terminar. Então, eu tenho que agradecer ao povo brasileiro, agradecer à democracia brasileira e, por que não dizer, agradecer à imprensa, porque o comportamento dela, pró ou contra, foi formando um juízo de valor. Eu tenho uma tese que vale para a imprensa e que vale para o nosso comportamento cotidiano: se você é, todos os dias, favorável ao governo, você perde credibilidade. Mas se você, todos os dias é contra, você perde credibilidade. Ou seja, os dois extremos, quando se encontram, o resultado é burrice. Então, você tem que falar as coisas boas do governo quando elas acontecem, para te dar credibilidade para falar das coisas ruins quando elas acontecem e ter a mesma credibilidade. Eu acho que é isso que dá desenvoltura à consolidação da liberdade de comunicação no país. É o compromisso com a verdade, somente a verdade e nada mais que a verdade, doa a quem doer.
    Martín Granovsky: Presidente, me desculpe, mas eu não falo português. Eu me lembro que na campanha de 2002, o mercado não entendia a necessidade de que os brasileiros tivessem que ter três refeições diárias. Esse era um dos principais objetivos do seu governo. Após dois governos, esse objetivo foi cumprido?
    Presidente Lula: Olha, eu penso que nós conseguimos fazer uma revolução nesses dois mandatos, nesses oito anos de governo. Primeiro, uma coisa que aconteceu no Brasil: você tirar 27 milhões de pessoas do estágio de miséria absoluta e, ao mesmo tempo você levar 36 milhões de pessoas para a classe média brasileira não é pouca coisa. Gerar 15 milhões de empregos...
    Martín Granovsky: Trinta e seis é quase uma Argentina.
    Presidente Lula: É, quase uma Argentina. Criamos 15 milhões de empregos em oito anos. Ao mesmo tempo, fizemos programas que atendam à parte mais pobre da população, programas simples, mas programas objetivos, como o programa Bolsa Família, como o programa Luz para Todos, como o programa PPA, que é um programa de compra de alimentos, um programa para a Agricultura Familiar.
    Essas são tomadas de decisões de políticas públicas que não estavam previstas no cenário político nacional. E eu acho que o povo brasileiro vive hoje mais feliz, vive melhor, e nós temos que ter consciência de que ainda falta muita coisa para fazer no Brasil, muita, mas muita coisa para fazer no Brasil. Eu espero que a companheira Dilma possa, nos próximos tempos, concluir o trabalho que nós começamos e que provamos que era possível ser feito no Brasil, e fizemos com muita força e, eu diria, com muita eficácia. Eu não quero ser presunçoso, mas eu acho que nós fizemos, do ponto de vista de política social, uma revolução aqui no Brasil, que ainda falta ser concluída. Tem muita coisa para fazer ainda, porque você não consegue desmontar todo o aparato de exclusão de 500 anos em oito anos. Mas nós temos uma base extraordinária, e eu acho que essa experiência precisa ser disseminada para outros países.
    Porque algumas coisas são sagradas para nós. Você combinar crescimento econômico com inflação baixa, por exemplo. No Brasil, isso era impossível de acontecer. Você combinar aumento real dos salários e manter a inflação controlada, isso era impossível de acontecer no Brasil. Você manter uma política de exportação crescente e, ao mesmo tempo, uma política de fortalecimento do mercado interno brasileiro. Isso era impossível de acontecer!
    Então, veja, todas essas coisas, todas essas coisas demonstram um grau de estabilidade nas políticas que nós fizemos, que se tiverem mais quatro ou mais oito anos de sequência nós certamente, dentro de pouco tempo, seremos a quinta economia do mundo, porque as condições estão colocadas.
    E eu acho que isso tudo foi feito a partir da relação que nós estabelecemos com a sociedade. Eu tinha uma preocupação, antes de ser Presidente, que era a de definir qual seria a relação do estado com a sociedade e qual seria a relação do governo com a sociedade. Nós levamos algum tempo para que a parcela mais pobre da população, os trabalhadores organizados, começassem a ver, no exercício da Presidência, alguém deles. Hoje, milhões de brasileiros quando me vêem, eles me vêem com um deles que chegou lá, e isso deu mais credibilidade e dá mais possibilidade de a gente fazer mais coisas, e também mais irritação aos nossos adversários. Como os nossos adversários estão fragilizados nos seus partidos, utilizam de alguns meios de comunicação para fazer a grande oposição ao governo, e nós, ao invés de ficarmos nervosos, temos que ficar felizes, porque isso faz parte do processo democrático.
    "Acabou o tempo em que a “casa grande” dizia o que a “senzala” tinha que fazer, acabou".
    Eu digo sempre, acho que é importante dizer isso agora e não esperar outro momento, para dizer. Eu digo sempre que eu, às vezes, tenho a impressão de que tinha gente que tentava me provocar para que eu tentasse tomar uma atitude mais ríspida contra qualquer meio de comunicação, que eu tentasse fazer intervenção... E quanto mais eles me batiam, mais democracia; e quanto mais batiam, mais liberdade de expressão, até todo mundo perceber que só tem um juiz: é o leitor, o telespectador e o ouvinte. São eles que nos julgam. Ele só vai ler o que ele quiser ler e sabe interpretar, só vai assistir àquilo que assistir e sabe interpretar, e ele não quer mais intermediário, ele não quer mais o tal do formador de opinião pública. O cidadão coloca uma gravata, vai à televisão, dá uma entrevista e se autodenomina formador de opinião pública e acha que todo mundo vai segui-lo. Aí, você tem o presidente de uma Central Única, aqui no Brasil, que representa milhões de trabalhadores, esse não é formador. Então, essas coisas foram caindo por terra. O povo brasileiro não quer intermediário. Ele quer falar pela sua boca, enxergar pelos seus olhos e tomar decisões pela sua consciência. Acabou o tempo em que a “casa grande” dizia o que a “senzala” tinha que fazer, acabou.
    "Na hora em que o povo for bem informado, todo mundo vai estar bem informado".
    O povo brasileiro não tem possibilidade de ouvir os seus discursos, nem de ler. Só quem vai a um ato, então a imprensa fica um pouco de intermediária. Além de ser Presidente da República, tem a popularidade que tem. Só quem tem a chance de ir a um comício ou a um ato de governo tem a possibilidade de ouvi-lor. O senhor não acharia que seria necessário ter espaços em que o Presidente da República prestasse contas, falasse? Isso não é uma censura, uma limitação à liberdade de expressão, que a pessoa que é eleita e reeleita não possa... que seja às 3h da manhã do sábado, mas que diga: “Bom, na TV tal, o Presidente da República vai falar o que ele acha”. O senhor não acha que esse espaço é uma coisa que falta à democracia?
    Presidente Lula: Olhe, eu temo por uma coisa oficial. Isso termina não tendo credibilidade. Pode até ter credibilidade durante um tempo, mas depois perde a credibilidade. Veja, eu tenho um programa de rádio de cinco minutos, toda segunda-feira, que eu já acho tempo para caramba. Eu gravo todo domingo à noite, e não é impositivo, ou seja, transmite quem quiser transmitir. Nós temos a NBR, que é uma televisão do governo, que ela divulga na íntegra as coisas que os governos faz, todo discurso meu é transmitido na íntegra, de onde eu estiver, de qualquer parte do mundo e do país. E ela é bem assistida por um grupo de pessoas que acompanham o governo.
    E tem a TV pública que nós estamos construindo ainda, está em um processo de fortalecimento. Nós não queremos que a TV pública seja vista como um canal para transmitir atividades do Presidente. Nós não queremos, porque ninguém aguenta isso todos os dias. Acho que os meios de comunicação, todos eles, na hora em que todos nós tivermos compromisso com a verdade, nós estaremos contemplados. Na hora em que o povo for bem informado, todo mundo vai estar bem informado. Eu não acho que o Estado deva ter uma coisa oficial para transmitir. Acho que o Estado tem que ter uma TV pública que tenha uma programação de qualidade, competitiva no conteúdo, na forma. E acho que o Estado não deve nem competir com as privadas na questão de financiamento. O que o Estado precisa primar é, primeiro, pela pluralidade de informações, porque é isso que vai dar credibilidade ao Estado; e, ao mesmo tempo, pela seriedade das informações. A TV pública não tem que dizer que o presidente Lula está de terno branco ou de terno preto; que o Lula é bom de bola ou se ele é ruim de bola. Se tiver esse compromisso, pode ser que um presidente ou outro não goste, mas a democracia agradecerá.
    Você sabe que eu primo muito a democracia, Emir, porque eu não sei se eu chegaria à Presidência se não fosse a democracia. Eu vejo, por exemplo, aquela foto do primeiro governo da Revolução Russa, você não tem um metalúrgico ali, na direção. E assim, normalmente, em várias revoluções, a direção é toda de classe média, intelectual... o peão está lá para trabalhar, tem pouca gente. Aí, aqui nós conseguimos democraticamente criar um partido com a maioria de trabalhadores, chegar à Presidência da República, em 20 anos. Eu lembro da primeira reunião que eu fiz, em junho de 1990, quando nós convocamos em São Paulo, no Hotel Danúbio, a primeira reunião da esquerda da América Latina. Por que, por que, hein?
    Emir Sader: Oitenta...
    Presidente Lula: Noventa. Eu tinha saído derrotado da eleição de [19]89, mas tinha saído fortalecido. Porque, em [19]82, eu fui candidato a governador de São Paulo, e eu fui o quarto colocado; eu tive 1.25 milhão de votos. E eu fiquei arrasado, eu me senti o mais insignificante dos seres humanos de ter tido só 1,25 milhão de votos. E o meu partido já tinha uma propaganda que era uma loucura, não poderia aparecer a gente falando na televisão. Aparecia uma voz dizendo o seguinte: “Luiz Inácio Lula da Silva: ex-tintureiro, ex-alfaiate, ex-engraxate, ex-torneiro mecânico, ex-sindicalista, ex-preso político. Um brasileiro igualzinho a você”. Aí, tinha outro que aparecia o seguinte: “Altino Dantas: filho de general, condenado a 96 anos de cadeia”. “Athos Magno: sequestrou o avião...” Ou seja, parecia mais um prontuário policial... boletim de ocorrência do que uma campanha política.
    E eu, então, fiquei muito triste porque eu perdi para o Montoro. Aí, certa vez, eu fui a Cuba e, conversando com o Fidel, ele falou: “Ô Lula, você já se deu conta em que lugar do mundo um operário teve 1,25 milhão de votos? Não tem isso, Lula! Então, você tem que achar estupenda essa votação que você teve!”. E aí eu passei a achar que a minha derrota foi uma vitória. Então, em [19]89, eu tive 40 e poucos por cento dos votos no segundo turno, e eu achei que era possível a gente consolidar a democracia na América Latina. Então, convocamos todos os partidos de esquerda. Da Argentina vieram quatro ou cinco, da República Dominicana, dez ou 12, porque tinha grupos de esquerda de dois, de três... Eles não conversavam entre eles. Eu brinco sempre que a única coisa que unificava aquela esquerda ali era o Maradona, porque a Argentina estava na Copa do Mundo. E o que aconteceu? Nós tiramos o fórum de São Paulo, passamos a nos reunir e hoje todos os partidos chegaram ao poder.
    Durante um encontro em El Salvador, eu não quis receber o Chávez. Não queríamos que ele participasse do fórum porque era golpista, na época. Então, hoje, você pega a América Latina, todo mundo que participou do Fórum de São Paulo chegou ao poder pela via do voto. Então, eu acho isso extraordinário. As pessoas aprenderam. Como é que um índio chegava ao poder na Bolívia se não fosse a participação popular? Eu acho que essa é a revolução: você pega Mandela na África do Sul, Evo Morales na Bolívia, Lula aqui no Brasil e Obama nos Estados Unidos. Não é pouca coisa os americanos votarem num negro para presidente. Primeiro houve uma revolução no partido Democrata, com a vitória dele sobre uma loira dos olhos azuis. Nada contra mulheres com os olhos azuis, porque a minha tem! E depois ganhar junto ao povo americano. Então, o Obama é um presidente que ele não precisa fazer muita coisa. Ele só tem que ter a ousadia que o povo americano teve ao votar nele. Só isso. Então, eu penso que a democracia está a todo vapor na nossa querida América Latina.
    O senhor não caiu na provocação de parte dos meios de comunicação distorcendo a informação ou escondendo informação. Mas eu, observando de fora, me parece que são muito poucas as informações sobre o que o governo faz, o que considero uma obrigação jornalística. Esse tipo de comportamento seria uma marca do que é chamado por alguns de imprensa golpista no Brasil?
    Presidente Lula: Eu não uso a palavra golpismo. Agora, para entender é preciso acompanhar a imprensa brasileira e ver o que tentaram fazer em 2005. A elite brasileira, em [19]54, levou Getúlio a se matar. É importante lembrar que eles diziam que Juscelino não podia ser presidente, não podia ser candidato, se fosse candidato não podia ganhar, se ganhasse, não podia tomar posse e se tomasse posse, não podia governar. Era isso que eles falavam do Juscelino em [19] 55, era isso! Essa mesma elite é a elite de hoje, às vezes, não representada pelos mais velhos, mas pelos mais novos, que herdaram não apenas o patrimônio, mas, às vezes, o mesmo comportamento e a consciência política. Esse é um dado, esse é um dado objetivo. Depois levaram João Goulart a renunciar, defenderam o golpe militar.
    Bem, quando eu chego à Presidência, pensaram duas coisas: “Bom, vamos respeitar a democracia e vamos deixar o operário chegar lá”. O operário chegou, e eles torciam, acreditavam piamente que eu iria ser um fracasso total e absoluto, e que a esquerda e seu operário metalúrgico iriam sucumbir na incapacidade de governar o país. Era esse o pensamento. O que aconteceu? O operário deu certo e começou a fazer mais do que eles, e aí eles se quedaram nerviosos.
    Bem, eu tenho um comportamento que vem desde o movimento sindical. A democracia, para mim, não é meia palavra. A democracia é uma palavra inteira, só que alguns entendem por democracia apenas o direito do povo gritar que está com fome, e eu entendo por democracia, não o direito de gritar, mas o direito de comer. Essa é a diferença fundamental, essa é a diferença fundamental. Democracia, para mim, é permitir o direito à conquista, e não permitir apenas o direito ao protesto. Então, esse é um tema delicado, é um tema delicado, é um tema nervoso.
    Nós fizemos uma conferência de Comunicação aqui no Brasil, uma grande conferência de Comunicação. Participaram alguns donos de meios de comunicação, participou o pessoal da telefonia, participou tudo que é gente de movimento social, participaram os blogueiros, muita gente participou. Agora, alguns não quiseram participar, alguns não quiseram participar. Eu não vou ficar me queixando, aqui, mas você poderia acompanhar. Primeiro, o Emir deveria te convidar para fazer uma palestra aos donos de jornais para você poder dizer o que você disse aqui, que eles têm obrigação de informar. Aqui eles não acham que têm obrigação de informar. Muitas vezes têm obrigação de desinformar.
    Pega as revistas e os jornais e veja o que fizeram nesses últimos tempos. Eu duvido que tenha havido um presidente que tenha tratado a democracia com a importância que eu tratei, porque eu sei o quanto ela é importante para mim. Mas alguns compreendem diferente, eu acho normal, acho... também isso é da democracia. Mas é importante compreender o que aconteceu no Brasil. O povo brasileiro levantou a cabeça, a autoestima num nível muito extraordinário, e eu penso que só vai melhorar. Quando a gente percebe que quanto mais pluralismo a gente tiver, quanto mais opções a gente tiver, mais bem informado o povo será, porque aí o povo tem uma cesta de informações.
    Daí porque eu acho importante a revolução da internet, que muita gente ainda não compreende ou não quer compreender. Mas, hoje, tudo depois da internet está velho, tudo. Está tudo velho, porque a internet é tempo real, ou seja, eu acabo de dar uma entrevista coletiva, eu venho à minha sala, em 30 segundos, eu ligo lá, já estão todas as notícias no mundo inteiro. Não sei como é que o mundo vai sobreviver a essa avalanche de possibilidade de informações que a sociedade tem. As pessoas interagem, as pessoas interagem, as pessoas respondem, as pessoas criticam, as pessoas se sentem co-feitoras da notícia, então eu acho isso extraordinário.
    O senhor mencionou o que ocorreu com Getúlio Vargas e responsabilizou as elites por muitos dos golpes de Estado cometidos e muitas das barbaridades que foram cometidas na América Latina. Há alguns dias, Noam Chomsky disse que o neoliberalismo e as transnacionais estão provocando maior destruição que a conquista colonial, e houve quem o tenha contestado...Mas ele insistiu...
    Presidente Lula: Quem contestou?
    Intelectuais o contestaram, entre eles gente da direita. Mas, de novo, surgiu essa questão das elites. O senhor alguma vez já desenvolveu isso, com relação às elites da América Latina e seus problemas de crescimento e de alcançar a democracia?
    Presidente Lula: Apenas uma coisa para que a gente não cometa injustiça. É preciso diferenciar também que dentro da elite há vários setores. Você tem empresários brasileiros que são empresários de alta qualidade, empresários com uma forte visão nacional, com uma visão desenvolvimentista. Quando eu falo, eu falo da elite política, aqueles que decidem o destino do país. E na América Latina, nós tivemos uma mentalidade colonizada, até poucos dias. Até poucos dias, na Argentina, os governantes ficavam discutindo quem era mais amigo dos Estados Unidos, ou quem era mais amigo da Europa; aqui no Brasil, a mesma coisa. Vamos ser francos: depois do pequeno período Duhalde, com a entrada do Kirchner e da Cristina, você pode ter discordância – e é legítimo ter discordância –mas houve uma mudança na Argentina, com a visão dela do mundo de mais independência, de mais soberania. O mesmo aconteceu no Brasil, na Venezuela, no Equador, ou seja, está acontecendo no mundo.
    "Eu nunca aceitei a idéia de ficar sentado sobre nossos erros, apenas criticando o imperialismo".
    Então, o que eu acho? Eu nunca aceitei a idéia de ficar sentado sobre nossos erros, apenas criticando o imperialismo. “Ah, nós somos pobres por causa do imperialismo americano; nós estamos doentes por causa do imperialismo americano; não aconteceu por causa do imperialismo americano”. Isso é meia verdade. A outra verdade é que a elite política de cada país é que se subordinou quando não precisaria ser subordinada. Então, é mais fácil a gente ficar criticando os outros em vez de olhar os nossos defeitos.
    Eu acho uma vergonha aquele muro do México e dos Estados Unidos. Acho uma vergonha, depois de toda a glorificação da derrubada do Muro de Berlim, a gente ter o muro do México e o muro de Israel. Acho muito feio para a humanidade. Eu acho que o único muro que nós deveríamos assimilar era a Muralha da China, que virou uma coisa turística. Os demais são muros segregadores, e ninguém fala nada, ninguém fala nada. Você não vê fotografia do muro separando o México dos Estados Unidos, nos meios de comunicação.
    Acho isso grave. Acho que a gente não pode ficar jogando a culpa nos outros. Nós temos que saber o seguinte: onde nós falhamos, enquanto elite política, enquanto elite intelectual, enquanto povo, onde é que nós falhamos? Na construção da nossa imagem, da nossa personalidade, da nossa riqueza. Então, eu acho que essa é a discussão que nós precisamos fazer. Porque é muito fácil, por exemplo, o Chávez falar que a Venezuela era pobre por causa dos ianques, que estavam explorando lá, a PDVSA. Não, a Venezuela era pobre porque muita gente da elite da Venezuela se beneficiava com o comportamento dos americanos. Então, eu acho que essas coisas precisam ser ditas de forma muito categórica. Não foram os ianques que levaram a Bolívia ao empobrecimento. Eles podem ter feito políticas para a Bolívia, adotadas pela elite política da Bolívia, que levou o povo da Bolívia àquele empobrecimento. O que eu quero dizer é que a gente não pode apenas criticar os de fora sem compreender os serviçais de dentro.







    *comtextolivre

    Correa controla situação, fala ao povo e denuncia golpistas

    O presidente constitucional equatoriano, Rafael Correa, chegou são e salvo ao Palácio de Carandelet depois de permanecer por 12 horas num hospital para onde foi levado durante a tentativa de golpe provocada por uma rebelião de policiais nesta quinta-feira (30). Da sacada do Palácio Correa saudou milhares de pessoas que se concentravam do lado de fora e davam vivas à Revolução Cidadã.

    Correa se dirigiu à multidão e expressou sua tristeza de ver que se derramou inutilmente sangue de irmãos ao referir-se aos militares feridos em seu resgate.

    A multidão gritava “Lúcio assassino!” em referência ao ex-presidente Lúcio Gutiérrez, líder do oposicionista Partido Sociedade Patriótica, considerado como a força política que estava por trás da conspiração e da intentona de golpe de Estado.

    Correa agradeceu profundamente aos milhares de compatriotas que foram desarmados ao Hospital da Polícia Metropolitana tentar resgatá-lo. Agradeceu à sua guarda pessoal, aos ministros que o acompanharam, todos dispostos a dar a vida se fosse necessário paa libertar o presidente. Jamais impunidade para esses golpistas, disse o presidente, que também agradeceu o apoio recebido dos presidentes de todos os países da Unasul e da Alba e de numerosos países do mundo.


    Leia também:

    O presidente equatoriano contou que tinha ido naquela manhã dialogar com os revoltosos e explicar-lhes como o governo queria, pois ninguém tinha apoiado tanto a polícia nem aumentado tanto os salários como o próprio presidente, disse, e ao ver a reação me senti traído, por um grupo deles,enfatizou. “Então me dei conta de quem estava por trás – Lúcio Gutiérrez”. A multidão exigiu castigo paaos golpistas

    Com Prensa Latina

    Repúdio ao golpismo no Equador



    Governos latino-americanos solidários com Rafael Correa

    Diversos governos de países da região condenaram a tentativa de golpe no Equador e manifestaram irrestrita solidariedade ao seu presidente Rafael Correa. O governo brasileiro acompanha com atenção e preocupação os incidentes que estão ocorrendo no Equador envolvendo protestos de militares contra o governo e confrontos com simpatizantes do presidente Rafael Correa.
    O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou hoje (30), em nota, que o governo brasileiro se solidariza com o presidente Correa e que apoia o governo e as instituições democráticas equatorianas.
    A posição brasileira foi transmitida pelo ministro Amorim, por telefone, ao chanceler do Equador, Ricardo Patiño. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está sendo informado sobre a situação no Equador por Amorim e pelo assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia.
    Segundo Amorim, no comunicado, o Brasil não reconhece quaisquer tentativas de desrespeito à ordem vigente no Equador. Na nota, Amorim chama o Equador de país irmão. O chanceler brasileiro está em Porto Príncipe, capital do Haiti, de onde telefonou para o secretário-geral das Relações Exteriores, Antônio Patriota, que responde como ministro interino, e para o embaixador do Brasil em Quito, Fernando Simas Magalhães.
    Cuba
    «O governo da República de Cuba condena e manifesta seu mais enérgico rechaço ao golpe de Estado que se desenvolve no Equador”, afirma documento emitido pela Chancelaria.
    A nota diz ainda que “Cuba espera que a chefia das Forças Armadas equatorianas cumpra sua obrigação de respeitar e fazer cumprir a Constituição e garantir a inviolabilidade do presidente da República legitimamente eleito e assegurar o Estado de direito”.
    Cuba declara também que “rechaça energicamente as declarações atribuídas à chamada Sociedade Patriótica, de Lúcio Gutiérrez que proclama intenções abertamente golpistas” e oferece “o mais absoluto e completo respaldo” ao governo legítimo e constitucional do presidente Rafael Correa”.
    O governo cubano considera que fatos como este só servem a interesses externos à região, que pretendem impedir o avanço de processos independentes e transformadores. “É também um intento, diz a nota, de silenciar a voz do Equador e de seu presidente em seu enfrentamento à política intervencionista dos Estados Unidos na região”.
    Nicarágua
    O governo da Nicarágua denunciou a intentona de golpe de Estado contra o presidente equatoriano Rafael Correa. Através de comunicado, o presidente nicaragüense Daniel Ortega, conclama todos os governos e povos latino-americanos a pronunciarem-se e mobilizarem-se em apoio a Correa e de seu governo.
    "Rechaçamos categoricamente os acontecimentos que setores retrógrados e antidemocráticos estão impondo ao povo irmão equatoriano, rompendo sua tranqüilidade e seu direito à paz”, diz o texto da presidência nicaragüense.
    Paraguai
    Também o presidente paraguaio, Fernando Lugo, expresou seu mais enérgico repúdio à sublevação de setores armados no Equador e manifestou sua solidariedade com o presidente Rafael Correa. Lugo valorizou o gesto de patriotismo do povo equatoriano "que a estas horas se mobiliza para defender a institucionalidade agredida e aguarda que se actue com a maior severidade para que a democracia recupere sua integridade ferida em consequência desse brutal levante”.
    Os governos do Chile, da Colômbia e da Espanha também tomaram posição contra a tentativa de golpe no país andino.
    *turquinho

    + uma para não acreditar em folha em veja imprensa sem escrúpulos fofoqueira mentirosa

    Caso Erenice: auditorias concluem que não houve irregularidades

    A Controladoria-Geral da União (CGU) divulgou nesta quinta-feira (30) a conclusão de quatro das nove auditorias que estão sendo feitas em contratos, licitações, autorizações e pagamentos suspeitos de irregularidades.
    Após rigorosa apuração, nenhuma - isso mesmo, NENHUMA - das irregularidades noticiadas em manchetes da Folha de S. Paulo e capas da revista Veja foram confirmadas. A conclusão que se pode chegar é que todas as acusações feitas pela mídia e que foram alvo das auditorias eram apenas calúnias lançadas com motivações eleitorais.
    Os alvos da investigação cujas auditorias chegaram ao fim são o suposto beneficiamento da empresa Matra Mineração pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM); as suspeitas de pagamento de propina na compra do medicamento Tamiflu, usado para combater a pandemia da influenza A (H1N1) - gripe suína; a contratação sem licitação, em agosto do ano passado por R$ 80 mil, do escritório de advocacia Trajano & Silva Advogados; e o suposto tráfico de influência no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
    Todos as auditorias estão ligadas ao escândalo que tirou do cargo a ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra. A investigação começou no dia 14 de setembro, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com a CGU, os resultados das primeiras investigações foram enviados nesta quinta ao presidente Lula e também serão encaminhados à Polícia Federal.
    De acordo com a controladoria, as acusações feitas pelo empresário Rubnei Quicoli de que integrantes da Casa Civil tentaram intermediar financiamentos do BNDES são infundadas. O órgão de controle concluiu que o pedido de empréstimo seguiu o trâmite normal e “teve o tratamento técnico previsto nas normas internas do BNDES”. De acordo com a investigação, o financiamento só não foi aprovado porque não atendeu integralmente às exigências do banco de fomento. Em relação à compra do Tamiflu, a conclusão da investigação apontou que não houve pagamento de propina.
    A CGU também afirma que não houve beneficiamento da empresa Matra Mineração, ligada ao marido de Erenice. Sobre o cancelamento das multas, a CGU apurou que as notificações foram de fato anuladas “em decorrência de erros apontados pela própria Procuradoria-Geral do órgão quanto aos seus respectivos valores”. De acordo com a investigação, novos valores foram arbitrados. A investigação apontou ainda que os débitos relativos tanto às multas quanto à taxa anual por hectare (TAH) em atraso totalizam R$ 129,4 mil e foram divididos em 60 parcelas, das quais 25 foram pagas, restando 35 por vencer.
    De acordo com a conclusão da CGU, não houve também beneficiamento do escritório Trajano e Silva Associados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia. As suspeitas de tráfico de influência envolvem uma irmã de Erenice Guerra, Maria Euriza, que era funcionária da EPE e autorizou, em agosto de 2009, a contratação do escritório, que tem entre os sócios Antônio Alves Carvalho, irmão de Maria Euriza e Erenice. De acordo com a CGU, Antônio Alves Carvalho entrou oficialmente na sociedade em novembro.
    "A CGU está recomendando à EPE maior cuidado e precisão no enquadramento das hipóteses de inexigibilidade de licitações e recomendando que a empresa fundamente suas futuras contratações com base em amplas pesquisas de preço".
    Outra recomendação feita pela CGU refere-se a problemas num contrato firmado entre o Ministério das Cidades e a Fundação Universidade de Brasília. Esse contrato teria o envolvimento de José Euricélio Alves de Carvalho, outro irmão de Erenice. A CGU concluiu que há irregularidades no pagamento de R$ 2,1 milhões para um produto que não atendeu à demanda do ministério. No entanto, as investigações não apontaram responsabilidade direta do irmão de Erenice no caso.
    "O que se tem até o momento é a constatação de que ele foi assessor na Secretaria Nacional de Transportes e Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades e contratado pela Editora UnB, em períodos próximos e seguidos, na época dos fatos", concluiu.
    *comtextolivre

    Melhores momentos de Dilma no debate da TV Globo





    O povo brasileiro não será mais escravo de ninguém




    A eleição vista de alto-mar

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    O Brasil deixou de ser uma sardinha – se é que foi um dia. Olhando para a política externa brasileira, dá para comparar nosso amável e complicado país a um... golfinho! Os golfinhos são seres coletivos – ao contrário dos tubarões. Nadam em equipe, defendem-se e pescam em grupo.
    Flávio Aguiar
    A política brasileira tem muito a ver com peixes.
    Lá por volta de 195... e poucos, Getúlio declarou num de seus discursos melhores e mais inflamados: “enganam-se os que pensam que o povo nos reconduziu ao poder para comer sardinhas. Vamos comer tubarões”. Ou algo assim, estou citando de memória frase que anotei mais de 50 anos atrás.
    Depois, guardei essa frase que um amigo meu, engenheiro naval, me contou, na seguinte história:
    “Conversando com um oficial da marinha sobre as opções do Brasil, há 30 anos, quanto à construção de navios de toda a sorte, ele me observou que tínhamos de escolher entre produzir não só navios, mas um parque industrial próprio para isso, e depender das potências então existentes (eram tempos da guerra fria). É uma escolha: ser rabo de tubarão ou cabeça de sardinha”.
    Hoje só resta um tubarão na geopolítica. Com algumas orcas (baleias assassinas) e tubarinhos ao redor. Mas tem gente – as oposições – que continua afincada na idéia de que devemos ser rabo de tubarão. Talvez barbatana, porque no rabo a gente participa do leme, e isso é demais para aquela gente. Preferimos – eles, na verdade – só usufruir as algas que as correntes nos trazem aos bigodes, para eles, é claro, não para a maioria do povo. Este que vá pescar sardinhas.
    Por outro lado, o Brasil deixou de ser uma sardinha – se é que foi um dia. Olhando para a política externa brasileira, dá para comparar nosso amável e complicado país a um... golfinho!
    Os golfinhos são seres coletivos – ao contrário dos tubarões. Defendem-se, pescam, em grupo. Os tubarões não os atacam – porque uns cinco golfinhos juntos conseguem dar cabo de um tubarão, ou pelo menos mandá-lo para longe, senão para as profundas. Além do mais, os golfinhos nadam em equipe, deveriam ganhar a medalha de ouro da olimpíada de nado coletivo natural, se isso houvesse. Mal comparando (com óbvia vantagem para os golfinhos, mas sem desmerece-la) é isso que a nossa diplomacia tem feito, faz muito tempo e também nos últimos anos, na orquestra sinfônica de Lula sob a batuta de Amorim.
    E é isso que as nossas oposições não agüentam. Por isso hoje pensam que são orquídeas, tão belas, nas árvores do nosso Brasil, quando não passam de caranguejos (nada contra os caranguejos naturais!!!), que só andam para trás e pensam que o espelho retrovisor é o pára-brisa. Ou vai ver que têm, eles sim, cabeça de sardinha. E das enlatadas, ao molho do império de plantão.
    Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior em Berlim.