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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, outubro 01, 2010

PHA definiu o debate

Dilma preside debate da Globo.
Serra não foi. Estava no telefone


    Serra depois de trucidar a Dilma: as olheiras se encontraram com as gengivas
    O debate da Globo seria “decisivo”.

    Segundo o PiG (*) e seus colonistas (**), no debate da Globo o jenio ia trucidar a Dilma.

    Foi o oposto.

    Dilma desmoralizou a platéia tucana, quando riu por ela dizer que todas as doações da campanha estavam registradas.

    Dilma fica melhor quando vai para o ataque.

    Não tem nenhum Ricardo Sérgio nas finanças da campanha da Dilma.

    Dilma explicou muito bem o papel das UPPs no combate à violência urbana.

    Dilma explicou os planos de expansão das ferrovias.

    E, mais importante, ela explicou por que vai fazer um Governo de coalizão com o PMDB.

    Dilma falou como Presidenta.

    O Serra não foi ao debate.

    Quando conseguiu se articular, além da manifestação autônoma de seu dedo anular direito, o jenio não foi mais do que um “prático em contabilidade”, como diz o meu amigo mineiro.

    O amigo navegante se perguntaria – se conseguiu ficar até o fim – o que a Bláblárina Silva fez ali, além de enunciar o óbvio: tudo é “muito grave” !

    Como ela explicaria que um anúncio da Natura entrou no break comercial do debate ?

    Esquisito, não, amigo  navegante ?

    E o Serra ?

    O que ele tem a oferecer ?

    Por que ele quis ser Presidente, além de querer ser ?

    Esse tipo de debate não vai a lugar nenhum.

    Amanhã, este Conversa Afiada pretende comparar o debate presidencial no Brasil e nos Estados Unidos, por exemplo.

    Candidato não sabe fazer pergunta.

    Quem sabe fazer pergunta é jornalista.

    Mas, no Brasil, os candidatos e os partidos precisaram se proteger dos jornalistas, invariavelmente partidários e, na maioria, tucanos.

    Deu nisso.

    Um debate inócuo.

    Em 2002, o Serra também anunciou que ia esmagar o Lula no debate final da Globo.

    De fato, conseguiu.

    O Serra esmagou o Lula na eleição por 39% a 61%.

    Foi o que aconteceu agora.

    O Serra massacrou a Dilma.

    E vai perder no primeiro turno.

    O Serra, desde 2002, tem 30%.

    Bye-bye Serra forever.

    Em tempo: Serra criou o Bolsa Família, o genérico, o programa anti-Aids, a bússola, a energia a vapor, o telescópio e o avião. A Lei da Gravidade, porém, é concepção original do Fernando Henrique.

    Em tempo 2: falta esperar o que o Ali Kamel vai fazer na edição do debate. E o que o Lula poderia fazer, se o Kamel manipulasse a edição.

    Em tempo 3: ninguém perguntou ao Serra sobre o telefonema ao Gilmar. Não deixe de votar na trepidante enquete: o que acontece se você telefonar para o Gilmar.

    Em tempo 4: aos 20 minutos desta sexta-feira, Serra era um caco. A máscara da derrota. As olheiras, finalmente, se encontraram com as gengivas. Um encontro triunfal.


    Paulo Henrique Amorim

    MUITO BOM: NOVA VERSÃO PARA “E AGORA, JOSÉ?”, DE DRUMMOND, POR ADILSON FILHO


    Já é bom ir pensando...
    Oportuno, sugestivo, inteligente! Ótimo para dizer de forma artística, as verdades que merecem ser ouvidas por aquele tal de Zé Serra que quer ser presidente!
    E agora, José?! (ou Canção do dia “pra sempre”)
    E agora, José?
    A festa acabou,
    a Dilma ganhou
    o Índio sumiu,
    a Globo mudou..
    e agora, José?
    e agora, você?
    você que é sem graça,
    que zomba da massa,
    você que fez plágio
    que amou o pedágio
    e agora, José?
    Está sem “migué”
    está sem discurso,
    está sem caminho..
    não pode beber,
    não pode fumar,
    cuspir não se pode,
    nem mesmo blogar?
    a noite esfriou,
    o farol apagou
    o voto não veio,
    o pobre não veio,
    o rico não veio..
    não veio a utopia
    não veio o João
    tão pouco a Maria
    e tudo acabou
    o Diogo fugiu
    o Bornhausen mofou,
    e agora, José
    E agora, José ?
    Sua outra palavra,
    seu instante de Lula:
    careca de barba!
    sua gula e jejum,
    sua favela dourada
    sua “São-Paulo de ouro”
    seu telhado de vidro,
    sua incoerência,
    seu ódio – e agora ?
    com a chave na mão
    quer abrir qualquer porta,
    não existe porta;
    o navio afundou
    quer morrer no mar,
    mas o mar secou;
    quer ir para Minas,
    Minas não há mais.
    nem Rio, Bahia, Sergipe, Goiás..
    José, e agora ?
    Se você gritasse,
    se você gemesse,
    se você tocasse
    a valsa da despedida
    e a Miriam tirasse…
    se você dormisse,
    se você cansasse,
    como o leitor do Noblat
    se você “morresse”
    Mas você não morre,
    você é vaso “duro”, José !
    E sozinho no escuro
    qual bicho-do-mato,
    sem teogonia,
    sem megalomania
    Sem Folha, O Globo, Estadão, o Dia..
    sem Cantanhede
    para se encostar,
    sem o cheiro da massa
    pra você respirar..
    e sem cavalo grego
    que fuja a galope,
    sem o Ali Babá
    pra lhe arranjar algum golpe,
    você marcha, José !
    José, pra onde?
    pra sempre?
    E agora, José?
    Se quando a festa acabou, o povo falou
    que sem você, podia muito mais..
    Então, nesse caso: Até nunca mais, José!

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