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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quinta-feira, dezembro 16, 2010
A esquerda brasileira deve se preparar para uma luta titânica nos próximos meses e anos vindouros.
A calmaria atual, só perturbada pelas conjecturas em torno do novo governo, é só a bonança que antecede a tempestade.
Flávio Aguiar
Quando José Serra decidiu não enfrentar Lula diretamente na eleição de 2010, ele traçou o destino de sua campanha. Esta só poderia se dar pela desqualificação da candidata da situação, Dilma Roussef. De si mesmo, Serra não podia mostrar muita coisa, pois não queria exibir o anti-Lula que, na verdade, era. Das duas, ambas só poderia, portanto, ou se afirmar esvaziando Dilma, ou preenchendo o perfil desta de coisas negativas.
Esvaziar Dilma, embora tentado, mostrou-se difícil. As insinuações de que ela seria um “poste”, de que seria apenas uma “sombra” do presidente Lula, etc., esbarraram no crescimento pessoal da candidata que foi ganhando, ainda que de forma lenta, gradual, e não muito segura, cada vez mais personalidade e luz própria na disputa.
Restou, portanto, como mais tentador e promissor, o caminho do ataque cada vez mais indiscriminado contra tudo e contra todos que pudessem ajudar Dilma, inclusive, ela própria. Desse caminho pedregoso escolhido por Serra e seu marketing, saíram “achados” como os de acusar Evo Morales de subserviência, senão cumplicidade, com o narcotráfico, e as pesadas pedradas (essas sim não eram bolinhas de papel) do aborto, da corrupção em seu gabinete, etc.
Serra teve ajuda nisso: a mídia sempre-alerta se encarregou de começar a caça a algo no passado de Dilma que lhe sujasse as mãos, de sangue, ou de dinheiro subtraído a bancos, ou de outras fontes, durante a ditadura militar. Isso também não deu em nada. Nem mesmo os papéis revelados pelo Wikileaks, onde antigo embaixador dos EUA levanta suspeitas sobre a participação de Dilma no “planejamento de assaltos a banco” e ao famoso “cofre do Ademar” chegam a levantar qualquer acusação digna de ser levada a sério.
Por outro lado, a “candidata terceira-via”, Marina da Silva, e a CNBB, adotaram a política de maior inspiração em Pôncio Pilatos do que no Cristo, lavando vergonhosamente as mãos diante da enxurrada de acusações e assacações que começaram a se avolumar, uma, na esperança de captar votos que de Dilma emigrassem por questões religiosas, outra no propósito de manter cativo seu rebanho em sua histórica disputa com o Estado secular, coisa que no Brasil remonta ao século XIX.
Foi este conjunto de fatores, com raiz na escolha do candidato Serra quanto ao estilo de sua campanha, que escancarou a porta para a participação cada vez mais intensa da extrema direita na campanha eleitoral, com um espaço que antes era mais restrito. Essa participação se deu em três frentes: a dos viúvos da ditadura, a da Opus Dei concentrada entre bispos da CNBB/São Paulo, e a daqueles que se sentem ameaçados em seus privilégios por verem pobres ou ex-pobres comprando/passeando em shopping-centers ou viajando de avião.
Isso deu à campanha de 2010 o tom odioso, vulgar baixo que ela teve, da direita para a esquerda, não o contrário. Além das filipetas derramadas a partir dos púlpitos religiosos que estavam em conluio com esse verdadeiro pacto demoníaco de extrema-direita, esta descobriu de imediato a internet como veículo de difamação. Enquanto isso, boa parte da nossa esquerda titubeava no partidor, como costuma fazer quanto às comunicações. O que salvou um pouco do espaço foi a comunidade dos que chamo blogueiramente de “os irregulares de Baker Street”, lembrando os jovens de rua que ajudavam o famoso detetive de Conan Doyle em suas investigações.
A questão é que essa direita, desperta de sua letargia, veio para ficar, e vai entrar no espaço político sempre que estiver disposta a desqualificá’-lo, como tentou fazer em 2010. Bom, deve-se reconhecer que, como os adeptos do Tea Party em relação ao Partido Republicano tradicional, eles podem tanto ajudar como atrapalhar seus aliados, por não terem, no fundo, compromisso com eles nem com o seu espaço político. Mas certamente estarão, sempre que puderem, envenenando o espaço político geral com a sanha de seus preconceitos. Com relação a Dilma, estarão naquela palavra de ordem antigamente lançada contra Juscelino: não deve se candidatar; se candidata, etc. até o se empossada, não deve governar.
Assim sendo, a esquerda deve se preparar para uma luta titânica nos próximos meses e anos vindouros. A calmaria atual, só perturbada pelas conjeturas em torno do novo governo, é só a bonança que antecede a tempestade. O arco contra Dilma reuniu uma frente que vai dos liberais do The Economist e do Financial Times, passando pelo Papa e pelos reacionários de Wall Street, até os porões ainda vivos da ditadura.
Souberam mobilizar as frentes comunicativas ao seu dispor, coisa em que a esquerda claudica tradicionalmente. Estão vivos: esse é o perigo que nos aguarda. Mas sabemos que a vida é um combate, etc. Vamos a ele, assim como viemos até aqui.
Às leitoras e aos leitores que nos acompanharam até aqui em 2010, desejamos um Feliz Natal e um Ano Novo recheado do bom combate. Até o ano.
Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior em Berlim.
Há mais imóveis vazios do que famílias sem moradia...
Há mais imóveis vazios do que famílias sem moradia em São Paulo
Raquel Rolnik
O Jornal da Tarde publicou ontem uma interessante notícia sobre a relação entre o déficit habitacional e o número de imóveis vazios em São Paulo. A reportagem traz números atualizados do IBGE que só confirmam o que o instituto já apontava em 2000: que há mais casas vazias do que famílias sem moradia em São Paulo.
Por Tiago Dantas
O número de domicílios vagos na cidade de São Paulo seria suficiente para resolver o atual déficit de moradia. E ainda sobrariam casas. Existem, na capital, cerca de 290 mil imóveis que não são habitados, segundo dados preliminares do Censo 2010. Atualmente, 130 mil famílias não têm onde morar, de acordo com a Secretaria Municipal de Habitação – quem vive em habitações irregulares ou precárias, como favelas ou cortiços, não entra nessa conta.
Os recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) encontraram 3.933.448 domicílios residenciais na capital, onde vivem 11.244.369 pessoas. “Foram contabilizadas 107 mil casas fechadas, que são aquelas em que alguém vive lá e não foi encontrado para responder ao questionário”, explicou a coordenadora técnica do Censo, Rosemary Utida. Já as 290 mil residências classificadas como vazias não têm moradores, diz Rosemary.
O Censo de 2000 já mostrava que a capital tinha mais casas vazias do que gente precisando de um lugar para morar, segundo a urbanista Raquel Rolnik, relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o direito à moradia adequada e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. “Em 2000, tínhamos cerca de 420 mil domicílios vagos para um déficit de 203 mil moradias. Era quase o dobro”, afirma Raquel.
O secretário municipal de Habitação, Ricardo Pereira Leite, discorda dessa conta. “Se desse para resolver o problema só distribuindo as casas para quem não tem onde morar, seríamos os primeiros a propor isso”, afirma. Segundo Leite, o número revelado pelo Censo diz respeito à vacância de equilíbrio, o tempo em que um imóvel fica vazio enquanto é negociado.
A relatora da ONU avalia que, mesmo que parte desses imóveis precisasse passar por reforma antes de ser destinado à moradia popular, seria possível, pelo menos, reduzir o número de famílias sem-teto. Um dos maiores entraves para a solução do problema, porém, é o preço do solo. “A moradia tem, como função principal, ser um ativo financeiro, e acaba não desempenhando sua função social”, diz a professora da FAU.
Segundo ela, o poder público poderia investir não só na construção de casa, mas em subsídio de aluguel. “Infelizmente temos uma inércia e uma continuidade muito grande nessa área. As políticas públicas não tiveram, ainda, força para provar que o pobre não precisa morar longe, onde não há cidade, aumentando os deslocamentos na cidade”, opina Raquel.
O direito de morar no centro da cidade, onde há maior oferta de trabalho e de transportes públicos, é uma das bandeiras da Frente de Luta por Moradia (FLM), que ocupou quatro prédios abandonados do centro com cerca de 2.080 famílias em 3 de outubro. Como a Justiça determinou a reintegração de posse de dois desses imóveis, parte dos sem-teto está vivendo na calçada da Câmara.
“Os imóveis vazios identificados pelo Censo resolveriam pelo menos 40% do nosso problema”, afirma Osmar Borges, coordenador-geral da FLM. Segundo ele, falta moradia para cerca de 800 mil famílias na cidade. “Falta uma política de habitação que contemple os domicílios vazios. O IPTU progressivo deveria ser usado para forçar o preço a cair”, diz. Borges afirmou que a FLM pretende se reunir hoje com a Superintendência de Habitação Popular da Prefeitura e amanhã com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU).
Raquel Rolnik
O Jornal da Tarde publicou ontem uma interessante notícia sobre a relação entre o déficit habitacional e o número de imóveis vazios em São Paulo. A reportagem traz números atualizados do IBGE que só confirmam o que o instituto já apontava em 2000: que há mais casas vazias do que famílias sem moradia em São Paulo.
Por Tiago Dantas
O número de domicílios vagos na cidade de São Paulo seria suficiente para resolver o atual déficit de moradia. E ainda sobrariam casas. Existem, na capital, cerca de 290 mil imóveis que não são habitados, segundo dados preliminares do Censo 2010. Atualmente, 130 mil famílias não têm onde morar, de acordo com a Secretaria Municipal de Habitação – quem vive em habitações irregulares ou precárias, como favelas ou cortiços, não entra nessa conta.
Os recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) encontraram 3.933.448 domicílios residenciais na capital, onde vivem 11.244.369 pessoas. “Foram contabilizadas 107 mil casas fechadas, que são aquelas em que alguém vive lá e não foi encontrado para responder ao questionário”, explicou a coordenadora técnica do Censo, Rosemary Utida. Já as 290 mil residências classificadas como vazias não têm moradores, diz Rosemary.
O Censo de 2000 já mostrava que a capital tinha mais casas vazias do que gente precisando de um lugar para morar, segundo a urbanista Raquel Rolnik, relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o direito à moradia adequada e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. “Em 2000, tínhamos cerca de 420 mil domicílios vagos para um déficit de 203 mil moradias. Era quase o dobro”, afirma Raquel.
O secretário municipal de Habitação, Ricardo Pereira Leite, discorda dessa conta. “Se desse para resolver o problema só distribuindo as casas para quem não tem onde morar, seríamos os primeiros a propor isso”, afirma. Segundo Leite, o número revelado pelo Censo diz respeito à vacância de equilíbrio, o tempo em que um imóvel fica vazio enquanto é negociado.
A relatora da ONU avalia que, mesmo que parte desses imóveis precisasse passar por reforma antes de ser destinado à moradia popular, seria possível, pelo menos, reduzir o número de famílias sem-teto. Um dos maiores entraves para a solução do problema, porém, é o preço do solo. “A moradia tem, como função principal, ser um ativo financeiro, e acaba não desempenhando sua função social”, diz a professora da FAU.
Segundo ela, o poder público poderia investir não só na construção de casa, mas em subsídio de aluguel. “Infelizmente temos uma inércia e uma continuidade muito grande nessa área. As políticas públicas não tiveram, ainda, força para provar que o pobre não precisa morar longe, onde não há cidade, aumentando os deslocamentos na cidade”, opina Raquel.
O direito de morar no centro da cidade, onde há maior oferta de trabalho e de transportes públicos, é uma das bandeiras da Frente de Luta por Moradia (FLM), que ocupou quatro prédios abandonados do centro com cerca de 2.080 famílias em 3 de outubro. Como a Justiça determinou a reintegração de posse de dois desses imóveis, parte dos sem-teto está vivendo na calçada da Câmara.
“Os imóveis vazios identificados pelo Censo resolveriam pelo menos 40% do nosso problema”, afirma Osmar Borges, coordenador-geral da FLM. Segundo ele, falta moradia para cerca de 800 mil famílias na cidade. “Falta uma política de habitação que contemple os domicílios vazios. O IPTU progressivo deveria ser usado para forçar o preço a cair”, diz. Borges afirmou que a FLM pretende se reunir hoje com a Superintendência de Habitação Popular da Prefeitura e amanhã com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU).
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/
A Federal Reserve - Parte I e II
A Federal Reserve - Parte I
Por enquanto, claro.
Como nasceu? Qual a sua história?
O artigo que segue não quer ser exaustivo: só relata os acontecimentos essenciais duma instituição que, afinal, influencia de forma determinante a economia do nosso mundo.
1. A história
Antes da Federal Reserve existiram outros dois bancos centrais nos Estados Unidos.
First Bank Of United States |
Funcionou tão bem que em 1811 a licença não foi renovada.
A segunda tentativa aconteceu em 1816, com a Second Bank of United States.
Também esta foi um sucesso, ao ponto de Andrew Jackson ter ganho as eleições presidenciais com a promessa de fecha-la. Coisa que efectivamente fez.em 1836.
Poucos anos antes, Thomas Jefferson tinha afirmado:
Se o povo americano alguma vez permitir que os bancos privados controlem a emissão de moeda, primeiro pela inflação e depois pela deflação, os bancos e as empresas que surgem tirarão ás pessoas a prosperidade até que filhos acordem sem casa no continente que os seus pais conquistaram.
1.1 A Ilha Jekyll e os Sete Hides
Jekyll Island |
Não existem relevos, e a actividade principal é o turismo. Hoje plácidas garças descansam perto do mar, enquanto se ouvem os tacos baterem nas bolas de quem tenta emular Tiger Woods.
Pode não parecer, mas esta ilha foi testemunha dum dos eventos mais importantes do '900, um evento cujas consequências ainda podemos observar: a fundação da Federal Reserve e do actual sistema bancário internacional.
A Ilha de Jekill foi escolhida para a reunião decisiva: em 1910, os sete banqueiros mais potentes do mundo optaram pela criação dum cartel, o maior cartel do planeta, o dos bancos.
Nelson Aldrich e Frank Valderclip representavam o império financeiro dos Rockefeller;
Henry Davidson, Charles Norton e Benjamin Strong representavam J.P. Morgan;
Paul Warberg representava a dinastia dos Rothschilds, a família que também geria a riqueza do Vaticano; A.P.Andrews representava a facção política enquanto Secretário do Tesouro dos Estados Unidos.
Henry Davidson, Charles Norton e Benjamin Strong representavam J.P. Morgan;
Paul Warberg representava a dinastia dos Rothschilds, a família que também geria a riqueza do Vaticano; A.P.Andrews representava a facção política enquanto Secretário do Tesouro dos Estados Unidos.
A ideia era simples: um cartel bancário para controlar a emissão da moeda, tomar posse dar reservas áureas dos Estados, anular a convertibilidade e pôr em circulação moedas que não tivessem uma adequada cobertura em ouro. Este teria ficado assim nos cofres dos bancos privados.
De facto, até 1912 existiam, no caso dos Estados Unidos, Dólares de ouro e Dólares de prata, que davam direito, respectivamente, a meia onça de metal amarelo e uma onça de prata.
Era dinheiro com um valor real.
Era dinheiro com um valor real.
Mas havia um problema: três homens eram contrários ao projecto de abolir a convertibilidade da moeda. E não eram homens quaisquer.
- Benjamin Guggenheim era o herdeiro do homónimo império, fundado pelo pai Meyer na segunda metade de '800. Um dois homens mais ricos do planeta.
- John Jacob Astor IV, industrial e inventor, o mais importante representante da família Astor, outro dos homens mais ricos e influentes do mundo.
- Isidor Straus, co-fundador do império Macy's, ex embaixador em França e Congressista dos EUA.
Guggenheim, Astor e Straus representavam um obstáculo difícil de superar.
1.2 Uma companhia azarada
Guggenheim, Astor e Straus morreram todos no mesmo dia e no mesmo navio: o Titanic.
Que, reportamos só como curiosidade, era de propriedade da companhia White Star Line, controlada pela International Mercantile Marine Co.: uma sociedade de J.P.Morgan.
O mesmo Morgan deveria ter participado na viagem inaugural do Titanic, mas em cima da hora decidiu abdicar.
Outra curiosidade: da International Mercantile Marine Co. era também o navio Lusitania, supostamente afundado pelos Alemães, facto que contribuiu de forma decisiva para a entrada dos Estados Unidos na I Guerra Mundial.
Alguns chamam isso de casualidade. Outros não.
Pontos de vista.
Alguns chamam isso de casualidade. Outros não.
Pontos de vista.
1.3 "Tenho arruinado o meu País"
Woodrow Wilson e o seu chapéu |
Um grupo de banqueiros cuidou da campanha de Woodrow Wilson, pois ele tinha prometido assinar a lei para a criação da futura Fed.
Em 1913, o senador Nelson Aldrich (o mesmo da reunião na Ilha Jeckill), avô materno do Rockefeller, promoveu o Federal Reserve Act no Congresso um pouco antes do Natal, quando o Congresso estava de férias . Uma vez eleito, Wilson aprovou a lei.
Mais tarde, arrependido Wilson, disse: "Tenho inadvertidamente arruinado o meu País"
Excelente previsão, que pecou só por ser tardia.
1.4 A Fed e a Grande Depressão
Uma das críticas acerca da qual o consenso é maior é que a Fed tenha sido parcialmente responsável (e talvez não só: ver a frente o capitulo "4. Documento") pela Grande Depressão
A Fed, de facto, agravou a recessão de 1929, desencadeando a Grande Depressão.
Depois do mercado das acções ter caído em 1929, a Fed continuou a contrair a oferta de dinheiro e recusou-se a salvar os bancos que estavam lutando nas dificuldades por causa da falta de dinheiro. Este erro, acusam os críticos, transformou uma possível recessão suave numa autêntica catástrofe.
Louis T. McFadden, que foi presidente do Comité House Banking nos anos '30 denunciou o poder do Fed. Descrevendo a Fed, realçou nos registos do Congresso, (páginas 1295 e 1296 de 10 de Junho de 1932):
Senhor Presidente, neste País, temos uma das instituições mais corruptas que o mundo já viu. Refiro-me ao Federal Reserve Board, um comité governamental, que traiu o povo e o Governo dos Estados Unidos do dinheiro suficiente para liquidar a dívida nacional.
O saque e as iniquidades do Federal Reserve Board e dos bancos da Federal Reserve custaram ao País dinheiro suficiente para pagar a dívida nacional várias vezes.
Esta instituição tem empobrecido e arruinado o povo dos Estados Unidos: faliu e tem praticamente falido o nosso governo. Fez isso através da má administração e de práticas corruptas dos abutres que a controlam.McFadden não gostava muito da Fed.
E os problemas para o banco central não tinham acabado.
Uma história envolvida numa cortina de dúvidas vê no Presidente J.F.Kennedy um dos inimigos da Fed.
1.5 A controversa Ordem Executiva 11110
O assassinato de JFK |
Com o novo Presidente, Lyndon Johnson, a prática acabou, embora a Ordem 11110 tenha sido eliminada oficialmente só com o Presidente Reagan em 1987.
Um ano após a morte de Kennedy, em 1964, a Comissão da Câmara sobre a Prática Bancária e a Moeda, Subcomissão da Finança Doméstica, na segunda sessão do 88º Congresso, publicou um estudo intitulado "Factos acerca da Moeda" que explicava a essência da Fed:
A Federal Reserve é uma máquina que cria dinheiro. Pode emitir dinheiro ou cheques. Não tem o problema de cobrir os cheques, pois pode obter as notas de 5 e 10 Dólares, necessárias para cobri-los, simplesmente pedindo para imprimi-las.
1.6 A Fed hoje
Alguns economistas, como John Taylor, especulam que a Fed foi responsável, ou pelo menos parcialmente responsável, pela bolha imobiliária dos Estados Unidos. Eles alegam que a Fed manteve as taxas de juros muito baixas após a recessão de 2001.
Este facto, por sua vez, levou os que contraíram mútuos a ser imprudentes.
A bolha da habitação, em seguida, levou à crise de crédito, cujos efeitos ainda não acabaram.
A versão obviamente desmentida pelo então presidente Alan Greenspan.
Ron Paul, Congressista dos Estados Unidos e ex-candidato à Presidência:
Os mesmos parlamentares, é o que diz a minha experiência, são muito ingénuos e não entendem, excepto aqueles poucos que têm que saber como o presidente da 'Comissão Bancária': está consciente de tudo, mas não quer saber e continua a perpetuar o mito que a Fed cria estabilidade e faz coisas boas para o crescimento económico ao mesmo tempo enquanto, pelo contrário, é culpada.
Alan Greenspan
É ela que causou todos os problemas, que causou a recessão e o desemprego, o encolhimento dos mercados e todos os desastres que temos sofrido, mas em termos de relações públicas é excelente, pois tem convencido a maioria dos parlamentares de que é realmente necessária para manter a estabilidade, o crescimento económico e todas essas coisas bonitas.Estas foram as palavras do professor Murray N. Rothbard, economista e vice-presidente do Ludwig von Mises Institute, instituto que dedica-se aos princípios do livre mercado e de dinheiro real:
O Sistema da Reserva Federal controla de facto o sistema monetário nacional, mas não presta contas a ninguém. Ela tem seu próprio orçamento, não está sujeita a auditoria e nenhuma comissão do governo pode realmente controlar as suas acções.Uma recente tentativa de abrir a Fed para um controlo público foi feita em 1993.
O Presidente da "Comissão Bancária" do parlamento", Henry Gonzales do Texas, pediu uma revisão independente das operações da Fed: queria filmadas as sessões da "Comissão do Livre Mercado" e relatórios detalhados entregues dentro de uma semana, em vez de vagos relatórios publicados várias semanas mais tarde.
Gonzales também propôs que fosse o Presidente [dos EUA] a escolher os 12 directores dos bancos regionais da Fed, em vez dos potentes banqueiros.
Previsivelmente, o presidente da Fed, Alan Greenspan, opôs-se à mudança, e houve a surpreendente posição do Presidente Clinton. Ele declarou que a reforma teria feito "correr o risco de minar a confiança do mercado na Fed".
Segunda parte do artigo acerca da Federal Reserve.
Aprimeira parte pode ser encontrada neste link.
Boa leitura.
2. Quem é a Federal Reserve?
Mas quem realmente é o dono da Federal Reserve, o banco central dos EUA?
A resposta parece óbvia: deveria ser uma instituição pública, independente do governo.
Mas não: é privada e os seus accionistas são os grandes bancos dos EUA.
Sim, os mesmos bancos que a Fed salvou um ano e meio atrás, de acordo com o Tesouro, após ter imprimido vagões de dólares e Títulos de Estado, arrastando os governos e as instituições centrais do mundo ocidental na mesma direcção, com consequências que hoje conhecemos bem: a explosão da dívida pública nos Países mais avançados.
É como se a controlar a Federação dos árbitros fossem as equipas de futebol.
Surpresos?
No entanto, não é a única anomalia.
Para entender o que acontece nos mercados hoje em dia podemos utilizar as explicações habituais, ou perguntar se na causa das reviravoltas brutais, e nem sempre justificadas, existem assimetrias, falhas do sistema, interesses de lobby.
Que fique claro: não se trata de caçar Grandes Irmãos, mas entender como vai o mundo e, consequentemente, nas finanças, como vai a América. A resposta não é reconfortante.
O País que estamos acostumados a considerar como um modelo, apresenta lacunas perturbadoras para aqueles que, ao seguir os princípios liberais, consideram essencial a transparência das regras e a absoluta independência de quem governa ou estabelece as regras.
Infelizmente, a crise de 2008 parece ter chegado em vão. As falhas emersas desde então não foram corrigidas. Ao contrário: a Federal Reserve não é um actor imparcial nem transparente.
Não está sujeita a qualquer organismo de controlo e não responde ao Congresso das próprias acções. É uma enorme caixa preta que não quer abrir-se, mesmo depois de muitos anos.
Ainda hoje, por exemplo, os cidadãos americanos não sabem como foram usados centenas de biliões de Dólares ordenados pelo governo para socorrer os bancos. Foram apresentadas petições, o Congresso votou, os juízes emitiram sentenças: tudo inútil. A Federal Reserve não explica como ajudou...os seus accionistas.
Os sócios, isso é, os bancos, ainda estão muito poderosos, demasiados poderosos, ao ponto de influenciar o mundo político.
Ao observar a lista dos últimos Ministros do Tesouro percebemos que:
Clinton nomeou Robert Rubin, antes banqueiro da Goldman Sachs e em seguida da Citigroup;
Bush escolheu Heny Paulson, presidente da Goldman Sachs;
o reformista Obama pediu conselho ao mesmo Rubin e este colocou como superconsultor Lawrence Summers e, no comando, o seu pupilo, o altamente recomendado Timothy Geithner, que como presidente do Federal Reserve Bank of New York era notável pela sua estreita amizade com os grandes banqueiros de Wall Street (em 2008 trabalhava na Bear Stearns, recém aquisição da J.P.Morgan).
Resultado: nos últimos 15 anos não foi aprovada nem uma lei contrária aos interesses do mundo financeiro, que ainda conseguiu o que queria, a partir da abolição da Glass Steagal Act, o que impediu a separação entre os bancos comerciais e bancos de business.
Os Hedge Funds continuam a operar sem regras, muitas vezes desde paraísos fiscais.
Nenhum limite foi colocado para os Otc, os mercados fora dos circuitos bolsisticos tradicionais. E os bancos que estavam perto de falir em 2008 não foram forçados a recapitalizar adequadamente.
Tudo permaneceu como antes. Uma grande festa para os especuladores, que, depois de terem descarregado acima da comunidade delícias como os subprime, agora atiram-se sobre o Euro.
2.1 Os accionistas
O Artigo 1 º, Secção 8 da Constituição americana estabelece que o Congresso tem o poder de cunhar (criar) moeda e estabelecer o seu valor. No entanto, neste momento, é a Federal Reserve, uma empresa privada, que controla e obtém lucros da produção de dinheiro, controlando também o valor do mesmo.
É possível conhecer os nomes dos accionistas da Fed? Não. A identidade dos accionistas é mantida secreta.
No entanto há muito circula um elenco elaborado em 1991 por Gary Kah, o seguinte:
Banco Rothschild de Londres
Banco Warburg de Hamburgo
Banco Rothschild de Berlim
Lehman Brothers de New York
Lazard Brothers de Paris
Banco Kuhln Loeb de New York
Banco Israel Moses Seif de Italia
Goldman Sachs de New York
Banco Warburg de Amsterdão
Banco Chase Manhattam de New York
Outra lista, divulgada por Eustace Mullins em 1983:
Citibank
Chase Manhatten Bank
Morgan Guaranty Trust
Chemical Bank
Manufacturers Hanover Trust
Bankers Trust Company
National Bank of North America
Bank of New York.
No entanto, ambas as listas são, por diferentes motivos, incorrectas. E os nomes dos reais accionistas permanecem um mistério bem guardado. A única coisa que podemos saber com certeza é o facto que as acções da Fed são mantidas por bancos dos Estados Unidos.
2.2 A estrutura
A Federal Reserve, de facto, é formada por 12 bancos centrais.
Na prática, a Federal Reserve de New York é a mais importante, que condiciona as escolhas das restantes.
E é interessante analisar a lista dos 9 nomes que constituem o actual Conselho de Administração (Maio de 2010).
Richard L. Carrion
É ao mesmo tempo director do Banco Popular Foundation e membro do Concelho da Administração da empresa Verizon Communications, ex Bell Atlantic, colosso das telecomunicações (uma das 30 maiores empresas dos EUA).
Charles V. Wait
Presidente da The Adirondack Trust Company, Director da New York Bankers Association.
Jamie Dimon
Ex Presidente da Citigroup, actualmente é Presidente do Concelho de Administração da JPMorgan Chase
Jeffrey R. Immelt
Ex Presidente da GE Medical System, actualmente membro do Concelho de Administração da General Electric (a segunda maior empresa do mundo).
Jeffrey B. Kindler
Presidente da Pfizer, a maior empresa farmacêutica do mundo.
James S. Tisch
Presidente da Loews Corporation, é também Presidente do Concelho de Administração da Diamond Offshore Drilling, membro do Concelho da Administração da CNA Financial Corporation, Presidente do Concelho de Administração da WNET.org
Denis M. Hughes
Presidente do The New York State American Federation of Labor and Congress of Industrial Organisation
Kathryn S. Wylde
Presidente do Partnership for New York City.
Lee C. Bollinger
Presidente da Columbia University de New York
Resumindo: além dos últimos três membros, cuja função é evidentemente ornamental, os restantes têm todos fortes ligações com bancos (Banco Popular Foundation, JPMorgan Chase, Citigroup), e/ou empresas multinacionais, cujos interesses variam desde os medicamentos (Pfizer) ao petróleo (Diamond Offshore Drilling), as televisões (WNET), seguros e hotelaria (CNA Financial Corporation, Loews), comunicações (Verizon), serviços e tecnologia (General Electric).
Naturalmente as ligações não acabam aqui.
As empresas e os bancos citados têm também participações em outras actividades.
A Loews Corporation, por exemplo, uma das empresas citadas, detém a totalidade ou parte das seguintes empresas:
- Lorillard Tobacco Company (tabacos)
- Dominion Resources (elecricidade e gás entregues em 11 Estados)
- Diamond Offshore Drilling (petróleo e gás: empresa fundada com o nome de Zapata Petroleum Company nos primeiros anos '50 pelo futuro Presidente dos EUA George H.W.Bush e pelo futuro Director Financeiro do Texas na campanha eleitoral de Richard Nixon, Bill Liedtke)
- Bulova (relógios)
- CNA Financial Corporation (produtos financeiros)
- Texas Gas Transmission (pipelines)
- Boardwork GP (pipelines)
- Loews Hotel (hotelaria)
Ainda mais impressionantes são os campos de interesse da General Electric; aliás, neste caso o difícil é encontrar uma área na qual a General Electric não esteja envolvida.
Tudo isso pode dar uma boa ideia acerca do nível de independência com o qual opera a Federal Reserve de New York
Mas até aqui falámos só da principal "filial" da Fed.
A situação não muda se olharmos para os outros 11 bancos centrais.
Aqui podemos encontrar, entre os outros, representantes de:
Allstate (a segunda seguradora nos EUA, com ligações não claras aos Cientologistas),
Dominion (uma companhia que trata de energia, que em 2008 doou 539.038 dólares à política - 50% aos Republicanos, 47% aos Democratas - e em 2009 815.885 dólares - 56% Republicanos, 41% Democratas), BorgWarner (componentes automobilísticos; tem filiais em todo o mundo e ligações com as principais casas automobilísticas),
McKinsey & C. (management),
Pentair (multinacional da água),
Energizer Holding (multinacional da energia),
Wesco (multinacional da electrónica),
Chevron
Levi Strauss
Delta Airlines
Southwest Airlines
ReMax
mais companhias petrolíferas e bancos de cada tipo.
Como é possível pôr ainda em causa a independência da Federal Reserve? Com nomes assim, "transparência" e "imparcialidade" com certeza são as palavras de ordem.
E um bom exemplo desta imparcialidade foi dado na década '90 do século passado.
Em 1995, depois do governo mexicano ter desvalorizado e inflacionado o Peso, a economia mexicana entrou em queda livre. Alan Greenspan (o então presidente do banco central) fez pressões sobre o Congresso e a administração Clinton para conceder um empréstimo de 52 biliões de dólares às desastradas finanças mexicanas; só mais tarde foi descoberto que os bancos membros da Fed detinham até 26 biliões de dólares da dívida mexicana.
Sem possibilidade de saber a verdade, os contribuintes americanos tiveram que pagar a conta.
Em cima: uma nota de 1869. Em baixo: uma nota moderna.
A mais antiga era uma nota do Tesouro dos Estados Unidos. segunda não.
*InfIncor
A condenação da OEA: essa palavra presa na garganta
A OEA condena e o STF inocenta os torturadores
Brasil vai cumprir sentença da OEA sem hesitar
O ministro da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Paulo Vannuchi, viu com normalidade a decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos de condenar o Brasil por não punir as violações cometidas por agentes do Estado na Guerrilha do Araguaia. “A decisão da Corte não surpreende as pessoas ligadas aos direitos humanos”, salientou.
Familiares de mortos e desaparecidos na guerrilha do Araguaia comemoraram a decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), que condenou o Brasil por violações de direitos humanos ocorridas naquele episódio.
Eles acreditam que a decisão da corte baseada em San Jose, na Costa Rica, anula a interpretação do Supremo Tribunal Federal (STF), sob o alcance da Lei da Anistia, de 1979, e finalmente abre caminho para a punição de militares acusados de crimes como tortura e ocultação de cadáveres.
Durante entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira, 15, em São Paulo, uma das representantes dos familiares, Victoria Lavinia Grabois Olimpio, de 67 anos, disse que um dos aspectos mais importantes da longa sentença da Corte Interamericana é justamente o capítulo que trata da Lei da Anistia no Brasil. "Os juízes daquela corte entendem que não há fundamento jurídico na decisão do STF", afirmou. "Isso abre um precedente valioso não só para as famílias dos mortos e desaparecidos no Araguaia. No Brasil, são mais de 300 casos de mortos e desaparecidos."
*CelsoJardim
O bicho tá pegando na Europa
De volta a 1968?
O bicho tá pegando na Europa, vamos ver até aonde vai a disposição da molecada. É agora ou nunca, se os neoliberais completarem suas reformas, a Europa como conhecemos não existirá mais, o que sobrou do Estado de Bem Estar Social será enterrado. Para ver imagens dos protestos, clique:
http://ww1.rtp.pt/noticias/?t=Manifestacoes-em-Italia-contra-Berlusconi.rtp&headline=20&visual=9&article=399421&tm=7
http://ww1.rtp.pt/noticias/?t=Manifestacoes-em-Italia-contra-Berlusconi.rtp&headline=20&visual=9&article=399421&tm=7
Inglaterra
Carro do príncipe Charles sendo atacado em Londres, observe o pânico do parasita
Itália
Grécia
Burocrata toma um pau da massa
Estão falando que na França e na Alemanha também ocorrerão protestos, os estudantes mais uma vez terão a oportunidade de tocar fogo na Europa. Essa geração tem infinitamente mais a perder que a geração de 1968.
Nem todos os manifestantes são iguais
Dia de confrontos ontem em Roma. Graves confrontos.
As razões? As mesmas das outras manifestações no resto da Europa.
Nada de especial: criam-se as condições para que haja um forte descontentamento entre a população e depois, surpresa!, a população fica descontente.
Ontem houve feridos, cerca de 90, entre os demonstrantes e as forças policiais. Nenhum morto, mas foi um milagre.
E hoje é polémica.
Entre as muitas fotografias publicadas, algumas demonstram que entre os manifestantes havia agentes infiltrados. Provocadores?
Vamos ver as imagens.
Nesta primeira imagem um "normal" confronto entre manifestantes e policia. Reparem no homem à direita, com casaco castanho claro e cachecol branco..
De repente o cachecol cobre o rosto e, milagre!, aparece um bastão. Não um bastão qualquer, mas de ordenança. E o homem já não olha para a policia, mas para os manifestantes.
Na última fotografia eis que aparecem as algemas também.
E o homem fica com dúvidas: "Que faço? Continuo a cena ou começo a bater nos manifestantes?". Acreditamos que numa situação destas não seja fácil decidir.
Entretanto, outro dos infiltrados ajuda um policia ferido.
*InformIncor
PRA QUE SERVE O "FICHA LIMPA"?
quarta-feira, dezembro 15, 2010
Oscar Niemeyer - 103 anos
" Enquanto existir miséria e opressão, ser comunista é a solução"." Lembro-me da noite em que Fidel esteve em meu escritório. Convidei amigos e, à meia-noite, quando ele ia embora, o elevador enguiçou. Para pegar o outro, ele teve de passar pelo apartamento de um vizinho, que até hoje conta essa ocorrência com certo orgulho. Dá para imaginar o susto do casal ao abrir a porta e dar de cara com o Fidel? O único comunista que mora nesse prédio sou eu. Mas, quando Fidel saiu, o edifício todo estava iluminado e o pessoal batendo palmas. Dizem que é preciso a noite para surgir o dia, e foi isso que aconteceu com Cuba"." Lógico que ainda acredito no Comunismo. Não sou cretino. É uma idéia que está no coração de todo mundo"." Nunca acreditei na vida eterna. Sempre vi a pessoa humana frágil e desprotegida nesse caminho inevitável para a morte... Às vezes, muito jovem, o espiritismo me atraía, logo dissolvido pelo materialismo dialético, irrecusável. Se via uma pessoa morta, meu pensamento era radical. Desaparecera, como disse Lacan, antes de morrer. Um corpo frio a se decompor, e nada mais"." Nunca me calei. Nunca escondi minha posição de comunista. Os mais compreensíveis que me convocam como arquiteto sabem da minha posição ideológica. Pensam que sou um equivocado e eu penso a mesma coisa deles. Não permito que ideologia nenhuma interfira em minhas amizades"." Urbanismo e arquitetura não acrescentam nada. Na rua, protestando, é que a gente transforma o País"." Se eu fosse jovem, em vez de fazer Arquitetura, gostaria de estar na rua protestando contra este mundo de merda em que vivemos. Mas, se isso não é possível, limito-me a reclamar o mundo mais justo que desejamos, com os homens iguais, de mãos dadas, vivendo dignamente esta vida curta e sem perspectivas que o destino lhes impõe"." Não é o ângulo reto que me atrai. Nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu País, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, nas nuvens do céu, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o Universo - o Universo curvo de Einstein".
Oscar Niemeyer
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