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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, agosto 07, 2011

Foi gesto violento. Ninguém antes jamais se atrevera a tanto... acabava ali o tempo da vida decente e confortável para as pessoas comuns.



Michael Moore

5/8/2011, Michel Moore
(Dica do Eliseu, amigo do pessoal da Vila Vudu que nos acompanha da Itália)
Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu




Amigos,
Volta e meia, alguém, com menos de 30 anos, me pergunta: ”Quando começou tudo isso, os EUA despencando ladeira abaixo?”
Dizem que ouviram falar de um tempo em que os trabalhadores norte-americanos podiam sustentar a família e mandar os filhos à escola, só com o salário do pai (nos estados da Califórnia e de New York, por exemplo, o ensino era quase gratuito). Que quem quisesse salário decente, encontrava. Que as pessoas só trabalhavam cinco dias por semana, oito horas por dia, descansavam nos fins de semana e, no verão, tinham férias pagas. Que muitos empregos eram protegidos por sindicatos, de empacotadores nas lojas ao sujeito que pintava sua casa, o que significava que, por menos ‘elevado’ que fosse o seu trabalho, você tinha garantia de aposentadoria, aumentos de salário vez ou outra, seguro-saúde, e alguém que o defendia, se você fosse desrespeitado ou tratado de modo injusto.
Os mais jovens ouviram falar desse tempo mítico – mas não é mito: esse tempo existiu. E quando perguntam “Quando isso acabará?”, sempre respondo: “O que acabou, acabou há exatos 30 anos, dia 5/8/1981”.
Naquele dia, há 30 anos, a Grande Finança e a direita norte-americana decidiram “ir p’rás cabeças” de uma vez por todas e destruir os homens comuns, toda a classe média. E enriquecerem eles mesmos, só eles, a valer.
E conseguiram.
Dia 5/8/1981, o presidente Ronald Reagan demitiu todos os empregados sindicalizados do Sindicato dos Controladores de Tráfego Aéreo [orig. Air Traffic Controllers Union, PATCO] que desobedeceram sua ordem para que voltassem ao trabalho e declarou ilegal o sindicato deles. Estavam em greve há apenas dois dias.
Foi gesto violento. Ninguém antes jamais se atrevera a tanto. E foi ainda mais violento, porque o PATCO foi um dos três únicos sindicatos que haviam apoiado a candidatura de Reagan à presidência! A decisão de Reagan disparou uma onda de choque que atingiu todos os trabalhadores nos EUA. Se fez o que fez contra sindicato que o apoiara, o que mais faria contra nós?
Reagan tivera o apoio de Wall Street nas eleições à Casa Branca e eles, aliados aos cristãos de direita, queriam “reestruturar” os EUA e fazer recuar a maré que aumentava desde o primeiro governo do presidente Franklin D. Roosevelt – maré que visava a garantir melhores condições de vida aos trabalhadores norte-americanos da classe média, as pessoas comuns. Os ricos detestaram ser obrigados a pagar melhores salários e a garantir benefícios. Mais ainda, odiavam ter de pagar impostos. E desprezavam os sindicatos. Os cristãos de direita odiavam tudo que cheirasse a socialismo ou desse qualquer sinal de estender a mão às minorias ou às mulheres.
Reagan prometeu pôr fim a tudo aquilo. Então, quando os controladores de tráfego aéreo declararam-se em greve, ele aproveitou a ocasião. Ao demitir todos e ao tornar ilegal seu sindicato, enviou mensagem clara e violenta: acabava ali o tempo da vida decente e confortável para as pessoas comuns. Os EUA, daquele dia em diante, passavam a ser governados do seguinte modo:
* Os super-ricos ganharão mais, mais, mais, cada vez mais dinheiro, e o resto de vocês terão de satisfazer-se com as migalhas que sobrarem das mesas deles.
* Todo mundo terá de trabalhar! Mãe, pai, adolescentes, todos! O pai, que consiga um segundo emprego! Crianças, não percam a chave sobressalente! De agora em diante, pai e mãe só chegarão em casa para metê-los na cama!
* 50 milhões de norte-americanos terão de viver sem seguro-saúde! Empresas serviços de saúde: encarreguem-se, vocês mesmas, de decidir quem querem atender e os que não serão atendidos.
* Sindicatos são a casa do demônio! Ninguém será sindicalizado! Gente comum não precisa de advogado nem de defesa! Trabalhador tem de trabalhar. Calem o bico e voltem à fábrica. Não, ninguém pode sair. O trabalho não está feito. As crianças, em casa, que preparem o próprio jantar.
* Quer estudar? Na universidade? OK. Basta assinar as promissórias, e você estará endividado pelos próximos 20 anos, preso a um banco, até ficar velho!
* Aumento? Que aumento? Volte ao trabalho e cale o bico!
E assim foi. Mas Reagan não conseguiria, sozinho, fazer tudo que fez em 1981. Contou com uma grande ajuda:
Da Federação Americana do Trabalho e Congresso de Organizações Industriais (orig. American Federation of Labor and Congress of Industrial Organizations – AFL-CIO [1])
A maior organização de sindicatos dos EUA disse aos trabalhadores que furassem os piquetes da greve dos controladores de tráfego aéreo e voltassem ao trabalho. E foi o que os empregados sindicalizados fizeram. Pilotos, comissários de bordo, encarregados de bagagens, motoristas de empilhadeiras, carregadores – todos furaram os piquetes e ajudaram a pôr fim àquela greve. E todos os sindicalizados furaram todas as greves e continuaram a encher os aviões de carreira.
Reagan e Wall Street quase nem acreditaram no que viram! Centenas de milhares de trabalhadores, apoiando a demissão de outros trabalhadores, sindicalizados como eles. Foi um Papai Noel em agosto, para as grandes empresas dos EUA.
E foi o começo do fim. Reagan e os Republicanos sabiam que se safariam – e safaram-se. Cortaram impostos dos ricos. Tornaram impossível organizar sindicatos nos locais de trabalho. Eliminaram leis de segurança no trabalho. Ignoraram leis antimonopólios e permitiram milhares de fusões entre empresas, com muitas empresas vendidas para serem fechadas. As empresas congelaram salários e ameaçaram os trabalhadores com a chantagem da transferência de empresas e empregos para o exterior, caso não aceitassem trabalhar por salários menores e sem garantias nem benefícios. E os trabalhadores aceitaram trabalhar por menores salários... E mesmo assim as empresas mudaram-se para o exterior, levando com elas os nossos empregos.
E em cada passo desse processo, a maioria dos norte-americanos também se deixou levar. Praticamente não houve nem oposição nem resistência. As “massas” não se levantaram nem defenderam seus empregos, suas casas, a escola dos filhos (consideradas das melhores do mundo). Apenas aceitaram o destino e curvaram-se.
Muitas vezes me pergunto o que teria acontecido se todos, simplesmente, tivéssemos deixado de viajar de avião, ponto final, em 1981. E se todos os sindicatos tivessem dito a Reagan “Devolva os empregos dos controladores, ou fechamos o país: ninguém entra e ninguém sai.” Sabem o que teria acontecido? A elite corporativa e Reagan, seu moleque de recado, teriam afinado.
Mas não fizemos nada disso. E assim, pedaço a pedaço, peça a peça, ao longo dos 30 anos seguintes, os que passaram pelo poder destruíram as pessoas comuns nos EUA e, em troca, desgraçaram o futuro de, no mínimo, uma geração de jovens norte-americanos. Os salários permaneceram estagnados durante 30 anos. Basta olhar as estatísticas e vê-se que todas as perdas de tudo que hoje tanta falta nos faz começaram no início de 1981 (assista: cenas de meu último filme, que ilustram isso).
Tudo começou no dia 5 de agosto, há 30 anos. Foi dos dias mais terríveis em toda a história dos EUA. E deixamos que acontecesse. Sim, eles tinham o dinheiro, a imprensa e os policiais. Mas nós éramos 200 milhões! Quem duvida de que teríamos vencido, se nós, todos os 200 milhões de enganados, ficássemos realmente furiosos e decidíssemos recuperar para nós o nosso país, nossa vida, nosso trabalho, nossos fins de semana, nosso tempo para educar e ver crescer nossos filhos?
Será que já desistimos, mesmo? O que estamos esperando? Esqueçam aqueles 20% que apóiam o Tea Party – ainda temos os outros 80%! Esse declínio, nossa queda ladeira abaixo só parará quando exigirmos que pare. E não por “abaixo-assinado” ou gorjeios pelo Twitter.
Temos de desligar a televisão e o computador e os videogames e sair às ruas (como fez o pessoal de Wisconsin). Alguns de nós têm de candidatar-se às prefeituras, ano que vem. Temos de exigir que os Democratas, ou criem vergonha e parem de viver sustentados pelo dinheiro dos bancos e grandes empresas – ou pulem fora e devolvam os postos para os quais foram eleitos para fazer o que não estão fazendo.
Quando chega, chega, ok? O sonho comum da vida das pessoas comuns nos EUA não renascerá por mágica ou milagre. O plano de Wall Street é claro e está aí à vista de todos: os EUA serão nação dividida entre os Que-têm e os Que-não-têm. Está bom, assim, prá vocês?
Vamos usar esse fim de semana para parar e pensar sobre os pequenos passos que podemos dar para virar esse jogo, com os vizinhos, no trabalho, na escola. Que melhor dia para começar que hoje, 30 anos depois?!

Fraternalmente,
[assina] Michael Moore
PS. Aqui vão alguns endereços onde todos podem se encontrar e começar:


Nota de tradução
[1] AFL-CIO é a maior central operária dos EUA e Canadá. Formada em 1955 pela fusão da AFL (1886) com a CIO (1935). É composta de 54 federações nacionais e internacionais de sindicatos dos EUA e Canadá que juntos representam mais de 10 milhões de trabalhadores. É membro da Confederação Internacional das Organizacões Sindicais Livres. Até 2005, operou na prática como central sindical unitária, mas devido a discrepâncias internas, várias das maiores agremiações que a formavam se separaram da organização.

http://redecastorphoto.blogspot.com/2011/08/ha-30-anos-nos-eua-o-dia-em-que-o-homem.html

*Beatrice

Charge do Dia

http://1.bp.blogspot.com/-MwwntRphub4/Tj6MAmM71yI/AAAAAAAAHA0/iynpOrB4Eqo/s1600/Nani_Arca.jpg

ACRE,URGENTE! - BRASIL É INVADIDO POR PARAMILITARES PERUANOS

Meireles (centro) com dois mateiros no marco Brasil-Peru
Meirelles (centro) com dois mateiros no marco Brasil-Peru

Ao assumir o cargo de ministro da Defesa, Celso Amorim terá que lidar com um problema recorrente no extremo-oeste do país: um grupo paramilitar peruano invadiu o território brasileiro, na fronteira do Acre com o Peru, na área dos índios isolados, onde a Funai (Fundação Nacional do Índio) mantém a Frente de Proteção Etnoambiental do Rio Envira.
A Polícia Federal realizou nesta sexta-feira (5) a operação com uso de helicóptero no igarapé Xinane, onde a Funai mantém uma base, mas conseguiu prender apenas o português Joaquim Antonio Custodio Fadista, de 57 anos.
Fontes da Superintendência da Polícia Federal no Acre confirmaram a operação, mas assinalaram que não podem se manifestar a respeito dela.
- O assunto é sensível porque envolve a segurança nacional e a relação dos dois países. Aguardamos autorização de Brasília para divulgar relato e imagens da operação - disse uma das fontes da PF.
Leia mais:
O sertanista José Carlos dos Reis Meirelles contou que a operação foi muito rápida e todos que dela participaram já se deixaram a fronteira.
- Já que ninguém deste Estado brasileiro se dispõe a ficar aqui, tomamos a decisão, Carlos Travassos, coordenador dos isolados, Artur Meirelles, coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental, eu, e dois mateiros nossos, Marreta e Chicão, de vir pra cá. Fomos deixados pelo helicóptero da operação - relatou o sertanista.
Em março, o português Joaquim Fadista foi detido pelo pessoal da Frente de Proteção Etnoambiental por tráfico internacional de droga. Entregue à PF, foi extraditado, mas voltou para a região.
Fadista já era procurado pela Polícia Nacional Peruana por tráfico de drogas quando foi preso pela primeira vez. Na ocasião, ao ser abordado, jogou no leito do Rio Envira uma mochila contendo supostamente 20 quilos de cocaína.
Mensagem do sertanista
Direto da base da Funai, José Carlos dos Reis Meirelles enviou uma mensagem sobre a operação da Polícia Federal. Segundo o sertanista, o traficante português voltou com um grupo de pessoas cuja quantidade é desconhecida.
Eis o relato do sertanista:
“A todos companheiros de luta e família,
Como o tempo é curto e é muita gente, me desculpem misturar familiares e trabalho.
Como todos sabem a nossa base do Xinane foi invadida por um grupo paramilitar peruano, onde foi preso por uma operação da polícia federal, um único integrante. O famoso Joaquim Fadista, que já tinha sido pego aqui por nosso pessoal, foi extraditado e voltou. Com um grupo de pessoas cuja quantidade não sabemos.
A operação foi muito rápida e hoje todo mundo foi embora. Nossa base ficou só de novo.
Já que ninguém deste Estado brasileiro se dispõe a ficar aqui, tomamos a decisão, Carlos Travassos, coordenador dos isolados, Artur coordenador da frente, Eu, e dois mateiros nossos, Marreta e Chicão, de vir prá cá.
Fomos deixados pelo helicóptero da operação.
Os caras ainda estão por aqui. Correram quando o helicóptero chegou. Rasto fresco e cortado de hoje. Se o povo da PF ou exercito estivesse aqui a gente pegava todo mundo.
Mas parece que as coisas não são bem assim. Talvez se esse grupo tivesse invadido algum canteiro de obra o PAC, metade do exército já estaria lá.
Mas como é uma basezinha da Funai, área de índios isolados….
http://www.jn.pt/Storage/ng1027029.jpg
Indios isolados na Amazônia
O fato é que aqui ficaremos até que alguém ache
que uma invasão do território brasileiro por um grupo paramilitar peruano, é algo que mereça atenção.
Somos irresponsáveis. Talvez. Mas antes de tudo existe um compromisso maior com os índios isolados e os contatados nossos vizinhos Ashaninka.
Não temos resposta pra tudo isso. Mas estamos bem perto das perguntas.
Permaneceremos aqui. E nem venham nos buscar para abandonar a base de novo e nem venham aqui passar dois dias.
Se vierem venham pra resolver o problema.
Caso contrário, a gente mesmo vê o que faz.
Um abraço a todos”

Blog da Amazônia

TIGRE DE PAPÉIS

http://www.lkmilitary.com/0323.jpgMao Tsé-tung disse no Livro Vermelho que "o imperialismo e todos os seus lacaios são tigres de papel". 
Hoje, a China tem o maior número de papéis da divida pública do Tesouro americano. Depois que a agência de avaliação de risco Standard & Poor's rebaixou a nota dos papéis da dívida dos EUA de AAA para AA+, os EUA deixaram de ter os títulos mais confiáveis do mundo. Preocupadas, as autoridades chinesas pediram garantias para esses papéis. 
 http://pulsereview.com/wp-content/uploads/2009/07/papertieger.jpg
Antes do anúncio, a China já tinha pedido "responsabilidade" às autoridades americanas. 

É uma ironia da História a maior potência capitalista do mundo ter grande parte dos papéis do Tesouro nas mãos da potência comunista remanescente.
Pensando bem, acho que o imperialismo é um tigre de papéis... 



Coincidência

O diário Público de hoje:
Um helicóptero da NATO foi abatido ontem à noite numa missão no Afeganistão, segundo fontes militares. Morreram pelo menos 31 elementos das forças especiais norte-americanas e sete soldados afegãos.

O jornal “New York Times” fala num dos piores dias para as tropas da coligação nesta guerra que já dura há quase uma década.

A maioria dos mortos são elementos das tropas da NATO (Isaf, Força da NATO no Afeganistão) que seguiam a bordo do aparelho.

"...a maioria dos mortos são elementos das tropas da Nato..." afirma o diário.

Correcto, mas se o Público não fosse apenas um entre os conjuntos de canetas ao serviço do regime seria possível ser um pouco mais precisos: os mortos são os mesmos soldados que capturaram Osama Bin Laden.

Sim, falamos deles, as barbas rijas que com uma espantosa acção conseguiram pôr a palavra fim na novela do cadáver mais procurado do mundo.

As barbas rijas eram o Team Six, dos Navy Seals, e foram abatidos por um foguete; não há sobreviventes.

Pena: nunca conseguiram contar a versão deles e com certeza os que estavam no helicóptero agora ficarão calados para sempre.

Que esquisito, que curiosa coincidência.


Ipse dixit.
*Informaçãoincorreta

”Se não quiser ganhar, Lula vai com Haddad”

Ex-prefeita põe em dúvida análise de que nome novo, como o do ministro da Educação, seria o mais forte para vencer em SP

07 de agosto de 2011

Roldão Arruda – O Estado de S.Paulo

ENTREVISTA – Marta Suplicy, senadora (PT-SP)
Preterida pela principal estrela do seu partido, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nas articulações para a eleição municipal de 2012 em São Paulo, a senadora e ex-prefeita Marta Suplicy decidiu partir para a ofensiva. Em entrevista ao Estado, ela põe em dúvida as análises políticas de Lula e questiona as possibilidades eleitorais de seu protegido, o ministro da Educação, Fernando Haddad. Além de insistir que é a candidata natural de seu partido, com melhores possibilidades de derrotar o ex-governador José Serra numa eventual repetição do confronto PT e PSDB, Marta ataca a administração do prefeito Gilberto Kassab e começa a discutir políticas para a cidade.
Tudo indica que a eleição de 2012 será menos polarizada, com mais candidatos de peso. Mesmo assim a sra. se considera a candidata natural do PT?
A cidade de São Paulo tem sempre grandes quadros na disputa. Já tivemos Fernando Henrique, Mario Covas, Eduardo Suplicy, Geraldo Alckmin, José Serra… Não é uma cidade fácil. Quanto à nova conjuntura, com a presença de mais partidos, eu diria que é exatamente isso que me torna a candidata natural. Por dois motivos. Em primeiro lugar, pela minha experiência, pelo que eu já fiz pela cidade, a avaliação positiva que tivemos no governo e a aprendizagem acumulada entre acertos e erros. As pessoas perceberam a capacidade que nossa gestão teve de rearrumar a cidade. Fizemos um plano diretor que não existia há 25 anos.
E o segundo motivo?
É preciso considerar que teremos um tempo curto, de 30 dias (no segundo turno). Eu tenho um nome que 100% da cidade deve conhecer, com uma avaliação de governo que é boa e que tende a melhorar com a comparação que tem sido feita no período pós-governo. Trabalhei com uma cidade dilapidada por Maluf e Pitta e mudei a cidade. Comecei a resgatar o respeito ao cidadão que paga imposto. Trabalhei com R$ 15 bilhões. O Kassab trabalha com R$ 35 bilhões e eu pergunto: que marca esse prefeito deixa? Eu deixei 350 quilômetros de corredores de ônibus planejados e ele não executou nenhum.
Ao apoiar Haddad, Lula leva em conta a sua rejeição na classe média. A sra. deixou o governo com o apelido de Martaxa.
Você está falando de um teto que não avançaria na classe média. Quando a pesquisa mostra que eu tenho 18% de rejeição e o Serra 16%, ela confirma que quem exerce um cargo público sempre tem alguma rejeição. O problema seria o Netinho, com rejeição de 11%, sem nunca ter exercido nenhum cargo. Quem não tem importância não tem rejeição. Meu índice hoje é menor do que o do passado. A cidade está cansada de pessoas que prometem e não executam. São Paulo pode dar um voto de confiança, talvez desgostando de algumas características minhas, a uma pessoa que sabe que pode fazer a cidade funcionar.
O empenho de Lula por uma cara nova para 2012 incomoda?
O Lula tem toda razão nessa ideia da cara nova, porque São Paulo teve suas grandes lideranças ceifadas. Poderia citar o Dirceu e o Palocci. E você não cria liderança desse porte em pouco tempo. Entendo e respeito a ideia de uma pessoa nova, mas acredito que o mais importante é termos uma pessoa com condição de ganhar e fazer bem para São Paulo. Uma pessoa que agregue forças. Vou entrar nessa campanha não só para o PT: quero agregar as forças pensantes da cidade, pare recuperá-la do abandono de planejamento em que vive. No boom econômico dos últimos oito anos todos os Estados e cidades importantes deram saltos gigantescos, enquanto São Paulo cresceu pela inércia, de tão forte que é.
Lula não estaria avaliando as eleições de uma forma mais global e a longo prazo?
Se ele estiver pensando em não ganhar a eleição, mas apenas em criar um nome novo, pode caminhar nessa direção. Eu penso em alguém capaz de ganhar e resgatar minha cidade. Tenho condições de ganhar, principalmente se o Lula me der o braço e me ajudar também. Voltando ao cenário do qual você falou no início, essa vai ser uma eleição de muitos candidatos no primeiro turno. Se tem uma candidatura que já sai com 30% dos votos, que tem 18% de rejeição, o que não é alto no contexto, e que tem uma obra para mostrar, você não põe essa candidatura fora e tenta criar um nome que está lá (no Ministério da Educação) há 7 anos e tem 3% na pesquisa. Na política funciona bastante o que é natural.
Lula definiu o nome de Dilma Rousseff. Não acha pode definir o nome em São Paulo?
O Lula tem um peso fenomenal, assim como tem mais experiência e mais tirocínio que nós todos juntos. Mas quando ele elegeu a Dilma do nada era um momento diferente. O PT não tinha candidatos. O partido estranhou no início, mas imediatamente se entusiasmou, porque a Dilma era protagonista dos programas mais importantes do Lula. Além disso, teve dois anos de mídia diária com ela debaixo do braço. Ele tinha o que falar e ela, o que mostrar. Agora, o Haddad é diferente. O Lula pode ter um peso partidário e fazê-lo candidato, mas não tem essa condição de ter a mesma repercussão midiática hoje.
Como essa questão tende a ser resolvida no PT?
O processo vai decantar as candidaturas, polarizar e, no final, a conjuntura vai determinar.
E se a conjuntura não a favorecer? Aceitaria um ministério?
Não tenho o menor interesse. Estou muito bem no Senado. A única coisa que me faz pensar em sair de lá é a possibilidade de recuperar a funcionalidade, os projetos que minha cidade está desperdiçando. Isso eu falo de coração.
Como vê a ideia de superar o impasse por meio de prévias?
Eu não tenho essa preocupação, porque, pela bagagem acumulada, eu me sinto como candidata natural. Não compete a mim falar sobre isso. Estou tranquila. Acredito no processo e na conjuntura.
Se houver prévias e o Haddad ganhar, a sra. o apoiará?
O bom senso vai prevalecer e a conjuntura vai determinar a candidatura.
Na sua avaliação, o ex-governador José Serra vai concorrer? Acredita que pode vencê-lo?
Posso confrontar qualquer candidatura com a experiência que tenho. Quanto ao Serra, é o candidato de peso e será alçado nessa disputa. Ele está muito solitário em seu partido, com dificuldades em relação a 2014. Acredito que, apesar de não ter gostado de ser prefeito, não lhe sobram alternativas. Mas ele não tem por que se apresentar agora. Pode esperar até junho.
Em sete meses o governo Dilma perdeu três ministros. Não é muita crise em pouco tempo?
Seria melhor se tivesse menos crise, mas a vida é assim mesmo. Ela está se deparando com situações e enfrentando de forma adequada. A única ponderação que faço sobre a questão é que vários programas que vem fazendo, num excelente início de governo, ficam apagados, porque coincidem com essas situações. Todo o programa que fez para a saúde da mulher, um programa que o Brasil nunca teve, só ganhou uma certa repercussão em março. Depois veio o Brasil Sem Miséria, que pode ter um impacto gigantesco, mas que também não recebeu a devida atenção. Uma das coisas que mais gosto neste programa é a busca ativa dos miseráveis, porque as pessoas muito pobres precisam mesmo ser buscadas. Isso precisa ser feito em São Paulo, mas você acha que vai acontecer? O prefeito não sai dos Jardins. E isso não quer dizer que eu tenha qualquer coisa contra o Jardins, porque moro lá.
Se a sra. se candidatar, sua vaga no senado será assumida pelo suplente, do PR.
O PR é governo. Ele saiu do bloco no Congresso, mas é governo. Ponderei essa questão. Comparei o que posso fazer no Senado com o que posso fazer na Prefeitura e concluí que vale a pena abrir mão do mandato.
*Luis Favre

Para começar o domingo com uma risada



“Pratica jornalismo todo veículo cujo propósito central seja conhecer, produzir conhecimento, informar. O veículo cujo objetivo central seja convencer, atrair adeptos, defender uma causa, faz propaganda. Um está na órbita do conhecimento; o outro, da luta político-ideológica”

(um jornal de informação) noticia os fatos, analisa-os, opina, mas com a intenção consciente de não ter um viés, de tentar traduzir a realidade, no limite das possibilidades, livre de prismas.”

“Isenção é a palavra-chave em jornalismo. E tão problemática quanto “verdade”. Sem isenção, a informação fica enviesada, viciada, perde qualidade.”

Não se precipite…Os trechos acima não são de um trabalho de crítica ao comportamento de nossa grande imprensa. São, ironicamente, trechos de um texto onde, hoje, o jornal O Globo pretende definir o que são suas práticas e sua postura jornalística.

Óbvio que o texto apregoa a ligação das Organizações Globo com os valores liberais, que praticamente reduzem a democracia à liberdade de iniciativa, às liberdades individuais e à liberdade de expressão das empresas de comunicação, sem uma palavra sequer em realização dos direitos sociais.

Mas nem mesmo como texto liberal pode ser visto como sério ou sincero.

Porque não pode haver sinceridade ou seriedade que não comece com a assunção dos próprios defeitos, com a atitude honesta de olhar sobre si mesmo.

O longo texto, em nenhuma linha sequer exorciza o tenebroso passado de conivência e simbiose das Organizações Globo com o regime militar que, além dos direitos sociais, espezinhou os valores liberais e violou os direitos humanos, à liberdade e àté mesmo à integridade física e à vida.

E não se diga que isso é passado, porque o império inicia logo dizendo que “desde 1925, quando O Globo foi fundado por Irineu Marinho, as empresas jornalísticas das Organizações Globo, comandadas por quase oito décadas por Roberto Marinho, agem de acordo com princípios que as conduziram a posições de grande sucesso”.

Tudo o que concedem é um breve e vago “certamente houve erros”. Muito pouco para quem se nutriu e cresceu, como um cogumelo, à sombra da ditadura.

A arrogância é irmã da hipocrisia: a primeira atitude de toda desonestidade intelectual é proclamar, pomposamente, o quanto é honesto e verdadeiro.

senção é a palavra-chave em jornalismo. E tão problemática quanto “verdade”. Sem isenção, a informação fica enviesada, viciada, perde qualidade
  • Tijolaço

A falta de princípios da Rede Globo

Por Luiz Carlos Azenha, no blog Viomundo:

A TV Globo também fez uma declaração de princípios, em 1989.

Foi na noite em que o Jornal Nacional transmitiu o resumo do debate eleitoral entre Fernando Collor e Lula, editado de tal forma a destacar as melhores falas de Collor e as piores de Lula.

Collor e Lula disputavam a presidência da República. Collor, com apoio da Globo, venceu a eleição.

O polêmico homem-chave da Copa

ESTILO
Esse é Andrés Sanchez: “Sou amigo do Ricardo Teixeira.
Sou amigo da Globo, apesar de ela ser gângster”
Como o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, responsável pelo Arena Itaquerão, construiu uma vertiginosa trajetória de sucesso no futebol brasileiro, ancorado por amizades poderosas, enquanto progredia como dono de negócios nebulosos
O dia 12 de junho de 2014 é a data. Mais de 60 mil pessoas saudarão a entrada da Seleção Brasileira de futebol no campo em que se disputará o jogo de abertura da Copa do Mundo do Brasil.
Não importa o adversário ou o resultado. De algum ponto das tribunas de um estádio recém-inaugurado no distante bairro de Itaquera, na zona leste de São Paulo, um homem celebrará uma grande vitória.
Andrés Navarro Sanchez provavelmente deixará escapar um palavrão em meio a frases efusivas. E não fará concessões aos que duvidaram dele. Faltam pouco menos de três anos para esse momento de glória. Mas quem conhece Sanchez pode imaginar a cena desde já.
Nas próximas semanas a Fifa deve confirmar o Itaquerão como sede da partida inaugural do evento. E então o atual presidente do Corinthians terá marcado mais um gol surpreendente em uma das trajetórias mais impressionantes e improváveis da cartolagem brasileira. Em apenas 17 anos, Sanchez passou de chefe de torcida organizada a homem-chave nas decisões que envolvem o Mundial de 2014.
No comando do segundo clube mais popular do País, com seu jeito direto e falastrão, em pouco tempo conseguiu dinamitar a musculatura política do Clube dos 13, instituição que reúne as principais equipes brasileiras, ao decidir negociar sem intermediários os direitos de transmissão dos jogos de seu time pelas tevês.
É um dos nomes mais cotados para substituir Ricardo Teixeira na presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Tem uma constelação de amigos poderosos, encabeçada por nomes como o ex-jogador Ronaldo Fenômeno e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Aos 47 anos, coleciona admiradores e desafetos na mesma proporção em que fortalece seu clube e se envolve em transações comerciais nebulosas.
A gestão Sanchez no Corinthians tem o carimbo da ousadia. A maior até o momento foi a contratação de Ronaldo Fenômeno, em 2009, fundamental para o clube aumentar sobremaneira sua receita. Hoje, o time do Parque São Jorge é o que mais fatura com patrocínio e publicidade no Brasil – R$ 47 milhões só no ano passado.
A construção do Itaquerão, por sua vez, retrata como tem sido profícua sua proximidade com a CBF. O antigo sonho corintiano foi viabilizado com a reprovação, por parte do comitê organizador da Copa, comandado por Ricardo Teixeira, do favorito Estádio do Morumbi, do rival São Paulo, forçando a maior cidade do País a buscar uma alternativa, ainda que mais cara, para não ficar de fora do evento. A partir daí, Sanchez mobilizou toda a sua rede de contatos políticos até encontrar uma fórmula que permitisse bancar a construção de um estádio novo para o clube.
Foi uma costura difícil, cercada de interesses milionários. Não por acaso, Sanchez chorou copiosamente no dia 20 de julho, na cerimônia em que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito Gilberto Kassab assinaram, no terreno do futuro estádio, os contratos que davam sinal verde para o empreendimento.
MARCO
Sanchez ao lado de Alckmin e de Kassab na abertura das obras do Itaquerão
Dos R$ 820 milhões garantidos para a obra, R$ 420 milhões são de incentivos fiscais aprovados pela Câmara de Vereadores e R$ 400 milhões serão financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES).
Especialistas apontam que a conta final da obra, realizada pela Odebrecht, deve bater R$ 1 bilhão. Críticos da empreitada alegam ser um absurdo construir um estádio com dinheiro do governo. “O Corinthians não recebe dinheiro público”, rebate Sanchez. “A prefeitura abriu mão de parte do que recebeu para ter a abertura do evento.”
Ao mesmo tempo que imprime uma imagem de dirigente vencedor, Sanchez também gosta de lembrar sua origem humilde, de descendente de espanhóis que atravessou a adolescência trabalhando como feirante.
Esse é o capítulo de sua biografia que ele lança aos holofotes. Há outros bem menos luminosos.
Sob sigilo, por exemplo, correria na Polícia Federal uma investigação contra ele pelos crimes de lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. Duas pessoas ligadas ao Corinthians confirmaram à ISTOÉ que estão arroladas como testemunhas nesse inquérito. ISTOÉ apurou ainda que pelo menos 40 pessoas deverão ser ouvidas a partir deste mês. Sanchez já teve o seu sigilo telefônico quebrado, desde outubro do ano passado. Um pedido de prisão teria sido negado há dois meses pela Justiça Federal, que requereu mais provas. “Não sei da existência dessa investigação”, declarou Sanchez.
IDENTIDADE
Em um prédio em Moema, deveria estar a Biosfera Promoções
e Eventos Ltda., mas funciona um escritório de advocacia
No site oficial do clube, o presidente da agremiação é classificado como um “próspero empresário”. De fato, Sanchez leva uma vida confortável. Divorciado e pai de um casal de jovens de 19 e 18 anos, mora sozinho há 12 anos num apartamento de 198 metros quadrados no Alto da Lapa, bairro de classe média alta de São Paulo.
E é dono de um posto de gasolina na capital, o único negócio regular registrado em seu nome, o que garantiria o “próspero” em sua nota biográfica oficial. Em consulta a juntas comerciais de São Paulo, a reportagem de ISTOÉ localizou pelo menos outras sete empresas registradas em nome do dirigente. Depois, visitou quatro endereços paulistanos onde estariam sediadas sete firmas em nome de Sanchez e seus familiares.
A Sol Brasil Promoções e Eventos Ltda. deveria ser encontrada na mesma rua do bairro de Vila Olímpia onde está localizada a Santa Aldeia, casa noturna frequentada por pessoas ligadas ao futebol. “A empresa não está mais aqui desde o início do ano”, atestou um funcionário do edifício.
Em um prédio comercial na avenida Ibirapuera, em Moema, deveria estar a Biosfera Promoções e Eventos Ltda., mas funciona um escritório de advocacia. “Essa empresa nunca esteve sediada aqui”, afirmou uma das recepcionistas.
Quem trabalha no número 143 da rua Alvarenga Peixoto, na cidade de Caieiras, região metropolitana de São Paulo, também nunca ouviu falar na Usina de Negócios Comércio de Encartes e Eventos Culturais Ltda.
E no centro comercial de Alphaville não há representante da ASN Participações. Uma funcionária do escritório de advocacia que fica no local afirma que o lugar serve apenas para receber correspondência.
Essa última empresa e outras duas estão bloqueadas parcialmente por ordem da Delegacia da Receita Federal em Jundiaí, desde maio de 2009. Questionado por ISTOÉ, Sanchez limitou-se a dizer que seus negócios particulares não têm relação com o Corinthians. “Mas desconheço a empresa Biosfera, e a Sol Brasil Promoções e Eventos está inativa há seis meses e sendo transferida pelo meu contador”, afirmou.
Também paira sobre o atual presidente a acusação de cobrar propina de empresários em venda de jogadores.
O sócio do clube Rolando Wohlers fez uma denúncia formal ao Conselho Deliberativo na qual afirma que Sanchez, por meio de auxiliares, pediu uma taxa de R$ 300 mil a um agente, metade a que ele teria direito, na venda de um jogador corintiano. “Não é à toa que o presidente é conhecido como Taxinha no meio do futebol”, acusa Wohlers.
O conselheiro Alexandre Husni afirma não ter visto nenhuma irregularidade contábil nessa negociação.
Outra transação polêmica foi a transferência do volante Jucilei para o Anzhi Makhachkala, da Rússia, neste ano. O atleta pertenceria metade ao Corinthians, metade ao Corinthians Paranaense. Após a venda do jogador por 10 milhões de euros, descobriu-se que o time paulista tinha apenas 15% do valor do passe – os outros 35% que lhe eram de direito haviam sido repassados a um empresário de Jundiaí (SP).
“O clube perdeu o dinheiro”, diz o administrador de empresas Marcos Caldeirinha, integrante do Conselho Deliberativo, que pediu explicação oficial à direção.
A reportagem ouviu ainda empresários de jogadores que afirmaram ter deixado de negociar atletas com o clube após a chegada de Sanchez à presidência. O dirigente diz que as acusações são mentirosas. “Todas as contratações são feitas com o aval do departamento jurídico e analisadas pelo órgão de controle”, afirma.
AUSÊNCIA
A Usina de Negócios está registrada na cidade
de Caieiras. Mas nunca esteve sediada lá
Fundador de uma das maiores torcidas organizadas do Corinthians, a Pavilhão 9, em 1990, Sanchez trabalhou como coordenador nas divisões de base do clube por muitos anos, graças a sua proximidade com Alberto Dualib, que presidiu o clube de 1993 a 2007.
Sua ascensão começou em 2004, com o início da parceria entre a MSI, do milionário russo Boris Abramovich Berezovsky, e o time do Parque São Jorge.
Ele se aproximou do representante da MSI no Brasil, o iraniano Kia Joorabchian, um apreciador da noite, assim como Sanchez. Por indicação de Joorabchian, foi nomeado diretor de futebol, o segundo cargo mais importante do clube. E o time, que tinha como estrela o argentino Tévez, ganhou o Brasileirão de 2005.
A parceria MSI/Corinthians trouxe vários jogadores de renome. E problemas de igual envergadura.
Primeiro, Joorabchian e Dualib começaram a travar uma disputa renhida pelo poder no Corinthians. Segundo, a Polícia Federal descobriu que a parceria funcionava como um véu para um esquema de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
O escândalo tragou toda a diretoria do clube, menos Sanchez, que, em um lance planejado com Joorabchian, havia pulado para o barco da oposição, com um discurso de renovação e transparência.
Em depoimento à Polícia Federal durante a investigação, Sanchez admitiu que os atletas contratados pela MSI acertavam contratos fora do Brasil. Escutas telefônicas mostraram que ele combinou o conteúdo do depoimento com o próprio Dualib. Até hoje pairam dúvidas sobre o seu não indiciamento. Procurado por ISTOÉ, o deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), encarregado da investigação à época, não quis se pronunciar.
Dualib foi condenado em primeira instância, em outro processo por estelionato, e afastado da presidência.
Sanchez venceu as eleições para presidente em 2007. Mas para isso fez um acordo, na reta final de campanha, com o próprio Dualib. “Todo mundo sabe que foi graças aos votos controlados por Dualib que ele conseguiu vencer o Paulo Garcia (empresário que deve disputar novamente o cargo)”, afirma o advogado Rubens Gomes, conselheiro do clube.
Na noite da vitória, Sanchez teria ligado para o amigo iraniano: “Kia! Ganhamos, c…”
“Quem manda no Corinthians ainda é o Kia”, afirma o blogueiro Paulo César Prado, que acusa o dirigente de tê-lo grampeado e com quem trava batalhas judiciais.
Sua página tem 30 mil visitas diárias e reúne denúncias contra a atual administração. Entre elas a de que o Corinthians pegou dinheiro emprestado da empresa Salamandra Investimentos, cujo representante é Wagner Martins Ramos, sócio de Andrés Sanchez em outras empresas. A Salamandra é propriedade última da Newbut Investiments, sediada no Uruguai.
Se a relação com o iraniano Joorabchian cacifou a ascensão de Sanchez no Corinthians, a proximidade com Ricardo Teixeira o alçou à categoria de protagonista do futebol nacional. O namoro começou em abril de 2010, quando o corintiano apoiou a candidatura derrotada de Kleber Leite, aliado de Teixeira e ex-presidente do Flamengo, na disputa pela presidência do Clube dos 13.
Ganhou Fábio Koff, ex-presidente do Grêmio (RS), mas Sanchez foi recompensado com o cargo de chefe da delegação brasileira na Copa do Mundo da África do Sul. E no início deste ano foi o principal artífice do desmoronamento da entidade.
Alegando não concordar com a maneira como Koff conduzia as negociações dos direitos de transmissão das próximas temporadas, ele desfiliou o Corinthians. Um a um, os clubes decidiram negociar individualmente com a Rede Globo. A parte que coube ao Corinthians foi da ordem de R$ 114 milhões “Sanchez jogou limpo”, diz Alexandre Kalil, presidente do Atlético Mineiro. “De todos os presidentes de clubes que tiveram postura contrária à minha, ele foi o mais correto.”
Sobre sua proximidade com a CBF e a Globo, Sanchez não se faz de rogado. “Sou amigo do Ricardo Teixeira mesmo, sou amigo da Globo, apesar de ela ser gângster”, chegou a dizer. Esta é uma declaração típica do dirigente, boquirroto por natureza.
Em um jantar de arrecadação para a campanha de Protógenes a deputado federal, no ano passado, Sanchez comentou dessa maneira uma vitória do seu time sobre o São Paulo: “O Corinthians vai ser condenado pela Lei Maria da Penha. Batemos nas meninas ontem.”
O vocabulário rústico, adornado por modos pouco apurados, parece fazer parte do marketing pessoal dele, que gosta de lembrar que não fez faculdade, estudou apenas até o ensino médio e sofre preconceito por isso. Com o esvaziamento do Clube dos 13, já se fala numa nova agremiação, a Liga dos Clubes, subordinada à CBF, que teria Sanchez no comando.
Mas ele diz que não é candidato a nada. Nem à Liga, nem à reeleição no Corinthians, nem à presidência da CBF. “Em dezembro, saio do Corinthians e vou para a minha casa”, garante.
Flávio Costa
By: IstoÉ


Cartola corintiano ainda aparece como sócio de cinco empresas
Andrés Sanchez tem dito repetidas vezes que não possui bem em seu nome
Na Calçada das Rosas, número 37, no centro do condomínio comercial,
funciona uma imobiliária no local onde estariam instaladas a
WMR Participações (de Wagner Ramos), a ASN e a JSO
O presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, tem dito repetidas vezes que não possui hoje qualquer bem em seu nome. Na Junta Comercial de São Paulo, no entanto, Andrés ainda aparece como sócio das empresas Sol Brasil Promoções e Eventos, Biosfera Promoções, Usina de Negócios de Encartes, Auto Posto Naturaflex (no Jaguaré, zona oeste) e ASN Participações.
A Sol Brasil seria dona de uma casa noturna na Vila Olímpia, segundo funcionários do prédio onde a empresa estava instalada, na rua Beira Rio, 45, zona sul paulistana. No endereço, um porteiro confirmou que a Sol Brasil funcionava ali. Numa segunda visita, outro funcionário informou que a empresa, depois de permanecer no local por muitos anos, mudara-se repentinamente. Na Junta Comercial de São Paulo, porém, o endereço não foi alterado.
Ao seguir atrás das empresas dos Sanchez e amigos, as dificuldades para obter informações se repetem. Na rua Alvarenga Peixoto, em Caieiras - onde começou o império dos Sanchez e é o endereço oficial da Usina de Negócios e Encartes -, os porteiros avisam, na entrada, que informações sobre o grupo Sol devem ser obtidas em outro endereço, na rua João Paulo I, nas proximidades.
Lá, no número 220, há uma fábrica. Na Junta Comercial de São Paulo, o local consta como endereço de três empresas do grupo: Sol Tainer, Ipê Embalagens e Diversa Distribuidora de Plásticos. Sacolas e outros produtos plásticos “saem a toda hora” em caminhões, segundo funcionários. A reportagem procurou um representante da Sol, mas foi informada de que nenhum diretor, gerente ou funcionário poderia falar.
Um dos sócios da Ipê Embalagens e da Diversa Distribuidora é Wagner Martins Ramos, ex-parceiro de Andrés na Sol Embalagens e também ex-dirigente da Salamandra Investimentos e Fomento, uma factoring que emprestou dinheiro para o Corinthians. A Salamandra tem como acionista a Newbut Cobranças Ltda. Esta, por sua vez, tem como sócios o mesmo Wagner e a Newbut Investment S/A, uma offshore (empresa sediada em paraíso fiscal), em Montevideu, no Uruguai.
Outras três empresas dos Sanchez e amigos, em Alphaville, município de Barueri (Grande São Paulo), simplesmente não existem no endereço oficial citado. Na Calçada das Rosas, número 37, no centro do condomínio comercial, funciona uma imobiliária no local onde estariam instaladas a WMR Participações (de Wagner Ramos), a ASN e a JSO. As duas últimas estão com os bens bloqueados pela Receita, enquanto a primeira manteria suas atividades normalmente.
“Eles utilizam o espaço apenas para receber correspondências. Também anotamos os recados. Muito raramente eles aparecem para fazer alguma reunião numa sala lá aqui”, explica uma funcionária.
Em outras empresas próximas de Andrés o nome Sanchez não aparece, mas nem por isso o presidente corintiano e a família deixam de exercer algum tipo de influência. É o caso da Poá Textil S/A, responsável pela fabricação e venda de camisas promocionais do time alvinegro (as oficiais são de responsabilidade da Nike). A Poá é a encarregada de produzir camisas com frases como “Eu nunca vou te abandonar”, vendidas em grandes quantidades quando o time foi rebaixado para a segunda divisão do campeonato brasileiro, em 2007.
A Poá foi levada ao Corinthians pelo empresário do ramo de confecções José Maria Marti, bastante próximo de Andres e considerado “meio” parente do presidente. Uma irmã de Marti é casada com um tio de Andres.
A Poá, uma empresa pequena que ficava escondida em uma travessa da marginal Tietê, no bairro do Pari, teria - segundo a versão de alguns conselheiros do Corinthians -, passado a produzir as camisas promocionais em condições menos vantajosas para o clube do que a fabricante anterior, a Braziline, do Rio de Janeiro, licenciada pelo clube. Depois de ganhar muito dinheiro, no entanto, a Poá afastou Marti dos negócios.
A Poá tem participações na SPR indústria de Confecção Ltda, empresa responsável pela rede de franquia de lojas Poderoso Timão. A loja da sede do próprio clube, no Parque São Jorge, teve dezenas de processos na Justiça, pedidos de falência e cheques devolvidos. Os sócios da Poá são o empresário José Grzywacz e a empresa Seaver Road Investments Inc, com sede nas Ilhas Virgens Birtânicas (paraíso fiscal).
Caso Jucilei
À frente do Corinthians, Andrés Sanchez foi o responsável por uma negociação mal explicada até hoje: a venda do jogador Jucilei ao Anzhi Makhachkala, da Rússia. Ao comprar o atleta do Corinthians do Paraná, Andrés divulgou que o time do Parque São Jorge adquiriu 50% dos seus direitos federativos pelo valor de R$ 2 milhões.
Na venda ao Anzhi, por 10 milhões de euros (R$ 22,9 milhões), o Corinthians teria direito a metade desse valor: cinco milhões de euros (R$ 11,4 milhões). O clube, no entanto, ficou com apenas 1,3 milhão de euros (R$ 2,9 milhões). A justificativa de Andrés foi de que o clube estava sem dinheiro no momento de pagar os R$ 2 milhões ao Corinthians do Paraná.
O Corinthians, então, teria recorrido ao empresário Beto Rappa, ex-dirigente do Paulista do Jundiaí, para bancar o negócio. Rappa investiu R$ 2 milhões e lucrou 3 milhões de euros (R$ 6,8 milhões).
O ex-cartola do Paulista, segundo o Blog do Paulinho (o jornalista Paulo César de Andrade Prado), teria feito o negócio em sociedade com outros dois empresários: Washington Dias Janota Antunes e Pitico Raymundo. Antunes e Andrés Sanchez foram sócios na empresa Polygrain Polimeros do Brasil. Outro que saiu no lucro foi o empresário Giuliano Bertolucci, ligado ao iraniano Kia Joorabchian: teve direito, ao participar da negociação, a um milhão de euros.
O conselheiro do Corinthians Marcos Ribeiro Caldeirinha encaminhou ofícios à presidência, ao Conselho Deliberativo e ao Conselho de Orientação do clube pedindo explicações sobre o caso e o acesso aos documentos. Andrés respondeu que não poderia fornecer a documentação por causa de uma “cláusula de confidencialidade”.
Ao assumir a presidência, em 2007, Andrés prometeu que as contas do Corinthians seriam transparentes. Hoje, no entanto, documentos sobre negociações são considerados “segredo de estado”.
Gilberto Nascimento
By: R7