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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, agosto 07, 2011

ACRE,URGENTE! - BRASIL É INVADIDO POR PARAMILITARES PERUANOS

Meireles (centro) com dois mateiros no marco Brasil-Peru
Meirelles (centro) com dois mateiros no marco Brasil-Peru

Ao assumir o cargo de ministro da Defesa, Celso Amorim terá que lidar com um problema recorrente no extremo-oeste do país: um grupo paramilitar peruano invadiu o território brasileiro, na fronteira do Acre com o Peru, na área dos índios isolados, onde a Funai (Fundação Nacional do Índio) mantém a Frente de Proteção Etnoambiental do Rio Envira.
A Polícia Federal realizou nesta sexta-feira (5) a operação com uso de helicóptero no igarapé Xinane, onde a Funai mantém uma base, mas conseguiu prender apenas o português Joaquim Antonio Custodio Fadista, de 57 anos.
Fontes da Superintendência da Polícia Federal no Acre confirmaram a operação, mas assinalaram que não podem se manifestar a respeito dela.
- O assunto é sensível porque envolve a segurança nacional e a relação dos dois países. Aguardamos autorização de Brasília para divulgar relato e imagens da operação - disse uma das fontes da PF.
Leia mais:
O sertanista José Carlos dos Reis Meirelles contou que a operação foi muito rápida e todos que dela participaram já se deixaram a fronteira.
- Já que ninguém deste Estado brasileiro se dispõe a ficar aqui, tomamos a decisão, Carlos Travassos, coordenador dos isolados, Artur Meirelles, coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental, eu, e dois mateiros nossos, Marreta e Chicão, de vir pra cá. Fomos deixados pelo helicóptero da operação - relatou o sertanista.
Em março, o português Joaquim Fadista foi detido pelo pessoal da Frente de Proteção Etnoambiental por tráfico internacional de droga. Entregue à PF, foi extraditado, mas voltou para a região.
Fadista já era procurado pela Polícia Nacional Peruana por tráfico de drogas quando foi preso pela primeira vez. Na ocasião, ao ser abordado, jogou no leito do Rio Envira uma mochila contendo supostamente 20 quilos de cocaína.
Mensagem do sertanista
Direto da base da Funai, José Carlos dos Reis Meirelles enviou uma mensagem sobre a operação da Polícia Federal. Segundo o sertanista, o traficante português voltou com um grupo de pessoas cuja quantidade é desconhecida.
Eis o relato do sertanista:
“A todos companheiros de luta e família,
Como o tempo é curto e é muita gente, me desculpem misturar familiares e trabalho.
Como todos sabem a nossa base do Xinane foi invadida por um grupo paramilitar peruano, onde foi preso por uma operação da polícia federal, um único integrante. O famoso Joaquim Fadista, que já tinha sido pego aqui por nosso pessoal, foi extraditado e voltou. Com um grupo de pessoas cuja quantidade não sabemos.
A operação foi muito rápida e hoje todo mundo foi embora. Nossa base ficou só de novo.
Já que ninguém deste Estado brasileiro se dispõe a ficar aqui, tomamos a decisão, Carlos Travassos, coordenador dos isolados, Artur coordenador da frente, Eu, e dois mateiros nossos, Marreta e Chicão, de vir prá cá.
Fomos deixados pelo helicóptero da operação.
Os caras ainda estão por aqui. Correram quando o helicóptero chegou. Rasto fresco e cortado de hoje. Se o povo da PF ou exercito estivesse aqui a gente pegava todo mundo.
Mas parece que as coisas não são bem assim. Talvez se esse grupo tivesse invadido algum canteiro de obra o PAC, metade do exército já estaria lá.
Mas como é uma basezinha da Funai, área de índios isolados….
http://www.jn.pt/Storage/ng1027029.jpg
Indios isolados na Amazônia
O fato é que aqui ficaremos até que alguém ache
que uma invasão do território brasileiro por um grupo paramilitar peruano, é algo que mereça atenção.
Somos irresponsáveis. Talvez. Mas antes de tudo existe um compromisso maior com os índios isolados e os contatados nossos vizinhos Ashaninka.
Não temos resposta pra tudo isso. Mas estamos bem perto das perguntas.
Permaneceremos aqui. E nem venham nos buscar para abandonar a base de novo e nem venham aqui passar dois dias.
Se vierem venham pra resolver o problema.
Caso contrário, a gente mesmo vê o que faz.
Um abraço a todos”

Blog da Amazônia

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