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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, agosto 24, 2011

GLAUBER, 30 ANOS...


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                                GLAUBER ROCHA (1939-1981)

Crítico, pensador, cineasta reconhecido internacionalmente, diretor de um dos melhores filmes da história do cinema brasileiro, porta-voz do Cinema Novo. Em 22 de agosto de 1981, Glauber Rocha encerrava precocemente sua polêmica carreira, ao morrer de complicações broncopulmonares, aos 42 anos. 

Três décadas depois, ainda faltam palavras para definir o papel que Glauber desempenhou no cinema brasileiro e mundial. Sua obra complexa e provocadora continua intrigando pesquisadores, críticos, cineastas e cinéfilos.Nascido em Vitória da Conquista, na Bahia, em 1939, Glauber ousou e experimentou de seu primeiro filme – Pátio, de 1959 – ao último e incompreendido Idade da Terra, de 1980. Como um pensador da cultura, o brasileiro também contribui com o cinema através de seus textos, sendo os mais famosos os manifestos Eztetyka da Fome e Eztetyka do Sonho – duas metáforas das carências do Brasil. Premiado em Cannes, o cineasta do princípio “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça” também projetou o cinema político brasileiro no exterior. Confira a reportagem na íntegra..
 


*militânciaviva

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