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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, agosto 24, 2011

200 panzer "Leopard 2" vendidos à Arábia Saudita

Como todos sabemos, a Alemanha vive em plena democracia.

E democracia significa cidadania em primeiro plano.

Se hoje vemos mendigos dormindo nas ruas, e aposentados catando garrafas vazias nas latas de lixo para completar a aposentadoria, isso não passa de detalhes secundários a uma grande democracia como a alemã.

Cena comum hoje na Alemanha


Na segunda-feira à noite fui a uma reunião do Die Linke, onde nos foi apresentado pelo nosso representante no parlamento em Berlim Jan van Aken, a nova negociata alemã.



Esse pequeno tanque de guerra custa (a unidade) 7 milhões.

A democrática Arábia Saudita comprou apenas 200 desses pirulitos.

No vídeo acima, o ministro das relações exteriores, Guido Westerwelle, afirma que não pode se pronunciar publicamente sobre o tema, mas que o povo alemão pode ficar tranquilo que a negociata, digo, a venda foi feita da maneira mais responsável possível.

Claro que todos acreditamos em suas palavras.

O Oriente Próximo vive num mar de tranquilidade, todos sabemos.

E se a Arábia comprou esses pirulitos adaptados a debelar tumultos e destruir barricadas urbanas foi apenas um detalhe.

Além do mais, 70 policiais alemães foram enviados à ilha real para ensinar aos policiais sauditas a serem mais amáveis com sua população civil.

Para complementar, a Alemanha está construindo uma fábrica de armas na pacata Arábia Saudita (como fez na época do Xá Parlevi no Irã).

Certamente a construção da fábrica está incluída no pacote dos pirulitos.

E não menos importante, uma empresa alemã está construindo um muro separando a Arábia do resto do mundo.

Jan van Aken deve ir à Arábia em outubro para conferir as obras alemãs em solo sagrado árabe.

P.S. A Alemanha já prometeu ao Estado democrático de Israel um submarino. Novinho da silva. De presente. O democrático Estado de Israel não pagará um único centavo pelo brinquedo.
*Brasilmostraatuacara

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