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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, agosto 24, 2011

Justiça dá 62 horas para Kassab explicar reajuste de salário

Após iniciar uma investigação baseada em indícios de irregularidades, o Ministério Público de São Paulo ajuizou na Justiça uma ação civil pública para invalidar o reajuste de 62% no salário do prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab. Nesta terça-feira, a 4ª Vara da Fazenda Pública, que recebeu o pedido, deu um prazo de 62 horas para Kassab e a vice-prefeita Alda Marco Antônio apresentarem explicações sobre o questionamento do MP.
Graças a um decreto legislativo de 1992 que vincula o salário do prefeito a 75% da remunerações dos deputados estaduais, o vencimento de Kassab saltou de R$ 12.384,06 para R$ 20.042,33 em fevereiro deste ano. Na ação, o promotor do Patrimônio Público e Social de São Paulo Marcelo Duarte Daneluzzi pede que a diferença do aumento salarial seja suspensa e e a devolução do dinheiro recebido por Kassab e Alda.
No processo sobre o caso, o valor da ação é avaliado em R$ 228 mil. Para Daneluzzi, a alteração dos subsídios foi feita por decreto legislativo, o que contraria a constituição e a legislação. Segundo a ação, somente uma lei de iniciativa da Câmara pode fixar subsídios dos agentes públicos do poder executivo, e não outra espécie legislativa, como decreto legislativo da Câmara.
Neste ano, Kassab chegou a negar que ganhava R$ 20 mil. A declaração acabou sendo retificada por sua assessoria, que confirmou a elevação devido ao decreto, e disse que o prefeito "se confundiu".
*Osamigosdopresidentelula

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