É prematura a notícia
da morte do capitalismo
Saiu no Valor, artigo de Delfim Netto, que espanta os presságios sinistros da Urubulogia (que torce sempre pelo pior – enquanto o Governo for trabalhista):
Ainda não é o fim do capitalismo
O que ameaça a economia é a possibilidade de que a morna resposta do sistema econômico às políticas econômicas descoordenadas e sem eficiência (porque sem credibilidade!), acabará reduzindo o crescimento durante muitos anos, impedindo a solução do problema fiscal criado por elas mesmas. Hoje, o remédio tecnocrático (despesas públicas e juro real negativo) esgotou sua potencialidade. Os balanços do Fed e do BCE estão em limites preocupantes e os Tesouros dos EUA e dos países da CEE estão tão endividados que não se pode esperar deles muita coisa.
Essa visão pessimista da situação da economia mundial estimula alguns ingênuos, persistentes e generosos otimistas a acreditarem (pela décima vez, nos últimos 170 anos) que chegamos, enfim, ao fim do capitalismo e vamos entrar na era do solidarismo, onde o lucro será anátema e os mercados serão sociais.
A história mostra que talvez seja um pouco prematuro declarar tal morte. Capitalismo é o codinome da “economia de mercado”, que foi lentamente construída ao longo da história, por uma seleção quase biológica na procura, pelo homem, de uma organização social que lhe desse, ao mesmo tempo, liberdade individual e eficiência produtiva. Ele nunca é o mesmo e modernamente tem evoluído num jogo dialético entre a escolha democrática nas urnas (onde cada cidadão tem um voto) e o mercado (onde cada um tem tantos votos quanto seja seu patrimônio).
Quando a urna erra, impondo restrições ao mercado que não cabem na contabilidade nacional, o sofrimento do eleitor leva-o a corrigir o poder incumbente; quando o mercado erra e impõe mais sofrimento do que benefícios, o eleitor é levado a corrigi-lo nas urnas.
É a urna, no fundo, que garante o aperfeiçoamento contínuo do processo de busca simultânea da liberdade de iniciativa individual e da eficiência produtiva. É a urna que vai restabelecer a “credibilidade” perdida que impediu o funcionamento da solução tecnocrática. A boa notícia é que, nos próximos 12 meses, teremos eleições livres em 24 países! O capitalismo não vai acabar. Vai dar mais um passo na mesma direção do lento processo civilizatório, como tem feito nos últimos 170 anos…
Para confirmar o que Delfim diz há algum tempo – o problema dos Estados Unidos não é de solvência, mas de liquidez – leia o que está na primeira pág. do Valor impresso desta terça feira: “Bancos têm um US$ 1,6 trilhão de reservas em excesso nos EUA”.
Grana é o que não falta.Os bancos voltarão a emprestar quando voltar a demanda por crédito, especialmente imobiliário.
Quando o consumidor perder o medo do desemprego e as empresas começarem a investir as reservas que elas próprias têm em caixa.
E, como diz o Delfim, isso poderá ocorrer quando o Congresso americano voltar a ser “funcional”, com a derrota eleitoral do Tea Party.
Clique aqui para ler sobre o Tea Party e as semelhanças com o Brasil.
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