Vemos aqui o Sociólogo Silvio Caccia Bava discordando veementemente da posição global (plim-plim) e também da política londrina.
Lá, como muitas vezes se faz por aqui, a questão social vira um caso de polícia e, segundo a fala do primeiro ministro, um caso que a justiça terá que coibir com mão de ferro.
Consideramos que o momento social mundial se aproxima do lendário 1968 e de outras revoltas populares que pipocam ocasionalmente mundo afora.
Mas o que a torna importante como fenomeno de massas é que a mesma se faz sem um direcionamento político/partidário.
Vemos os partidos políticos, mesmo os de esquerda, perdidos ante a eclosão destes protestos.
Em relação à Londres e à Inglaterra como um todo - visto a ampliação dos protestos por outras cidades - é que os jovens, principalmente os de mais baixa renda, mas não apenas estes, estão sem uma perspectiva de futuro muito acalentadora.
Imaginem um jovem londrino, bombardeado com as propagandas de consumo, em uma sociedade que valoriza-o de acordo com o que consome, estar impedido de se destacar entre seus pares com a aquisição de tantos símbolos de status que lhe atingem através da TV ou de painéis publicitários sendo que não tem emprego - a população jovem é a que mais engrossa as estatísticas de desemprego.
E, num país em que a acumulação das riquesas iniciou-se com as famigeradas "cartas de corso"! Como acha que ele se ve agora, diante dos tribunais respondendo por seus 'crimes' - ainda com o agravante de ter sido chamado pelas redes sociais (premeditação, segundo eles).
Na crise de 2008 achamos que viram o Brasil passar quasem incólume por todo aquele tsunami e acharam um bom exemplo, só que pegaram o PROER do FHC para enfrentar a crise e não todos os incentivos ao aumento de produção do governo Lula.
Socorreram os bancos enquanto a produção e o consumo foram deixados de lado.
E o mesmo aconteceu nos EUA, na crise de 2008 e na atual: remédios amargos para conter a dívida americana com o pagamento feito com os investimentos em projetos sociais. Contra as grandes fortunas nem pensar!
Os tempos são de revoltas, os partidos do campo popular tem a obrigação de começarem a atuar junto a esta justa demanda e caminharmos juntos na construção de uma sociedade mais humana, mais justa, sem os abismos econômicos entre as pessoas, sem o consumismo desenfrado que atinge o meio ambiente.
Para concluir, na bela voz da saudosa Mercedes Sosa
*blogdamilitância
"ATIIRADOR", "VÂNDALOS" E "TERRORISTAS" - OS "PRINCÍPIOS DA GLOBO"
“ATIRADOR”, “VÂNDALOS” E “TERRORISTAS” – OS “PRINCÍPIOS DA GLOBO”Laerte Braga
O primeiro-ministro da antiga Grã Bretanha – Micro Bretanha – foi ao Parlamento dizer que a Scotland Yard iria manter a ordem, impedir novos atos de “vandalismo”. David Cameron é o responsável pelo fim do “multiculturalismo” em declarações que fez numa conferência em Berlim. Foi apoiado por Ângela Merkel, chanceler alemã.
“Senhor: Sois célebre e vossas obras alcançam tiragem de trinta mil exemplares. Vou dizer-vos por quê: é que amais os homens. Tende o humanismo no sangue: eis a vossa sorte... Deleitai-vos quando vosso vizinho pega uma xícara da mesa porque há um modo de pegar que é propriamente humano e que sempre descrevestes em vossas obras como menos elástico e menos rápido que o do macaco não é?” (Sartre, O MURO, Nova Fronteira, 2005, Rio de Janeiro).
Ao longo de todos esses anos que existe, desde que inventado por potências do mundo à época, o Estado de Israel mata sistemática e deliberadamente palestinos. Rouba terras, rouba água, serviu de base para os Estados Unidos por esses anos todos no Oriente Médio. Hoje controla os EUA através de banqueiros e grandes corporações empresariais. Estende suas asas nazi/sionistas por todo o mundo.
As suásticas tremulam em Wall Street e nos píres que passam pelo mundo recolhendo riquezas para sustentar-lhes – as elites – a opulência e a arrogância.
“A burguesia é um grande incesto”. D. Thomas Balduíno em palestra feita em Juiz de Fora, MG, na década de 70.
Acreditam-se enviados divinos, povo superior, a taxa de juros é elevadíssima.
“Se não houvesse entre nós uma pequena diferença de gosto, eu não vos importunaria. Mas tudo se passa como se tivésseis a graça e eu não. Sou livre para gostar ou não de lagosta a americana, mas se não gosto de homens sou um miserável e não posso encontrar lugar ao sol. Monopolizaram a vida”. Do mesmo Sartre, no mesmo livro.
Comunidade Européia. O presidente da França Nicolas Sarlozy reuniu-se com seus ministros para avaliar a crise que devasta a Grécia, a Espanha, a Itália, a Irlanda, Portugal, começa a esticar seus tentáculos para a antiga Grã Bretanha e pode chegar tanto à França como ao reino de sua majestade a rainha Elizabeth II.
Louis Francis Albert Victor Nicholas Mountbatten, o primeiro Conde Mountbatten de Burma. Almirante da esquadra pirata de sua majestade a rainha, e tio materno do Príncipe Philip, Duque de Edimburgo, consorte da rainha Elizabeth. Em tempo algum negou seu fascínio pelo nazismo.
Os mulambos do conde assombram aos gritos e espasmos de HEIL HITLER na baía de Donegal, na República da Irlanda.
Para a GLOBO os rebeldes ingleses são “vândalos”. A idéia de problemas sociais não passa pela cabeça dos que dirigem a organização e falam através de editorial em “princípios”.
O norueguês de olhos azuis e cabelos louros que matou quase uma centena de pessoas num ato de “purificação” segundo disse à polícia de seu país é um “atirador”.
Os que derrubam um helicóptero de assassinos norte-americanos no Afeganistão são “terroristas”.
Tudo segundo o editorial assinado pelos Marinhos. Os donos.
“... Eu vos digo: ou amamos os homens ou eles não nos permitem trabalhar a sério. Eu não quero meio termos. Vou pegar, agora mesmo, meu revólver, descerei à rua e verei se é possível executar alguma coisa contra eles. Adeus Senhor, talvez seja vós quem vou encontrar. Não sabereis jamais com que prazer explodirei vossos miolos. Se não – é o caso mais provável –, lede os jornais de amanhã. Lá vereis que um indivíduo chamado Paul Hilbert matou, numa crise de furor, cinco transeuntes no bulevar Edgard-Quinet. Sabeis melhor que ninguém o que vale a prosa dos grandes diários. Compreendei que não estou furioso. Estou muito calmo, pelo contrário, e vos peço que aceiteis meus melhores cumprimentos”.
Corta para aviões da OTAN – Organização do Tratado Atlântico Norte –, em nome da democracia, dos direitos humanos, dos valores cristãos e ocidentais bombardeando a Líbia, matando cidadãos líbios, homens, mulheres, criança, destruindo cidades, escolas e hospitais. Dão a isso o nome de “ajuda humanitária”.
William Bonner ou o outro, o preferido de Hilary Clinton, o Waack, noticiam solenes e pomposos esses “princípios”.
A GLOBO nasceu na mentira, vive na mentira.
São os “princípios” da organização. Como as máfias os têm.
A denúncia do jornalista Rodrigo Viana acerca do cerco a Celso Amorim define o verdadeiro caráter dessa gente.
Cada vez mais a democracia deixa de existir e se transforma numa imensa rede de comissões, agências, notáveis, sem o menor respaldo popular.
O mundo dos bancos, das grandes corporações, do latifúndio – o veneno em nossas mesas – e o ser humano transformado em objeto descartável.
É outro “princípio” da GLOBO. O do Homer Simpson, aquele que diz que somos idiotas.
Não há vida no mundo institucional da verdade única do capitalismo. É hora de começar a derrubar os muros mesmo que sejamos “vândalos” ou “terroristas”, nunca seremos atiradores.
Não temos olhos azuis, não somos louros e nem descendência de vikings. E segundo a carta de centenas de laudas deixadas pelo “atirador”, somos miscegenados, logo, incapazes de alcançar o nirvana de metralhadoras “purificando”.
Para os “princípios” da GLOBO somos o alvo do espetáculo vazio. Por isso os rios estão cheios de monstros, de loucos e loucas.
Que guardem a chave dos cofres e seus preciosos ”princípios” medidos em dólares. O ruído dos oprimidos está chegando.
“Que Deus abençoe a América e os americanos”. Barack Obama após o assassinato de Osama bin Laden. Centenas de pessoas dançavam nas imediações da Casa Branca e um louco matava colegas de trabalho para “purificar” o mundo.
É o “plim plim”, o universo da ditadura, da tortura, da mentira transformada em “princípios”.
*Brasilmobilizado
Teste: adivinhe o país!
Moisés Naím, Folha de S. Paulo
@moisesnaim
Tradução de CLARA ALLAIN
A fúria das ruas se tornou contagiosa, e a indignação popular se globalizou; é impossível diferenciar as fotos
Hoje começamos com um teste. Selecione o país de onde vem a seguinte notícia: "Nas últimas semanas, ruas e praças foram tomadas por milhares de pessoas que protestam contra o governo. Em alguns lugares, os protestos se tornaram muito violentos". Os países entre os quais você pode escolher são: Azerbaijão, Chile, China, Espanha, Filipinas, Grécia, Indonésia, Israel, Portugal, Reino Unido, Rússia, Tailândia.
A resposta é fácil: em todos. E, é claro, a lista poderia incluir Bahrein, Egito, Jordânia, Marrocos, Líbia, Síria, Tunísia e Iêmen, entre outros.
Este ano começou com a Primavera Árabe e continuou com o verão furioso. A fúria das ruas se tornou contagiosa, e a indignação popular se globalizou. É impossível diferenciar uma foto de jovens enfrentando a polícia em Santiago do Chile de outra foto mostrando a mesma imagem em Londres. Ou uma que mostra os indignados acampados na Porta do Sol, em Madri, de outra com as barracas de campanha dos milhares de manifestantes nas praças de Tel Aviv.
É tentador procurar uma mesma explicação para todos esses protestos. Embora seja fato que a má situação econômica, a desigualdade e a falta de oportunidades para os jovens estejam presentes em muitos deles, é mais verdadeiro ainda que cada um desses protestos é movido por forças muito próprias.
Os jovens chilenos saem às ruas porque querem educação melhor; os ingleses, porque querem roubar um aparelho de TV. Os israelenses protestam contra a falta de moradia, e os indignados espanhóis porque... não sei bem por quê.
Por tudo. No Reino Unido, a discussão pública sobre as causas dos saques é especialmente reveladora. Cada um tem uma explicação diferente: famílias fracas e desfeitas, ineptidão policial, imigração, multiculturalismo, discriminação racial, as políticas sociais, os cortes orçamentários, a desigualdade econômica, a tolerância diante dos comportamentos antissociais, os defeitos do sistema de ensino, a overdose de BlackBerries e redes sociais e muito mais. Essa variedade de explicações significa que ninguém entende a origem dessa repentina explosão de violência nas ruas.
Mas, embora não saibamos o que aconteceu nesta semana no Reino Unido, contamos com uma análise rigorosa e recente da instabilidade social que houve na Europa entre 1919 e 2009. Jacobo Ponticelli e Hans-Joachim Voth, da Universidade Pompeu Fabra, de Barcelona, acabam de publicar um ensaio fascinante em que, utilizando uma enorme base de dados sobre 26 países europeus, constatam que, nesses 90 anos, "os cortes nos gastos públicos elevaram significativamente a frequência de distúrbios, marchas antigoverno, greves gerais, assassinatos políticos e tentativas de derrubar a ordem estabelecida".
Não constitui surpresa, mas é bom que alguém o tenha comprovado cientificamente.
Assim, considerando que os cortes nos gastos públicos já se tornaram inevitáveis em muitos países, já sabemos o que devemos esperar. A fúria das ruas deste verão vai se prolongar. São afortunados (e poucos) os países que a poderão evitar.
@moisesnaim
Tradução de CLARA ALLAIN
*esquerdopata
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