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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, agosto 12, 2011

Cameron ameaça manifestantes com o Exército mas já usa ‘mercenários’, segundo Gaddafi


É prática antiga dos ingleses recorrer a mercenários


Correio do Brasil

A Grã-Bretanha vai considerar convocar o Exército em distúrbios futuros para liberar policiais para "lidar com baderneiros", afirmou o primeiro-ministro, David Cameron, nesta quinta-feira. O governo também dará à polícia poderes para exigir que as pessoas retirem proteções do rosto e vai compensar as pessoas cujas casas ou empresas foram depredadas na onda de violência em Londres e outras cidades britânicas esta semana, disse ele.
– É responsabilidade do governo assegurar que qualquer contingência futura seja avaliada, incluindo se há tarefas que o Exército pode assumir que possam liberar mais policiais para a linha de frente – disse Cameron ao parlamento, em sessão emergencial para discutir a violência.

Críticas de Gaddafi

A violenta reação do governo britânico aos manifestantes, em Londres, levou a TV estatal líbia a denunciar, nesta quinta-feira, que o governo britânico tem usado “mercenários irlandeses e escoceses” para enfrentar os distúrbios na Inglaterra.
- Os rebeldes britânicos se aproximam de Liverpool em batalhas intermitentes com as brigadas do (primeiro-ministro David) Cameron e com os mercenários da Irlanda e Escócia. Deus é maior, disse uma legenda noticiosa colocada na programação matinal do canal.
Aviões e navios da Grã-Bretanha fazem parte da operação militar da Otan contra o regime líbio, que há cinco meses enfrenta uma rebelião armada. O dirigente Muammar Gaddafi é acusado de contratar mercenários, principalmente de outros países africanos, para enfrentar os rebeldes. Nesta semana, Cameron mobilizou reforços policiais para acalmar Londres e outras cidades inglesas, após quatro dias de saques, incêndios e distúrbios causados por jovens mascarados.
A irônica referência aos “mercenários” foi transmitida em um programa que geralmente louva o regime de Gaddafi. O apresentador disse que os distúrbios na Grã-Bretanha “não são protestos fomentados por serviços estrangeiros de inteligência” – como a Líbia costuma dizer que é o caso na sua própria guerra civil. Na quarta-feira, o governo líbio usou contra Cameron a mesma retórica que o Ocidente habitualmente emprega contra Gaddafi, ao dizer que ele perdeu sua legitimidade e deve sair.


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