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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, agosto 15, 2011

Princípios da Globo e a ética da máfia




Por Rogério Tomaz Jr., no blog Conexão Brasília-Maranhão:

As máfias italianas enviam flores aos velórios de suas vítimas. Embora revestido de um caráter mórbido e irônico, o gesto é sincero e expressa o respeito pela dor da família.

Por mais surreal que possa parecer, até os mafiosos têm códigos de ética que são respeitados (entre eles).

Das organizações Globo, não se pode dizer o mesmo. Pelo menos desde o surgimento da TV Globo, em 1965, a história atesta que as empresas da família Marinho, via de regra, não respeitam os princípios básicos do jornalismo. Da ética (pretensamente) universal, tampouco.

A TV Globo nasceu de um acordo fraudulento que violava a Constituição. É o famoso acordo com a Time Life, que virou alvo de CPI que acabou se transformando na primeira grande “pizza” do novo Congresso Nacional em Brasília. Mais detalhes do episódio nebuloso estão no clássico “A história secreta da Rede Globo”, do saudoso jornalista Daniel Herz.

De lá para cá, a Globo apoiou a ditadura militar, fez campanha (travestida de cobertura eleitoral) para Fernando Collor, Fernando Henrique duas vezes, José Serra, Geraldo Alckmin e novamente Serra, em 2010, e tratou os governos petistas de Lula e agora Dilma como alvos de intensa e diária campanha difamatória disfarçada de jornalismo.

Sem falar no escândalo Proconsult, nas eleições para governador do Rio de Janeiro em 1982, quando a emissora se envolveu diretamente no esquema para dar um golpe eleitoral-midiático e evitar a eleição de Leonel Brizola.

Ou a estratégia de abafar as Diretas Já da população ou, ainda, as diversas falcatruas financeiras – envolvendo Banerj, Banco do Brasil, BNDES e outras instituições vítimas da “habilidade” do clã Marinho – que são listadas por Roméro Machado da Costa no artigo “A síntese do Império Globo de Crimes“.

Vale sempre enfatizar: o “jornalismo” da Globo hoje é comandado por um sujeito que escreveu um livro defendendo a tese, em essência, de que não existe racismo no Brasil. Alguém consegue levar a sério uma empresa como essa?

Por isso, ver a Globo falar em princípios editoriais – divulgados com pompa no último 6 de agosto, só um pouquinho tarde – é uma piada pronta.
*altamiroborges

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