Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, agosto 07, 2011

Coincidência

O diário Público de hoje:
Um helicóptero da NATO foi abatido ontem à noite numa missão no Afeganistão, segundo fontes militares. Morreram pelo menos 31 elementos das forças especiais norte-americanas e sete soldados afegãos.

O jornal “New York Times” fala num dos piores dias para as tropas da coligação nesta guerra que já dura há quase uma década.

A maioria dos mortos são elementos das tropas da NATO (Isaf, Força da NATO no Afeganistão) que seguiam a bordo do aparelho.

"...a maioria dos mortos são elementos das tropas da Nato..." afirma o diário.

Correcto, mas se o Público não fosse apenas um entre os conjuntos de canetas ao serviço do regime seria possível ser um pouco mais precisos: os mortos são os mesmos soldados que capturaram Osama Bin Laden.

Sim, falamos deles, as barbas rijas que com uma espantosa acção conseguiram pôr a palavra fim na novela do cadáver mais procurado do mundo.

As barbas rijas eram o Team Six, dos Navy Seals, e foram abatidos por um foguete; não há sobreviventes.

Pena: nunca conseguiram contar a versão deles e com certeza os que estavam no helicóptero agora ficarão calados para sempre.

Que esquisito, que curiosa coincidência.


Ipse dixit.
*Informaçãoincorreta

Nenhum comentário:

Postar um comentário