O Brasil no foco
‘Brasil deixou de ser emergente. Já emergiu’, diz ex-secretária de Estado dos EUA
Madeleine Albright destacou que o governo brasileiro está fazendo algo que os Estados Unidos não estão: "Acumular reservas internacionais, pois (no caso dos EUA) vão para a China"
SÃO PAULO - A ex-secretária de Estado estadunidense Madeleine Albright elogiou a economia brasileira. Em evento com os CEOs das principais empresas do País, ela destacou que o Brasil registra taxas de crescimento e de avanços de investimentos surpreendentes em nível mundial. "Alguns até já dizem que o Brasil deixou de ser uma economia emergente pois já emergiu", afirmou.
Ela ressaltou que o País, junto com outras nações como Índia e Turquia, merece um papel político mais relevante em instituições internacionais como a ONU e o Fundo Monetário Internacional (FMI), instituições que, na avaliação dela, deveriam passar por reformulações pois o mundo mudou muito nas últimas décadas.
"Brasil e Estados Unidos são países líderes regionais e apoiam a democracia. A economia do Brasil está indo muito bem, é forte, robusta e está em condições de ser competitiva", disse.
Segundo Madeleine, a economia mundial é interdependente e fatos que ocorrem nos EUA e na Europa afetam outras nações pelo mundo. "O governo brasileiro está fazendo algo que o meu não está, que é acumular reservas internacionais, pois (no caso dos EUA) vão para a China", afirmou.
Ela disse que é "irônico" que Europa e EUA, que no passado "davam aulas para América do Sul, Ásia e África" sobre boa gestão fiscal, hoje enfrentem dificuldades para equilibrar seus orçamentos. "Agora o sapato está no outro pé", afirmou.
A ex-secretária de Estado dos EUA ressaltou que os países avançados, incluindo os EUA, estão enfrentando uma série de dificuldades como o alto nível da dívida pública, estagnação econômica, negociações políticas que não avançam e nervosismo de investidores.
"Os líderes mundiais estão buscando equilíbrio entre a necessidade de estimular a economia e a existência de restrições fiscais, o que é necessário para evitar falências e desenvolver políticas para alavancar a repartição do crescimento econômico", disse.
China
Madeleine Albright também destacou que a China é um grande país e precisa atender "compromissos multipolares" que vão beneficiar a economia global. Na palestra, ela não citou, no entanto, quais seriam tais compromissos. Mas o governo norte-americano vem pressionando há vários anos as autoridades de Pequim para adotarem algumas mudanças na política econômica, especialmente apreciar o câmbio e assim reduzir o déficit comercial estadunidense com o país asiático.
EUA
Albright afirmou que a herança econômica e financeira recebida de um governo republicano pelo presidente democrata Barack Obama é muito pior do que o legado ao ex-presidente Bill Clinton, que assumiu a Casa Branca em 1993. "Eu trabalhei para Clinton, e não trabalho para Obama, mas posso dizer que é muito difícil lidar com a economia quando o Congresso não é amigável e recebeu (do antecessor) um País com grande déficit público e alto nível de desemprego", afirmou. "Clinton deixou o governo com elevado superávit público e superávit das contas (oficiais) e desemprego baixo", disse, ressaltando que no cenário internacional Clinton deixou os EUA com uma boa imagem enquanto George W. Bush deixou para Obama um "déficit" na reputação política do país junto a outras nações pelo mundo. "Os problemas de Obama são muito maiores", afirmou.
Desde fevereiro de 2009, a taxa de desocupados nos EUA é superior a 8% - naquele mês atingiu 8,1%, chegou a bater 10,2% em outubro do mesmo ano e veio diminuindo levemente até atingir 9,1% em julho de 2011, taxa mantida em agosto e setembro.
Madeleine ressaltou que a Europa e os EUA passam por dificuldades econômicas sérias e que especialmente em seu país "as instituições não estão trabalhando apropriadamente". Ela referiu-se principalmente ao Congresso e chegou a afirmar que a confiança da população é bem maior em relação a prefeitos e governadores de Estados do que à atuação dos parlamentares em Washington. O Congresso norte-americano é dominado pelos republicanos, que sistematicamente vetam programas econômicos de Obama. O último exemplo ocorreu na terça-feira, quando o Senado rejeitou plano de estímulo do presidente de US$ 447 bilhões. Segundo o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, a rejeição do pacote pelos parlamentares vai retardar a recuperação econômica e s geração maciça de empregos no curto prazo pela economia estadunidense.
Madeleine ressaltou que a economia mundial é interdependente e que, em função dessa realidade, os países avançados e emergentes precisam intensificar a cooperação entre eles. "Algo de importante que ocorre nos EUA afeta a Europa e, por sua vez, pode atingir a China", disse. Ela participou hoje de evento com empresários brasileiros realizado na capital paulista.
EUA devem seguir exemplo da Índia e do Brasil, diz Hillary
A secretária de Estado etadunidense, Hillary Clinton, disse nesta sexta-feira que os Estados Unidos deveriam seguir o exemplo de países emergentes como o Brasil e a Índia, que colocam a economia no centro de sua política externa.
"Nós estamos atualizando as nossas prioridades em política externa para incluir a economia em todos os passos", disse a secretária, em uma palestra em Nova York.
"Potências emergentes como a Índia e o Brasil colocam a economia no centro de sua política externa. Quando seus líderes encaram um desafio internacional, assim como quando encaram um desafio doméstico, uma das primeiras perguntas que fazem é: Como isso vai afetar o nosso crescimento econômico?", disse Hillary.
Segundo a secretária, os Estados Unidos deveriam fazer a mesma pergunta.
"Não porque a resposta vai ditar cada uma das nossas escolhas na política externa. Não vai. Mas deve ser uma parte importante nesta equação", afirmou.
Crise
O discurso de Hillary foi feito em um momento em que cresce o temor de que os Estados Unidos mergulhem em uma nova recessão.
O país enfrenta níveis recordes de déficit e dívida pública e um ritmo de crescimento lento, considerado insuficiente para recuperar os empregos perdidos no auge da crise mundial.
Há cerca de dois anos a taxa de desemprego americana está ao redor de 9%, patamar considerado alto pelo próprio governo.
A situação é agravada pelo cenário externo, em um momento em que a crise nos países da zona do euro ameaça contagiar outros mercados.
A economia e o desemprego são considerados prioridades para os eleitores estadunidenses e vêm ganhando cada vez mais atenção na campanha para a eleição de 2012, na qual o presidente Barack Obama tentará conquistar um segundo mandato.
"A força econômica dos Estados Unidos e a nossa liderança global são um mesmo pacote", disse Hillary.
Segundo a secretária, os Estados Unidos precisam se preparar para liderar em um mundo no qual a segurança é definida tanto nos campos de batalha quanto nas salas de reunião e nas bolsas de valores.
"Potências emergentes como a Índia e o Brasil
colocam a economia no centro
de sua política externa."
Hillary Clinton, secretária de Estado estadunidense
China
Na semana em que o Senado aprovou um projeto de lei com o objetivo de aumentar a pressão para que a China valorize sua moeda, Hillary voltou a tocar no tema.
"A política cambial da China custa empregos estadunidenses, mas também custa empregos brasileiros, alemães", disse a secretária, repetindo uma crítica constante feita pelo governo americano ao parceiro asiático.
Os Estados Unidos acusam a China de manter sua moeda, o yuan, artificialmente desvalorizada, ganhando assim maior competitividade para suas exportações, que ficam mais baratas do que a de países que não recorrem à prática.
A proposta aprovada pelo Senado dá aos Estados Unidos o poder de impor tarifas maiores a produtos importados de países que subsidiam suas exportações ao manter suas moedas desvalorizadas, mas ela ainda não tem previsão de aprovação na Câmara.
No Estadão e BBC Brasil
Justiça estadunidense indicia pela primeira vez bispo católico por relação com casos de abuso
KANSAS CITY, Missouri - A Justiça estadunidense indiciou nesta sexta-feira o bispo Robert Finn e sua diocese em Kansas City, sob suspeita de falharem ao reportar um caso de pedofilia por parte de um padre no ano passado.
Segundo o jornal "New York Times", é a primeira vez que um bispo católico é indiciado nos Estados Unidos desde que, há 25 anos, o primeiro caso de abuso sexual cometido por padres se tornou público no país.
De acordo com a acusação, o bispo, de 58 anos, tomou conhecimento em dezembro de 2010 de que o padre Shawn Ratigan, de sua diocese, tirava fotos impróprias de meninas, mas só alertou a polícia em maio.
Segundo a promotoria, precisamente de 16 de dezembro a 11 de maio deste ano, Finn teve motivos razoáveis para suspeitar que o reverendo, da cidade de Independence, lidava com pornografia infantil.
Já havia suspeitas anteriores sobre o comportamento do padre - atualmente preso e também indiciado - e, no fim do ano passado, foram encontradas as centenas de fotos no laptop dele, incluindo "de uma vagina infantil, de saias levantadas e outras concentradas na área da virilha", diz a acusação.
- O fato de ser uma acusação menor não diminui a importância do caso - disse Jean Peters-Baker, promotor do Condado de Jackson, que explicou que o indiciamento foi retardado até agora à espera de que o o bispo voltasse do exterior. - É uma acusação importante, que até onde sei nunca foi feita antes.
O bispo disse que a diretora da Escola St. Patrick, Julie Hess, manifestou sua preocupação com a conduta inadequada do padre num memorando em maio do ano passado. Ela reclamou que Ratingan tirava fotos comprometedoras de crianças, permitia que elas sentassem em seu colo e que pegassem doces em seu bolso.
Mas Finn disse só ter lido o texto depois de Ratingan ser indiciado. Um monsenhor, que recebeu o memorando, teria orientado o padre a estabelecer limites com as crianças. Sete meses depois, um técnico de computador encontrou as fotos no laptop de Ratingan.
O bispo compareceu ao tribunal nesta sexta-feira e, assim como os advogados da diocese, se declarou inocente. Ele pode ser condenado a até um ano de prisão, e a diocese enfrenta a possibilidade de pagar uma multa.
No O Globo
EUA: Senado confirma lésbica como juíza federal de Nova York
WASHINGTON - Sem apoio republicano, o Senado americano confirmou nesta quinta-feira por uma estreita margem de votos uma mulher abertamente lésbica como juíza de corte federal de Nova York. Alison Nathan, que foi assessora do presidente Barack Obama, é a terceira pessoa abertamente homossexual a ser confirmada num posto federal nos Estados Unidos.
O Senado aprovou a nomeação de Alison para a Corte Federal do Distrito Sul de Nova York por uma votação de 48 a 44.
Os republicanos disseram que eram contra a confirmação de Alison porque ela indicou num livro que os juízes deveriam considerar leis estrangeiras em suas decisões. O senador Jeff Sessions, o mais importante republicano no Comitê Judiciário, afirmou que o histórico da juíza indica um perfil de ativista.
Em 2009, Alison trabalhou no escritório de Assessoria Especial do presidente. No ano passado, integrou o gabinete do procurador-geral de Nova York.
AP