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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, outubro 15, 2011

Alerta: repressão em Wall Street

Por Altamiro Borges


Após criar forte clima de tensão, o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, recuou hoje pela manhã da sua idéia de desocupar à força o Parque Zuccotti, onde estão acampados milhares de manifestantes do movimento “Ocupe Wall Street”. Durante toda a semana, ele fez ameaças de retirar os ocupantes sob a desculpa de que a empresa Brookfield, dono do parque, faria a limpeza do local.

Os manifestantes, acampados na praça desde 17 de setembro, não se intimidaram e convocaram, através das redes sociais, um ato de solidariedade. Argumentaram que a limpeza pública visava encerrar o protesto pacífico. “O Ocupe Wall Street ganha força, com ações de ocupação em cidades de todo o mundo... Essa é uma tentativa de nos calar”, afirmava a convocatória.

Prefeito bilionário e fascista

Diante da resistência, a prefeitura recuou nos seus propósitos provocadores. Mas os ativistas mantêm o estado de alerta. Afinal, o prefeito Michael Bloomberg, do Partido Republicano, é um direitista convicto. Oitavo homem mais rico do país, com uma fortuna avaliada em US$ 20 bilhões, ele não tolera o movimento que denuncia a opulência dos ricos e a miséria dos estadunidenses.

Desde o início do movimento, ele age como um fascista. “Não queremos esse tipo de distúrbio aqui”, afirmou ele no primeiro dia do protesto. Na sequência, a truculenta polícia de Nova York fez várias provocações, espancando e disparando gás de pimenta. Em 1 de outubro, mais de 700 pessoas foram presas e centenas ficaram feridas no dia mais violento contra o protesto.

Solidariedade internacional

No comunicado de hoje pela manhã, a própria prefeitura de Nova York informa que “adiou a limpeza do parque”. Os manifestantes comemoraram a suspensão, mas sabem que a ofensiva não foi descartada – apenas “adiada”. A ordem é resistir. “Não sairemos”, garantem os acampados. Cartazes questionam a repressão. “Policiais, vocês não preferiam prender um banqueiro?”.

O movimento “Ocupe Wall Street” também fez um chamamento à solidariedade no mundo inteiro. Através das redes sociais, ele monitora a ação da polícia para evitar surpresa e sugere que sejam organizadas manifestações nas embaixadas dos EUA espalhadas pelo mundo contra qualquer tipo de repressão. A democracia nos EUA é de fachada. Só engana as mentes colonizadas.

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