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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, outubro 28, 2011

De Cristina Kirchner para Dilma Rousseff (o rolo compressor da imprensa corporativa)


Governantes trabalhistas não podem ficar à mercê de uma imprensa golpista


“Nada foi provado contra o ministro até o momento. Nada foi gravado com a voz do mandatário, bem como ele se dispôs a enfrentar esse processo draconiano promovido pela imprensa corporativa controlada por apenas quatro famílias, de tradição golpista, que se beneficiou da ditadura militar”.
(Davis Sena Filho)


Eu vou repetir o que o jornalista Paulo Henrique Amorim disse no seu site “Conversa Afiada”: “Tenho inveja da Cristina Kirchner, da Argentina”. Eu também sinto inveja. E explico por que. A presidenta trabalhista, herdeira política do ex-presidente trabalhista Néstor Kirchner, além de ter enfrentado com coragem a imprensa hegemônica, comercial e privada, apresentou projeto que trata da criação da Ley dos Medios, que é o marco regulatório para as diversas mídias, para os meios de comunicação, que, sem ser regulamentado (não confunda com censura), conforme acontece com os principais segmentos de atividade econômica, teima em desestabilizar governos trabalhistas legitimamente eleitos pelos povos da América do Sul ao tempo que, no decorrer de sua história, derrubados por golpes de estado promovidos pelos empresários, com o apoio bélico dos militares.


Por isso que eu também sinto inveja, porque há muito tempo os governos trabalhistas de Lula e agora o de Dilma Rousseff deveriam ter implementado o marco regulatório para os meios de comunicação, como acontece nos países desenvolvidos, que mesmo assim enfrentam problemas com esse setor empresarial, que faz do seu negócio uma arma para desestabilizar governos e moer reputações, sem, no entanto, quando erra ou comete crimes, não responde a ninguém, porque geralmente têm a cumplicidade de setores politicamente conservadores como o Poder Judiciário, notadamente o Supremo Tribunal Federal (STF).



O poder midiático tem lado, ideologia, escolhe os partidos para apoiar e candidatos, geralmente do espectro conservador, de direita e não mede conseqüências para conseguir seus intentos, que são controlar a publicidade oficial e manter o sistema político e econômico que transforma as concessões públicas dos meios de comunicação do Governo, ou seja, do cidadão contribuinte, em concessões privadas, cujos principais concessionários, que são os barões da imprensa, combatem, historicamente, os governos trabalhistas e boicotam suas realizações ao ponto de a população brasileira não ter acesso às informações concernentes às obras de infraestrutura do País, às conquistas sociais, como o Bolsa Família, o ProUni, o Enem, o Luz para Todos, os PACs 1 e 2, que fez com que o Brasil praticamente não sentisse a crise econômica de 2008, as carteiras de crédito para as micro, pequenas e médias empresas, além da criação de empregos, que superou as dez milhões de vagas em apenas oito anos, bem como retira da pobreza 31 milhões de brasileiros.



Além disso, o governo trabalhista incluiu 32 milhões de brasileiros na classe média(C), responsável maior pelo crescimento exponencial do mercado interno deste País, que movimentou a economia brasileira e assim garantiu milhões de empregos. Setores econômicos de siderurgia, automobilístico, indústria naval, petrolífero e de eletro-eletrônicos foram recuperados ou incrementados e com isso tiveram um crescimento a taxas elevadíssimas, o que fez com que a economia nacional fosse descentralizada, ao ponto de permitir a redução das desigualdades regionais, o que acarretou a diminuição da migração de nordestinos e sulistas, que passaram a ficar em suas terras e nelas a trabalhar.

Todos esses fatos e realidades nunca ganharam destaque não imprensa corporativa e privada, que, golpista, passou a atacar o Governo Federal incessantemente, diariamente, com o propósito de paralisar o governo com o mesmo discurso da corrupção, exaustivamente usado contra os governantes mais importantes que o Brasil tivera, que é o caso de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, João Goulart, Luiz Inácio Lula da Silva e, em âmbito estadual, o governador Leonel Brizola.


A imprensa — repito pela milionésima vez — é importante, é fundamental para a democracia, tem de ser livre, tem de publicar, tem de denunciar e investigar. Mas, contudo, tem de ser democrática e republicana, voltada também para os interesses da coletividade e não apenas dedicada aos interesses empresariais. A imprensa tem de fazer jornalismo dessa forma. Ouvir todos os agentes sociais, e não apenas o indivíduo ou grupo ou a instituição privada ou não ao qual ela apóia ou é cúmplice de seus interesses. Este é o caso recente do ministro do Esporte, Orlando Silva, que caiu sem, no entanto, ter a oportunidade de ser ouvido, acusado que foi por um homem considerado criminoso, que foi preso, que responde a processos e é acusado até de assassinato.



Além do mais, nada foi provado contra o ministro até o momento. Nada foi gravado com a voz do mandatário, bem como ele se dispôs a enfrentar esse processo draconiano promovido pela imprensa corporativa controlada por apenas quatro famílias, de tradição golpista, que se beneficiou da ditadura militar. Orlando Silva solicitou à Corregedoria do Ministério e à Policia Federal que investigassem as denúncias contra ele. Não satisfeito, foi à televisão se explicar para a Nação, além de ter ido ao Congresso, onde foi atacado por um deputado medíocre, como o é Antônio Magalhães Neto, o ACM Neto, coronel político oligárquica da Bahia e herdeiro do ex-senador e governador Antônio Carlos Magalhães, um dos principais protagonistas da ditadura militar. O ministro colocou seu sigilo bancário, fiscal e telefônico à disposição da Justiça e da autoridade policial federal, o que não foi suficiente para o governo Dilma Rousseff, porque o ministro caiu.


Sinto tibieza e medo desse governo perante a imprensa, ao poder midiático. Dilma Rousseff e seu grupo político que governa o Brasil têm de enfrentar os barões da imprensa. Esses megaempresários estão insatisfeitos com o governo porque, antes de tudo, eles são de direita, além de ideológicos e por isso detestam o trabalhismo. A outra característica deles é que esse grupo empresarial teve diminuídas, e muito, suas verbas publicitárias no Governo Lula, que pulverizou tais verbas entre as empresas de pequeno e médio portes em todo o Brasil. Realmente, esse importante fato deixou os barões da imprensa nativa furiosos. A presidenta Dilma tem de seguir os passos da presidenta Cristina Kirchner, que aprovou a Ley dos Medios, que é nada mais do que a regulamentação do setor midiático. A regulamentação não é censura como querem fazer parecer os jornalistas contratados pelos barões para defender seus interesses e com isso confundir a população, a opinião pública.



Não se pode tergiversar com a imprensa privada e corporativa. Ela não gosta dos trabalhistas e não têm compromisso com o Brasil e o seu povo. A presidenta Dilma deveria, na minha opinião, incumbir o ministro das Comunicações Paulo Bernardo de, rapidamente, efetivar o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), que vai disseminar a internet e através dela democratizar a informação e, a partir daí, diminuir o poder exagerado que a imprensa de negócios e privada tem no que diz respeito a boicotar programas de governos, ainda mais quando eles são nacionalistas e determinados a atender os interesses do povo brasileiro.


Entretanto, a questão mais importante deixo para o fim deste artigo. A presidenta Dilma Rousseff não pode temer a imprensa. A mandatária foi eleita para defender seu programa de governo, que não é somente dela, mas, sobretudo, de seus eleitores, e, evidentemente, do conjunto da sociedade. Dilma e seus ministros, a meu ver, têm de responder as acusações, as denúncias quando infundadas ou sem provas na televisão aberta e em horário nobre. O propósito dessa estratégia é rebater acusações injustas e até mesmo justas, no sentido de dar satisfação ao povo brasileiro, bem como tirar suas dúvidas.


Além disso, a televisão pública tem de receber mais recursos, tornar-se mais presente na sociedade, não com o intuito de defender governos, mas para mostrar o trabalho, por exemplo, de infraestrutura que está a ser feito, porque a imprensa privada não mostra nada, já que ela se transformou em uma máquina de escândalos para sangrar a quem ela combate e faz oposição. A ser assim, o contribuinte fica sem saber para onde foram os impostos arrecadados dele. O que não pode é continuar em uma condição de caça, à mercê dos ditames da imprensa golpista. Cristina Kirchner agiu exatamente dessa maneira. Dilma também deveria agir assim. Quem brinca com fogo se queima. Quem alimenta leão com vara curta fica sem o braço. Eu estou com inveja da Argentina e da Cristina Kirchner. Ministro Paulo Bernardo, cadê a Confecom II? E a banda larga?

PS: E, antes que eu me esqueça, o Wikileaks veiculou que o jornalista e âncora do “Jornal da Globo”, William Waack, é citado três vezes como informante dos EUA. É isso aí. Ou não é?


Davis Sena Filho


Fonte:Palavra Livre
*Oterrordonordeste

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