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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, outubro 25, 2011

Mas os carros chineses não iam fugir do Brasil?

 

A fábrica da Chery em Jacareí vai funcionar a partir de 2013
Embora não esteja em vigor, por decisão do STF – como é rápido o STF nestas questões, não é? -a elevação da alíquota do IPI já está produzindo efeitos. Hoje, segundo o Valor, a montadora chinesa Chery aunciou seus planos de acelerar a construção de sua fábrica em Jacareí (SP), pedindo prazo para se adaptar ao índice de 65% de nacionalização dos veículos. Na mesma região do Vale do Paraíba, do lado fluminense, virão a Nissan , a Man – divisão de caminhões VW – e a expansão da Peugeot Citröen, fora a fábrica de máquinas da Hyundai, em Itatiaia.Aliás, seria bom o pessoal que acha o trem-bala uma tolice olhar essa evidente tendência à reocupação industrial do eixo  Rio-São Paulo, não é?
Ah, e tem também  Renault no Paraná, a JAC Motors na Bahia, a BMW em São Paulo…todas de uns meses para cá. Claro, ninguém quer ficar fora do quatro mercado automotivo do planeta.
Em tudo há possibilidade de acordo, se houver mesmo a intenção de fabricar aqui, gerando uma cadeira de fornecedores local, que pode, esta sim, receber diferimento tributário e repassar em preços para as montadoras.
Nem mesmo as que vão pagar IPI, como a luxuosíssima Rolls Royce, que acaba de anunciar uma filial de revenda aqui de seus carros para super-ricos. Vai ser bom, porque a turma do “Cansei” vai morrer numa boa grana para comprar, com esta carga tributária monstruosa, os seus brinquedinhos de R$ 2 milhões.
Ah, isso é a versão básica.
*Tijolaço

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