La nave va…para o abismo
Paulo Moreira Leite
Quem imaginou que as coisas começarim a se acertar depois que a União Européia anunciou um calote de 50% nos papéis da divida da Grécia já teve um primeiro choque de realidade.
A situação da Itália voltou a piorar. Para financiar-se, a terceira economia do Continente voltou a pagar juros mais altos. Isso coloca o país mais perto do precipício.
A decepção só impressiona pela rapidez mas não é uma supresa. Os tubarões que costumam ser chamados de mercados são vorazes. Não respeitam países, nações nem direitos.
Enxergaram a fraqueza italiana e querem mais, até porque a Grécia já foi exaurida após sucessivos planos de austeridade que eles próprios montaram, inviabilizando qualquer recuperação num prazo visível.
Por trás da tragédia grega e do drama italiano encontra-se a irracionalidade dos mercados, que se alimenta da falencia política dos governos europeus. O Velho Mundo avista uma catástrofe cada vez mais medonha logo ali no horizonte, como aqueles passageiros enlouquecidos do filme de Fellini, La nave va…
Não estou sendo radical demais ao dizer que a busca irracional pelo lucro faz parte cultura da economia de mercado. Esse comportamento constrói e destroi riquezas.
Pode promover o progresso social mas também pode dizimá-lo. É isso que ocorre na Europa, hoje.
Os bancos mantém-se à espreita. Gerentes da riqueza social, acumulada pelas empresas, pelos trabalhadores, pelas famílias, não emprestam para ninguém. Não estimulam o consumo, nem o crescimento, nem a criação de empregos. Chegam ao máximo de pedir dinheiro emprestado para o Brasil, para a China. Mas não colocam a mão no próprio bolso. Dá vontade de responder com palavrões, concorda?
Atuam como aves rapina: enxergam uma oportunidade de lucro e aterrisam para apanhá-la. Em seguida, voltam para seu ninho para repartir ganhos exclusivos.
O protesto das ruas européias mostra que a população não pretende assistir o espetáculo de braços cruzados. É sua riqueza que está em jogo, seu patrimonio e seus direitos.
La nave va…mas está na cara que nem todos os passageiros estão conformados com seu destino.
*esquerdopata
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