Origem da crise
Antonio Delfim Netto
Para entender os movimentos dos "indignados" americanos e da "ocupação de Wall Street", é preciso considerar alguns fatos:
1) A renda per capita não cresce desde 1996;
2) A distribuição dessa renda tem piorado há duas décadas;
3) O nível de desemprego em abril de 2008 era de 4,8% da população economicamente ativa, o que, em parte, compensava aqueles efeitos;
4) Em janeiro de 2010, o desemprego andava em torno de 10,6% e, desde então, permanece quase igual (9,2%);
5) O colapso da Bolsa cortou pelo menos 40% da riqueza que os agentes "pensavam" que possuíam;
6) A combinação da queda da Bolsa com a queda do valor dos imóveis residenciais fez boa parte do patrimônio das famílias evaporar-se;
7) Ao menos 25% das famílias têm hoje menos da metade que "supunham" ter em 2008.
O grande problema é que a maioria dos cidadãos não entende como isso pode ter acontecido. Sentem que foram assaltados à luz do dia, sob os olhos complacentes das instituições em que confiavam: o poder Executivo e o Banco Central. Assistem confusos o comportamento do Legislativo. Pequenos grupos mais exaltados tentam reviver, com passeatas festivas de fim de semana, o espírito "revolucionário" de 1968, que deu no que deu...
É muito pouco provável que essa pressão leve a alguma mudança séria em Washington. Talvez algum efeito nos resultados da eleição de 2012. Isso não deixa de ser preocupante e assustador dado ao reacionarismo do influente Tea Party no partido Republicano e à pobreza intelectual dos seus atuais candidatos.
A história não opera em linha reta. Nada garante que, mesmo com as suas fortes instituições, o atual disfuncionalismo político americano não possa produzir algo ainda pior do que o que estamos vendo.
O último levantamento do Gallup (15 e 16 de outubro de 2011) perguntou a quem o consultado atribuía a crise que estava vivendo. As respostas foram: 64% ao governo federal; 30% ao comportamento das instituições financeiras e 5% não tinham opinião formada.
Modelos de previsão eleitoral como os de Ray Fair, da Universidade de Yale (adaptados no Brasil pelo competente analista político Alexandre Marinis), ainda dão uma probabilidade maior à reeleição de Obama -apesar de que quase dois terços dos americanos acreditam que ele é o responsável pela crise.
Injustamente, porque a crise é produto dos governos Clinton (democrata) e Bush (republicano), que se esmeraram em demolir, com a desculpa ideológica de que os mercados financeiros eram eficientes e se autocontrolavam, a regulação do sistema bancário construída por Roosevelt (democrata) depois da crise de 1929.
Para entender os movimentos dos "indignados" americanos e da "ocupação de Wall Street", é preciso considerar alguns fatos:
1) A renda per capita não cresce desde 1996;
2) A distribuição dessa renda tem piorado há duas décadas;
3) O nível de desemprego em abril de 2008 era de 4,8% da população economicamente ativa, o que, em parte, compensava aqueles efeitos;
4) Em janeiro de 2010, o desemprego andava em torno de 10,6% e, desde então, permanece quase igual (9,2%);
5) O colapso da Bolsa cortou pelo menos 40% da riqueza que os agentes "pensavam" que possuíam;
6) A combinação da queda da Bolsa com a queda do valor dos imóveis residenciais fez boa parte do patrimônio das famílias evaporar-se;
7) Ao menos 25% das famílias têm hoje menos da metade que "supunham" ter em 2008.
O grande problema é que a maioria dos cidadãos não entende como isso pode ter acontecido. Sentem que foram assaltados à luz do dia, sob os olhos complacentes das instituições em que confiavam: o poder Executivo e o Banco Central. Assistem confusos o comportamento do Legislativo. Pequenos grupos mais exaltados tentam reviver, com passeatas festivas de fim de semana, o espírito "revolucionário" de 1968, que deu no que deu...
É muito pouco provável que essa pressão leve a alguma mudança séria em Washington. Talvez algum efeito nos resultados da eleição de 2012. Isso não deixa de ser preocupante e assustador dado ao reacionarismo do influente Tea Party no partido Republicano e à pobreza intelectual dos seus atuais candidatos.
A história não opera em linha reta. Nada garante que, mesmo com as suas fortes instituições, o atual disfuncionalismo político americano não possa produzir algo ainda pior do que o que estamos vendo.
O último levantamento do Gallup (15 e 16 de outubro de 2011) perguntou a quem o consultado atribuía a crise que estava vivendo. As respostas foram: 64% ao governo federal; 30% ao comportamento das instituições financeiras e 5% não tinham opinião formada.
Modelos de previsão eleitoral como os de Ray Fair, da Universidade de Yale (adaptados no Brasil pelo competente analista político Alexandre Marinis), ainda dão uma probabilidade maior à reeleição de Obama -apesar de que quase dois terços dos americanos acreditam que ele é o responsável pela crise.
Injustamente, porque a crise é produto dos governos Clinton (democrata) e Bush (republicano), que se esmeraram em demolir, com a desculpa ideológica de que os mercados financeiros eram eficientes e se autocontrolavam, a regulação do sistema bancário construída por Roosevelt (democrata) depois da crise de 1929.
*esquerdopata
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