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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, novembro 07, 2011

Brasileiros, na Europa, homenageiam Lula

Parabéns por representarem tão bem o Brasil. Uma lição a todos os ordinários que pululam nas redes sociais com suas aberrações e que denotam o lado atrasado da inclusão digital.



"- Eu e o David Luiz combinamos no caminho para o jogo de prestar essa homenagem ao Lula, caso algum de nós fizesse um gol. Graças a Deus pude marcar e fizemos a comemoração. Foi uma maneira que encontramos de dar o nosso apoio e mostrar que estamos na torcida por ele. Lula tem uma história de vida que serve de exemplo para muitos brasileiros. Tenho certeza de que conseguirá vencer essa luta contra o câncer. Estamos todos orando para que isso aconteça - comentou o volante por meio de sua assessoria de imprensa."

O volante Ramires e ao zagueiro David Luiz comemoraram o gol do ex-cruzeirense pelo Chelsea contra o Genk, terça-feira, com uma homenagem ao ex-presidente da República.


Ramires e David Luiz comemoram gol do Chelsea (Foto: AFP)

A homenagem de Ramires e David Luiz ao
ex-presidente Lula na Champions (Foto: AFP)
Luiz Inácio Lula da Silva enviou uma mensagem de agradecimento ao volante Ramires e ao zagueiro David Luiz, que comemoraram o gol do ex-cruzeirense pelo Chelsea contra o Genk, terça-feira, com uma homenagem ao ex-presidente da República.
Em um comunicado divulgado pela assessoria de imprensa do Instituto Lula, o ex-presidente afirmou que ficou emocionado com o gesto dos jogadores no empate de 1 a 1, pela Liga dos Campeões: os dois fizeram a letra L com as mãos. Na semana passada, Lula teve um câncer de laringe diagnosticado e está passando por tratamento. De forma carinhosa, o ex-presidente chamou Ramires e David Luiz de "amigos" na mensagem e pediu aos dois a conquista da Copa do Mundo de 2014 no Brasil.
Confira o texto na íntegra:
"Caros amigos David Luiz e Ramires,
Fiquei muito feliz e emocionado com o apoio e o carinho que recebi de vocês na comemoração do gol no jogo do Chelsea contra o Genk. Foi uma surpresa e uma alegria receber essa homenagem sincera de vocês. Parabéns por representarem tão bem o Brasil. Muita saúde e sorte para vocês. Espero vê-los em 2014 levantando a taça da Copa do Mundo no Maracanã.
Um forte abraço,
Luiz Inácio Lula da Silva"

O “farsante” e sua “falácia” !



Tornou-se fácil identificar esse tipo de gente. Todos eles se autodefinem como sendo “apartidários”, “apolíticos”, “isentos”, porém, todos eles só se “informam” pelas ondas do “pig” e da turma da inVEJA.

Esse “pessoal” atua politicamente (apesar de enfaticamente NEGAREM) ... tentando ENGANAR os “incautos” (= inocentes) com argumentos desconectados da realidade concreta, e isto é a FALÁCIA (= ardil, mentira ou sofisma).

PROVAS x “ilações”

Ficou famoso o comportamento de um certo “ENGAVETADOR” GERAL da União na época dos demotucanos ... ou será que “eles” se esqueceram SELETIVAMENTE disso ?


Na campanha de 2010, DILMA Presidenta, novamente “eles” atacaram com BOLINHA DE PAPEL, aborto, muito ÓDIO e preconceito. Um verdadeiro obscurantismo.

E bem recentemente “eles” tentaram deslustrar uma data importante de nosso calendário nacional – o 7 de Setembro – e agora o alvo “deles” é o 15 de Novembro. E qual a recorrente cantilena “dessa turma”: a questão da corrupção.

Ora bolas ! É melhor tentarem vender gelo p/ esquimó !

Desde o início do governo LULA e até agora no governo DILMA, já foram expulsos 3.434 servidores. E uma ENFÁTICA pergunta se faz oportuna: E nos gov. Fhc ... quantos foram expulsos ???

Vamos parar com HIPOCRISIA ... afinal, NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DESSE PAÍS se combateu tanto e ABERTAMENTE a questão da corrupção.

LULA criou e/ou consolidou importantes mecanismos de atuação, a saber: a CGU, o CNJ, o CNMP e etc

No entanto, só um “setor” em nosso Brasil permanece encastelado sob o manto de uma legislação retrógrada e precisa URGENTEMENTE ser regulado dentro dos marcos democráticos de nossa Constituição Federal; refiro-me ao setor de “comunicação”.


“Eles” já espalharam out-doors convocatórios, distribuíram vassouras, inundaram as redes sociais, sempre com uma “cobertura dita jornalística” e tudo isso para tentar criar um TERCEIRO TURNO eleitoral, ou seja, UM GOLPE !

E a mais ODIENDA manifestação ocorreu quando do anúncio de que LULA se submete a tratamento médico por estar acometido de câncer na laringe. Proliferaram manifestações maldosas, rancorosas e aviltantes de puro PRECONCEITO DE CLASSE.

Concluo com a reprodução de duas ESPETACULARES frases, a 1ª de autoria da sra. ALYDA CHRISTINA SAUER, e a 2ª de autoria de GILSON CARONI FILHO, por resumirem o que penso:


“O local de acusação, julgamento de processos e condenação no Brasil mudou de endereço faz tempo, não é mais no tribunal. Acontece nas salas de redação.”

"LULA vai vencer um câncer para que o Brasil continue vencendo vários."

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SOLIDÁRIO é "ser" HUMANO !
Do contrário é a barbárie ...
entendeu "pig" !
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Cidadania = SOLIDARIEDADE
"pig" = Preconceito

obs.: "pig" = partido da Imprensa GOLPISTA.


Autor:Alexandre Cesar Costa Teixeira


As reações ao câncer de Lula expõem um Brasil rude


Dizem que lula não desencarnou do poder. Mas uma grande porção do Brasil ainda não desencarnou de Lula. Entramos no 11º mês do mandato de Dilma Rousseff, muita água correu por debaixo da ponte.

Por Cynara Menezes

O ex-presidente, embora mantenha contato frequente com a sucessora, influencia muito menos o governo do que vaticinaram vários de seus opositores e quase 100% dos colunistas políticos da mídia brasileira, para quem Dilma seria um fantoche manipulado por seu mentor. Neste tempo, o metalúrgico dedica-se a palestras no País e no exterior. Volta e meia é agraciado com um título de doutor honoris causa de alguma universidade.

Mesmo assim, o ressentimento de uma porção da sociedade não arrefece. Foi assimquando a faculdade francesa Science Po lhe concedeu uma honraria. Na ocasião, não faltou quem se indignasse com o fato de Lula ser o primeiro latino americano a receber o título. “Por que não Fernando Henrique Cardoso?”, perguntou uma repórter.

E tem sido assim desde o sábado 29, dia em que o ex-presidente anunciou ter sido acometido por um câncer de laringe. Milhares foram as mensagens de solidariedade, civilizada foi a maioria retumbante da oposição política, a começar pelo próprio FHC. Mas igualmente afluíram, notoriamente da cabeça de gente que se acha mais bem informada e inteligente que a média, velhos preconceitos, ignorância e grosseria. Nunca antes na história do Brasil alguém recebeu tantos ataques pelo simples motivo de anunciar uma doença.

Para quem acha que o Brasil continua o mesmo desde sempre, vale relembrar um episódio de quase 60 anos. Em 1954, quando Getúlio Vargas se suicidou, percorreue ganhou força na elite paulistana a tese de que o presidente havia se matado em um último ato maligno para constranger seus opositores e incitar a população. Talvez atualmente alguém ache que Lula “contraiu” um câncer para colher dividendos políticos.

O ex-presidente demonstrou altivez e transparência no trato com a adversidade, ao deixar claro, por meio de um boletim médico oficial, o diagnóstico de um tumor maligno em sua garganta. Uma semana antes, ao encontrar Dilma Rousseff em um evento em Manaus, Lula havia se queixado de uma rouquidão persistente e confidenciado a sensação de passar por algo grave. Dilma teria insistido para que procurasse o cardiologista de ambos, Roberto Kalil Filho, mas Lula resistia à ideia.

*Leia a matéria completa na edição 671 de CartaCapital.

 

José de Abreu apresenta Tico Tico no Fubá


*BrasilMobilizado

Pergunto : O que foi feito com os recursos das vendas das empresas públicas brasileiras no governo maldito de FHC,do PSDB?

 

O Rio de Janeiro e o resto do país ficaram a mercê do neoliberalismo por dezena de anos , aumentando exponencialmente as favelas no país e levando a nossa juventude , em sua maioria negra , parda e pobre , para o tráfico de drogas. FHC , do PSDB , passou oito anos limpando os pés nos aeroportos dos EUA , pedindo migalhas ao FMI , vendendo as empresas públicas e financiando essa venda com recursos do povo brasileiro , no BNDES. Agora , quando tudo melhora , o país é ouvido no exterior , o povo tem mais empregos e melhores salários essa instituição corrupta chamada imprensa brasileira(?) ataca os governos do PT. Mas tudo isso é pensado nos esgotos das redações para enfraquecer o governo do povo. Tudo vai dar certo tanto na Copa quanto nas Olimpíadas , apesar desses corvos sem perspectivas

 

Tudo que acontece no Brasil , de acordo com a imprensa corrupta , golpista e racista brasileira(?) mostra que a Copa 2014 e as Olimpíadas 2016 não poderiam ser no Brasil. Mas o que a corrupta não diz é que o México sediou o Panamericano e está em guerra declarada contra o tráfico de drogas ocasionando centenas de mortes mensalmente. Sem nos esquecermos que a Inglaterra , os EUA , a França estão em guerra. Lembrando que os EUA e Israel já preparam uma nova guerra contra o Irã.

 

A vitória de Lula em trazer a Copa 2014 e as Olimpíadas 2016 não foram engolidas pela imprensa corrupta , golpista e racista brasileira(?). A todo momento a corrupta espezinha os feitos na tentativa de diminuir a importância que eles têm para o povo brasileiro. Trata-se de corrupção explícita

Toda corrupção terminará com a volta da dupla honestíssima PSDB/DEM e com a gangue midiática que a acompanha para roubar o Tesouro Nacional

Pergunto : O que foi feito com os recursos das vendas das empresas públicas brasileiras no governo maldito de FHC,do PSDB?

*AposentadoInvocado

 

 

 

 

 

A falta de transparência em MG e SP

Por: Helena Sthephanowitz, na Rede Brasil Atual:

À boca pequena comenta-se por aí que a imprensa de Minas é amordaçada desde que o PSDB assumiu o poder. Basta fazer uma breve pesquisa no Google para encontrar vídeos e notas de jornalistas que citam fatos de censura no estado. Não existe um único veiculo noticioso que publique ações contrárias ao governo tucano. Por isso, não causou surpresa alguma a notícia de que Minas Gerais lidera o ranking do alto risco de corrupção, seguido dos estados de Maranhão e Pará, segundo estudo feito pelo Centro de Estudos da Opinião Pública, da Unicamp, a pedido do Instituto Ethos.

Os três estados tiveram registro de "alto risco" em quatro dos oito indicadores sobre sistemas de controle da corrupção avaliados pelos cientistas políticos Bruno Speck e Valeriano Mendes Ferreira, autores do estudo. Das demais unidades da Federação, nenhuma foi aprovada em todos os quesitos. A análise foi publicada pela Agência Estado.

Os três estados tiveram registro de "alto risco" em quatro dos oito indicadores sobre sistemas de controle da corrupção avaliados pelos cientistas políticos Bruno Speck e Valeriano Mendes Ferreira, autores do estudo. Os dados são relativos a 2009. Uma das áreas avaliadas foi o controle externo exercido pelos tribunais de Contas dos estados, cuja composição é marcada pelo alinhamento com os grupos políticos dominantes em cada estado.

"O processo de nomeação (pelo governador ou pela Assembleia Legislativa) influencia profundamente o comportamento dos conselheiros. Os oriundos do meio político são usualmente indicados no final da carreira, levando para o cargo os laços políticos que construíram durante uma vida", afirmam os autores no texto, que será publicado no final do ano.

Há uma norma constitucional que garantiria um mínimo rigor técnico na composição dos TCEs: duas das vagas de conselheiros deveriam ser ocupadas por procuradores e auditores do próprio tribunal. Mas em apenas 13 Estados essa regra é cumprida

Ainda segundo Bruno Speck, tribunais de Contas dos estados são reduto de ex-políticos semiaposentados, presididos por suspeitos envolvidos em operações da Polícia Federal e réus em processos que tramitam na Justiça.Três presidentes desses órgãos de fiscalização tiveram de deixar seus cargos nos últimos meses por suspeitas de irregularidades.

Em ao menos sete estados, o atual comando do órgão também é alvo de questionamentos. A Procuradoria-Geral da República assinou há duas semanas o pedido de afastamento do presidente do TCE do Rio de Janeiro, Jonas Lopes de Carvalho, ao denunciá-lo por suspeita de envolvimento em irregularidades apuradas na Operação Pasárgada, da Polícia Federal. Dezesseis prefeitos foram presos na ação, de 2008, que apurava facilitação de benefícios a municípios. A cúpula do TCE de Minas também foi alvo de suspeitas na mesma operação.

Transparência limitada em São Paulo

São Paulo ficou em primeiro lugar na lista dos estados que menos realizam licitações nas áreas de saúde e educação. Segundo o estudo, nos locais onde há mais dispensa e inexigibilidade de licitação é maior a "discricionariedade" dos agentes públicos e menor competitividade entre os fornecedores. Também há um "apagão" nas estatísticas sobre os volumes e modalidades das compras públicas - o que é comprado com ou sem licitação, por exemplo. "Esse foi o dado mais difícil de levantar", disse o pesquisador Bruno Speck.

Mas há um problema de classificação contábil que dificulta a percepção do quadro com clareza: na Secretaria de Educação de São Paulo, por exemplo, entram na categoria das despesas sem licitação até os repasses do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Básico (Fundeb) a municípios.

Fiscalização

No âmbito do controle interno, a maioria dos governos criou corregedorias com relativa autonomia e estrutura para atuar, segundo o estudo. "No entanto, os resultados são bastante insatisfatórios com relação a transparência e desempenho efetivo. Metade dos estados não produz ou não divulga relatórios de atividades."

Criados para fiscalizar e julgar ações dos governantes nos estados, os TCEs se tornaram atrativos para nomeações políticas. A maior parte dos integrantes é escolhida pelo Legislativo, o que garante presença de ex-deputados.O cargo tem status vitalício e salário de desembargador. Bruno Speck diz que “alguém indicado pelo governador vai ter dificuldade de julgar de forma isenta as contas do governo”. 
 

Mídia minimiza corrupção em SP

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

No último dia 12 de outubro, este blog cobriu ato público “contra a corrupção” que começou no Museu de Arte de São Paulo (Masp), na avenida Paulista, e terminou no “Centro Velho” da cidade, na praça Ramos de Azevedo, diante do Teatro Municipal de São Paulo. A matéria reproduziu respostas a um questionário que esta página apresentou aos manifestantes. Aquele questionário foi elaborado de forma a identificar possível viés político-partidário e ideológico nos integrantes da manifestação.

Das 27 entrevistas feitas com os manifestantes, 26 apontaram forte viés político-partidário, deixando ver que o que ocorria ali era produto de campanha de partidos e entidades de oposição ao governo federal. Dessas 26 entrevistas que apuraram esse fato, sete se estenderam em breves conversas entre o entrevistador e os entrevistados. Só não foram relatadas antes porque o blog esperou pelo contato com fonte da Assembléia Legislativa que só ocorreu na semana passada.

Naquelas conversas com os manifestantes “contra a corrupção”, eles foram perguntados sobre se também estavam protestando contra o escândalo das emendas parlamentares na Assembléia Legislativa de São Paulo. Apesar de o entrevistador ter percebido que um dos entrevistados se fez de desentendido, os outros seis pareceram sinceros ao declararem que não sabiam de nada sobre esse escândalo, o que pode ser explicado pela discretíssima e rara cobertura do assunto pela imprensa.

Para quem não sabe, aliás, explica-se que há três meses o deputado estadual Roque Barbiere (PTB-SP) denunciou que ao menos “um terço” dos deputados estaduais paulistas “venderiam” a “prefeitos e empresas privadas” as emendas parlamentares ao Orçamento que os governos tucanos do Estado há muito distribuem a aliados e até a um pequeno contingente de deputados “de oposição” que fontes da AL informaram ao blog (na semana passada) que são tão governistas quanto os deputados assumidamente da base do governo.

Por conta disso, a base de apoio do governo Alckmin na AL-SP está conseguindo enterrar mais esse escândalo. Na última quinta-feira, os deputados governistas conseguiram derrubar, por seis votos a dois, o funcionamento do Conselho de Ética. Segundo um funcionário da AL (que preferiu não se identificar) ouvido pelo blog no último sábado, sem uma divulgação da imprensa igual à que é feita em relação a ministros do governo Dilma investigação relevante e profunda alguma ocorrerá, como nenhuma ocorre há muito tempo em São Paulo.

A explicação que esses veículos dão em off (através de alguns de seus jornalistas que freqüentam redes sociais como Twitter ou Facebook e entram em debates com quem questiona a omissão da imprensa nos escândalos tucanos) é a de que são escândalos “regionais” e que, por isso, receberiam cobertura tão “diferenciada”, um claro eufemismo para cobertura omissa porque, a bem dos fatos, não há, em relação ao PSDB, o jornalismo “investigativo” que chega a tentar invadir domicílios em busca de “provas” contra pessoas ligadas ao governo federal.

A cobertura e fiscalização pífias da imprensa em relação ao comportamento da oposição ao governo Dilma nos Estados em que essa oposição é governo – como em São Paulo ou em Minas Gerais – se dá sob o argumento de que seriam assuntos “regionais”. Todavia, tal falácia pode ser facimente desmontada meramente lembrando o que era feito pela imprensa quando a petista Marta Suplicy ou a ex-petista Luiza Erundina governaram a capital paulista. Então, críticas e denúncias ganhavam manchetes quase diárias nos jornais supracitados e nos telejornais de alcance nacional.

A imprensa, por essa razão, não investiga o escândalo das emendas parlamentares em São Paulo, um escândalo que lança suspeitas sobre os governos tucanos que se encastelaram no poder desse Estado há quase vinte anos, suspeitas comparáveis às que desencadearam o escândalo do mensalão federal porque insinuam que os governos tucanos paulistas subornam deputados para obterem deles favores em votações na Assembléia Legislativa.

À diferença das matérias investigativas que veículos como Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e a revista Veja passaram a fazer todos os meses contra o governo federal desde o começo do governo Lula e que neste ano ganharam uma intensidade nunca vista em anos anteriores, com trabalhos de investigação se sobrepondo em várias frentes simultâneas, nenhuma das matérias sobre o governo de São Paulo, na última década, partiu da imprensa brasileira, mas, sim, da repercussão de denúncias antigas que circulam entre os aliados do governo federal ou da repercussão de investigações no exterior.

O caso Alstom é um exemplo. Contém denúncias sobre propina que teria sido paga pela empresa francesa Alstom a vários políticos do PSDB, entre eles o ex-governador Mario Covas, já falecido, e o atual governador de São Paulo, Geraldo Alkmin. As raras matérias que saíram na imprensa brasileira foram “chupadas” da mídia internacional, de veículos como Wall Street Journal e Der Spiegel, entre outros. A imprensa brasileira mesma, não investiga nada sobre esse caso.

Todavia, é um caso gravíssimo. Trata-se de escândalo que envolve muitos milhões de dólares e que tem alcance internacional. Fora do Brasil, as notícias correm soltas. O assunto é tão sério que está sendo investigado pelo ministério público da Suíça, onde estão arrolados os nomes dos políticos tucanos aqui citados e de outros brasileiros envolvidos.

De acordo com o que consta em documentos enviados ao Ministério da Justiça do Brasil pelo ministério público da Suíça, no período que vai de 1998 a 2001 pelo menos 34 milhões de francos franceses teriam sido pagos em propinas a autoridades do governo do Estado de São Paulo através de empresas offshore (empresas criadas em paraísos fiscais, onde gozam de sigilo de suas contas bancárias que dificulta investigações).

Segundo o ministério público suíço, os pagamentos teriam sido feitos utilizando-se do esquema de contratos de “consultoria de fachada”. O valor das “comissões” supostamente pagas pela Alstom em troca da assinatura de contratos pelo governo de São Paulo chegaria a aproximadamente R$ 13,5 milhões. Segundo o Ministério Público da Suíça, pelo cruzamento de informações esses trabalhos de “consultoria” foram considerados como sendo fictícios.

No período de negociação e da assinatura dos contratos de consultoria estava à frente da Secretaria de Energia de São Paulo o então genro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, David Zylbersztajn, que deixou o cargo em janeiro de 1998 ao assumir a direção geral da Agência Nacional do Petróleo. O atual secretário de Coordenação das Subprefeituras da cidade de São Paulo, Andrea Matarazzo, que ocupou a secretaria por alguns meses, e o atual secretário estadual dos Transportes, Mauro Arce, também estão envolvidos.

Para que se tenha uma idéia da enormidade do caso e para que se possa mensurar a enormidade da minimização que a imprensa brasileira faz dele, o TCE (Tribunal de Contas do Estado) julgou irregular uma compra de 12 trens da Alstom no valor de R$ 223,5 milhões feita sem licitação pela CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), empresa do governo de São Paulo. O contrato foi assinado em 28 de dezembro de 2005, no governo de Geraldo Alckmin.

Pergunta: você se lembra, leitor, de quando foi a última vez que recebeu uma única notícia da grande imprensa sobre esse caso?

O caso Alstom é apenas um dos muitos casos de corrupção que pesam sobre o partido que há quase duas décadas governa o segundo orçamento da União, o de São Paulo, que, como se sabe, é maior do que os orçamentos da maioria dos países da América Latina. Imagine o leitor o que faria a imprensa brasileira se houvesse um escândalo internacional contra o PT.

A imprensa daria ajuda inestimável ao ministério público suíço usando contra o PSDB esse “jornalismo investigativo” que descobre “provas” contra petistas e aliados toda semana. Contudo, é escandaloso o total desinteresse da imprensa brasileira sobre qualquer pedido de CPI entre as dezenas deles que hibernam nas gavetas da Assembléia Legislativa de São Paulo, que, agora se sabe, vem sendo banhada pelos impostos dos paulistas que acabam escorrendo para o setor privado através de nada mais, nada menos do que… ONGs.

É possível concluir, então, que a única forma de os governos federal, estadual e municipal serem fiscalizados pela imprensa é sendo governos petistas, pois só estes são alvos de investigação da imprensa. Essas campanhas “jornalísticas” contra ministros, com manchetes de capa e de primeira página tomando os telejornais todos os dias e com a Justiça sendo célere, só ocorrem desse jeito. Votar no PSDB, portanto, significa conceder a políticos uma espécie de licença para roubar sob as barbas da imprensa e da Justiça. 


Agenda - A Independência Inconclusa

Por Cléber Sérgio de Seixas

O cineasta chileno Luiz Veras realizou um filme magistral sobre o inacabado processo de independência da America Latina que já dura cerca de 200 anos. Trata-se do documentário A Independência Inconclusa.

Na primeira parte, de 78 minutos, são analisados o colonialismo e a luta pela independência durante os séculos 18 e 19.

Na segunda parte, de aproximadamente duas horas e 15 minutos, que também será lançada em Belo horizonte, é abordada a luta pela verdadeira independência política e econômica que os povos e alguns governos da América Latina travaram no século XX e ainda travam em pleno século XXI.

O filme será exibido no dia 09/11 às 18:30 hs no auditório da Associação dos Funcionários Fiscais de Minas Gerais – AFFEMG, Rua Sergipe, 893, bairro Funcionários - Belo Horizonte. Telefone (31) 3289- 5600. A entrada é franca.

Depois da exibição, haverá debate com a presença de Luis Veras.

Não perca, participe e divulgue.

Reproduzo abaixo o trailer do documentário.
*observadoressociais

Separatismo de estados esconde debate sobre desenvolvimento

Criação de estados é caminho fácil para resolver problemas particulares de elites políticas e econômicas paroquiais sem atacar problemas estruturais. Mesa redonda em Belém mostra como proposta de repartir Pará em três seria exemplo perfeito de aliança em proveito próprio e de ameaça às causas populares.

Najla Passos*
Treze projetos de redivisão do país tramitam hoje no Congresso. Caso fossem aprovados, o Brasil teria dez estados novos e despesa extra de R$ 13 bilhões por ano. Para os participantes da mesa redonda “Divisão do Pará: o que está em jogo?”, promovida pelo Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém (PA), na última sexta-feira (4), este tipo de discussão contribui para esconder debate realmente necessário, sobre modelo de desenvolvimento.
“Se a população aprovar os desmembramentos do Pará, Carajás já nascerá como o estado mais violento do país e Tapajós será o mais pobre”, afirmou o economista Gilberto Marques, na Universidade Federal do Pará (UFPA), que participou do debate.
Segundo ele, 53% dos homicídios do Pará ocorrem na região de Marabá, enquanto a região de Santarém, apesar de possuir 58% das terras paraenses, concentra apenas 11% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado.
A divisão também poderia levar ao surgimento de lideranças locais sem compromisso com causas populares. Um exemplo disso seria o desmembramento de Tocantins a partir de Goiás, o que criou para o aparecimento de lideranças como a senadora Kátia Abreu (PSD), presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
“O controle político que as elites locais constroem a partir dos novos municípios e estados têm significado retrocesso para o povo”, exemplificou o antropólogo e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE), Roberto Araújo.
O professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal do Pará (UFPA) Aloísio Nunes lembra que novos estados demandam novas lideranças políticas. “E quem elege os políticos não é o povo, mas as empresas que financiam as campanhas deles. São essas forças econômicas que decidem, inclusive, quem pode ou não se candidatar”, disse.
Fator Vale do Rio Doce
No pretenso estado de Carajás, é fácil avaliar quem associará poder político e econômico. Apesar da forte presença do agronegócio na região, quem domina o poder econômico é a Companhia Vale do Rio Doce, ex-estatal brasileira privatizada durante o governo Fernando Henrique Cardoso. A empresa, que tem cerca de 40% de capital estrangeiro, é que dita o ritmo do desenvolvimento da região.
Na pauta da exportação, os produtos básicos são presença majoritária, o que põe em xeque o discurso de industrialização do Pará. Até 2005, o volume exportado de produtos básicos e industrializados se equiparava. “Hoje, os básicos já somam três vezes mais”, denuncia o professor do Gilberto Marques.
A indústria mineral representa 66% das exportações do Pará. O maior volume (73%) proveniente da região de Carajás, seguida pela região de Belém (22%) e, na lanterna, Tapajós (11%). Mais da metade das exportações é ferro extraído pela Vale, que é a responsável por 59,26% do total das exportações paraenses.
“A criação do estado de Carajás é a materialização do agronegócio e do império da mineração, tendo a Vale como carro-chefe”, acrescentou o sociólogo Raimundo Gomes, ligado ao Centro de Educação, Pesquisa e Assessoria Sindical e Popular (Cepasp) de Marabá.
Segundo ele, a companhia já domina a maior parte do território: controla o subsolo, parte do solo, ocupa terras públicas e avança na desterritorialização dos camponeses, gerando violência e miséria para a população.
*A repórter viajou a Belém a convite do Museu Paraense Emílio Goeldi, que pagou as despesas com transporte e hospedagem.
Da: Carta Maior
Ps.do O Carcará: Se o Brasil é uma República Federativa onde cada Unidade da Federação está “atrelada” ao poder central que é mantido por todos os cidadãos, porque esse plesbicito apenas no Pará? A provável divisão atingirá toda a população, portanto, deveria ser consultado todo o país.
Por: Eliseu
*Carcará

LÚCIO FLÁVIO PINTO ANUNCIA O FIM DO MAIOR LATIFÚNDIO DO MUNDO






https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4TVwNw39gDSe5paAE14rgnOcjFgm8YmbTb-jOicamzaqj5P8SphostJ9_q-Di2UGErixIS9pJ6cPsjjUWLU2S2MDnbJbuGE0F4nhZJ3557xWco0wXMMO0RT7ySUkghJ9At4GzxeliQgW8/s1600/L%25C3%25BAcio+Fl%25C3%25A1vio+Pinto.jpg 
Por Lúcio Flávio Pinto*
A INCRÍVEL  GRILAGEM RECORDE

A maior propriedade rural do mundo deixou de existir legalmente na semana passada. O juiz Hugo Gama Filho, da 9ª vara da justiça federal de Belém, mandou cancelar o registro imobiliário da Fazenda Curuá, que consta dos assentamentos do cartório de Altamira, no Pará. O imóvel foi inscrito nos livros de propriedade como tendo nada menos do que 4,7 milhões de hectares.



Seu suposto proprietário podia se considerar dono da 23ª maior unidade federativa do Brasil, com tamanho superior ao dos Estados do Rio de Janeiro, Alagoas, Sergipe e do Distrito Federal. Suas pretensões poderiam ainda exceder essas dimensões. Através de outros imóveis, pretendia alcançar uma área de 7 milhões de hectares, duas vezes e meia o tamanho da Bélgica, país onde vivem mais de 10 milhões de habitantes.
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Seu suposto proprietário podia se considerar dono da 23ª maior unidade federativa do Brasil, com tamanho superior ao dos Estados do Rio de Janeiro, Alagoas, Sergipe e do Distrito Federal. Suas pretensões poderiam ainda exceder essas dimensões. Através de outros imóveis, pretendia alcançar uma área de 7 milhões de hectares, duas vezes e meia o tamanho da Bélgica, país onde vivem mais de 10 milhões de habitantes.

Como uma pessoa – física ou jurídica – consegue se apresentar como detentor de uma área dessas proporções e se manter nessa condição por tanto tempo, como aconteceu no caso da Fazenda Curuá?

Responder a esta pergunta de maneira satisfatória e eficaz pode contribuir para fortalecer o primado da lei nos “grotões” do país, as distantes e geralmente abandonadas fronteiras nacionais. De forma inversa, manter tal anomalia significa perpetuar o domínio da violência e do respeito às regras da vida coletiva e ao superior interesse público.
http://www.obeabadosertao.com.br/UserFiles/Image/militares/golpe1964_brasil/marechal_humberto_de_alencar_castelo_branco_com_generais_465.jpg
Em primeiro lugar porque o Estatuto da Terra, editado pelo primeiro governo militar pós-1964, o do marechal Humberto Castelo Branco (destaque acima), continua em vigor. Esse código agrário sobreviveu à Constituição de 1988 e se revelou superior em confronto com as regras da Carta Magna. O estatuto, com seu propósito de modernizar o campo brasileiro (mesmo que de forma autoritária, à semelhança do que fez o general MacArthur com o Japão ainda semi-feudal, derrotado pelos americanos na Segunda Guerra Mundial), proíbe a constituição de propriedade rural com área acima de 72 mil hectares (ou 600 vezes o maior módulo rural, o destinado ao reflorestamento, com 120 hectares).
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A Fazenda Curuá foi registrada com quase 60 vezes o limite legal. Por que o cartorário legalizou a matrícula do imóvel com sua fé pública, ele que é serventuário de justiça, sujeito à polêmica (e questionada pelo Conselho Nacional de Justiça da ministra Eliana Calmon) Corregedoria de Justiça do Estado?

A apropriação ilegal de terras públicas, fenômeno a que se dá a qualificação de grilagem, é simples, embora de aparência complexa para o não iniciado nos seus meandros. Ainda mais porque lendas são criadas em torno da artimanha dos espertos e passam a ser apresentadas como verdade.
Muita gente acredita que a expressão grilagem se deve à prática dos fraudadores de colocar papéis para envelhecer artificialmente em gavetas com grilos.
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A verdade é menos engenhosa. A origem é romana e diz respeito ao fato de que a terra usurpada serve para a especulação imobiliária e a formação de latifúndios improdutivos. Tanta terra não cultivada acaba servindo de pasto para grilos. Uma maneira de estigmatizar o roubo de terras públicas de forma popularizada.

O espantoso, no caso da Fazenda Curuá, é que o golpe tenha se mantido por tantos anos. A ação de cancelamento foi proposta em 1996 pelo Instituto de Terras do Pará. 
Apesar de ter provado que nenhum título de propriedade havia na origem do imóvel, a justiça estadual manteve o registro incólume, decidindo sempre contra o órgão público. 
Até que o Ministério Público Federal e outros órgãos da União conseguiram desaforar o processo para a justiça federal, que, afinal, reconheceu a ilegalidade da propriedade e cancelou o registro.


Essa tramitação acidentada e pedregosa seria evitado se a justiça do Pará tivesse realmente examinado as provas dos autos. Neles está demonstrado que o uso das terras no rico vale do Xingu, onde está sendo construída a hidrelétrica de Belo Monte e agem com sofreguidão madeireiros e fazendeiros, começou em 1924.
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Moradores da região foram autorizados a explorar seringueiras e castanheiras localizadas em terras públicas, através de concessões com tempo determinado de vigência e para fim específico. Exaurida a atividade extrativa vegetal, a área deixou de ter uso, mas algumas pessoas decidiram inscrevê-la em seu nome. Como os cartórios não se preocupavam com o rigor da iniciativa, até mesmo dívidas em jogo deram causa à transmissão da inexistente propriedade de um detentor para outro, formando cadeias sucessórias.
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A lesão ao patrimônio público por causa dessas práticas ilícitas permaneceu latente até que uma das maiores empreiteiras do país colocou os olhos nesse mundo de águas, florestas, solos e animais. A C. R. Almeida, criada no Paraná por um polêmico engenheiro, Cecílio do Rego Almeida (foto abaixo), que nasceu no próprio Pará, comprou uma firma de Altamira por preço vil (sem sequer pagá-lo por inteiro).
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No ativo da firma estavam as terras cobiçadas. Não conseguindo regularizá-las pela via legal, por ser impossível, o empreiteiro decidiu se apossar da área à base do fato consumado e passando por cima de quem se colocasse no seu caminho. Montou uma pequena base no local, contratou seguranças, seduziu os índios vizinhos e fez uso da máquina pública que se amoldou à sua vontade. Os que resistiram à grilagem foram levados às barras dos tribunais, que sempre decidiram em favor do grileiro.

Os magistrados da justiça estadual não se sensibilizaram sequer pela publicação do Livro Branco da Grilagem, editado pelo Ministério da Reforma e do Desenvolvimento Agrário, que não deixava dúvida sobre a fraude praticada. Nem pelos resultados das comissões parlamentares de inquérito instauradas em Belém e em Brasília. Ou pelas seguidas manifestações de todas as instâncias do poder público, estadual e federal. 
Enquanto exerceu sua jurisdição sobre o caso, a justiça do Pará ficou ao lado do grileiro e de seus herdeiros, quando ele morreu, em 2008.


Foi preciso que o processo chegasse à justiça federal para, finalmente, 15 anos depois da propositura da ação pelo Iterpa, secundado por outros agentes públicos, a situação se invertesse. Não é ainda uma decisão definitiva. Os herdeiros da C. R. Almeida deverão recorrer. Mas já sem o registro cartorial que lhes permitia manipular terras como se fossem os donos do 22º maior Estado brasileiro.

Quem sabe, a partir de agora, a intensa grilagem, um dos males que assola a Amazônia, não possa refluir?

Lúcio Flávio Pinto é editor do Jornal Pessoal, newsletter quinzenal que circula em Belém desde 1987. Já recebeu quatro prêmios Esso e dois Fenaj, além do International Press Freedom Award. Tem 15 livros publicados, a maioria sobre a Amazônia.
Fonte: Yahoo!

Em cinco anos, PM de São Paulo mata mais que todas as polícias dos EUA juntas

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Relatório da Ouvidoria da Polícia de São Paulo aponta que mais de uma pessoa foi morta por dia em São Paulo por um policial militar entre
Com uma população quase oito vezes menor que a dos Estados Unidos, o Estado de São Paulo registrou 6,3% mais mortes cometidas por policiais militares do que todo os EUA em cinco anos, levando em conta todas as forças policiais daquele país. Dados divulgados pela SSP (Secretaria de Segurança Pública), e analisados pela Ouvidoria da Polícia, revelam que 2.045 pessoas foram mortas no Estado de São Paulo pela Polícia Militar em confronto - casos que foram registrados como resistência seguida de morte - entre 2005 e 2009.

Já o último relatório divulgado pelo FBI (polícia federal americana) aponta que todas as forças policiais dos EUA mataram em confronto 1.915 pessoas em todo o país no mesmo período. As mortes são classificadas como justifiable homicide (homicídio justificável) e definidas pelo "assassinato de um criminoso por um policial no cumprimento do dever".

Para Guaracy Mingardi, ex-subsecretário nacional de Segurança Pública e pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a diferença no total de mortes do Estado e dos Estados Unidos se deve à própria cultura geral da sociedade brasileira, que tende a apoiar os assassinatos cometidos por policiais e prega que “bandido bom é bandido morto”.

- Nós temos uma diferença. O júri americano tem uma tendência a inocentar [o acusado] porque ele desconfia do Estado. Aqui, apesar de o nosso Estado ser pior, o júri tende a condenar [o acusado] porque ele considera que, se a polícia pegou, é porque ele tem culpa no cartório.
Mingardi ressalta, porém, que a letalidade em São Paulo diminuiu, embora ainda esteja "fora do aceitável”. Segundo ele, o número de mortos pela Polícia Militar caiu especialmente depois do massacre de Carandiru, ação policial dentro do presídio na zona norte da capital paulista que terminou com 111 presos mortos em 1992. De acordo com o especialista, só naquele ano, foram registradas cerca de 1.400 mortes no Estado.

- Ninguém está advogando que aqui tem que ser como na Inglaterra, por exemplo, que a polícia mata duas, três pessoas por ano. Estamos falando em chegar num nível mais civilizado.

“Lógica de guerra”


Especialista em polícia do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo afirma que existe uma diferença na própria história da Polícia Militar brasileira, que foi consolidada no período da ditadura e criada com o objetivo de defender o Estado de seus inimigos. Essa “lógica de guerra”, segundo Carolina, se mantém até os dias de hoje.

- Até hoje, a Polícia Militar é força auxiliar do Exército. Ou seja, se tiver uma guerra, a PM pode ser acionada. Ao mesmo tempo, ela tem que estar na rua e 99% do que ela faz não é atender crime, mas lidar com conflitos cotidianos, coisas banais.

Carolina ressalta, no entanto, que a polícia vem mudando ao longo dos últimos anos graças ao discurso de direitos humanos. O processo, no entanto, é lento.

- Ainda falta muito, ainda é uma polícia formada para combater o crime numa lógica mais dura. A gente precisa entender que a polícia está se reinventando. Aos poucos, consegue trabalhar em parceria com a sociedade civil.

Mortes x prisões

Para o professor de direito da FGV (Fundação Getulio Vargas) Theodomiro Dias Neto, houve um avanço, mas ainda tímido, no combate à letalidade policial nos últimos anos. Ele compara os números atuais com os da década de 90, quando havia uma média de quatro mortos por policiais por dia no Estado de São Paulo, e afirma que os últimos dez anos ficaram “entre avanços e retrocessos”.

- O número de pessoas mortas certamente não tem nada a ver com eficiência da polícia. Uma polícia eficiente é aquela que faz um trabalho correto na prevenção do crime, com o menor número de mortos e feridos possível. Quanto menor a proporção entre detenções realizadas e mortos, melhor.

O relatório Força Letal - Violência Policial e Segurança Pública no Rio de Janeiro e em São Paulo -, lançado em dezembro de 2009 pela ONG internacional Human Rights Watch, aponta que a polícia do Estado de São Paulo prendeu 348 pessoas para cada morte em 2008. Já a polícia norte-americana prendeu mais de 37.000 pessoas para cada morte em suposto confronto no mesmo ano. O índice de prisões por mortes cometidas pela polícia é 108 vezes menor em São Paulo do que nos Estados Unidos.
Segundo Neto, a eficácia da polícia americana comparada à paulista se dá, entre outros motivos, porque ela é “mais bem controlada”.

- É uma polícia que mata menos e prende mais.

Outro lado

A reportagem do R7 entrou em contato com as assessoria da Polícia Militar, mas até a publicação desta notícia, a corporação não havia se pronunciado sobre os dados apresentados nesta notícia.

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