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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, outubro 03, 2012

Charge do Dia

Japoneses exigem saída de tropas dos EUA de Okinawa(estão abrindo os olhinhos)

 

Via Hora do Povo

Manifestantes fecharam a entrada da base militar após a chegada de novo contingente de aeronaves bélicas destinadas ao transporte de marines
Dezenas de carros foram postados por sindicatos e associações de moradores diante da entrada da base militar de Okinawa, que abriga um dos maiores contingentes de marines de toda a Ásia. A oposição disseminada, entre os moradores da ilha, se intensificou com o despacho de novas aeronaves bélicas – os MV22 Osprey - fabricadas pelos EUA para a base.
Além da manifestação do dia 1º, no mês de setembro se reuniram mais de cem mil pessoas diante da base, assim que o envio dos Osprey foi anunciado. Estas aeronaves podem funcionar como helicópteros, ao levantar vôo e pousar, e como aviões quando em vôo.
Entre as vantagens dos Ospreys, estaria a autonomia de vôo, quatro vezes maior do que os helicópteros atualmente em uso.
Segundo o repórter Martin Fackler (em reportagem para a Kiodo News e Associated Press), isto colocaria ao alcance dos militares norte-americanos despachar 15 mil marines até Taiwan.
Segundo o repórter, a medida visaria reforçar o poderio bélico norte-americano na região e com isso dissuadir a China de agir contra a ocupação de suas ilhas Diaoyu pelos belicistas japoneses, além de trazer mais presença militar para a região onde fica a República Popular Democrática da Coreia.
Ocorre que há informes de que estas aeronaves ainda não podem ser consideradas seguras e que foram mal finalizadas por seus fabricantes. Mesmo estando há pouco tempo em serviço, duas delas já caíram, durante exercícios militares na Europa.
Para os moradores de Okinawa (1,4 milhão de habitantes), particularmente os da cidade de Ginowan, onde fica localizada a base, a constante passagem de aviões e helicópteros por cima de suas cabeças, além da insuportável poluição sonora, trazem risco real de vida. Em 1995, um jato norte-americano caiu nas vizinhanças da base causando a morte de 17 moradores, incluindo 11 crianças em idade escolar.
"A ira está aumentando como uma larva de vulcão sob a superfície e os Ospreys podem ser aquilo que finalmente cause uma erupção", afirma Takeshi Onaga, prefeito de Naha, capital de ilha de Okinawa e membro do partido Liberal Democrático (agora no governo). "Forçar a presença dos Osprey poderia levar ao colapso da aliança EUA-Japão", diz o prefeito. Da nossa parte, destacamos que a ocupação do Japão, no pós-guerra, pelos EUA, não tem nada de aliança. Foi resultado - explorado há décadas pelos interesses geopolíticos do Império – da vitória na Segunda Guerra Mundial.
O ex-presidente da Universidade de Okinawa, Moriteru Arasaki, destacou que "há tanta raiva em torno desse novo despacho de aeronaves que, uma vez destampada, pode se voltar contra todas as bases dos EUA no país".
Até o ex-conselheiro para questões do Leste da Ásia da Secretaria de Defesa dos EUA, James Schoff, avaliou que "neste clima, qualquer acidente pode ser como acender um fósforo em um tonel de nafta".
*GilsonSampaio

La Peligrosa Manzana Electrónica


Fernando Pessoa por Joao Villaret - Liberdade


Brasil foi último 'almoço grátis' de bancos no mundo, foi o recado de Dilma para os banqueiros sanguessugas europeus e americanos

No império paralelo dos bancos, sempre há um certo cheiro podre no ar

Em entrevista ao Financial Times, presidente falou sobre redução dos juros no Brasil.

A presidenta Dilma Rousseff disse em entrevista publicada nesta quarta-feira por um jornal britânico que o Brasil foi o último "almoço grátis" no mundo para os bancos internacionais, e que o futuro brasileiro está em atividades produtivas que "fazem bem ao país".
Em entrevista concedida ao jornal econômico Financial Times, Dilma fez referência à queda da taxa de juros durante o seu governo, que diminuiu a rentabilidade dos bancos que operam no Brasil e incentivou setores produtivos como a indústria.
A entrevista, assinada pelo correspondente do jornal em São Paulo, Joe Leahy, diz: "O Brasil foi o último almoço grátis no mundo para os bancos, afirma ela [Dilma], em referência aos altos juros que eles cobram aqui de seus clientes."
Dilma disse ao jornal: "Nós estamos voltando a um patamar com níveis normais de lucratividade. Isso significa que alguns de nós terão de começar a buscar lucros adequados em atividades produtivas que são boas para o país."
Energia, aeroportos e pobreza
O texto do jornal - intitulado "Nós queremos um Brasil de classe média, diz Dilma" - lembra que a presidente tem se empenhado neste ano a reduzir os juros cobrados por bancos. A entrevista coincide com o lançamento da versão impressa do Financial Times, em inglês, em algumas cidades brasileiras.

Onda de intolerância religiosa no Brasil


Pregadores da barbárie


Rede Brasil Atual

O medo, a ignorância e o preconceito

Tudo o que é diferente de mim me causa no mínimo estranheza”, analisa psicólogo em entrevista  
Cristiano Navarro

Para o psicólogo e ebome (que em Ketu significa: “meu irmão mais velho”) do Ilê Axé Kalamu FunFun, Vicente Galvão Parizi, a ignorância dá origem ao medo das religiões de matriz africana. 
Parizi, que é mestre em ciências da religião pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, entende que boa parte deste medo foi alimentado pelos preconceitos social e racial. “Não podemos esquecer que houve uma Bula Papal que dizia, em nome de Deus, que os negros não possuíam alma e por isso podiam ser escravizados”. 
Brasil de Fato – Por que as pessoas têm medo das religiões de matriz africana?
Vicente Galvão Parizi – Acho que fundamentalmente o medo vem da ignorância e de ideias pré-concebidas. Mas há vários aspectos a serem observados. Vou relacionar alguns. Em seu livro Notas sobre a religião dos Orixás e Voduns, Pierre Verger apresenta documentos sobre o encontro dos brancos colonizadores e os africanos e como os brancos, em especial os padres, não podiam entender uma cultura – e uma religião – tão diversa. Por exemplo: Exu era cultuado ao ar livre, portanto havia assentamentos aos pés de árvores. Ao ver adeptos dando dobale [saudações a orixás] nesses assentamentos, os brancos concluíram que se tratava de culto a árvores. E nos documentos compilados por Verger encontramos isso: trata-se de pagãos que têm árvores por deuses. Entretanto, nada mais longe da realidade! 
   
Para psicólogo, preconceito contra religiões de matriz africana
está relacionado a questões raciais e sociais - Foto: Rita Barreto
   
Outra confusão é que Exu é representado com chifres. Para os padres cristãos, chifre é privilegio de Satanás, portanto Exu é o demônio. E concluíram que os africanos eram adoradores de Satã. E por aí vai: a ignorância e o desconhecimento gerando interpretações falsas que, muitas delas, até hoje continuam assombrando corações e mentes. 
Outro aspecto desconhecido pela maioria é que as religiões africanas são monoteístas. Há um deus único – olorum, olodumare, qualquer que seja o nome – e suas manifestações – os orixás. Ou seja, os Orixás não são deuses, são manifestações de deus, são as forças criadoras de Olorum, as forças da natureza. Mas para a maioria das pessoas que desconhecem a religião, trata-se de uma religião com muitos deuses. Nesse sentido, o monoteísmo cristão se enxerga como superior, e as religiões africanas passam por “primitivas e politeístas”. 
Mas o aspecto crucial, creio eu, é a questão do sacrifício de animais. As religiões cristãs passaram a abordar o sacrifício a partir apenas do aspecto simbólico: na consagração o sacerdote invoca o corpo e o sangue de Cristo e os fiéis ingerem a hóstia se alimentando desse corpo e desse sangue. Nas religiões de matriz africana, o sangue é efetivamente derramado. Mais uma razão para que se diga que são religiões primitivas, que o desenvolvimento do cristianismo as superou. 
Como se dá a construção deste medo?
Tudo o que é diferente de mim me causa no mínimo estranheza. Foi assim com os colonizadores brancos na China, no Japão, na América e na África. Para poder entender o diferente de mim, não posso apenas observar, apenas ver e não perguntar. Não questionar impede que se compreenda o que realmente acontece. Não adianta ver pessoas tomando café, ou ler livros sobre o café: apenas tomando café poderei entender o que realmente é tomar café. 
O medo, a meu ver, é causado pela ignorância, pelo desconhecimento, pela falta de diálogo da maioria cristã com os adeptos de religiões africanas. 
O preconceito contra as religiões de matriz africana se dá em conjunto com as questões racial e social?
Certamente. Não podemos esquecer que houve uma Bula Papal que dizia, em nome de Deus, que os negros não possuíam alma e por isso podiam ser escravizados. No Novo Mundo, as religiões de matriz africana eram privilégio de negros, escravos e pobres. Portanto, praticadas pelos brancos apenas às escondidas. Nesse sentido, o papel de Joãozinho da Goméia [adepto do candomblé] foi crucial, e sua ida para o Rio de Janeiro, sua entrada no meio político, seusshows em teatros, a feitura de brancos etc, tudo serviu para divulgar a religião no meio de brancos e de pessoas de estrato social superior. 
Como você vê o crescimento das religiões neopetencostais detentoras de poder em diversas esferas institucionais (político, judiciário, econômico, de comunicação) que pregam contra as religiões de matriz africana?
Com muito temor. Na sua maioria, são cristãos fundamentalistas, atendo-se à forma da lei e não ao seu sentido. Em tese, Jesus pregava o amor a todos, mas na prática o que o cristianismo gerou foram religiões absolutamente intransigentes com o diferente. A Inquisição com suas fogueiras é a melhor demonstração disso. Mas no Brasil de hoje a Inquisição continua acontecendo nos rituais de exorcismo contra gays e lésbicas, baseadas na ideia de que Exu é a personificação do demônio; está presente nos ritos de renúncia a Satanás, em que adeptos quebram seus ibás de feitura e renunciam em voz alta aos orixás. Muitos desses sacerdotes estimulam ações concretas, como ataques a terreiros e adeptos nas ruas fazendo despacho, assim como ataques a gays e lésbicas nas ruas. Nesse momento, estamos assistindo pela primeira vez a uma eleição em que o candidato apoiado pelos neopentecostais – Celso Russomanno – tem chance real de ser escolhido como prefeito de São Paulo. Fato inédito e que demonstra a união dessas forças. 

A inquisição dos pastores contra nossas matrizes


Por meio de suas rádios e TVs, neopentencostais acirram seu discurso de intolerância contra religiões de matriz africana
Cristiano Navarro  



Onda de inquisição de grupos neo-pentencostais contra religiões de matriz africana tem crescido em Pernambuco - Foto: Alex Oliveira-Setur



Em marcha, carregando faixas e misturando cantos de louvor com ameaças e incitação ao ódio, um grupo de centenas de evangélicos mobilizou-se na noite do dia 15 de julho e tentou invadir o terreiro de pai Jairo de Iemanjá Sabá, localizado no bairro do Varadouro, em Olinda (PE). As imagens da saída do grupo foram registradas pelo filósofo e babalorixá Érico Lustosa, no vídeo Cristãos agredindo Terreiro de Candomblé, publicado no Youtube. 
Em um segundo vídeo-testemunho, também publicado no Youtube pelo Jornal do Commercio, Lustosa lembrou que o grupo gritava “Sai daí, Satanás!” e que ameaças foram feitas por um sujeito desconhecido durante a invasão. “Cuidado porque eu me converti evangélico, mas eu sou ex-matador”, gritava o manifestante. Assustados, tanto pai Jairo de Iemanjá quanto Érico Lustosa se negaram a voltar a falar sobre o assunto. 
O fato ocorrido em Olinda não é isolado. A onda de inquisição de grupos neo-pentencostais contra religiões de matriz africana tem crescido no estado de Pernambuco. No primeiro semestre deste ano, foram registradas a invasão e a destruição de sete terreiros de religião de matriz africana no agreste pernambucano. O estopim do acirramento e perseguição aos cultos de matriz africana se deu após o assassinato de uma criança de nove anos de idade, degolada na cidade Brejo da Madre de Deus, também localizada na região do agreste. Logo após a descoberta do cadáver, a polícia veio a público e descreveu o crime como sendo fruto de um “ritual de despacho”. Daí pra frente, programas locais de rádio e TV, policialescos e proselitistas, passaram a insuflar o ódio contra as religiões de matriz africana. 
“A mídia não separou o joio do trigo ao associar um crime de uma religiosidade que não tem nada a ver. Essa associação feita pelos programas de televisão policialescos foi só o estopim para as agressões. Mas a gente sabe que os pastores na TV aberta ocupam a casa das pessoas cotidianamente pregando essa intolerância”, afirma mãe Beth de Oxum, yalorixá do Ilê Axé Oxum Karêe, membro da Comissão Nacional de Povos Tradicionais de Terreiro. 
Com o aumento do número de ameaças e agressões, os povos tradicionais de terreiro, integrantes da jurema sagrada, do candomblé, da umbanda, do terecô, do batuque, do tambor de Mina Jeje e Nagô, do xangô pernambucano, da kimbanda, rezadeiras, oradores do Nordeste, catimbozeiros e pajés sentiram-se obrigados a informar por meio de nota pública que não praticam sacrifícios humanos em suas liturgias e rituais. “Nossas teologias não concebem a morte humana como caminho para alcançar qualquer benefício na vida e desconhecemos qualquer ritual pertinente a esta prática condenável. Expugnamos completamente estes atos absurdos de assassinato em nome de qualquer deus”, afirmaram em nota. 
Em agosto, o pedido de proteção aos terreiros feito por representantes da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial, da Secretaria de Defesa Social e do Ministério Público de Pernambuco foi atendido pela Polícia Militar, que destacou agentes para cuidar destes casos. 
Tortura
Outro caso recente que revoltou as comunidades de terreiro ocorreu no final de 2010, quando Bernadete Souza Ferreira dos Santos, yalorixá e coordenadora de educação do assentamento Dom Helder Câmara, em Ilhéus, Sul da Bahia, de 42 anos, foi torturada por policiais militares. Enquanto recebia um Orixá, yalorixá foi puxada pelos cabelos e jogada em cima de um formigueiro. Os polícias pisaram no seu pescoço e disseram: ‘só assim para o demônio sair’. Depois de uma série de torturas, Bernadete foi colocada em uma cela reservada para homens. O caso de Bernadete ainda espera por julgamento. 

Veja os vídeos abaixo:
 
*Cappacete

O circo montado na véspera da eleição

Por Altamiro Borges
De forma cronometrada, o Supremo Tribunal Federal (STF) inicia hoje o julgamento do chamado “núcleo político do mensalão”. Só mesmo os ingênuos acreditam que houve “mera coincidência” com os últimos dias da campanha eleitoral. O ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente nacional do PT, José Genoíno, e o ex-tesoureiro da legenda, Delúbio Socares, serão os alvos da fúria do ministro-relator Joaquim Barbosa. As manchetes dos jornais e os destaques da tevê, nas vésperas da eleição, só tratarão da “condenação” do PT.

A mídia hegemônica, a mesma que se travestiu de ética para derrubar Getúlio Vargas e João Goulart, já antecipou seu veredito. Os três devem ser “fuzilados”. Pouco importa a ausência de provas concretas e o uso político-eleitoreiro do julgamento. É preciso derrotar o PT e o conjunto das forças de esquerda – tanto nas eleições municipais, mas, principalmente, do ponto de vista estratégico. O STF, que representa a casta do Judiciário e já cometeu várias outras injustiças na história, é pressionado para se curvar diante do poder midiático.

Jogo de cartas marcadas

A carga foi pesada para fazer coincidir o julgamento com as eleições. O “mensalão tucano”, que irrigou as campanhas pelas reeleições de Eduardo Azeredo em Minas Gerais e do ex-presidente FHC, simplesmente sumiu da mídia. Ele foi anterior ao caso agora analisado pelo STF, mas a chamada grande imprensa se finge de morta – quando trata do caso, refere-se ao “mensalão mineiro” e evita citar o PSDB. Os envolvidos neste processo podem até ter as suas penas prescritas, com a cumplicidade do mesmo Joaquim Barbosa.

Alguns mais crédulos ainda acreditam num julgamento imparcial, com base nos autos. Como diz o ditado, a esperança é a última que morre – mas, acrescento, ela também morre! Na véspera do primeiro turno, os três serão acusados pelo crime de corrupção ativa. Já na véspera do segundo turno, eles serão "julgados" pelo crime de formação de quadrilha. Pura coincidência! Tudo indica que a maioria dos ministros do STF fuzilará os três “petistas” – para a alegria da mídia golpista e da cambaleante oposição demotucana!
*Ajusticeiradeesquerda

FETICHES Valdemiro vende por R$ 153 colher milagrosa de pedreiro

 

11 comentários:
colher milagrosa de pedreiro de Valdemiro Santiago
A colher  é o mais um produto
da prateleira santa da Mundial
O mais novo produto da prateleira santa da Igreja Mundial é a colher dourada "prudente construtor" (ver vídeo abaixo).

Ao final do mês passado, Valdemiro Santiago, o chefe da Igreja, lançou por R$ 153  uma versão dourada dessa ferramenta de pedreiro não para “enfiar no cimento”, mas para “tocar em seus projetos, em seus contratos”.

“Onde você tocar, você vai ser abençoado”, disse ele em um de seus programas de TV.


Para Valdemiro, que é ex-pedreiro, não se trata de uma venda de um objeto simbólico, mas de um “investimento” na obra de Deus. A venda se encerra no próximo dia 12.  Já saíram da prateleira santa da Mundial fronha, meia, martelinho, toalhinha, água e óleo consagrados, etc.

Aparentemente, a promoção da colher milagrosa de pedreiro objetiva fazer às pressas caixa para a Mundial, que está tendo dificuldade de pagar horário de TV e funcionários. Valdemiro já teve de vender uma de suas fazendas.

Ou seja, se as vendas foram boas, a colher vai, de fato, resolver problemas, mas os do Valdemiro.

"Onde você tocar [a colher], você será abençoado"
Com informação da íntegra de vídeo de programa da Mundial.

Igreja Mundial vende por R$ 91 fronha milagrosa dos sonhos
agosto de 2012
Valdemiro Santiago.

Leia mais em http://www.paulopes.com.br/#ixzz28HBGQtvS
Paulopes

"NA VERDADE O POVO NÃO TEM PODER ALGUM"



Para o jurista Fábio Konder Comparato, imprensa alternativa pode contribuir para forjar uma mentalidade democrática entre a população, acostumada com séculos de submissão . 

Do Brasil de Fato 


Reconhecido pela defesa das causas de movimentos sociais, como o MST, e crítico ferrenho da última ditadura civil-militar (1964-1984), o jurista Fábio Konder Comparato acredita que o Brasil ainda está longe de ser um Estado verdadeiramente democrático. 


De acordo com ele, os brasileiros ainda têm a mentalidade e os costumes marcados por séculos de escravidão e precisam se desvencilhar da submissão e passividade. 


Para tanto, segundo o jurista, é preciso ampliar a educação cívica e política e aproveitar ao máximo a imprensa alternativa para denunciar essa opressão. 


Confira a entrevista exclusiva concedida ao jornal Brasil de Fato. 


Brasil de Fato – Professor, no próximo ano a Constituição Federal completa 25 anos. Na sua avaliação o Brasil conseguiu alcançar um patamar de país democrático, que respeita os direitos sociais e as liberdades individuais, ou ainda há muita diferença entre o que está estabelecido na lei e o que está posto na prática? 


Fábio Konder Comparato – Exatamente aquilo que acaba de dizer por último. Essa diferença entre o que está na lei e o que existe na prática não é de hoje, é de sempre. E o que caracteriza a vida política brasileira é a duplicidade, com a existência de dois ordenamentos jurídicos: a organização oficial e a organização real. E também no sentido figurado há duplicidade, ou seja, o verdadeiro poder é dissimulado, é oculto. Nós encontramos na Constituição a declaração fundamental no artigo 1º, parágrafo único de que todo poder emana do povo que o exerce diretamente por intermédio de representantes eleitos. Mas na verdade, o povo não tem poder algum. Ele faz parte de um conjunto teatral, não faz parte propriamente do elenco, mas está em torno do elenco. Toda a nossa vida política é decidida nos bastidores e para vencer isso não basta mudar as instituições políticas, é preciso mudar a mentalidade coletiva e os costumes sociais. E a nossa mentalidade coletiva não é democrática. O povo de modo geral não acredita na democracia, não sabe nem o que é isso. Não sabe que é um regime político em que ele tem o poder em última instância e que ele deve decidir as questões fundamentais para o futuro do país. Não sabe que ele deve não somente eleger os seus representantes, mas também poder de destituí-los. O povo não sabe que ele deve ter meios de fiscalização contínua dos órgãos do poder, não apenas do Executivo e Legislativo, mas também do Judiciário, que se verificou estar corrompido até a medula, com raras e honrosas exceções.  


E por que essa mentalidade? 


Ora, essa mentalidade coletiva é fruto de quase quatro séculos de escravidão. Quando Tomé de Souza desembarcou no Brasil em 1549 trouxe o seu famoso regulamento de governo, no qual tudo estava previsto, mas só faltava uma coisa, a constituição de um povo. Havia funcionários da metrópole, havia um contingente de indígenas, havia o começo da escravidão, mas não havia povo. E nós não chegamos a constituir esse povo ao longo da nossa história porque o poder sempre foi oligárquico, ou seja, de uma minoria de grandes proprietários e empresários com apoio do contingente militar e da Igreja Católica. Assim nós chegamos ao século 21 numa situação de duplicidade completa. Todos acham que nós vivemos numa democracia e república, mas nós nunca vivemos de modo republicano e democrático. O primeiro historiador do Brasil, Frei Vicente do Salvador, apresentou uma declaração que até hoje permanece intocável, dizendo que nenhum homem dessa terra é repúblico, nem zela e trata do bem comum, se não cada um do bem particular. Não existe a possibilidade de democracia sem que haja uma comunidade em que o bem público esteja acima dos interesses particulares. E o chamado povão, as classes mais populares e humildes já trazem de séculos essa mentalidade de submissão, de passividade. Procuram resolver os seus problemas através do auxílio paternal de certos políticos ou através do desvio da lei. Nós vemos isso cotidianamente, nunca nos insurgimos contra uma lei que consideramos injusta, mas simplesmente nós desviamos da proibição legal. 


E como mudar essa mentalidade, professor? 


É uma boa pergunta, mas a resposta vai ser um tanto desalentadora. Essa mentalidade e costumes foram forjados por uma instituição política colonial, depois imperial e falsamente republicana, mas, sobretudo, pela vigência do sistema capitalista, que entrou em vigor no Brasil no ano do descobrimento. E o sistema capitalista tem essa característica específica, o poder é sempre oculto e dissimulado. Os grandes empresários dizem que não são eles que fazem a lei, mas na verdade são eles que fazem o Congresso Nacional. São eles que dobram os presidentes da República. E os grandes empresários atualmente são os grandes banqueiros, os personagens do agronegócio, os industriais e os grandes comerciantes. Agora, por exemplo, o Partido dos Trabalhadores (PT) acabou admitindo na esfera federal, porque não havia outro jeito, a aprovação de um novo Código Florestal que favorece abertamente os grandes proprietários agrícolas. Então veja, para mudar tudo isso é preciso um trabalho longo e contínuo de educação cidadã. Isto evidentemente a partir de um trabalho de contínua denúncia dessa situação oligárquica. Mas a denúncia dessa situação hoje na sociedade de massas passa necessariamente pelos órgãos de comunicação de massa que estão nas mãos dos grandes empresários. Então a situação é muito pior do que a gente poderia imaginar, mas o importante é não desanimar, não perder o impulso no sentido da denúncia completa. Nenhum sistema de poder permanece em vigor se é desmoralizado perante o público. Nós temos poucas possibilidades de desmoralizar o sistema capitalista, mas uma delas que temos que aproveitar até o fim é a imprensa corajosa e lúcida como é o caso de Caros Amigos e Brasil de Fato. 


Para além da imprensa, o que os movimentos sociais e sindicais, que cumpriram um papel importante de desmoralização da última ditadura militar, poderiam fazer? 


O grande problema dos sindicatos que se revelou hoje é que eles não têm espírito público. Eles defendem em geral muito bem os interesses da classe trabalhadora, mas muitas vezes os meios empregados para essa defesa vão contra o interesse público. Quero dar um exemplo que vai provocar um certo escândalo. Eu sou radicalmente contra a greve no serviço público porque o grande prejudicado não é o governo, é o povo. A greve foi um instrumento legítimo de defesa dos trabalhadores nas empresas privadas porque atinge diretamente os interesses dos empresários. No serviço público é diferente. Veja o que aconteceu nas Universidades Federais. Todas entraram em greve. Os alunos declararam greve. Ora, os alunos das Universidades Públicas têm o privilégio de não pagar mensalidades. E como é que são sustentadas essas Universidades? Com o dinheiro do povo, e digo mais, com o dinheiro do povo mais pobre porque 70% dos impostos desse país são indiretos, ou seja, quem tem menos paga mais. É por isso que nós precisamos ampliar a educação cívica e política no sentido amplo da palavra. Eu criei, juntamente com alguns companheiros, há mais de vinte anos a Escola de Governo. Foi apenas um início e eu gostaria que fossem multiplicadas as escolas de formação cívica. Na periferia é preciso multiplicar esse tipo de ensino para que o povo comece desde já a se revoltar. Se fulano vier pedir votos para vereador ou prefeito, é preciso saber quem é o fulano, quem o mandou, quem é o responsável por sua candidatura. 


Hoje os trabalhadores menos precarizados do Brasil são justamente os servidores públicos porque têm condições reais de questionar a sua situação de trabalho ao enfrentar o seu patrão, que é o governo. Não seria um pouco radical não legitimar a greve no setor como instrumento de luta para conquistar e manter direitos? 


Em primeiro lugar, a greve no serviço público não é tradicional, é muito recente. Em segundo lugar, ao invés da greve é preciso estabelecer instrumentos de proteção especial para os servidores públicos como, por exemplo, tribunais de arbitragem, estabilidade, garantia de aumento nos vencimentos pelo menos de acordo com o índice inflacionário e assim por diante. Tudo aquilo que é para favorecer os servidores públicos e lesa o patrimônio do povo deve, a meu ver, ser denunciado e banido. É uma questão que precisa ser mudada. 


O senhor disse sobre a existência de oligopólio nas empresas de comunicação no Brasil. Se o Executivo, Legislativo e Judiciário não fazem nada contra algo que é proibido pela Constituição, que atitude o povo pode tomar? 


Eu acho que cada um tem uma missão e particularmente acredito que cumpri a minha. Eu procurei o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) propondo que se fizesse uma ação direta de inconstitucionalidade por omissão, pela não regulamentação dos dispositivos constitucionais sobre os meios de comunicação de massa. O Conselho não aceitou. Então eu procurei o Partido Socialismo e Liberdade (Psol), que aceitou e a ação foi proposta, que é a ação de inconstitucionalidade por omissão número 10. Mas essa é uma medida meramente política. Do ponto de vista jurídico, o eventual ganho de causa não vai significar muita coisa porque dará uma recomendação ao Congresso Nacional para regulamentar a Constituição. Mas é preciso utilizar- se dessa ação para denunciar o controle que a mídia exerce sobre o Congresso Nacional. E exerce também sobre o Executivo porque o Advogado Geral da União que, de acordo com a lei, está sobre a imediata supervisão do Presidente da República, deu parecer contrário à ação. 


Até hoje ainda existem instituições criadas pela última ditadura civil-militar como é o caso da Polícia Militar. E apesar das denúncias dos movimentos sociais e de estudantes sobre a violência sistemática cometida pela Corporação, parece que o Estado finge que não acontece nada. Diante disso, o que se fazer? 


Bom, em primeiro lugar, não são todos os movimentos sociais que protestaram contra o morticínio [na chácara] de Várzea Paulista [no interior de São Paulo, onde policiais da Rota – Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar – mataram nove pessoas no dia 11 de setembro]. E eu fiquei surpreso com o fato da Arquidiocese de São Paulo ter protestado contra as declarações religiosas de um candidato a prefeito da cidade de São Paulo, mas não ter dito nada sobre esse morticínio planejado e executado friamente. Foram abatidas nove pessoas com 61 tiros. Não houve arranhão em nenhum policial militar. Pois bem, quero lembrar que a Organização das Nações Unidas acaba de se pronunciar insistindo na supressão da Polícia Militar. Esta é uma proposta que eu venho defendendo há vários anos pois não faz nenhum sentido a organização de uma polícia no estilo de forças armadas, porque isso é uma trágica herança do regime empresarial militar.


do blog MIDIA CARICATA 
*cutucando de leve