Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, outubro 03, 2012

Japoneses exigem saída de tropas dos EUA de Okinawa(estão abrindo os olhinhos)

 

Via Hora do Povo

Manifestantes fecharam a entrada da base militar após a chegada de novo contingente de aeronaves bélicas destinadas ao transporte de marines
Dezenas de carros foram postados por sindicatos e associações de moradores diante da entrada da base militar de Okinawa, que abriga um dos maiores contingentes de marines de toda a Ásia. A oposição disseminada, entre os moradores da ilha, se intensificou com o despacho de novas aeronaves bélicas – os MV22 Osprey - fabricadas pelos EUA para a base.
Além da manifestação do dia 1º, no mês de setembro se reuniram mais de cem mil pessoas diante da base, assim que o envio dos Osprey foi anunciado. Estas aeronaves podem funcionar como helicópteros, ao levantar vôo e pousar, e como aviões quando em vôo.
Entre as vantagens dos Ospreys, estaria a autonomia de vôo, quatro vezes maior do que os helicópteros atualmente em uso.
Segundo o repórter Martin Fackler (em reportagem para a Kiodo News e Associated Press), isto colocaria ao alcance dos militares norte-americanos despachar 15 mil marines até Taiwan.
Segundo o repórter, a medida visaria reforçar o poderio bélico norte-americano na região e com isso dissuadir a China de agir contra a ocupação de suas ilhas Diaoyu pelos belicistas japoneses, além de trazer mais presença militar para a região onde fica a República Popular Democrática da Coreia.
Ocorre que há informes de que estas aeronaves ainda não podem ser consideradas seguras e que foram mal finalizadas por seus fabricantes. Mesmo estando há pouco tempo em serviço, duas delas já caíram, durante exercícios militares na Europa.
Para os moradores de Okinawa (1,4 milhão de habitantes), particularmente os da cidade de Ginowan, onde fica localizada a base, a constante passagem de aviões e helicópteros por cima de suas cabeças, além da insuportável poluição sonora, trazem risco real de vida. Em 1995, um jato norte-americano caiu nas vizinhanças da base causando a morte de 17 moradores, incluindo 11 crianças em idade escolar.
"A ira está aumentando como uma larva de vulcão sob a superfície e os Ospreys podem ser aquilo que finalmente cause uma erupção", afirma Takeshi Onaga, prefeito de Naha, capital de ilha de Okinawa e membro do partido Liberal Democrático (agora no governo). "Forçar a presença dos Osprey poderia levar ao colapso da aliança EUA-Japão", diz o prefeito. Da nossa parte, destacamos que a ocupação do Japão, no pós-guerra, pelos EUA, não tem nada de aliança. Foi resultado - explorado há décadas pelos interesses geopolíticos do Império – da vitória na Segunda Guerra Mundial.
O ex-presidente da Universidade de Okinawa, Moriteru Arasaki, destacou que "há tanta raiva em torno desse novo despacho de aeronaves que, uma vez destampada, pode se voltar contra todas as bases dos EUA no país".
Até o ex-conselheiro para questões do Leste da Ásia da Secretaria de Defesa dos EUA, James Schoff, avaliou que "neste clima, qualquer acidente pode ser como acender um fósforo em um tonel de nafta".
*GilsonSampaio

Nenhum comentário:

Postar um comentário