Texto do coletivo Vila Vudu
“Dois
assuntos que não nos interessam nem mobilizam: a tal de kurrupção e os
correspondentes discursos antikurrupção. A tal de kurrupção é doença do
capitalismo, mais aguda no capitalismo senil, igual em todo o mundo
desde sempre.
O
capital manda no mundo e criou imprensa e universidade liberais,
EXATAMENTE porque o capital corrompe tudo e todos e sempre, a começar
pela imprensa e pela universidade liberais.
Falar
de kurrupção sem dizer que o capitalismo é essencialmente corruptor e
corrompe tudo e todos, é fazer pregação moralista, metida a ‘ética’ que,
no máximo, trocará os nomes dos kurruptos eleitos pela televisão e a
imprensa do capital, e todos continuarão – kurruptos e kurruptores em
tempo integral – como são, sempre foram e continuarão sendo eternamente
no mundo. Festejando o capital.
E
é pregação moralista fascistóide, que rapidamente vira degola, pelo que
tem de violenta e arbitrária, além de ’legal’, sempre com alguma
teoria de autojustificação, que salva o arbítrio e o autoritarismo e os
tornam, não só arbitrários, autoritários e ‘legais’, como também lógicos
e “em tese”. Sic transit a ‘justiça’ do capital.
Se
a teoria que justifica o arbítrio e o autoritarismo for
norte-americana, neste Brasil das ideias fora de lugar, ok: é só mais
uma macaqueação ridícula. Mas se a tal teoria surgir na Alemanha
nazista, cruzes! Aí é preciso espernear MUITO! A exemplo da “Teoria do
Domínio do Fato”, que pintou na cabeça dum teórico do Direito, Hans
Welzel, em 1939, na Alemanha.
Não
importa quem seja o jurista. Nada muda. Aliás, não sabemos nada de leis
e direito, mas sabemos um pouco sobre 1939 e a Alemanha.
Em 1939, reinava na Alemanha como juiz e degolador incontestável Herr
Goebbels, que várias vezes se serviu da “Teoria do Domínio do Fato” para
seus propósitos. Porque, se há um fato que todos dominam perfeitamente é
que, num mundo onde reina Goebbels, só se difundem e prosperam teorias
do direito que Goebbels aprecia e sirvam adequadamente para aplicar o
direito à sua moda.
Pois,
em 2012, em Brasília, ainda há juízes que sequer se envergonham de
evocar essa teoria do direito à moda Goebbels para punir kurruptos. Não
se exigem muitos argumentos: tudo depende de se dominarem os factoides.
Ainda
que os condenados por essa teoria do direito à moda Goebbels fossem
kurruptos TOTAIS, como os kurruptos da Privataria Tucana, ainda assim,
seria preciso respeitar MUITO o direito democrático e a democratização,
ao invés de punir kurruptos com base em teorias do direito e leis que
prosperaram sob o nazismo.
Por
isso tudo, não nos interessa nem nos mobiliza nenhuma discussão sobre
kurruptos e kurrupção que não diga, no primeiro parágrafo, que o capital
é o agente corruptor básico. Sempre. Em todos os casos. Por mais que se
dominem fatos, os data vênia e quejandos, etc. etc. etc. e tal.
A
kurrupção não vive sem o besteirol metido a ‘ético’. E o besteirol
metido a ‘ético’ não sobrevive sem a kurrupção e AMBOS são o ar que o
capital e o capitalismo respiram, sem o qual não sobrevivem. A
propósito, o ministro José Dirceu e o deputado José Genoíno que, em 1964
foram condenados por ‘juristas’ e leis da ditadura militar, são
condenados, em 2012, por juristas e leis supostamente democráticas, mas
que ainda são, infelizmente, juristas e leis autoritárias.
Nada corrompe mais o Brasil, em 2012, do que esse tribunal e seus juízes.
Vergonha. Vergonha. Vergonha.”
Outra
coisa que eles esqueceram de dizer mas eu completo: a justiça no Brasil é
um bastião da Direita. Que está a serviço dos ricos e poderosos e não
abre.
E todos de frente para o mar.
*Mariadapenhaneles
Nenhum comentário:
Postar um comentário