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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, outubro 22, 2012

E agora Supremo?: Reportagens e documentos desmontam tese do mensalão


E agora Supremo?: Reportagens e documentos desmontam tese do mensalão

Nesta semana, chega às bancas a revista Retrato do Brasil que traz como reportagem de capa o material intitulado "A vertigem do Supremo", noticiou Elio Gaspari, em sua coluna no jornal Folha de S.Paulo. A publicação é dirigida pelo jornalista Raimundo Rodrigues Pereira, e afirma que os ministros do Supremo Tribunal Federal “deliraram” ao aceitar a tese apresentada pelo Ministério Público de que houve desvio de R$ 76,8 milhões do Banco do Brasil para o chamado mensalão. 
Gaspari ressalta que Pereira tem mais de 40 anos de carreira e “obsessões investigativas”, que já contrariou a “sabedoria convencional” em duas ocasiões. “Há dois anos, provou que o banqueiro Daniel Dantas foi satanizado pelo delegado Protógenes Queiroz na Operação Satiagraha. Nenhum dos fatos que mencionou foi desmentido.” A publicação disponibilizará, em seu site, 108 documentos que corroboram com a tese de Pereira.
Pereira é co-autor do livro A outra tese do mensalão, escrito em parceria com Antonio Carlos Queiroz e Lia Imanishi. A publicação, lançada no início de 2012 dá um panorama do caso, explorando temas como as disputas eleitorais, escândalos, corrupção e o caixa dois desde as eleições de 1989 até a CPI do Cachoeira. O livro também investiga o financiamento de campanhas tucanas, a CPI do Banestado, os paraísos fiscais, as agências de publicidade, bancos, dívidas e acordos partidários.
O livro rejeita com documentos e declarações a tese que caracteriza o chamado mensalão: a de que o esquema foi montado pelo ex-chefe da Casa Civil, José Dirceu, para comprar apoio político de deputados no Congresso. Em artigo publicado pelo site Brasil 247, os editores Armando Sartori, Marcos Heleno Fernandes Montenegro, Sérgio Miranda, Raimundo Rodrigues Pereira e Roberto Davis explicam o argumento: “O crime é, até o momento, uma criação política. Não existe, nos autos, prova de que, no final de 2002, José Dirceu tenha assumido o comando de um bando”.
Por meio de reportagens, o livro também traz a cobertura da mídia sobre o mensalão: diversas passagens que não apareceram nos jornais são relembradas pelos autores, evidenciando o papel partidário assumido pelos grandes meios de comunicação brasileiros.
Impressiona, na publicação, a quantidade de fatos que ligam Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, a diversos escândalos políticos do país, envolvendo tucanos, petistas e filiados ao DEM.
*MariadaPenhaNeles

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