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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, outubro 09, 2012


Dirceu tem
sede de Justiça

Juízes do Brasil:
Às favas com as provas

Provas cabais, irrefutáveis, atos de ofício celebrados em mármore de Carrara só se exigem de pobre, preto, p… e petista.





Com a  Glorificação do Thomas Jefferson …

E a condenação do Dirceu sem uma única prova …

Os Juízes das Varas Criminais passam a adotar a seguinte Dogmática:

Às favas com as provas.

Provas cabais, irrefutáveis, atos de ofício celebrados em mármore de Carrara só se exigem de  branco de olho azul.

Contra pobre, preto, p… e petista, vale tudo.

Inclusive o Roberto Jefferson.

Paulo Henrique Amorim


Minha sede de justiça, que não se confunde com o ódio, a vingança, a covardia moral e a hipocrisia que meus inimigos lançaram contra mim nestes últimos anos, será minha razão de viver.


Jose Dirceu divulgou a seguinte nota :



AO POVO BRASILEIRO


No dia 12 de outubro de 1968, durante a realização do XXX Congresso da UNE, em Ibiúna, fui preso, juntamente com centenas de estudantes que representavam todos os estados brasileiros naquele evento. Tomamos, naquele momento, lideranças e delegados, a decisão firme, caso a oportunidade se nos apresentasse, de não fugir.

Em 1969 fui banido do país e tive a minha nacionalidade cassada, uma ignomínia do regime de exceção que se instalara cinco anos antes.

Voltei clandestinamente ao país, enfrentando o risco de ser assassinado, para lutar pela liberdade do povo brasileiro.

Por 10 anos fui considerado, pelos que usurparam o poder legalmente constituído, um pária da sociedade, inimigo do Brasil.

Após a anistia, lutei, ao lado de tantos, pela conquista da democracia. Dediquei a minha vida ao PT e ao Brasil.

Na madrugada de dezembro de 2005, a Câmara dos Deputados cassou o mandato que o povo de São Paulo generosamente me concedeu.

A partir de então, em ação orquestrada e dirigida pelos que se opõem ao PT e seu governo, fui transformado em inimigo público numero 1 e, há sete anos, me acusam diariamente pela mídia, de corrupto e chefe de quadrilha.

Fui prejulgado e linchado. Não tive, em meu benefício, a presunção de inocência.

Hoje, a Suprema Corte do meu país, sob forte pressão da imprensa, me condena como corruptor, contrário ao que dizem os autos, que clamam por justiça e registram, para sempre, a ausência de provas e a minha inocência. O Estado de Direito Democrático e os princípios constitucionais não aceitam um juízo político e de exceção.

Lutei pela democracia e fiz dela minha razão de viver. Vou acatar a decisão, mas não me calarei. Continuarei a lutar até provar minha inocência. Não abandonarei a luta. Não me deixarei abater.

Minha sede de justiça, que não se confunde com o ódio, a vingança, a covardia moral e a hipocrisia que meus inimigos lançaram contra mim nestes últimos anos, será minha razão de viver.

Vinhedo, 09 de outubro de 2012

José Dirceu
*PHA

O BRICS AVANÇA



 do Mauro Santayana
Ignorado e desvalorizado pela mídia “ocidental”, que só noticia sua existência quando das cúpulas presidenciais, o grupo BRICS, que reúne o Brasil, a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul, se prepara para  promover  verdadeira revolução no mercado financeiro internacional.
Reunindo alguns dos maiores credores dos EUA - com 378 bilhões de dólares em reservas internacionais, o Brasil é o seu terceiro maior credor - o grupo  se organiza para criar o seu próprio banco mundial e a sua própria agência de qualificação de riscos.
Eles se cansaram de esperar pelas reformas do FMI e do Banco Mundial, que lhes dariam mais poder e cotas dentro daquelas organizações, e decidiram atuar em conjunto para superar a crise. Na semana que vem, será realizada em Tóquio  mais uma reunião dos países membros do Fundo Monetário Internacional. Mas os países do BRICS não esperam qualquer avanço nos debates pela reforma da instituição, já que os Estados Unidos a isso se opõem.
Em ano eleitoral, o Presidente Barack Obama não quer dar pretextos à crítica dos republicanos,  dando a impressão que os EUA estariam dispostos a ceder mais espaço de poder para os BRICS na mais conhecida – até agora – organização financeira do planeta.
Nada disso, no entanto, muda o fato de que o apego ao poder dos Estados Unidos e da Europa nos organismos internacionais está cada vez mais distante da situação geopolítica real.
Para o “mercado”, manda quem tem dinheiro, e, se os EUA e a Europa estão cheios de dívidas, por causa de guerras como as do Iraque e do Afeganistão, e de anos de hedonismo e de consumo irresponsável, o dinheiro agora está nas mãos da China e do BRICS como um todo.
Os membros do grupo tem um perfil de dívida baixo e não devem quase nada ao Exterior, comparando-se aos países do G-7, (Brasil, 13% de dívida externa, 35% de dívida líquida total – contra 55,5% em 2002) e já detêm, com  pouco mais de 4.3 trilhões de dólares, quase 50% das reservas internacionais do planeta.
No dia 15 de agosto realizou-se na sede do BNDES, no Rio de Janeiro, a primeira reunião do Grupo de Trabalho sobre a criação do Banco de Desenvolvimento dos BRICS.
No dia 26 de setembro, um fórum de especialistas do Brasil, da Rússia, da Índia, da China e da África do Sul, se reuniu em Chongqing, na China e ali foi discutida a idéia de se criar uma agência de qualificação do grupo, como alternativa às agências de classificação ocidentais, que não souberam prever a crise de 2008, nem a que eclodiu este ano.    
Nesta semana, em Tóquio, os ministros das finanças do BRICS voltarão a reunir-se, à margem do encontro do FMI. Da pauta deverá constar a troca de reservas, em caso de eventual necessidade de financiamento externo, e a criação do Banco do BRICS, cujo capital inicial, segundo anuncia a imprensa internacional, poderá chegar a 50 bilhões de dólares.
Sindicato dos Jornalistas vai acionar Promotoria Eleitoral contra coronel Telhada - Entrevista à repórter Lúcia Rodrigues. - Jornal Brasil Atual


O jornalista da Folha de São Paulo, André Caramante, passou a ser sistematicamente ameaçado após ter publicado uma matéria sobre o coronel Paulo Telhada. O ex-comandante da Rota não gostou da reportagem e incitou seus seguidores no Facebook a ligar para

o jornal e a enviar e-mails para pressionar Caramante. A Promotoria Eleitoral já apresentou pedido de impugnação da candidatura de Telhada, eleito vereador pelo PSDB no domingo, por incitação à violência no Facebook. O presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, José Augusto Camargo, o Guto, vai encaminhar denúncia divulgada nesta segunda-feira, 8, pela jornalista da Revista Época, Eliane Brum. Ela entrevistou Caramante, que teve de sair do país com a família devido às ameaças de morte que vinha sofrendo. Além do repórter, seus familiares também passaram a ser ameaçados.

Filósofo da rua - Eduardo Marinho


Charge do Dia

Encerra Serra

 

 

 

 

Serra obtém pior votação em SP nas últimas quatro eleições




Vice de Serra é processado por desvio de dinheiro público para uma fundação do dono da Veja

O ex-secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider (PSD), escolhido como candidato a vice na chapa do tucano José Serra, que disputa a prefeitura de São Paulo, é acusado de desvio de dinheiro público da prefeitura e do governo do Estado para favorecer a Fundação Victor Civita – ONG ligada ao grupo Abril, proprietário da revista Veja.
O processo tramita na 12ª Vara da Fazenda Pública.
A promotoria acusa Schneider de compadrio político, violando o princípio da impessoalidade, por contratar a fundação para prestação de serviço no chamado “Projeto de Formação Continuada para Diretores e Supervisores”, durante o período em que foi secretário de Educação na administração do atual prefeito Gilberto Kassab.
De acordo com matéria da Rede Brasil Atual, o Ministério Público pede a devolução aos cofres da prefeitura o valor de R$ 611.232,00, além de outras punições cabíveis. Segundo a denúncia oferecida pelos promotores, a escolha da ONG ligada à “Veja” foi feita “a dedo” e ilegalmente, dispensando a necessária licitação, já que havia muitas outras instituições qualificadas a prestar o serviço.
Como agravante, o serviço foi prestado de forma terceirizada pelo Instituto Protagonistés, presidido pela tucana Rose Neubauer, que foi secretária de Educação no governo Mário Covas e amiga de Schneider. Além disso, as cartilhas do projeto foram impressas na gráfica da Imprensa Oficial do Estado, mas a ONG dos Civita não pagou a totalidade das despesas e arcou apenas com os custos da matéria prima utilizada.
*comtextolivre

Oposição de Esquerda: PSTU elege dois vereadores em capitais. PSOL elege 49 vereadores, 1 prefeito e disputará 2° turno em 2 capitais


 

Veem de Natal e Belém os dois vereadores eleitos pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado, PSTU.
A professora Amanda Gurgel, que ficou famosa ano passado após um inflamado discurso na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte em que denuncia a precariedade na educação e se tornou um fenômeno na internet,acabou se tornando também um fenômeno eleitoral, sendo a vereadora mais votada da história de Natal, com 32.819 votos ou 8,59% do total dos votos válidos.
A votação de Amanda foi tão expressiva, que ajudou a eleger ainda os vereadores Sandro Pimentel e Marcos do PSOL, ambos do PSOL, partido coligado, e que individualmente não seriam eleitos sem os votos da professora.
Em Belém, o operário da construção civil, Cleber Rabelo do PSTU foi o terceiro mais votado na coligação com o PSOL, sendo o 26º vereador mais votado no município, com 4.691 votos. A coligação elegeu ainda a ex-senadora Marino Brito, a campeã de votos na cidade com 21.723 votos que ajudaram a eleger ainda, Meg Barros (5.168 votos), Fernando Carneiro (3.452 votos) e Dr. Chiquinho (3.273 votos), todos do PSOL.
Em São José dos Campos, interior de São Paulo o PSTU teve um candidato a vereador que foi o 5° mais votado (6.677 votos), mas não se elegeu devido ao coeficiente eleitoral. Trata-se de Toninho, advogado do Sindicato dos Metalúrgicos e de moradores do bairro Pinheirinho, local onde o governo municipal e estadual do PSDB promoveu um violente despejo no início do ano.
Pelo país, o PSOL conseguiu eleger um total de 49 vereadores, alguns campeões de voto em capitais como: Pedro Ruas (1º em Porto Alegre); Hilton Coelho (2º em Salvador); João Alfredo (3º em Fortaleza) e Heloísa Helena (1ª em Maceió). E por falar em Heloísa Helena, depois de se afastar da direção nacional do PSOL, a ex-senadora e ex-candidata à Presidência deixa claro a cada dia que deve ir para a construção de uma nova legenda eleitoral junto com Marina Silva, almejando as eleições presidências de 2014. Ausente da campanha de outros candidatos do partido, parece que o PSOL mostrou que é capaz de seguir sem ela.
No Rio de Janeiro, o PSOL elegeu o prefeito de Itaocara, com 23 mil habitantes, no noroeste do Estado do Rio de Janeiro. Gelsimar Gonzaga é ex-cortador de cana e presidente do Sindicato Municipal dos Servidores Públicos. Também no Rio, Marcelo Freixo teve 914 mil votos válidos na capital fluminense (28% do eleitorado), ficando em segundo lugar na eleição vencida por Eduardo Paes (PMDB) em primeiro turno.
O PSOL irá disputar o segundo turno em Belém e Macapá. Em Belém, o PSOL se coligou com o PCdoB ainda no primeiro turno e foi surpreendido com o crescimento de Zenaldo Coutinho (PSDB).  Em Macapá, Clésio já contava com partidos como PPS, PV, PRTB, PMN e PTC na coligação, além de diversos “apoios informais” de outros partidos da política tradicional do Amapá. É com uma enorme pressão eleitoral para ampliar o “arco de alianças” que o partido irá disputar as duas capitais amazônicas.
Ainda no campo da oposição de esquerda, o Partido Comunista Brasileiro (PCB – não confundir como o PCdoB), elegeu 05 vereadores em todo o país, 07 a menos do que em 2008. O Partido da Causa Operária (PCO) não elegeu nenhum vereador ou prefeito.
*GilsonSampaio

Bancada da Bala confirma militarização paulista


“Bancada da bala” terá Telhada, Camilo e Conte Lopes
Para professora Vera Telles, “há uma tendência de militarização da gestão pública da São Paulo”
Igor Carvalho
Coronel Telhada, depois de estimular que seus seguidores ameaçassem André Caramante, o militar foi eleito em São Paulo (Foto: Divulgação)
A chamada “bancada da bala” terá três representantes, em 2013, na Câmara Municipal de São Paulo. Coronel Telhada (PSDB), com 77 mil votos, Capitão Conte Lopes (PTB), com 26 mil votos e Coronel Camilo (PSD), que conseguiu 23 mil eleitores, ajudarão a legislar as leis paulistanas.
A militarização da gestão pública vem sendo debatida na cidade com mais ênfase desde que o prefeito Gilberto Kassab (PSD) nomeou coronéis da reserva para comandar 30 das 31 subprefeituras de São Paulo.
Recentemente, o coronel reformado da Polícia Militar e ex-comandante da Rota (Rondas Ostensiva Tobias Aguiar) Paulo Telhada, foi alvo de uma matéria do jornalista André Caramante, da Folha de S. Paulo, em que denunciava o coronel por divulgar relatos de confronto da Rota com civis, no Facebook. O coronel conclamou seus seguidores na rede social a enviar mensagens contra o repórter, que passou a receber ameaças de morte e foi afastado pelo jornal, para que sua integridade física fosse preservada.
O capitão Roberval Conte Lopes, também ex-comandante da Rota, é responsável por ter criado a expressão: “Bandido bom é bandido morto”, e escreveu, ainda, o livro “Matar ou Morrer”. O ex-militar está na descendente na carreira política. Era deputado estadual, mas não conseguiu se reeleger em 2010 e foi convidado pelo PTB para se lançar como vereador, em 2012.
O coronel Álvaro Batista Camilo foi, até dia 2 de abril de 2012, o comandante geral da Polícia Militar de São Paulo. Foi afastado após críticas pela atuação da corporação em episódios que geraram conflito com civis e que foram pessoalmente coordenados por Camilo, como: Pinheirinho, Cracolândia e invasão do prédio da reitoria da USP, quando alunos foram presos. O coronel Camilo entrará para a Câmara porque o vereador Antônio Carlos Rodrigues (PR) foi reeleito, mas ele vai assumir a vaga deixada por Marta Suplicy, que agora é ministra da Cultura, no Senado. Camilo é o primeiro suplente da coligação, que envolve o PR, partido de Rodrigues.
Militarização da gestão pública
A professora de sociologia da Universidade São Paulo (USP), Vera Telles, falou ao SPressoSP sobre o que representa a chegada dos três militares ao poder, na cidade de São Paulo.
SPressoSP – Três vereadores, ligados diretamente a Polícia Militar e a Rota, assumirão cadeiras na capital paulista. O que isso significa?
Vera Telles A primeira coisa a notar é que a Polícia Militar está querendo, com seus membros, influenciar a vida política na cidade de São Paulo. A partir de posições que os caracterizam e que fizeram com que eles viessem a ser conhecidos por “Bancada da Bala”
SPressoSP – Através da eleição dos três, podemos dizer que há uma cumplicidade da população com o que é feito nas ruas pela Polícia Militar e pela Rota?
Vera Telles Eu não sei se a população geral, mas há uma parcela que apoia os métodos da Rota e seus expedientes de violência. Esse segmento, de fato, apoia e elege, como tem eleito outras figuras como eles, pelo país.
SPressoSP – São 30 ex-coronéis na subprefeitura, agora três na câmara. Estamos vendo o que se costumou chamar “militarização do Estado”?
Vera Telles Eu acho que sim, aliás, não é do Estado mas sim uma tendência de militarização da gestão pública da São Paulo, e que ganha cada vez mais expressão nos aparelhos do Estado, porque quando digo que eles querem influenciar a vida política é porque eles querem dar amparo e sustentação ao que podemos chamar de usos extra legais da própria polícia, que são práticas corrente da PM nas ruas, além da influência e do controle da máquina do Estado. Essa militarização precisa ser analisada, para sabermos o quão grave ela pode ser.
SPressoSP – É a cultura do medo que os levou até a Câmara?
Vera Telles O medo é fabricado pela gramática bélica, que vem sendo implementada, não só pela PM, que pede “guerra ao crime”ou “guerra às drogas”, e como nós sabemos a gramática bélica significa combater e eliminar os inimigos. Esse pensamento bélico é algo que deveria ser muito diferente da gestão urbana e até mesmo do policiamento clássico. Esse medo fabricado segue para a periferia, e nos passa a impressão de que estamos em guerra e precisamos ser protegidos, e o alvo precisa ser eliminado. Isso, de fato, aciona a possibilidade de eleição desses indivíduos.
*GilsonSampaio

Um líder político deve ser valorizado por seus atos, não por rumores veiculados contra ele.

O porquê do ódio a Chávez


Ele cumpriu a promessa de governar para as maiorias e mostrou que História não tinha terminado. Por isso (não por seus erros) oligarquias o detestam… 

Por Ignacio Ramonet e Jean-Luc Melenchon | 


Tradução: Daniela Frabasile 


Hugo Chávez é, sem dúvida, o chefe de Estado mais difamado no mundo. Com a aproximação das eleições presidenciais de 7 de outubro, essas difamações tornam-se cada vez mais infames, em muitos países. 


Testemunham o desespero dos adversários da revolução bolivariana frente à perspectiva (que as pesquisas parecem confirmar) de uma nova vitória eleitoral de Chávez. 


Um líder político deve ser valorizado por seus atos, não por rumores veiculados contra ele. 


Os candidatos fazem promessas para ser eleitos: poucos são aqueles que, uma vez no poder, cumprem tais promessas. 


Desde o início, a proposta eleitoral de Chávez foi muito clara: trabalhar em benefício dos pobres, ou seja – naquele momento – a maioria dos venezuelanos. E cumpriu sua palavra. 


Por isso, este é o momento de recordar o que está verdadeiramente em jogo nesta eleição, agora que o povo venezuelano é convocado a votar. 


A Venezuela é um país muito rico, pelos fabulosos tesouros de seu subsolo, em particular o petróleo. Mas quase toda essa riqueza estava nas mãos da elite política e das empresas transnacionais. 


Até 1999, o povo só recebia migalhas. 


Os governos que se alternavam, social-democratas ou democrata-cristãos, corruptos e submetidos aos mercados, privatizavam indiscriminadamente. Mais da metade dos venezuelanos vivia abaixo da linha de pobreza (70,8% em 1996). 


Chávez fez a vontade política prevalecer. 


Domesticou os mercados, deteve a ofensiva neoliberal e posteriormente, graças ao envolvimento popular, fez o Estado se reapropriar dos setores estratégicos da economia. 


Recuperou a soberania nacional. E com ela, avançou na redistribuição da riqueza, a favor dos serviços públicos e dos esquecidos. 


Políticas sociais, investimento público, nacionalizações, reforma agrária, quase pleno-emprego, salário mínimo, imperativos ecológicos, acesso à moradia, direito à saúde, à educação, à aposentadoria… 


Chávez também se dedicou à construção de um Estado moderno. Colocou em marcha uma ambiciosa política de planejamento do uso do território: estradas, ferrovias, portos, represas, gasodutos, oleodutos. 


Na política externa, apostou na integração latino-americana e privilegiou os eixos sul-sul, ao mesmo tempo que impunha aos Estados Unidos uma relação baseada no respeito mútuo… 


O impulso da Venezuela desencadeou uma verdadeira onda de revoluções progressistas na América Latina, convertendo este continente em um exemplo de resistência das esquerdas frente aos estragos causados pelo neoliberalismo. 


Tal furacão de mudanças inverteu as estruturas tradicionais do poder e trouxe a refundação de uma sociedade que até então havia sido hierárquica, vertical e elitista. Isso só podia desencadear o ódio das classes dominantes, convencidas de serem donas legítimas do país. 


São essas classes burguesas que, com seus amigos protetores e Washington, vivem financiando as grandes campanhas de difamação contra Chávez. Até chegaram a organizar – junto com os grandes meios de comunicação lhes que pertencem – um golpe de Estado, em 11 de abril de 2002. 


Estas campanhas continuam hoje em dia e certos setores políticos e midiáticos encarregam-se de fazer coro com elas. Assumindo – lamentavelmente – a repetição de pontos de vista como se demonstrasse que estão corretos, as mentes simples acabam acreditando que Hugo Chávez estaria implantando um “regime ditatorial no qual não há liberdade de expressão”. 
Mas os fatos são teimosos. 

Alguém viu um “regime ditatorial” estender os limites da democracia em vez de restringi-los? 


E conceder o direito de voto a milhões de pessoas até então excluídas? 


As eleições na Venezuela só aconteciam a cada quatro anos, Chávez organizou mais de uma por ano (catorze, em treze anos), em condições de legalidade democrática, reconhecidas pela ONU, pela União Europeia, pela OEA, pelo Centro Carter, etc. 


Chávez demonstrou que é possível construir o socialismo em liberdade e democracia. E ainda converte esse caráter democrático em uma condição para o processo de transformação social. 


Chávez provou seu respeito à vontade do povo, abandonando uma reforma constitucional rejeitada pelos eleitores em um referendo em 2007. Não é por acaso que a Fundação para o Avanço Democrático [Foundation for Democratic Advancement] (FDA), do Canadá, em um estudo publicado em 2011, colocou a Venezuela em primeiro lugar na lista dos paí­ses que respeitam a justiça eleitoral. 


O governo de Hugo Chávez dedica 43,2% do orçamento a políticas sociais. 


Resultado: a taxa de mortalidade infantil caiu pela metade. O analfabetismo foi erradicado. O número de professores, multiplicado por cinco (de 65 mil a 350 mil). 


O país apresenta o maior corficiente de Gini (que mede a desigualdade) da América Latina. 


Em um informe em janeiro de 2012, a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal, uma agência da ONU) estabelece que a Venezuela é o país sulamericano que alcançou (junto com o Equador), entre 1996 e 2010, a maior redução da taxa de pobreza. 


Finalmente, o instituto estadunidense de pesquisa Gallup coloca o país de Hugo Chávez como a sexta nação “mais feliz do mundo”. 


O mais escandaloso, na atual campanha difamatória, é a pretensão de que a liberdade de expressão esteja restrita na Venezuela. A verdade é que o setor privado, contrário a Chávez, controla amplamente os meios de comunicação. 


Qualquer um pode comprovar isso. De 111 canais de televisão, 61 são privados, 37 comunitários e 13 públicos. Com a particularidade de que a parte da audiência dos canais públicos não passa de 5,4%, enquanto a dos canais privados supera 61%… 


O mesmo cenário repete-se nos meios radiofônicos. 


E 80% da imprensa escrita está nas mãos da oposição, sendo que os jornais diários mais influentes – El Universal e El Nacional – são abertamente contrários ao governo. 


Nada é perfeito, naturalmente, na Venezuela bolivariana – e onde existe um regime perfeito? 


Mas nada justifica essas campanhas de mentiras e ódio. 


A nova Venezuela é a ponta da lança da onda democrática que, na América Latina, varreu os regimes oligárquicos de nove países, logo depois da queda do Muro de Berlim, quando alguns previram o “fim da história” e o “choque de civilizações” como únicos horizontes para a humanidade. 


La Venezuela bolivariana es una fuente de inspiración de la que nos nutrimos, sin ceguera, sin inocencia. 


Con el orgullo, sin embargo, de estar del buen lado de la barricada y de reservar los golpes para el malévolo imperio de Estados Unidos, sus tan estrechamente protegidas vitrinas del Cercano Oriente y dondequiera reinen el dinero y los privilegios.


Por qué Chávez despierta tanto resentimiento en sus adversarios? Indudablemente porque, tal como lo hizo Bolívar, ha sabido emancipar a su pueblo de la resignación. Y abrirle el apetito por lo imposible. 


A Venezuela bolivariana é uma fonte de inspiração da qual nos nutrimos, sem fechar os olhos e sem inocência. Com orgulho, no entanto, de estar do lado bom da barricada e de reservar nossos ataques ao poder imperial dos Estados Unidos, seus aliados do Oriente Médio, tão firmemente protegidos, e qualquer situação onde reinem o dinheiro e os privilégios. 


Por que chávez desperta tanto rancor em seus adversários? Sem dúvida, porque, assim como fez Bolívar, soube emancipar seu povo da resignação. E abrir o apetite pelo impossível. 


Postado por José Flávio Abelha
*cutucandodeleve