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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, outubro 09, 2012

Oposição de Esquerda: PSTU elege dois vereadores em capitais. PSOL elege 49 vereadores, 1 prefeito e disputará 2° turno em 2 capitais


 

Veem de Natal e Belém os dois vereadores eleitos pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado, PSTU.
A professora Amanda Gurgel, que ficou famosa ano passado após um inflamado discurso na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte em que denuncia a precariedade na educação e se tornou um fenômeno na internet,acabou se tornando também um fenômeno eleitoral, sendo a vereadora mais votada da história de Natal, com 32.819 votos ou 8,59% do total dos votos válidos.
A votação de Amanda foi tão expressiva, que ajudou a eleger ainda os vereadores Sandro Pimentel e Marcos do PSOL, ambos do PSOL, partido coligado, e que individualmente não seriam eleitos sem os votos da professora.
Em Belém, o operário da construção civil, Cleber Rabelo do PSTU foi o terceiro mais votado na coligação com o PSOL, sendo o 26º vereador mais votado no município, com 4.691 votos. A coligação elegeu ainda a ex-senadora Marino Brito, a campeã de votos na cidade com 21.723 votos que ajudaram a eleger ainda, Meg Barros (5.168 votos), Fernando Carneiro (3.452 votos) e Dr. Chiquinho (3.273 votos), todos do PSOL.
Em São José dos Campos, interior de São Paulo o PSTU teve um candidato a vereador que foi o 5° mais votado (6.677 votos), mas não se elegeu devido ao coeficiente eleitoral. Trata-se de Toninho, advogado do Sindicato dos Metalúrgicos e de moradores do bairro Pinheirinho, local onde o governo municipal e estadual do PSDB promoveu um violente despejo no início do ano.
Pelo país, o PSOL conseguiu eleger um total de 49 vereadores, alguns campeões de voto em capitais como: Pedro Ruas (1º em Porto Alegre); Hilton Coelho (2º em Salvador); João Alfredo (3º em Fortaleza) e Heloísa Helena (1ª em Maceió). E por falar em Heloísa Helena, depois de se afastar da direção nacional do PSOL, a ex-senadora e ex-candidata à Presidência deixa claro a cada dia que deve ir para a construção de uma nova legenda eleitoral junto com Marina Silva, almejando as eleições presidências de 2014. Ausente da campanha de outros candidatos do partido, parece que o PSOL mostrou que é capaz de seguir sem ela.
No Rio de Janeiro, o PSOL elegeu o prefeito de Itaocara, com 23 mil habitantes, no noroeste do Estado do Rio de Janeiro. Gelsimar Gonzaga é ex-cortador de cana e presidente do Sindicato Municipal dos Servidores Públicos. Também no Rio, Marcelo Freixo teve 914 mil votos válidos na capital fluminense (28% do eleitorado), ficando em segundo lugar na eleição vencida por Eduardo Paes (PMDB) em primeiro turno.
O PSOL irá disputar o segundo turno em Belém e Macapá. Em Belém, o PSOL se coligou com o PCdoB ainda no primeiro turno e foi surpreendido com o crescimento de Zenaldo Coutinho (PSDB).  Em Macapá, Clésio já contava com partidos como PPS, PV, PRTB, PMN e PTC na coligação, além de diversos “apoios informais” de outros partidos da política tradicional do Amapá. É com uma enorme pressão eleitoral para ampliar o “arco de alianças” que o partido irá disputar as duas capitais amazônicas.
Ainda no campo da oposição de esquerda, o Partido Comunista Brasileiro (PCB – não confundir como o PCdoB), elegeu 05 vereadores em todo o país, 07 a menos do que em 2008. O Partido da Causa Operária (PCO) não elegeu nenhum vereador ou prefeito.
*GilsonSampaio

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