Páginas
Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
sábado, novembro 24, 2012
CHUPA BORI$ CASOY
Justiça condena Boris Casoy e TV Bandeirantes a indenizar gari ofendido em telejornal
A 8ª Câmara de Direito Privado de São Paulo condenou o jornalista Boris
Casoy e a TV Bandeirantes a pagar R$ 21 mil de indenização por danos
morais ao gari Francisco Gabriel de Lima. Na noite de réveillon de 31 de
dezembro de 2009, após Francisco Lima aparecer em uma vinheta desejando
feliz natal, uma falha técnica levou ao ar o áudio de Boris dizendo:
"Que merda: dois lixeiros desejando felicidades do alto da suas
vassouras. O mais baixo na escala do trabalho". Procurado pelo UOL,
Boris disse que desconhece o teor da decisão e que cabe ao jurídico da
Band dar uma resposta. A assessoria de imprensa da Band afirmou que a
emissora e o apresentador só poderão se manifestar sobre a decisão
depois que o processo for analisado pelo setor jurídico do canal.
O áudio foi transmitido ao vivo durante o jornal da Band e gerou grande repercussão. No dia seguinte, quando o vídeo já tinha milhares de visualizações na internet, Boris Casoy se retratou sobre o comentário que definiu como “uma frase infeliz”. ”Peço profundas desculpas aos garis e a todos os telespectadores", afirmou Boris Casoy. O caso não terminou na imprensa e foi parar na Justiça.
Francisco Lima alegou que foi humilhado pelos comentários “preconceituosos” do âncora do jornal da Band. Contou em juízo que foi abordado por dois jornalistas da Rede Bandeirantes que solicitaram que desejasse felicitações de ano novo para veiculação na TV e que não imaginava que sua participação lhe renderia “preconceito e discriminação”.
O gari ainda afirmou que não percebeu arrependimento na retratação “burocrática e pouco conveniente” de Boris Casoy e que suas desculpas não bastaram para “estancar a ferida lesada”.
Frase infeliz
Boris Casoy teve que se apresentar à Justiça e pessoalmente afirmou que jamais teve o intuito de criticar o gari pela profissão exercida. Também disse que não houve discriminação, desrespeito nem humilhação à dignidade de Francisco Lima e que, mesmo assim, pela “frase infeliz” pediu espaço à direção do telejornal para pedir desculpas.
A TV Bandeirantes também tentou convencer a Justiça de que o episódio não teria causado dano moral ou humilhação ao gari. Citou a reportagem de um jornal em que Francisco Lima teria dito que “não guarda qualquer mágoa ou revolta”, o que demonstraria uma clara renúncia a uma indenização. A emissora chegou a afirmar que o gari “utiliza-se da prestação jurisdicional para obtenção de lucro fácil”.
A TV Bandeirantes ainda entendia que não poderia ser responsabilizada pela fala de Boris Casoy, porque ele “emitiu opinião própria e desvinculada da edição do Jornal da Band”. Também alegou que é impossível obter controle sobre tudo o que o âncora do telejornal fala em programas ao vivo.
Desculpas insuficientes
Para o TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo), “ainda que sinceras”, as desculpas de Boris Casoy não são suficientes para reparar o dano causado ao gari. A decisão destacou que Francisco Lima avisou aos familiares que iria 'aparecer na televisão' e que a “lamentável ocorrência efetivamente ofendeu a dignidade do autor (gari)”.
Ainda de acordo com a decisão, a alegação de que não houve intenção de ofender o gari não absolve o jornalista e a emissora. Ressalta que Boris Casoy, “experiente na profissão que exerce há décadas, seguramente conhece os bastidores de um programa apresentado ao vivo e que, muitas vezes, o intervalo é interrompido sem maiores avisos ou o áudio 'vazado'. Houve descuido de sua parte. E, ainda que tenha dito tais falas 'em tom de brincadeira', como narrou ao Juízo a testemunha (e também jornalista) Joelmir Beting, o fato danoso ocorreu e seguramente poderia ter sido evitado”.
Por fim, o TJSP concluiu que a emissora é responsável pelo conteúdo que veicula e, por isso, deve dividir o valor da condenação com Boris Casoy. A única chance da emissora reverter a condenação é com um recurso direcionado ao Superior Tribunal de Justiça.
*
O áudio foi transmitido ao vivo durante o jornal da Band e gerou grande repercussão. No dia seguinte, quando o vídeo já tinha milhares de visualizações na internet, Boris Casoy se retratou sobre o comentário que definiu como “uma frase infeliz”. ”Peço profundas desculpas aos garis e a todos os telespectadores", afirmou Boris Casoy. O caso não terminou na imprensa e foi parar na Justiça.
Francisco Lima alegou que foi humilhado pelos comentários “preconceituosos” do âncora do jornal da Band. Contou em juízo que foi abordado por dois jornalistas da Rede Bandeirantes que solicitaram que desejasse felicitações de ano novo para veiculação na TV e que não imaginava que sua participação lhe renderia “preconceito e discriminação”.
O gari ainda afirmou que não percebeu arrependimento na retratação “burocrática e pouco conveniente” de Boris Casoy e que suas desculpas não bastaram para “estancar a ferida lesada”.
Frase infeliz
Boris Casoy teve que se apresentar à Justiça e pessoalmente afirmou que jamais teve o intuito de criticar o gari pela profissão exercida. Também disse que não houve discriminação, desrespeito nem humilhação à dignidade de Francisco Lima e que, mesmo assim, pela “frase infeliz” pediu espaço à direção do telejornal para pedir desculpas.
A TV Bandeirantes também tentou convencer a Justiça de que o episódio não teria causado dano moral ou humilhação ao gari. Citou a reportagem de um jornal em que Francisco Lima teria dito que “não guarda qualquer mágoa ou revolta”, o que demonstraria uma clara renúncia a uma indenização. A emissora chegou a afirmar que o gari “utiliza-se da prestação jurisdicional para obtenção de lucro fácil”.
A TV Bandeirantes ainda entendia que não poderia ser responsabilizada pela fala de Boris Casoy, porque ele “emitiu opinião própria e desvinculada da edição do Jornal da Band”. Também alegou que é impossível obter controle sobre tudo o que o âncora do telejornal fala em programas ao vivo.
Desculpas insuficientes
Para o TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo), “ainda que sinceras”, as desculpas de Boris Casoy não são suficientes para reparar o dano causado ao gari. A decisão destacou que Francisco Lima avisou aos familiares que iria 'aparecer na televisão' e que a “lamentável ocorrência efetivamente ofendeu a dignidade do autor (gari)”.
Ainda de acordo com a decisão, a alegação de que não houve intenção de ofender o gari não absolve o jornalista e a emissora. Ressalta que Boris Casoy, “experiente na profissão que exerce há décadas, seguramente conhece os bastidores de um programa apresentado ao vivo e que, muitas vezes, o intervalo é interrompido sem maiores avisos ou o áudio 'vazado'. Houve descuido de sua parte. E, ainda que tenha dito tais falas 'em tom de brincadeira', como narrou ao Juízo a testemunha (e também jornalista) Joelmir Beting, o fato danoso ocorreu e seguramente poderia ter sido evitado”.
Por fim, o TJSP concluiu que a emissora é responsável pelo conteúdo que veicula e, por isso, deve dividir o valor da condenação com Boris Casoy. A única chance da emissora reverter a condenação é com um recurso direcionado ao Superior Tribunal de Justiça.
*
os pesos da imanência
somos os jesuses e a academia é a cruz.
começo a fazer aquela força toda,
como se fosse mexer o globo terrestre sem a ajuda de nenhum amigo.
no 1-2-3 você ainda pensa que pode...
depois do 4-5-6 você já começa a perder a esperança.
então uma bunda passa, dura como um osso, gostosa, florida, fluida,
mas ela será dos trogloditas,
que tem braços maiores que a minha coxa.
O Obama reeleito,
o primeiro negro e
ncabeçando o STF,
os gols da rodada...
tudo acontece nas notícias da televisão enquanto você é uma formiga operária erguendo um peso de merda.
7-8-9...
a coisa começa a fritar, foder, TRUCIDAR, ESTILHAÇAR o pobre músculo,
como se enfiassem uma lâmina crua na sua carne mais crua ainda.
você sabe que as mesas de bar estão cheias de gente feliz entornando o caneco,
7-8-9...
a coisa começa a fritar, foder, TRUCIDAR, ESTILHAÇAR o pobre músculo,
como se enfiassem uma lâmina crua na sua carne mais crua ainda.
você sabe que as mesas de bar estão cheias de gente feliz entornando o caneco,
chopp, jack daniels com duas de gelo, caipirinhas à beira-mar.
nos motéis os caras estão metendo e olhando a bunda das namoradas no espelho do teto.
as famílias brincam com suas crianças no tapete da sala.
e você ali, com aquele PROGRAMA DE EXERCÍCIOS,
3 séries de 10, 12, 15 repetições
nos motéis os caras estão metendo e olhando a bunda das namoradas no espelho do teto.
as famílias brincam com suas crianças no tapete da sala.
e você ali, com aquele PROGRAMA DE EXERCÍCIOS,
3 séries de 10, 12, 15 repetições
um verdadeiro cardápio de autotortura consentida,
feito por um computador filho da puta que NÃO te conhece,
que NÃO sabe o tamanho tua preguiça,
ou do quanto você acha LENTO aquele processo,
do quanto você sabe que está sendo SABOTADO pela obrigação da "saúde" ou da "boa forma"
(boa forma de trepar com as bunda-osso)
no 10-11-12, inevitavelmente se comete uma espécie de suicídio.
é um último suspiro antes da morte,
no 10-11-12, inevitavelmente se comete uma espécie de suicídio.
é um último suspiro antes da morte,
uma dor de parto,
um esmagador de dedo de bruxas na idade média.
a hipoglicemia e a fraqueza reclamam.
a hipoglicemia e a fraqueza reclamam.
um rosto PÁLIDO no espelho que é o meu.
os livros estão todos lá, esperando por olhos.
os livros estão todos lá, esperando por olhos.
o exercício do abstrato é dolorido, mas é como uma função já exercida.
em vidas pregressas nunca fiz academia, é alguma coisa que não sei.
então eu resolvo a questão com simplicidade:
mando aquele peso todo pro INFERNO.
o natal está aí, o fim de ano.
o natal está aí, o fim de ano.
vou encher o rabo de carne de porco, lentilha,
fios de ovos, aquela cereja sem vida da decoração,
peru e e arroz à grega,
cervejas em comemoração ao papai noel.
e em janeiro, se o mundo não acabar, eu resolvo esse coma com a imanência.
*entrehermes
Liberdade de Carlinhos Cachoeira é celebrada com 2 dias de festa no condomínio de luxo Alphaville em S.P.
Na casa de Andressa, no condomínio de luxo Alphaville, celebração é intensa, com música alta e guloseimas da predileção do marido. Mais de 100 pessoas já passaram pelo local para confraternizar com o ex-detento. Em Anápolis, cidade natal do contraventor, chegou-se a cogitar a realização de uma carreata
As comemorações pela libertação de Carlinhos Cachoeira do presídio da Papuda, em Brasília, não cessam na mansão de Andressa Mendonça, situada no condomínio de luxo Alphaville, em Goiânia. Uma pequena multidão de amigos e parentes se revezam em visitas para levar as boas-vindas e uma palavra de estímulo ao contraventor. Em Anápolis, cidade da família do contraventor, chegou-se a cogitar uma grande festa, com a realização de uma carreata.
Andressa Mendonça posta foto abraçada com Cachoeira no Instagram logo após a soltura do bicheiro (Foto Divulgação)
Desde que chegou à capital goiana, nas primeiras horas de quarta-feira, o objetivo de Cachoeira era descansar por alguns dias e passar algum tempo sozinho com os três filhos (do casamento com a ex Andrea Aprígio) e atual mulher, Andressa. Mas, pelo menos uma centena de parentes e amigos mais íntimos correu ao seu encontro. Desprevinida, Andressa precisou contar com a ajuda das amigas para receber os convidados. Uma delas providenciou uma leitoa à pururuca, um dos pratos mais apreciados pelo contraventor.Embora muito magro, abatido e com muitos mais cabelos brancos após quase nove meses preso, Cachoeira esteve sempre sorridente. Sua aparência preocupou Andressa, que chamou um cabeleireiro para dar uma repaginada no visual do marido. Segundo o relato de amigos, ela quer chamar um médico para avaliar as reais condições de saúde do amado. Espera apenas terminarem os festejos.
As celebrações pela libertação de Cachoeira começaram na madrugada da própria quarta-feira (o contraventor deixou a Papuda junto com Andressa às 0h04 e foi diretamente para Goiânia). Na casa do Alphaville, um jantar cuidadoso o esperava. Pela manhã, a mulher lhe presenteou com um rico café da manhã, encomendado de um bufê famoso.
Leia também
*nina
sexta-feira, novembro 23, 2012
Indiciamento de Gurgel tem provas irrefutáveis. PSDB quer pizza.
Se não indiciasse o Procurador-Geral estaria dando um "jeitinho", aliviando, e produzindo "pizza".
No fim do texto publico a íntegra do trecho do relatório que trata do indiciamento. Não adianta Gurgel chamar de "revanchismo". A única saída para ele seria rebater objetivamente ponto por ponto as provas irrefutáveis (o que parece ser impossível, pelas próprias tentativas anteriores).
As provas são tão irrefutáveis, que o Procurador-Geral entrou com mandato de segurança no STF pedindo em caráter liminar a proibição de outros procuradores investigá-lo, através do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público). Ora, quem, inocente, se recusaria a ser investigado por seus próprios pares? Imaginem um General se recusar a responder um IPM (Inquérito Policial Militar), diante de algum episódio nebuloso. Com que moral ele poderia continuar comandando suas tropas?
Antes de irmos ao texto do relatório, cabe alguns comentários:
1. Foi o próprio Gurgel quem despertou as suspeitas sobre si mesmo, ao paralisar as investigações da Operação Vegas, em 2009, quando esta caiu em suas mãos. Poderia ter admitido erro, pelo menos. Em vez disso apresentou explicações que caíram em contradição e, infelizmente, a emenda saiu pior do que o soneto, confirmando que algo de muito errado foi feito.
2. É imperioso ao crime organizado infiltrar-se nas entranhas do Estado, arregimentando agentes estatais encarregados do efetivo combate à criminalidade. O alto poder de corrupção do crime organizado, fazendo com que pessoas do Estado participem da atividade, causa inércia, ou melhor, paralisação estatal no combate ao crime.
Quando Gurgel paralisou a investigação da Operação Vegas, independentemente de qual tenha sido a sua intenção, ficou exposta uma vulnerabilidade da Procuradoria à influência da organização criminosa. Isso é algo muito grave para ser varrido para baixo do tapete, e a instituição Ministério Público é a maior interessada em não deixar margem para qualquer tipo de dúvidas que possa macular sua imagem, independente de pessoas que estejam no cargo de chefia. É o próprio Procurador-Geral quem deveria pedir uma investigação sobre este seus atos que suscitaram dúvidas, para o próprio bem da instituição que comanda.
3. O relator provou com a análise da cronologia dos fatos, com os depoimentos dos delegados federais, com as respostas por escrito do próprio Roberto Gurgel, e com as leis e regras a que um Procurador-Geral deve obediência, que houve infração.
Está certo o relator, e está errado os parlamentares que querem blindar Gurgel, retirando seu indiciamento do relatório. Isso é fazer pizza com coisa muito séria, diantes de provas robustas e que o Procurador-Geral não conseguiu refutá-las.
A íntegra do trecho que indicia o Procurador-Geral está no link:
https://docs.google.com/open?id=0B13_ezCNW4WzV1FMdHRPV3Vtd2c
*osamigosdopresidentelula
E agora Joaquim? A encruzilhada de um juiz
Joaquim Barbosa toma posse na presidência de uma Suprema Corte manchada
pela nódoa de um julgamento político conduzido contra lideranças
importantes da esquerda brasileiras.
Monocraticamente, como avocou e demonstrou inúmeras vezes, mas sempre
com o apoio indutor da mídia conservadora, e de seu jogral togado - à
exceção corajosa do ministro Ricardo Lewandowski, Barbosa fez o trabalho
como e quando mais desfrutável ele se apresentava aos interesses
historicamente retrógrados da sociedade brasileira - os mesmos cuja
tradição egressa da casa-grande deixaram cicatriza fundas no meio de
origem do primeiro ministro negro do Supremo.
Não será a primeira vez que diferenças históricas se dissolvem no liquidificador da vida.
Eficiente no uso do relho, Barbosa posicionou o calendário dos
julgamentos para os holofotes da boca de urna no pleito municipal de
2012.
Fez pas de deux de gosto duvidoso com a protuberância ideológica
indisfarçada do procurador geral, Roberto Gurgel - aquele cuja isenção
exorou o eleitorado a punir o partido dos réus nas urnas.
Num ambiente de aplauso cego e sôfrego, valia tudo: bastava estalar o
chicote contra o PT, cutucar Lula com o cabo e humilhar a esquerda
esfregando-lhe o couro no rosto. Era correr para o abraço da mídia nos
jornais do dia seguinte, antes até, na mesma noite, no telejornal de
conhecidas tradições democráticas.
Provas foram elididas; conceitos estuprados ao abrigo tolerante dos
doutos rábulas das redações - o famoso 'domínio do fato; circunstâncias
atropeladas; personagens egressos do governo FHC, acobertados em
processos paralelos, mantidos sob sigilo inquebrantável, por
determinação monocrática de Barbosa, tudo para preservar a coerência
formal do enredo, há sete anos preconcebido.
O anabolizante midiático teve que ser usado e abusado na sustentação da
audiência de uma superprodução de final sabido, avessa à presunção da
inocência e hostil à razão argumentativa - como experimentou na pele,
inúmeras vezes, o juiz revisor.
Consumada a meta, o conservadorismo e seu monocrático camafeu de toga,
ora espetado no supremo cargo da Suprema Corte, deparam-se com a
vertiginosa perspectiva de uma encruzilhada histórica.
Ela pode esfarelar a pose justiceira dos torquemadas das redações e
macular a toga suprema com a nódoa do cinismo autodepreciativo.
Arriadas as bandeiras da festa condenatória, esgotadas as genuflexões da
posse solene desta 5ª feira, o espelho da história perguntará nesta
noite e a cada manhã ao juiz: - E agora Joaquim?
O mesmo relho, o mesmo domínio do fato, o mesmo atropelo da inocência
presumida, a mesma pressa condenatória orientarão o julgamento da Ação
Penal 536 - vulgo 'mensalão mineiro'?
Coube a Genoíno, já condenado, fixar aquela que deve ser a posição de
princípio das forças progressistas diante da encruzilhada de Barbosa:
'Não quero para os tucanos o julgamento injusto que tive', fixou sem
hesitação, no que é subscrito por Carta Maior.
Mas a Joaquim fica difícil abrigar o mesmo valor sob a mais suprema das togas. Sua disjuntiva é outra.
Se contemplar ao chamado mensalão do PSDB o tratamento sem pejo
dispensando ao PT na Ação 470, verá o relho que empunhou voltar-se
contra a própria reputação nas manchetes do dia seguinte.
Tampouco terá o eco obsequioso de seus pares na repetição da façanha - e
dificilmente a afinação digna dos castrati no endosso sibilino do
procurador -geral.
Ao revés, no entanto, se optar pela indulgência desavergonhada na
condução da Ação Penal 536, ficará nu com a sua toga suprema durante
longos dois anos, sob a derrisão da sociedade, o escárnio do judiciário,
o desprezo da história - e o olhar devastador do espelho de cada noite e
cada dia, a martelar: 'E agora, Joaquim?'
Saul LeblonNo Carta Maior
Chomsky: "Isso não é guerra, é assassinato"
Via Hora do Povo
“Israel usa jatos de ataque sofisticados e navios militares para bombardear campos de refugiados densamente lotados, escolas, blocos de apartamentos, mesquitas e cortiços para atacar uma população que não tem força aérea, sem defesa aérea, sem marinha, sem armas pesadas, sem unidades de artilharia, sem blindagem mecanizada, sem nenhum comando no controle, nenhum exército e chamam isto de guerra.
Isso não é guerra, é assassinato.”
*GilsonSampaio
Assinar:
Postagens (Atom)