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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, dezembro 15, 2012

A "GUERRA DE POSIÇÕES" DA DIREITA


As sucessivas derrotas eleitorais levaram os setores conservadores a suspender temporariamente a “guerra de movimento” – ação agressiva para impor uma derrota rápida e irreversível ao inimigo, como a campanha “Cansei”, de 2006. 

As trincheiras da Primeira Guerra: "guerra de posições"
Agora, eles adotaram, em vez disso, a tática de “guerra de posição”, para tentar impingir ao governo desgastes pontuais, mas constantes, como água mole em pedra dura. (Esses conceitos foram “importados” da doutrina militar para a sociologia por Antonio Gramsci). O colunista Luis Nassif preferiu a metáfora enxadrista para descrever a evolução da tática dos opositores. Leia abaixo:       

Para entender o xadrez da política
Por Luis Nassif, em seu blog 
Há um jogo em que o objetivo maior é capturar o rei – a Presidência da República. O ponto central da estratégia consiste em destruir a principal peça do xadrez adversário: o mito Lula.
 
Na fase inicial – quando explodiu o “mensalão” – havia um arco restrito e confuso, formado pela velha mídia e pelo PSDB e uma estratégia difusa, que consistia em “sangrar” o adversário e aguardar os resultados nas eleições presidenciais seguintes.

A tática falhou em 2006 e 2010, apesar da ficha falsa de Dilma, do consultor respeitado que havia acabado de sair da cadeia, dos 200 mil dólares em um envelope gigante entrando no Palácio do Planalto, das FARCs invadindo o Brasil  e todo aquele arsenal utilizado nas duas eleições.
A partir da saída de Lula da presidência, tentou-se uma segunda tática: a de construir um mito anti-Lula. À falta de candidatos, apostou-se em Dilma Rousseff, com seu perfil de classe média intelectualizada, preocupações de gestora, discrição etc. Imaginava-se que caísse no canto de sereia que jogaram tantas criaturas contra o criador.

Não colou. Dilma é dotada de uma lealdade pessoal acima de qualquer tentação.

O “republicanismo”

Mas as campanhas sistemáticas de denúncias acabaram sendo bem sucedidas por linhas tortas. Primeiro, ao moldar uma opinião pública midiática ferozmente anti-Lula.
Depois, por ter incutido no governo um senso de republicanismo que o fez abrir mão até de instrumentos legítimos de autodefesa. Descuidou-se na nomeação de Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), abriu-se mão da indicação do Procurador Geral da República (PGR) e descentralizaram-se as ações da Polícia Federal.
Qualquer ação contra o governo passou a ser interpretada como sinal de republicanismo; qualquer ação contra a oposição, sinal de aparelhamento do Estado.

Caindo nesse canto de sereia, o governo permitiu o desenvolvimento de três novos protagonistas no jogo de “captura o rei”.
STF
Gradativamente, formou-se uma bancada pró-crise institucional, composta por Gilmar Mendes, Joaquim Barbosa, e  Luiz Fux, à qual aderiram Celso de Mello e Marco Aurélio de Mello. Há um Ministro que milita do lado do PT, José Antonio Toffolli. E três legalistas: Lewandowski, Carmen Lucia e Rosa Weber.
O capítulo mais importante, nesse trabalho pró-crise, é o da criação de um confronto com o Congresso, que não terá resultados imediatos mas ajudará a alimentar a escandalização e o processo reiterado de deslegitimação da política.
 
Para o lugar de César Peluso, apostou-se em um ministro legalista, Teori Zavascki (foto acima). Na sabatina no Senado, Teori defendeu que a prerrogativa de cassar parlamentares era do Parlamento. Ontem, eximiu-se de votar. Não se tratava de matéria ligada ao “mensalão”, mas de um tema constitucional. Mesmo assim, não quis entrar na fogueira.
Procuradoria Geral da República (PGR)
Há claramente um movimento de alimentar a mídia com vazamentos de inquéritos. O último foi esse do Marcos Valério (foto abaixo) ao Ministério Público Federal.


Sem direito à delação premiada, não haveria nenhum interesse de vazamento da parte de Valério e seu advogado. Todos os sinais apontam para a PGR. Nem a PGR nem Ministros do STF haviam aceitado o depoimento, por não verem valor nele. No entanto, permitiu-se o vazamento para posterior escandalização pela mídia.
 
Gurgel (foto acima) é o mais político dos Procuradores Gerais da história recente do país. A maneira como conquistou o apoio de Demóstenes Torres à sua indicação, as manobras no Senado, para evitar a indicação de um crítico ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), revelam um político habilidosíssimo, conhecedor dos meandros do poder em Brasília. E que tem uma noção do exercício do poder muito mais elaborada que a do Ministro da Justiça e da própria Presidente da República. Um craque!
Polícia Federal em São Paulo

Movimento semelhante. Vazam-se os e-mails particulares da secretária Rosemary Noronha. Mas mantém-se a sete chaves o relatório da Operação Castelo de Areia.

O jogo político

De 2005 para cá, muita água rolou. Inicialmente havia uma aliança mídia-PSDB. Agora, como se observa, um arco  mais amplo, com Ministros do STF, PGR e setores da PF. E muito bem articulado agora porque, pela primeira vez, a mídia acertou na veia. 

A vantagem de quem tem muito poder, aliás, é essa: pode se dar ao luxo de errar muitas vezes, até acertar o caminho.
Daqui para frente, o jogo está dado: um processo interminável de auto-alimentação de denúncias. Vaza-se um inquérito aqui, monta-se o show midiático, que leva a desdobramentos, a novos vazamentos, em uma cadeia interminável.
Essa estratégia poderia ter uma saída constitucional: mais uma vez “sangrar” e esperar as próximas eleições.
Dificilmente será bem sucedida no campo eleitoral. Mas, com ela, tenta-se abortar dois movimentos positivos do governo para 2014:
1.  É questão de tempo para as medidas econômicas adotadas nos últimos meses surtirem efeito. Hoje em dia, há certo mal-estar localizado por parte de grupos que tiveram suas margens afetadas pelas últimas medidas. Até 2014 haverá tempo de sobra para a economia se recuperar e esse mal-estar se diluir. Jogar contra a economia é uma faca de dois gumes: pode-se atrasar a recuperação mas pratica-se a política do “quanto pior melhor” que marcou pesadamente o PT do início dos anos 90. Em 2014, com um mínimo de recuperação da economia,  o governo Dilma estará montado em uma soma de realizações: os resultados do Brasil Sorridente, resultados palpáveis do PAC, os efeitos da nova política econômica, os avanços nas formas de gestão. Terá o que mostrar para os mais pobres e para os mais ricos.
2.     No campo político, a ampliação do arco de alianças do governo Dilma.
Há pouca fé na viabilidade da candidatura Aécio, principalmente se a economia reagir aos estímulos da política econômica. Além disso, a base da pirâmide já se mostrou pouco influenciada pelas campanhas midiáticas.
À medida que essa estratégia de desgaste se mostrar pouco eficaz no campo eleitoral, se sairá desses movimentos de aquecimento para o da luta aberta.

Próximos passos

Aí se entra em um campo delicado, o do confronto.
Ao mesmo tempo em que se fragilizou no campo jurídico, o “republicanismo” de Lula e Dilma minimizaram o principal discurso legitimador de golpes: a tese do “contragolpe”. Na Argentina, massas de classe média estão mobilizadas contra Cristina Kirchner devido à imagem de “autoritária” que se pegou nela.

No Brasil, apesar de todos os esforços da mídia, a tese não pegou. Principalmente devido ao fato de que, quando o STF achou que tinha capturado o PT, já havia um novo em campo – de Dilma Rousseff, Fernando Haddad, Padilha – sem o viés aparelhista do PT original. E Dilma tem se revelado uma legalista até a raiz dos cabelos e o limite da prudência.

Aparentemente, não irá abrir mão do “republicanismo”, mas, de agora em diante, devidamente mitigado. E ela tem um conjunto de instrumentos à mão.
Por exemplo, dificilmente será indicado para a PGR alguém ligado ao grupo de Roberto Gurgel.
 
Espera-se que, nas próximas substituições do STF, busquem-se juristas com compromissos firmados e história de vida em defesa da democracia – e com notório saber, peloamordeDeus. De qualquer modo, o núcleo duro do STF ainda tem muitos anos de mandato pela frente.
Muito provavelmente, baixada a poeira, se providenciará um Ministro da Justiça mais dinâmico, com mais ascendência sobre a PF.

José Eduardo Cardozo, atual ministro da justiça

PIB
Do outro lado do tabuleiro, se aproveitará os efeitos do pibinho para iniciar o processo de desconstrução de Dilma.
Mas o próximo capítulo será o do confronto, que  ocorrerá quando toda essa teia que está sendo tecida chegar em Lula.
Esse momento exigirá bons estrategistas do lado do governo: como reagir, sem alimentar a tese do contragolpe. E exigirá também um material escasso no jogo político-midiático atual: moderadores, mediadores, na mídia, no Judiciário, no Congresso e no Executivo, que impeçam que se jogue mais gasolina na fogueira.

Lula e Hollande lançam o "anti-consenso de Washington"


Por: Luis Nassif

É um desses paradoxos da história. Enquanto é achincalhado em seu próprio país, em Paris, junto com o presidente francês François Hollande, Lula lança o que será considerado, provavelmente, o mais importante manifesto sobre a governança global desde o "Consenso de Washington", que marcou a vida das nações nas últimas décadas. É o 'anti-consenso de Washington", que deverá servir de base para a reaglutinação da social democracia em nível global.
Mesmo antes da queda do Muro de Berlim, a social democracia estava em crise profunda, desarticulada, sem princípios de ação.
Em Paris, no “Fórum pelo Progresso Social, o crescimento como saída para a crise”, o Instituto Lula e a Fundação Jean Jaurès, do Partido Socialista francês soltaram documento conjunto para a primeira convocação de fundações políticas e institutos progressistas do mundo inteiro, visando propor uma nova governança global.
Com o manifesto, Lula e François Hollande passam a encabeçar a primeira iniciativa mundial, visando criar um contraponto de governança global ao “consenso de Washington” – que forneceu as bases para o modelo neoliberal que se tornou praticamente hegemônico nas últimas décadas.
Os termos do documento provavelmente marcarão a história da globalização com o mesmo impacto provocado pelo “ Consenso de Washington” no início dos anos 90.
O documento é objetivo, ao afirmar que “a globalização divide ao invés de unir”. Diz que a crise internacional agrava a concorrência entre países e sociedades e atinge principalmente os mais vulneráveis.
A crise afeta todos os países, adia decisões contra o aquecimento global. A falta de uma ação planejada, continua, pode levar a um ponto de não-retorno.
O manifesto propõe uma nova governança global, que minimize os conflitos que permita que “cada nação realize o modelo de sociedade que escolheu”. E os poderes públicos “devem garantir que todos tenham oportunidades de desenvolver suas capacidades individuais”.
Depois, chama a atenção para as mudanças estruturais que estão ocorrendo:
“Mas um novo mundo está em gestação para responder aos desafios sociais, ambientais e políticos da globalização. A sociedade civil mundial se tornou uma realidade tangível. Políticas públicas inovadoras e outros modos de governar surgem em todos os continentes, particularmente nos países emergentes e em desenvolvimento. As instâncias multilaterais também estão se reconfigurando. A constituição do G20 reflete a mudança dos equilíbrios mundiais, mas seu impacto ainda limitado ilustra a dificuldade dos governos de chegarem a um acordo e de agir de forma concreta”.
E termina com uma conclamação histórica:
“Fazemos uma conclamação em defesa da confiança na capacidade humana de se reinventar e do poder criador de nossa sociedade-mundo, para sair definitivamente da crise e construir as bases de um futuro harmonioso que possa ser compartilhado por todos”.

DECLARAÇÃO CONJUNTA DA FUNDAÇÃO JEAN JAURÈS E DO INSTITUTO LULA

A globalização é um imenso desafio com o qual se confronta a humanidade.
Ela tem um poder formidável de mudança para todas as sociedades: a mudança econômica, com a intensificação das trocas; a mudança cultural, pois essas trocas possibilitam a circulação de ideias e a transformação das práticas culturais e de costumes; a mudança política, já que a emergência de preocupações partilhadas exige uma vontade comum de agir e de superar conjuntamente as dificuldades.
No entanto, a globalização, da forma que ocorre atualmente, está longe de satisfazer as aspirações que legitimamente suscita.
A crise econômica internacional agrava a concorrência entre os países e as sociedades. Ela atinge os mais vulneráveis, particularmente os trabalhadores e os jovens. Ela afeta a todos os países, os que estão em recessão e os que estão em crescimento. Ela conduz governos a adiar as decisões necessárias para prevenir o aquecimento global, sendo que a exaustão e a degradação dos recursos naturais corre o risco de atingir um ponto de não-retorno devido à falta de uma ação planejada de forma conjunta.
Sejamos claros: hoje, a globalização divide ao invés de unir.
Isoladas, as políticas de austeridade mostraram seus limites para encontrar a saída da crise. A retomada ainda não esta garantida, ao mesmo tempo em que os direitos econômicos e sociais estão ameaçados. É imprescindível que sejam adotadas políticas de crescimento. Somente assim a globalização poderá garantir o respeito à coesão social e ao meio ambiente.
Uma nova governança é necessária para, de um lado, regular os conflitos entre as nações e garantir a paz e, de outro, permitir que cada nação realize o modelo de sociedade que escolheu. Os poderes públicos devem garantir que todos tenham oportunidades de desenvolver suas capacidades individuais. Devem também trabalhar em prol da perenidade do meio ambiente para as gerações futuras.
Mas um novo mundo está em gestação para responder aos desafios sociais, ambientais e políticos da globalização. A sociedade civil mundial se tornou uma realidade tangível. Políticas públicas inovadoras e outros modos de governar surgem em todos os continentes, particularmente nos países emergentes e em desenvolvimento. As instâncias multilaterais também estão se reconfigurando. A constituição do G20 reflete a mudança dos equilíbrios mundiais, mas seu impacto ainda limitado ilustra a dificuldade dos governos de chegarem a um acordo e de agir de forma concreta.
As respostas às questões colocadas pela globalização não se afirmarão espontaneamente. Elas se construirão pelo diálogo, pelo debate das opiniões dos estudiosos e pela mobilização dos atores e dos povos, no sentido mais amplo.
É por isso que, a partir deste fórum que se reuniu em Paris nos dias 11 e 12 de dezembro, lançamos um chamado para as outras fundações políticas e institutos progressistas do mundo inteiro: vamos constituir a iniciativa “Fundações pelo Progresso Social”. Fiéis à nossa vocação e à nossa missão, vamos nos reunir periodicamente para debater, escutar, propor. Vamos fazer emergir convergências e consensos; vamos nos unir para ter uma influência nos destinos do mundo.
Os riscos que atualmente ameaçam a humanidade são grandes demais para nos focarmos apenas em uma gestão de curto prazo destes problemas.
Fazemos uma conclamação em defesa da confiança na capacidade humana de se reinventar e do poder criador de nossa sociedade-mundo, para sair definitivamente da crise e construir as bases de um futuro harmonioso que possa ser compartilhado por todos.

Papel do Ministério Público em escutas suspeitas precisa ser apurado

O caos, a desordem e o descontrole na segurança pública no Estado de São Paulo não param de nos espantar. Desta vez, leio na Folha de S.Paulo de hoje sobre a existência de uma central de escutas que, tudo indica, são ilegais. E o pior: tudo sob o comando da Secretaria de Administração Penitenciária e do Ministério Público.

O grupo, segundo a Folha, criado em 2006 por Antonio Ferreira Pinto, quando ele era o responsável pelos presídios paulistas. A central funcionava em Presidente Prudente, interior de São Paulo.

A reportagem diz ter conversado com delegados, promotores e juízes que afirmaram desconfiar que no local funcionava uma central de espionagem que teria grampeado pessoas sem ligação com o crime organizado, como delegados.

A presidente da Associação dos Delegados, Marilda Pinheiro, vai pedir abertura de inquérito policial sobre o caso. Segundo ela, a realização de escutas irregulares é amplamente conhecida na polícia.

É um caso gravíssimo. É preciso uma investigação independente para esclarecer inclusive o papel do Ministério Público, que não é polícia e nem juiz. Ele não deveria fazer parte em hipótese alguma de uma central de escutas.

Tudo indica que essa central agia sem controle, sem fiscalização, e somente foi descoberta porque grampeou ilegalmente telefones de delegados. Cabe até mesmo uma CPI na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Contradições

Vejam que a história é tão caótica que os envolvidos ficam se desmentindo. A Secretaria da Segurança Pública diz que a central é coordenada pelo Ministério Público. Mas a Promotoria nega qualquer ligação com o grupo. E a Polícia Militar diz que cabe à Secretaria da Segurança Pública dar explicações.

E o governador Geraldo Alckmin? Será poupado pela imprensa mais uma vez? Continuará se abstendo de governar?
http://www.zedirceu.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=17051&Itemid=2
*Ajusticeiradeesquerda

Desfazendo a farsa: Marcos Valério recebeu R$ 17 milhões de político da oposição para mentir contra Lula. Uma parte do dinheiro teria vindo da "Veja"


 

Marcos Valério: Considerado o operador do mensalão, o publicitário teria como principais parceiros o tesoureiro do PT, Delúbio Soares e o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. De acordo com a Procuradoria, criou o esquema clandestino que financiou o PT e outros partidos governistas, desviando recursos obtidos com contratos de publicidade firmados com o Banco do Brasil e a Câmara dos Deputados e usando empréstimos fraudulentos dos bancos Rural e BMG para disfarçar a origem do dinheiro. Após o escândalo, perdeu todos os contratos que tinha com o governo. A defesa diz que os empréstimos foram regulares, não houve desvios na execução dos contratos de publicidade e os serviços foram prestados adequadamente. Foto: Dida Sampaio/AE

ZÉ DE ABREU APONTA TRAMA PARA VALÉRIO FALAR

Acordo de R$ 17 milhões teria convencido o empresário a envolver o ex-presidente Lula no 'mensalão', de acordo com o ator; dinheiro teria sido reunido por grupo de empresários, políticos, além de Roberto Civita, dono da Veja; condição era que declarações saíssem primeiro na revista semanal, que em setembro deu capa com Marcos Valério; procurada, editora Abril não se pronunciou

do Brasil 247


Declarações de um advogado feitas na madrugada desta sexta-feira denunciam suposta trama que envolve um acordo de R$ 17 milhões para convencer o empresário Marcos Valério a denunciar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do 'mensalão'. A conversa, que teria acontecido num restaurante de Brasília, foi noticiada nesta manhã pelo ator e ativista político José de Abreu, via Twitter.

Ao 247, Abreu não deu mais informações sobre quem seria o advogado, mas garantiu que não se trata de Marcelo Leonardo, representante do publicitário mineiro na Ação Penal 470, da qual seu cliente foi condenado com uma pena que passa dos 40 anos. Marcelo Leonardo sequer teria concordado com o acerto. Quanto à fonte que lhe revelou o diálogo, ele se limitou a dizer: "É um político da oposição".

"Estou repassando o que me contaram, foi nessa madrugada. Uma pessoa ouviu do advogado, que começou a falar mais alto num restaurante de Brasília. Era um lugar menos nobre, não era tipo um Piantella", descreveu José de Abreu, em referência ao famoso ponto de encontro de políticos da capital federal. Segundo ele, há ainda prometido ao empresário dois apartamentos nos Estados Unidos, um em Miami e outro em Nova York, "FORA o pagamento de TODAS as multas financeiras a que MV foi condenado".

O acerto teria sido feito sob a condição de que as revelações contra Lula sairiam primeiramente na revista Veja. Em setembro, uma reportagem de capa intitulada "Os segredos de Valério" traz frases atribuídas a interlocutores próximos ao empresário apontando o ex-presidente como chefe do 'mensalão'. Segundo o advogado, o dinheiro para pagar Marcos Valério teria vindo de uma "composição financeira" envolvendo empresários, políticos e o próprio dono da semanal, Roberto Civita, quem, segundo ele, seria o responsável pela organização da 'vaquinha'.

Posteriormente à publicação da reportagem, foi levantado um debate na imprensa e nas redes sociais que questionava a veracidade das denúncias e a existência de um áudio que comprovasse a entrevista. O colunista do jornal O Globo, Ricardo Noblat, liderou a defesa à revista, garantindo que havia, sim, uma "fita" com as revelações de Valério. Procurada pelo 247 para comentar as denúncias, a assessoria de imprensa da Editora Abril não respondeu até a publicação dessa reportagem.

Futuro dos filhos

A intenção de Marcos Valério seria "deixar bem os filhos", postou o responsável pelas revelações. Ao 247, o ator acrescentou que há psiquiatras e psicólogos envolvidos e que o publicitário não passa bem. "Cada imóvel teria sido colocado em nome de cada filho de MV. A saída de casa, a "farsa da separação" segundo o advogado bêbado, fazem parte", escreveu José de Abreu, em referência ao acordo. Valério andava muito deprimido e não queria deixar a família sem garantias quando ele fosse para a prisão, conta Abreu.

Falou, tem que provar

As denúncias, porém, teriam de ser provadas. "Uma parte da grana só seria paga se MV conseguisse que abrissem processo contra Lula", escreveu José de Abreu no microblog. Depois de três meses da reportagem publicada por Veja, o jornal O Estado de S.Paulo revelou, nesta semana, parte de um depoimento do empresário à Procuradoria Geral da República feito em 2003, com mais revelações sobre o ex-presidente.


Fontehttp://www.brasil247.com/+ei3hd

E Deus uniu a Globo, os evangélicos, audiência e patrocínio




Mônica Bergamo

Deus Une
A TV Globo recebeu a visita da Confederação dos Conselhos de Pastores Evangélicos em seus estúdios recentemente. Sugeriu que os pastores organizassem um calendário nacional com os grandes eventos evangélicos para fornecer à emissora carioca.

Aleluia
Entre os eventos que teriam cobertura maior está a Marcha para Jesus, manifestação religiosa que chega a reunir mais de 300 mil pessoas em passeata em SP. Em contrapartida, os evangélicos apoiariam iniciativas da Globo como o festival de música gospel Promessas, que será exibido hoje.

*MAriadapenhaneles

República ameaçada: as técnicas do golpe




por Mauro Santayana

Só os interessados podem desdenhar a operação de desconstrução do Estado — e não só do governo — que se encontra em marcha. Os indícios são claros. O julgamento da Ação 470 saiu dos autos, conforme indica o comportamento do procurador geral da República e de alguns juízes. Na véspera das eleições municipais, ele declarou, de forma explícita, a sua esperança de que o processo influísse no resultado eleitoral. Embora falasse de modo geral, pensava em São Paulo, e com  razão. Como sempre ocorreu em situações semelhantes, São Paulo tem sido o centro de todas as conspirações conservadoras no país:  é a sede do sistema financeiro e das grandes empresas estrangeiras que operam no Brasil. E são esses interesses que estão sendo contrariados pelo atual governo, mais do que Lula os contrariou.

São Paulo tem sido o centro de todas as conspirações conservadoras
O resultado do pleito mostra que o povo não se deixou conduzir pelo julgamento, como esperava o procurador, e votou no candidato à prefeitura de São Paulo indicado por Lula. Os grandes bancos não deglutiram a queda substantiva dos juros, imposta pelo governo, mediante a mobilização do setor financeiro estatal. A perda de lucros lhes está entalada na garganta. E no Brasil, como se sabe, os bancos são também controladores de grandes empresas, industriais, comerciais e de serviços.

Quando se toca nos bancos — e isso vem desde os tempos do Império — a reação pode ser esperada. Todas as vezes que isso ocorreu, fosse aumentando o recolhimento compulsório de depósitos à vista; fosse pretendendo reforma bancária, que separasse os bancos de depósitos dos bancos de investimento; fosse buscando  a limitação das remessas de lucros, para que parte deles se reinvestisse no país, o golpe se armou.

Isso não significa que os responsáveis pelos crimes de peculato,  de lavagem de dinheiro, de corrupção e extorsão, se tais delitos houve, estejam imunes à punição prevista no Código Penal. Só os néscios por opção, no entanto, não perceberam a sanha persecutória de alguns magistrados, que, em seus votos, deixaram o exercício da razão e, ao deixá-la, comprometeram até mesmo as decisões tomadas.

A menos que tudo não fizesse parte de um roteiro anterior, é difícil aceitar que o publicitário Marcos Valério recebesse uma sentença que nem os mais sanguinários assassinos em série costumam sofrer. Acossado e ameaçado de sofrer, na prisão, e de forma exacerbada, o que já experimentou no período de prisão provisória, ele procura, neste momento, envolver todos os que puder envolver, em uma trama que recria, para sua salvação. O enredo fantástico que imagina é o fio de Ariadne de que se vale para sair do lôbrego labirinto em que se encontra.

Todas as peças se encaixam para indicar uma conspiração contra o Estado Democrático. Como sempre, há o fomento de  crise entre dois dos Três Poderes Republicanos. Desta vez é entre o STF e o Congresso.

O Supremo, por 4 votos contra 4, por enquanto, se arroga o direito de cassar mandatos parlamentares, o que tem sido prerrogativa constitucional das duas casas do Congresso. Falta 1 voto para que se obtenha a maioria, para um caso ou outro.   Por isso mesmo, cabe ao presidente do STF convocar o novo ministro Teori Zavacki. Se ele se acha impedido de votar na Ação 470, de que não participou, nada o tolhe de votar nesse caso. Outros fossem os tempos, e a ação não se interromperia por causa da gripe de um ministro, sobretudo porque tem substituto natural  no mais recente integrante da Corte. E se Celso Mello se recupera rapidamente, melhor: serão dez juízes a decidir, em lugar de apenas nove.

Dilma, em Paris, reagiu, como tantas outras pessoas, contra as novas acusações de Marcos Valério. Enfim, é bom que o governo reaja, não em seu favor — dentro de menos de dois anos haverá eleições gerais — mas em defesa da República ameaçada.

Como disse Cúrzio Malaparte, em Técnica del colpo di Stato, há 81 anos, “da mesma forma que todos os meios são usados para suprimir a liberdade, também todos os meios são válidos para defendê-la”. E a liberdade que devemos defender é a de escolher os deputados, senadores, governadores de estado, além do presidente e do vice-presidente da República, em outubro de 2014. Se a oposição fosse inteligente, defenderia o Estado de Direito. Se está convencida de seus méritos, que espere o pronunciamento das urnas. Democracia é isso: não são os jornalistas nem os juizes que escolhem os governantes. É o povo, na base de um voto de cada eleitor. 

*Tecedora

Ministério Público investiga prefeitura de SP por incêndio em favela

Incêndio em favelas de São PauloApós a denúncia dos movimentos de moradia que associam as dezenas de incêndios em favelas paulistanas à pressão exercida pela especulação imobiliária (ver A Verdade, nº 144), o Ministério Público do Estado de São Paulo abriu uma investigação contra a Prefeitura da Capital, dirigida pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM). Entre os casos investigados está o do incêndio na favela do Piolho, ocorrido no dia 3 de setembro, que deixou 1.140 pessoas sem casa.
Em especial, o Ministério Público investiga a situação de comunidades do entorno da Av. Chucri Zaidan, situadas próximas a um polo comercial de alto padrão no Campo Belo, na Zona Sul. Nesta região, estão em construção 14 empreendimentos imobiliários tocados por consórcios de grandes empreiteiras.
Existe na região um programa da Prefeitura que tem o objetivo de “revitalizar” a área (provavelmente o prefeito queria usar a palavra higienizar). Ao programa, chamado Operação Urbana Consorciada (OUC) Águas Espraiadas, foram destinados R$ 3,2 bilhões, sendo R$ 2,9 bilhões oriundos de um leilão do direito de construir acima do estabelecido em lei. Através da bolsa de valores, a Prefeitura leiloou certificados que garantem às empreiteiras o direito de construir empreendimentos com mais andares e unidades do que o plano diretor da cidade permite para a região.
Com esses certificados na mão, as empreiteiras passam a fazer lobby para que os pobres sejam retirados da região, rápido e de qualquer jeito.
Do dinheiro até agora utilizado pela Prefeitura na OUC, R$ 106 milhões foram para realizar desapropriações e só R$ 77 milhões (2,2% do total) para construir habitações de interesse social. Pior. Muitas dessas famílias estão sendo enviadas para bairros distantes, como o Jabaquara e Americanópolis, contrariamente ao que está definido na lei que aprovou a operação urbana, ou seja, as famílias tinham que ser assentadas em moradias na região.
Enquanto isso, a Prefeitura quer fazer crer que os mais de 32 incêndios ocorridos em favelas paulistanas são frutos de acidentes particulares ou de “gatos” de energia. “Acompanhei esses casos e acho muito estranho, pois normalmente as favelas bem localizadas se incendeiam mais frequentemente do que as mal localizadas. Além disso, esses incêndios mostram despreparo total da Prefeitura em atender essas pessoas”, afirmou a arquiteta Lucila Lacreta, do Movimento Defenda São Paulo.
O fato é que a busca por lucros da parte das grandes empreiteiras não conhece limites. Pouco importa se as pessoas serão desalojadas, deslocadas para longe do lugar onde trabalham e seus filhos estudam ou mesmo se a casa dessas pessoas será incendiada.
Sandino Patriota, São Paulo

Coreia do Norte celebra sucesso de lançamento de foguete


Por Redação, com Reuters - de Seul


Norte-coreanos aplaudem diante de retratos do fundador do país, Kim Il-sung, e do líder Kim Jong-il, que faleceu, durante comício para comemorar lançamento de foguete
A poucos dias de comemorar um ano no poder, Kim Jong-un pode se orgulhar de ter realizado o antigo sonho norte-coreano de se tornar uma “potência espacial”.
Em um grande desfile nesta sexta-feira em Pyongang, milhares de soldados fardados, além de muitos civis, celebraram a “vitória” obtida por Kim ao lançar nesta semana um foguete para colocar um satélite em órbita.
- Sob a grande liderança de Kim Jong-un, estamos realizando uma sagrada tarefa rumo à nossa última vitória no sentido de construir uma nação forte e próspera – disse Kim Ki-nam, membro do Politburo do Partido dos Trabalhadores da Coreia (comunista), diante da multidão que aplaudia e gritava, a despeito da temperatura gélida.
Dividem os louros com o líder de 29 anos três civis que ganharam força dentro do regime no último ano e que ajudaram Kim a controlar as poderosas Forças Armadas do país, movimento que pode deixar a reclusaCoreia do Norte mais próximo de tentar retomar um diálogo direto com os EUA.
O lançamento de quarta-feira, com o qual a Coreia do Norte pela primeira vez colocou um satélite em órbita, pode ter contribuído para consolidar as posições de Jang Song-thaek, tio de Kim; Choe Ryong-hae, principal estrategista das Forças Armadas; e Ju Kyu-chang, de 84 anos, chefe do programa nuclear e de mísseis do país.
- O lançamento do foguete reforça politicamente para a posição de Jang Song-thaek e Choe Ryong-hae, que têm estado ao redor de Kim Jong-un – disse Baek Seung-joo, do Instituto de Análises de Defesa da Coreia, ligado ao governo sul-coreano.
Potências internacionais dizem que o lançamento norte-coreano violou resoluções da ONU que proíbem o desenvolvimento de tecnologias relacionadas a armas nucleares e mísseis balísticos. Muitos analistas suspeitam que o foguete sirva de teste para um futuro míssil de longo alcance que seja capaz de levar uma ogiva nuclear ao território continental dos EUA.
Embora os EUA tenham condenado o lançamento e defendido o endurecimento das sanções à Coreia do Norte, ainda em fevereiro o governo norte-americano propunha oferecer ajuda alimentar a Pyongyang. Na época, fazia pouco mais de um ano que a Coreia do Norte havia bombardeado uma ilha sul-coreana, matando civis, e afundado um navio militar sul-coreano.
A ascensão de Jang e Chae especialmente, outrora ridicularizados como “falsos” militares por veteranos do Exército, junto com o idoso burocrata-chefe do programa de mísseis, pode também indicar que o renegado regime está tentando se fortalecer para negociações nas quais consiga ajuda e concessões. 
*Averdade

Taxar os Ricos (um conto de fadas animado)