Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, dezembro 15, 2012

Papel do Ministério Público em escutas suspeitas precisa ser apurado

O caos, a desordem e o descontrole na segurança pública no Estado de São Paulo não param de nos espantar. Desta vez, leio na Folha de S.Paulo de hoje sobre a existência de uma central de escutas que, tudo indica, são ilegais. E o pior: tudo sob o comando da Secretaria de Administração Penitenciária e do Ministério Público.

O grupo, segundo a Folha, criado em 2006 por Antonio Ferreira Pinto, quando ele era o responsável pelos presídios paulistas. A central funcionava em Presidente Prudente, interior de São Paulo.

A reportagem diz ter conversado com delegados, promotores e juízes que afirmaram desconfiar que no local funcionava uma central de espionagem que teria grampeado pessoas sem ligação com o crime organizado, como delegados.

A presidente da Associação dos Delegados, Marilda Pinheiro, vai pedir abertura de inquérito policial sobre o caso. Segundo ela, a realização de escutas irregulares é amplamente conhecida na polícia.

É um caso gravíssimo. É preciso uma investigação independente para esclarecer inclusive o papel do Ministério Público, que não é polícia e nem juiz. Ele não deveria fazer parte em hipótese alguma de uma central de escutas.

Tudo indica que essa central agia sem controle, sem fiscalização, e somente foi descoberta porque grampeou ilegalmente telefones de delegados. Cabe até mesmo uma CPI na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Contradições

Vejam que a história é tão caótica que os envolvidos ficam se desmentindo. A Secretaria da Segurança Pública diz que a central é coordenada pelo Ministério Público. Mas a Promotoria nega qualquer ligação com o grupo. E a Polícia Militar diz que cabe à Secretaria da Segurança Pública dar explicações.

E o governador Geraldo Alckmin? Será poupado pela imprensa mais uma vez? Continuará se abstendo de governar?
http://www.zedirceu.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=17051&Itemid=2
*Ajusticeiradeesquerda

Nenhum comentário:

Postar um comentário