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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, dezembro 28, 2012

A origem do Vale Cultura



Por Maristela
Apenas um esclarecimento: o vale-cultura é um projeto do ministro Gilberto Gil, tal como os Pontos de Cultura. Foi gestado e transformado em Projeto de Lei durante a gestão Juca Ferreira.
O Projeto de Lei 5.798 foi apresentado ao Congresso em 2009. Foram necessários três anos para que o PL fosse apreciado pelas comissões, votado e aprovado - tramitação essa que se encerrou com sua votação no Senado, em 5 de dezembro último.
Creio que falar em cultura inclui produção e fruição. Inclui também todas as dimensões do conceito, seja a antropológica, a sociológica ou a econômica (e, mais recentemente, a tecnológica). Pretender excluir qualquer dessas dimensões é empobrecer o conceito e, principalmente, as práticas culturais, das mais tradicionais às mais vanguardistas, passando pelas explicitamente de mercado.
O problema está em combiná-las de modo equilibradamente contraditório - para que se complementem e disputem terreno nos corações e mentes das pessoas, nas diversas situações e localizações sociais e geográficas. Não é simples nem trivial, diante da disputa travada em torno do parcos recursos orçamentários e de origem fiscal pelos mais diversos setores artísticos e pelas diversificadas áreas de produção cultural.
*Nassif

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