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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, dezembro 20, 2012

IPEA: NORDESTE É REGIÃO MAIS FELIZ DO BRASIL


A situação de um país, em geral, se mede pelo Produto Interno Bruto (PIB) – que é a soma de todas as riquezas produzidas - e pela renda, mas também pode ser medida por outro quesito: a felicidade, segundo o estudo 2012: Desenvolvimento Inclusivo Sustentável?, divulgado hoje (18) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Em outubro, o Ipea pediu a vários brasileiros que dessem, em uma escala de 0 a 10, uma nota sobre a satisfação pessoal. A média nacional foi 7,1, que coloca o Brasil na 16ª posição entre 147 países avaliados em uma pesquisa mundial do Gallup World Poll. Em 2010, a nota da felicidade no Brasil era 6,8, conforme a mesma pesquisa. Com uma média de 7,38, a Região Nordeste é a mais feliz do país, seguida pelo Centro-Oeste (7,37), pelo Sul (7,2) e pelo Norte (7,13). Em última posição, ficou o Sudeste, com 6,68.

Para o presidente do Ipea, Marcelo Neri, embora os indicadores mostrem crescimento econômico pouco expressivo este ano, a satisfação do brasileiro não tem sido afetada drasticamente. "Temos mais felicidade que dinheiro no bolso", disse. "O brasileiro é consumista, mas não é isso que o define. Os dados mostram que a felicidade aumentou ao longo do tempo e que a variação de renda não implica em grandes variações de satisfação," destacando que nenhum outro país é tão "insensível" à variação de renda, em comparação a outras nações. O Ipea aplicou o questionário em 3.800 domicílios.

No entanto, o estudo mostra que a satisfação aumenta conforme a renda sobe. Os brasileiros que não têm renda a nota média (atribuída) foi 3,73. Já aqueles que vivem com até um salário mínimo, a nota foi 6,53. Quem tem renda superior a R$ 5.451, a nota foi 8,36.

Em relação à escolaridade, pessoas sem instrução deram uma nota média de 6,4. Aqueles com o ensino fundamental completo, a nota foi 6,95, e com o ensino médio completo, 7,17. Com ensino superior completo, a média foi 7,85.

A pouca diferença entre as avaliações, segundo Neri, é por causa do aquecimento do mercado de trabalho e acesso ao ensino. "A educação no Brasil vem crescendo e saindo de níveis muito baixos. A oferta de trabalho aumentou e o preço dela diminuiu".

O Ipea aponta que a Pesquisa Mensal de Emprego (PME),do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou crescimento de 4,89% da renda per capita média da população no último ano. A diferença da renda domiciliar per capita caiu 40,5% este ano. Esses dados, segundo o instituto, embasam as explicações sobre a satisfação do brasileiro.

O estudo segue as recomendações do Relatório Stiglitz-Sen, criado em 2008 a pedido do então presidente da França Nicolas Sarkozy, para a elaboração de um método alternativo de mensurar o crescimento de um país. Segundo o relatório, a riqueza deve ser medida pela renda e consumo das famílias, pela distribuição, estoque de riqueza e por medidas de bem-estar. (Mariana Tokarnia - Agência Brasil).

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O Nordeste brasileiro é onde se concentram as carências regionais. Quanto se parte para a combate à miséria, para a busca de trabalho e renda, para a implementação de programas sociais, as diferenças são mais percebidas. A expansão de investimentos públicos e privados produzirá benefícios bem maiores. A transposição das águas do São Francisco, a Transnordestina e outros empreendimentos alavancarão as condições da região. Mas a seca inclemente segue maltratando...

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