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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, dezembro 31, 2012

Senado dos EUA faz última tentativa de acordo sobre abismo fiscal

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e os líderes do Congresso norte-americano concordaram na sexta-feira em fazer um último esforço até domingo para impedir que o país entre no "abismo fiscal", desencadeando uma intensa negociação sobre as taxas de juros pagas pelos contribuintes enquanto o prazo final, estabelecido para a véspera do Ano Novo, se aproxima.
Com apenas alguns dias a mais para evitar uma grande alta nos impostos e cortes orçamentários que podem causar uma recessão, dois veteranos do Senado tentarão chegar a um acordo que frustrou a Casa Branca e o Congresso por meses.
Obama afirmou que estava "modestamente otimista" sobre a possibilidade de acordo. Mas nenhum dos lados parece ter cedido muito em um encontro de líderes do Congresso, na Casa Branca, na sexta-feira.
O que eles acertaram é que Harry Reid, líder da maioria democrata no Senado, e Mitch McConnell, líder da minoria republicana, tentarão alcançar um acordo orçamentário até este domingo.
"A hora para uma ação imediata é aqui. É agora. Estamos agora no momento em que só temos quatro dias, os impostos de cada norte-americano devem subir por lei. O salário de cada norte-americano deve ficar consideravelmente menor. E essa seria a coisa errada a se fazer", disse Obama a repórteres.
Um total de 600 bilhões de dólares em aumento de impostos e cortes orçamentários automáticos para o governo entrarão em vigor na terça-feira, o dia de Ano Novo, se os políticos não chegarem a um acordo. Economistas temem que as medidas possam colocar a economia do país em recessão.
O pessimismo sobre o abismo fiscal ajudou a derrubar as bolsas de valores na sexta-feira, pelo quinto dia. A queda no índice Dow Jones Industrial foi de 158,20 pontos, ou 1,21 por cento. Os lojistas estão culpando os temores sobre o "abismo fiscal" pelas vendas abaixo do esperado no período do Natal.
Sob o plano desenhado na sexta-feira, qualquer acordo entre McConnell e Reid será apoiado pelo Senado e depois aprovado pela Câmara dos Representantes, controlada pelos republicanos, antes do final do ano.
Mas a Casa Branca também pode ser o cemitério de qualquer acordo.
Um núcleo de conservadores fiscais é fortemente contrário aos esforços de Obama de aumentar os impostos para os mais ricos como parte de um plano para acabar com o déficit orçamentário dos Estados Unidos. Republicanos também querem ver Obama comprometido com grandes cortes orçamentários.
As negociações entre Obama e o presidente republicano da Câmara, John Boehner, terminaram em fracasso na semana passada, quando dezenas de republicanos desafiaram o líder do partido e rejeitaram um plano para aumento de impostos para aqueles que ganham 1 milhão de dólares ou mais.
Um assessor democrata afirmou que Bohener se atrelou basicamente aos "pontos de negociação" durante encontro na Casa Branca na sexta-feira, com a mensagem de que a Câmara já agiu sobre o orçamento, e que era hora de o Senado se mexer.
Dois líderes do Senado e seus assessores mergulharão neste sábado em negociações que se concentrarão principalmente no limite para o aumento de impostos para as famílias que ganham mais, disse um assessor democrata. Especialistas avaliam que ambos os lados podem decidir elevar as taxas para famílias que ganham mais de 400 mil ou 500 mil dólares por ano.
A dupla também conversará sobre se os impostos estaduais devem ser mantidos nos níveis baixos de atualmente ou subir.
Se as diferenças não conseguirem ser superadas entre os líderes do Senado, Obama afirmou querer que ambas as esferas do Congresso aprovem um plano de emergência que aumentará os impostos para as famílias que recebem mais de 250 mil dólares por ano.

 Reuters
(Reportagem de Rampton e Richard Cowan) 
*MilitânciaViva

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