Nassif: o conteúdo do Marco Antônio Villa é o mesmo da Danuza Leão. Marco Antônio Villa, o "inacreditável"
A PIADA DA DÉCADA:
VILLA (BOSTA) VÊ DÉCADA PERDIDA NO BRASIL
É para rir ou para chorar? O historiador Marco Antonio Villa (Bosta) diz
que os últimos dez anos no Brasil, período em que o desemprego caiu
pela metade, foram uma "década perdida". Vai ver foi perdida para ele...
Villa, a melhor tradução da velha mídia
por Luis Nassif
A guinada da mídia rumo à ultra-direita foi curiosa. Havia um mercado a
ser ocupado - todos de uma vez, maciçamente ocupando o mesmo mercado dos
5%. Abriu mão dos direitistas históricos, substituindo por
neoconvertidos afoitos, loucos para oferecer o solicitado em troca de um
espaço público, simplificando a discussão até o limite da mediocridade.
Ou então de jornalistas com história de vida que acabaram por se curvar
às imposições dos novos tempos.
Essa falta de critério, o pensamento único primário gerou a demanda que
foi ocupada por intelectuais histriônicos (alguns talentosos), por
críticos e poetas sem conteúdo... e pelo Marco Antônio Villa, o
inacreditável Villa.
Existe um pensamento conservador sólido na academia. Por exemplo, acho
que o partidarismo de Bolívar Lamounier o impediu de dar um upgrade nos
seus conceitos de opinião pública. Mas estamos falando de um baita
intelectual, militante porém com conteúdo. A ira destrambelhada de Boris
Fausto, quando ouve alguém criticar FHC, não tira dele o mérito de ser
dos grandes historiadores e intelectuais brasileiros. Gianotti pode ser
agressivo na discussão, mas tem consistência. Discordo de muitos
princípios do Eduardo Gianetti, mas como não reconhecer a elegância de
seus enunciados e de sua presença pública? Há um conjunto de
conservadores revelados nos últimos anos, como os da página 2 do
Estadão, com ideias para serem debatidas ou combatidas. Mas, importante,
tendo ideias.
Agora, o Villa! Qual a diferença de conteúdo dele (que se diz
intelectual) e de um Nelson Motta, por exemplo? O que seu conteúdo
difere de Danuza Leão? Ou de um Gullar? Ele é um Motta sem música, uma
Danuza sem história e um Gullar sem poesia. Ou seja: não é nada.
Leiam seu artigo abaixo. O bordão é de História da Carochinha: como nós,
por sermos bons, cordatos e de boa fé, permitimos que o mal avançasse!
Quatro anos de CPIs, campanha diária da mídia para tentar desestabilizar
o governo (aliás, repetindo em grau agudo o golpismo dos anos 90), não
foi nada.
No entanto, tem o grande mérito de comprovar, de forma cabal, a
estratégia midiática de abolir qualquer forma de inteligência,
sofisticação analítica, criatividade.
Villa é a cara da velha mídia.
*****
Sobre Marco Antônio Villa veja também:
O mico de um dos ideólogos da direita brasileira, o historiador Marco Antonio Villa: Lula será derrotado, Haddad não será eleito, o PT terá a sua pior votação da história nas eleições municipais de 2012
http://opensadordaaldeia.blogspot.com.br/2012/11/o-mico-de-um-dos-ideologos-da.html
Até Bresser-Pereira admite hipocrisia e politicagem na sentença do STF sobre o "mensalão": não houve provas suficientes para a condenação de Dirceu, Genoíno e João Paulo
O mensalão, as elites e o povo
por Luiz Carlos Bresser-Pereira*
O fato político de 2012 foi o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal
do processo do mensalão e a condenação a longos anos de prisão de três
líderes do Partido dos Trabalhadores com um currículo respeitável de
contribuições ao país.
O que significou, afinal, esse julgamento? O início de uma nova era na
luta contra a corrupção no Brasil, como afirmaram com tanta ênfase
elites conservadoras, ou, antes, um momento em que essas elites lograram
afinal impor uma derrota a um partido político que vem governando o
país há dez anos com êxito?
Havia um fato inegável a alimentar o processo e suas consequências
políticas. O malfeito, a compra de deputados e o uso indevido do
dinheiro público existiram. Mas também é inegável que, em relação aos
três principais líderes políticos condenados, não havia provas
suficientes --provas que o direito penal brasileiro sempre exigiu para
condenar. O STF foi obrigado a se valer de um princípio jurídico novo, o
domínio do fato, para chegar às suas conclusões.
Se, de fato, o julgamento do mensalão representou grande avanço na luta
pela moralidade pública, como se afirma, isso significará que a Justiça
brasileira passará agora a condenar dirigentes políticos e empresariais
cujos subordinados ou gerentes tenham se envolvido em corrupção.
Acontecerá isso? Não creio.
Como explicar que esse julgamento tenha se constituído em um
acontecimento midiático que o privou da serenidade pública necessária à
justiça? Por que transformou seu relator em um possível candidato à
Presidência (aquele, na oposição, com maior intenções de votos segundo o
Datafolha)? E por que, não obstante sua repercussão pública, o
Datafolha verificou que, se a eleição presidencial fosse hoje, tanto
Dilma Rousseff quanto o ex-presidente Lula se elegeriam no primeiro
turno?
Para responder a essas perguntas é preciso considerar que elites e povo
têm visão diferente sobre a moralidade pública no capitalismo.
Enquanto classes dominantes adotam uma permanente retórica moralizante,
pobres ou menos educados são mais realistas. Sabem que as sociedades
modernas são dominadas pela mercadoria e pelo dinheiro.
Ou, em outras palavras, que o capitalismo é intrinsecamente uma forma de
organização econômica onde a corrupção está em toda parte. O Datafolha
nos ajuda novamente: para 76% dos brasileiros existe corrupção nas obras
da Copa.
Hoje, depois do fracasso da aventura neoliberal no mundo, as elites,
inclusive a classe média tradicional, estão desprovidas de qualquer
projeto político digno desse nome e se prendem ao velho moralismo
liberal.
Já os pobres, pragmáticos, votam em quem acreditam que defende seus
interesses. Não acreditam que elites e o país se moralizarão, mas,
valendo-se da democracia pela qual tanto lutaram, votam nos candidatos
que lhes inspiram mais confiança.
Não concluo que a luta contra a corrupção seja inglória. Ela é
necessária, e sabemos que quanto mais desenvolvido, igualitário e
democrático for um país, mais altos serão seus padrões morais. Terem
havido condenações no julgamento do mensalão representou avanço nessa
direção, mas ele ficou prejudicado porque faltou serenidade para
identificar crimes e estabelecer penas.
*Luiz Carlos Bresser-Pereira é professor emérito da Fundação Getúlio
Vargas, onde ensina economia, teoria política e teoria social. É
presidente do Centro de Economia Política e editor da "Revista de
Economia Política" desde 2001. Foi ministro da Fazenda, da Administração
e Reforma do Estado, e da Ciência e Tecnologia. Escreve a cada duas
semanas, aos domingos, na versão impressa de "Mundo".
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizcarlosbresserpereira/1208365-o-mensalao-as-elites-e-o-povo.shtml
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