O STF. Por que não?
Via CartaMaior
Desde
o golpe que levou Bush Filho ao poder contra Al Gore, há uma tendência
de forças de direita se aglutinarem em torno do Judiciário para, sempre
que possível, derrogar ou ameaçar a soberania do voto popular. Foi assim
em Honduras. Por que não no Brasil? Na falta de outros argumentos, ou
votos, a direita brasileira encastelou-se no Supremo.
Flávio Aguiar
Leio,
compartilhando, a indignação dos companheiros com a decisão do STF
invadindo prerrogativas do Congresso Nacional e cassando os mandatos dos
deputados considerados culpados no processo 470. Mais um desmando,
eivado de contradições, sobretudo a do voto decisivo do ministro Celso
de Mello: cassou aqui e agora onde não cassara lá e antes.
A
argumentação de que no meio do caminho foi votada a Lei da Ficha Limpa e
outras leis não cola. O assunto é matéria constitucional, no fim de
contas.
Porém no fim de contas, esse acontecido, bem como o comportamento no Supremo e da mídia em torno não surpreende muito.
Afinal, segue tendência internacional.
Desde o golpe que levou
Bush Filho ao poder contra Al Gore, há uma tendência de forças de
direita se aglutinarem em torno do Judiciário para, sempre que possível,
derrogar ou ameaçar a soberania do voto popular. Foi assim em Honduras.
Por que não no Brasil?
Na falta de outros
argumentos, caminhos ou votos, a direita brasileira encastelou-se no
Supremo. A batalha judicial também é o último esteio da direita
argentina, no que diz respeito à lei contrária à indevida concentração
da mídia.
O difícil de assimilar é que neste
caminho envereda-se por confrontos institucionais inusitados, como este
agora provocado com o Congresso que, no momento (quarta-feira 18) quer
votar mais de 3000 vetos em bloco para votar um único, o dos royalties
do petróleo. Sim, houve a liminar acolhida pelo ministro Fux no meio do
caminho, mas a pedra já estava bloqueando o bom entendimento e abrindo
espaço para a bílis mal-humorada.
Há uma coisa
que chama a atenção nisso tudo. É o despropositado poder da vaidade
humana. Pode-se ler isto tanto na arrogância dos comentários que pedem o
linchamento dos réus, quanto no comportamento desavisado de juízes que
ameaçam a validade de nossa Constituição tão dificilmente conquistada.
Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior em Berlim.
*GilsonSampaio
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