Um Rio Chamado Atlântico - A África no Brasil e o Brasil na África
Férias é tempo de descanso e de desligar a mente, mas também é uma ótima oportunidade para se colocar a leitura em dia.
Uma dica interessante para se aproveitar o tempo livre é o livro Um Rio Chamado Atlântico - A África no Brasil e o Brasil na África
(Editora UFRJ), do diplomata, historiador e imortal Alberto da Costa e
Silva, que mostra que a proximidade cultural existente entre Brasil e
África é muito maior e profunda do que imaginamos.
Agora que tanto se fala em resgate histórico e valorização da cultura
negra, tomar conhecimento que a relação entre os dois lados do Atlântico
funcionava como uma espécie de via de mão dupla é uma questão de
obrigação para nós, brasileiros, que continuamos a acreditar que somente
nós recebemos influências do que vinha das margens orientais do segundo
maior oceano do mundo.
Sinopse:
O livro reúne 20 ensaios sobre as relações históricas entre o Brasil e a
África Atlântica. O autor desmitifica e ao mesmo tempo aprofunda a
questão da vinda dos negros para o Brasil, mostrando, tanto no plano
político quanto no cultural, as relações entre os dois países desde o
século XVI até o século XIX. Mostra como o Brasil e África eram um mundo
só. O que se passava de um lado influenciava o outro.
Na margem de lá - aspectos da arquitetura brasileira na África, história
dos 19 escravos brasileiros que retornaram para África e formaram
comunidades próprias. Influência do Brasil na África.
Na margem de cá - como era ser africano no Brasil. Tanto os escravos,
como os negros que viveram aqui, livres. Haviam notáveis africanos que
vinham para cá estudar no Brasil, não eram discriminados pois tinham
dinheiro e andavam calçados. Eles próprios vinham para cá com cinco ou
seis escravos, que iam vendendo a medida que precisavam de dinheiro.
Muitos chefes africanos viviam no Brasil como exilados políticos.
O livro traz outra grande curiosidade, que é a importância e a presença
expressiva de escravos muçulmanos no Brasil. Havia uma livreiro francês
que lhes vendia o Alcorão e pequenas escolas corânicas no Brasil
frequentadas por esses escravos. Esses muçulmanos se concentraram
sobretudo na Bahia e no RJ.
Havia também intercâmbio de famílias que comercializavam de um lado para o outro.
É impossível entender a escravidão sem o conhecimento da história da
África. Os africanos foram trazidos em decorrência de processos
políticos. E muitos desses estudos do livro foram trabalhos apresentados
pelo autor em colóquios de história da África nos EUA, Europa, alguns
publicados em inglês. Nada é inédito, mas tudo é provocador diz o
embaixador.
*Comtextolivre
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