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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, dezembro 29, 2012

NO ANIVERSÁRIO DE MAO-TSÉ-TUNG, CHINA INAUGURA A MAIOR LINHA DE TREM DE ALTA VELOCIDADE DO MUNDO.


A China acaba de inaugurar, na última terça-feira, 26 de dezembro, dia do aniversário de Mao-Tsé-Tung, a maior linha de trem de alta velocidade do mundo, com 2.298 quilômetros, ligando, com 35 paradas, as cidades de Pequim e Guangzhou.
  
Com a inauguração da linha, que fará o trajeto completo em 8 horas, os chineses,que já tinham a única linha de levitação magnética do mundo, em Xanghai, se consolidam como líderes mundiais no setor, com uma rede de quase dez mil quilômetros de trens de alta velocidade, a maior do planeta.
  
Já que não dá para fazer com que o governo desista do trem bala no Brasil, gastando, para isso, 40 bilhões de reais, o melhor seria entregar o negócio aos chineses. Pelo menos, a China, com quase 4 trilhões de dólares no banco, e disposta a receber, depois, em petróleo, não precisaria, como é o caso de outros concorrentes, de dinheiro a juro subsidiado do BNDES.

Com isso, o governo federal poderia pegar os mesmos 40 bilhões de reais que quer gastar com o trem-bala, e fazer, teoricamente, 40 mil quilômetros de linhas de trem de velocidade média (ou mais que a metade disso, contando com obras de engenharia e indenizações) para o transporte de carga e passageiros, gerando milhares de empregos, e reerguendo, definitivamente, a cadeia produtiva da indústria ferroviária no Brasil.

A desculpa de que os chineses tiveram um acidente com 40 vítimas não serve para direcionar o negócio para empresas, digamos “ocidentais”. Um único acidente, em quase dez mil quilômetros de linhas, que servem uma área habitada por mais de 200 milhões de passageiros, é estatisticamente irrelevante, no  contexto de um negócio dessa dimensão.



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