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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quinta-feira, março 07, 2013
Da folha corrida do Vaticano
O banqueiro de Deus
"Sabemos
que a Máfia é cliente do banco do Vaticano... eu soube e preciso de
confirmação sobre a morte do banqueiro do Vaticano, me disseram que ele
se enforcou num poste de luz onde não se encontrou escada para chegar
naquela altura... me contaram que o mordomo que vazou uma porção de
documentos que formaram o corpo de um livro...não vi o suicida
pendurado, não li o livro.. não tenho provas do que escrevo..."
Ninguém tem provas. Há muitos factos ("factos", não teorias), mas ligar os pontinhos para obter um quadro geral claro e inequívoco, este é outro discurso.
O banqueiro é Roberto Calvi. Depois temos o Ior, as passagens obscuras de dinheiro, as lutas de poder. Algumas décadas mais tarde, a história do "banqueiro de Deus", como Calvi foi definido, ainda não acabou. Trinta anos depois, desde aquele 18 de Junho de 1982, quando foi encontrado morto debaixo da ponte dos Frades Negros, em Londres, com nos bolsos pedras e 15 mil Dólares. Trinta anos e uma série de decisões judiciais, todas com um único sentido: Calvi foi morto. O assassino? Os mandantes? Desconhecidos.
É uma história complexa, entre cujos protagonistas encontramos Flavio Carboni (Maçonaria), Pippo Caló (mafioso), Enrico de Pedis (criminalidade organizada de Roma), Paul Marcinkus (Vaticano). E um banco, claro. Aliás, dois: o Ior e o Banco Ambrosiano.
O banqueiro de Deus
Mas quem era Roberto Calvi?
A história dele é "normal", pelo menos até um certo ponto. Universidade, dirigente do Grupo Imprensa e Propaganda durante o Fascismo, voluntário na Segunda Guerra Mundial.
Acabado o conflito, entra no Banco Comercial e, dois anos depois, no Banco Ambrosiano, uma instituição muito ligada ao Ior, o Istituto Opere Religiose que gere o património do Vaticano.
Calvi é inteligente, conhece o próprio trabalho, não tarda a dar nas vistas. Entra em contacto com a Maçonaria, com o mundo financeiro italiano e sul-americano, com o crime organizado que precisa reciclar o dinheiro, com os políticos. Em 1971 é director geral do banco, em 1974 é vice-presidente, em 1975 presidente. A subida dele não conhece paragens.
Contacta Michele Sindona, outro homem ligado ao dinheiro e aos bancos, com o qual entra em negócios. A coisa expande-se: funda uma rede de sociedades-fantasma com o Ior em vários paraísos fiscais, adquire bancos estrangeiros, com o arcebispo Marcinkus abre a Cisalpine Overseas, nas ilhas Bahamas. Sob a direcção do Vaticano financia Países e organizações na Europa (Solidarnść na Polónia) e na América do Sul (Contras) para travar a penetração das ideologias filo-marxistas.
É um pequeno-grande império em continua expansão, que tem no dinheiro da Santa Sé o motor.
Depois algo acontece: os investigadores italianos abrem o Vaso de Pandora que é a Maçonaria ilegal (Loggia P2). O Banco Ambrosiano está mergulhado nela, a instituição é abalada, no horizonte uma falência de biliões. Calvi é preso, procura apoio no Ior e no Vaticano, mas encontra as portas fechadas. Percebe que foi abandonado, o nome dele ocupa demasiado espaço nos diários, tornou-se dispensável.
Em liberdade provisória, à espera do julgamento, entra em contato com o financeiro Flavio Carboni, do qual é conhecida a proximidade com a Mafia (Pippo Calo é o referente dele). É Carboni a figura-chave dos últimos dias de Calvi: em 9 de Junho de 1982, o banqueiro deixa a cidade dele, Milano, e em Roma reúne-se com Carboni. Em seguida, muda-se para Veneza, Trieste, passando pela Iugoslávia e a Áustria. Encontra novamente Carboni na fronteira com a Suíça e parte para Londres. É o 15 de Junho de 1982. Três dias depois, é encontrado pendurado em Blackfriars Brigde, a Ponte dos Frades Negros.
É espalhada a ideia do suicídio, mas logo é claro que algo não bate certo. Seis meses depois, a Corte Suprema do Reino Unido chumba as conclusões do inquérito inicial e o relativo juiz é acusado de irregularidades. É um caso de homicídio premeditado.
O mesmo acontece em Italia. O caso, inicialmente arquivado como suicídio, é aberto outra vez. E tudo fica ainda mais confuso. Porque Calvi foi morto? De acordo com a acusação, a intençaõ foi "castigá-lo por ter tomado posse de grandes quantidades de dinheiro pertencentes a organizações criminosas". Cosa Nostra e Camorra, ao que parece. Mas não é tão simples.
A história dele é "normal", pelo menos até um certo ponto. Universidade, dirigente do Grupo Imprensa e Propaganda durante o Fascismo, voluntário na Segunda Guerra Mundial.
Acabado o conflito, entra no Banco Comercial e, dois anos depois, no Banco Ambrosiano, uma instituição muito ligada ao Ior, o Istituto Opere Religiose que gere o património do Vaticano.
Calvi é inteligente, conhece o próprio trabalho, não tarda a dar nas vistas. Entra em contacto com a Maçonaria, com o mundo financeiro italiano e sul-americano, com o crime organizado que precisa reciclar o dinheiro, com os políticos. Em 1971 é director geral do banco, em 1974 é vice-presidente, em 1975 presidente. A subida dele não conhece paragens.
Contacta Michele Sindona, outro homem ligado ao dinheiro e aos bancos, com o qual entra em negócios. A coisa expande-se: funda uma rede de sociedades-fantasma com o Ior em vários paraísos fiscais, adquire bancos estrangeiros, com o arcebispo Marcinkus abre a Cisalpine Overseas, nas ilhas Bahamas. Sob a direcção do Vaticano financia Países e organizações na Europa (Solidarnść na Polónia) e na América do Sul (Contras) para travar a penetração das ideologias filo-marxistas.
É um pequeno-grande império em continua expansão, que tem no dinheiro da Santa Sé o motor.
Depois algo acontece: os investigadores italianos abrem o Vaso de Pandora que é a Maçonaria ilegal (Loggia P2). O Banco Ambrosiano está mergulhado nela, a instituição é abalada, no horizonte uma falência de biliões. Calvi é preso, procura apoio no Ior e no Vaticano, mas encontra as portas fechadas. Percebe que foi abandonado, o nome dele ocupa demasiado espaço nos diários, tornou-se dispensável.
Em liberdade provisória, à espera do julgamento, entra em contato com o financeiro Flavio Carboni, do qual é conhecida a proximidade com a Mafia (Pippo Calo é o referente dele). É Carboni a figura-chave dos últimos dias de Calvi: em 9 de Junho de 1982, o banqueiro deixa a cidade dele, Milano, e em Roma reúne-se com Carboni. Em seguida, muda-se para Veneza, Trieste, passando pela Iugoslávia e a Áustria. Encontra novamente Carboni na fronteira com a Suíça e parte para Londres. É o 15 de Junho de 1982. Três dias depois, é encontrado pendurado em Blackfriars Brigde, a Ponte dos Frades Negros.
É espalhada a ideia do suicídio, mas logo é claro que algo não bate certo. Seis meses depois, a Corte Suprema do Reino Unido chumba as conclusões do inquérito inicial e o relativo juiz é acusado de irregularidades. É um caso de homicídio premeditado.
O mesmo acontece em Italia. O caso, inicialmente arquivado como suicídio, é aberto outra vez. E tudo fica ainda mais confuso. Porque Calvi foi morto? De acordo com a acusação, a intençaõ foi "castigá-lo por ter tomado posse de grandes quantidades de dinheiro pertencentes a organizações criminosas". Cosa Nostra e Camorra, ao que parece. Mas não é tão simples.
No
julgamento de 2010, o procurador afirma que "a supressão do banqueiro
teria garantido a impunidade de Carboni perante os crimes de reciclagem
em que estava envolvido".
Em Novembro de 2011, a Suprema Corte diz "não" a uma reabertura do caso. Essencialmente porque, como consta das razões, contra os réus há falta de pistas e de evidências. Mas no mesmo relatório dois pontos ficam estabelecidos: Calvi foi assassinado e a Mafia "empregava o Banco Ambrosiano e o Ior como um veículo para enormes operações de lavagem de dinheiro".
Esta passagem é fundamental: a justiça italiana não consegue (nem irá conseguir nos anos seguintes) apresentar as provas que possam individuar os culpados, mas os vários julgamentos estabeleceram além de qualquer dúvida que existia um fio vermelho que ligava Calvi, o banco dele, o Vaticano e a Máfia. O fio é o dinheiro.
Tinha afirmado Calvi: "O Banco Ambrosiano não é meu, eu apenas sou o servidor de alguém".
Quem? A dúvida permanece. Mas a estrada dos processos de Calvi cruza aquela do Vaticano uma segunda vez. E aqui a história fica ainda mais complexa e mórbida.
O meio é a Banda della Magliana, uma organização criminosa de Roma muita activa nas décadas dos anos '80. O alvo é Emanuela Orlandi, rapariga de 15 anos desaparecida em 1983. As suspeitas envolvem o arcebispo Marcinkus e as ligações dele com a Banda della Magliana.
Tinha sido a mesma Banda a fornecer o passaporte falso encontrado num dos bolsos de Calvi. E Carboni é investigado, pois o seu carro teria sido utilizado para transportar o corpo sem vida da jovem Orlandi. O mandante? Marcinkus. Os mesmos protagonistas do caso Calvi, assassinado um ano antes.
Em Novembro de 2011, a Suprema Corte diz "não" a uma reabertura do caso. Essencialmente porque, como consta das razões, contra os réus há falta de pistas e de evidências. Mas no mesmo relatório dois pontos ficam estabelecidos: Calvi foi assassinado e a Mafia "empregava o Banco Ambrosiano e o Ior como um veículo para enormes operações de lavagem de dinheiro".
Esta passagem é fundamental: a justiça italiana não consegue (nem irá conseguir nos anos seguintes) apresentar as provas que possam individuar os culpados, mas os vários julgamentos estabeleceram além de qualquer dúvida que existia um fio vermelho que ligava Calvi, o banco dele, o Vaticano e a Máfia. O fio é o dinheiro.
Tinha afirmado Calvi: "O Banco Ambrosiano não é meu, eu apenas sou o servidor de alguém".
Quem? A dúvida permanece. Mas a estrada dos processos de Calvi cruza aquela do Vaticano uma segunda vez. E aqui a história fica ainda mais complexa e mórbida.
O meio é a Banda della Magliana, uma organização criminosa de Roma muita activa nas décadas dos anos '80. O alvo é Emanuela Orlandi, rapariga de 15 anos desaparecida em 1983. As suspeitas envolvem o arcebispo Marcinkus e as ligações dele com a Banda della Magliana.
Tinha sido a mesma Banda a fornecer o passaporte falso encontrado num dos bolsos de Calvi. E Carboni é investigado, pois o seu carro teria sido utilizado para transportar o corpo sem vida da jovem Orlandi. O mandante? Marcinkus. Os mesmos protagonistas do caso Calvi, assassinado um ano antes.
O caso Orlandi
Sabrina
Minardi, namorada do criminoso Enrico De Pedis, em 2008 revela que
Emanuela Orlandi tinha sido raptada "em nome do arcebispo Marcinkus, deus ex machina do Ior". A Santa Sé responde às acusações, consideradas "infundadas, ultrajantes, duma testemunha de valor muito duvidoso".
O movente? Dinheiro. Marcinkus é acusado de pertencer a Maçonaria, de ter entrado em conflito com o então patriarca de Venezia, Albino Luciani, sobre a venda das acções do Banco Ambrosiano ainda na posse do Ior. Luciani torna-se Papa João Paulo I e morre um mês mais tarde. Calvi, como sabemos, será enforcado debaixo duma ponte em Londres, no mesmo dia em que uma secretária dele, Graziella Corrocher, voa para fora de uma janela em Milano. Marcinkus, pesadamente envolvido no crack do Ambrosiano, somente através do passaporte diplomático consegue não ser preso.
Voltando ao testemunho da Minardi, esta fala duma suposta prisão num elegante edifício de Torvajanica (Roma), onde Emanuela Orlandi teria sido fechada antes de ser morta e atirada para um misturador de cimento.
Os serviços secretos italianos analisam as mensagens e os telefonemas recebidos pela família da Orlandi após o desaparecimento: num total de 34 comunicações, 16 estão relacionadas com uma pessoa com profundo conhecimento do latim (melhor do que o italiano), provavelmente de cultura anglo-saxónica, um elevado nível cultural e invulgares conhecimentos do ambiente eclesiástico de Roma.
A Minardi, em passado mulher de Calvi também, fala duma passagem secreta, que ligava a prisão da Orlandi com outra zona de Roma, perto do Hospital San Camillo. Passagem que foi de facto descoberta em 2008. O Hospital San Camillo fica no bairro do Gianicolense, onde há também sede o Grande Oriente Italiano (Maçonaria). Menos dum quilometro e temos os muros da Cidade do Vaticano.
O movente? Desconhecido: a ideia é que o rapto foi uma maneira de enviar um sinal, um aviso. De quem e para quem? Só suspeitas.
E a história complica-se mais uma vez: em 1990, o homem da Minardi, De Pedis, é morto. Fala-se dum ajuste de contas no interior da Banda da Magliana, o que pode ser verdade: mas algo não bate certo.
O Alto Comissariado pela Luta contra a Criminalidade estava na posse dum relatório pormenorizado no qual era anunciado o assassinato do De Pedis, com as modalidades que depois teriam sido efectivamente seguidas: eis a sombra dos serviços secretos.
E, uma vez morto, De Pedis é sepultado na Basílica de Sant'Apollinare, sede da Pontificia Universitá della Santa Croce: a autorização é do Vaticano, quem assina é o cardeal Ugo Poletti. Monsenhor Piero Vergani, numa carta de Março de 1990, afirma que De Pedis tinha sido um "benfeitor" com os pobres que frequentavam a basílica.
Mais tarde, dois componentes da Banda della Magliana, Maurizio Abbatino e Antonio Mancino, começam a colaborar com a Justiça, permitindo acabar com a organização. E confirmam: Emanuela Orlandi tinha sido um trabalho deles, no âmbito dos relacionamentos entre a Banda e o Vaticano.
O movente? Dinheiro. Marcinkus é acusado de pertencer a Maçonaria, de ter entrado em conflito com o então patriarca de Venezia, Albino Luciani, sobre a venda das acções do Banco Ambrosiano ainda na posse do Ior. Luciani torna-se Papa João Paulo I e morre um mês mais tarde. Calvi, como sabemos, será enforcado debaixo duma ponte em Londres, no mesmo dia em que uma secretária dele, Graziella Corrocher, voa para fora de uma janela em Milano. Marcinkus, pesadamente envolvido no crack do Ambrosiano, somente através do passaporte diplomático consegue não ser preso.
Voltando ao testemunho da Minardi, esta fala duma suposta prisão num elegante edifício de Torvajanica (Roma), onde Emanuela Orlandi teria sido fechada antes de ser morta e atirada para um misturador de cimento.
Os serviços secretos italianos analisam as mensagens e os telefonemas recebidos pela família da Orlandi após o desaparecimento: num total de 34 comunicações, 16 estão relacionadas com uma pessoa com profundo conhecimento do latim (melhor do que o italiano), provavelmente de cultura anglo-saxónica, um elevado nível cultural e invulgares conhecimentos do ambiente eclesiástico de Roma.
A Minardi, em passado mulher de Calvi também, fala duma passagem secreta, que ligava a prisão da Orlandi com outra zona de Roma, perto do Hospital San Camillo. Passagem que foi de facto descoberta em 2008. O Hospital San Camillo fica no bairro do Gianicolense, onde há também sede o Grande Oriente Italiano (Maçonaria). Menos dum quilometro e temos os muros da Cidade do Vaticano.
O movente? Desconhecido: a ideia é que o rapto foi uma maneira de enviar um sinal, um aviso. De quem e para quem? Só suspeitas.
E a história complica-se mais uma vez: em 1990, o homem da Minardi, De Pedis, é morto. Fala-se dum ajuste de contas no interior da Banda da Magliana, o que pode ser verdade: mas algo não bate certo.
O Alto Comissariado pela Luta contra a Criminalidade estava na posse dum relatório pormenorizado no qual era anunciado o assassinato do De Pedis, com as modalidades que depois teriam sido efectivamente seguidas: eis a sombra dos serviços secretos.
E, uma vez morto, De Pedis é sepultado na Basílica de Sant'Apollinare, sede da Pontificia Universitá della Santa Croce: a autorização é do Vaticano, quem assina é o cardeal Ugo Poletti. Monsenhor Piero Vergani, numa carta de Março de 1990, afirma que De Pedis tinha sido um "benfeitor" com os pobres que frequentavam a basílica.
Mais tarde, dois componentes da Banda della Magliana, Maurizio Abbatino e Antonio Mancino, começam a colaborar com a Justiça, permitindo acabar com a organização. E confirmam: Emanuela Orlandi tinha sido um trabalho deles, no âmbito dos relacionamentos entre a Banda e o Vaticano.
O Ior e Marcinkus
Marcinkus é o "grande nome" que paira sobre o Ior da época. Não é possível falar da instituição sem falar do homem.
Americano de origens lituanas, Paul Marcinkus apresenta uma carreira de primeiro plano. Mas não poucas sombras também.
A revista OP - Osservatore Politico de Mino Pecorelli (entretanto obviamente assassinato), em 1978 publica uma investigação da qual resulta que Marcinkus fazia parte da Maçonaria, desde o ano 1967, com o número de matrícula 43/649.
E não era só ele: Jean-Marie Villot (Cardeal Secretário de Estado), Agostino Casaroli (Ministério dos Negócios Estrangeiros do Vaticano), Pasquale Macchi (secretário de Paulo VI), Donato De Bois (Ior), o cardeal Ugo Poletti, don Virgilio Levi (Osservatore Romano), Roberto Tuci (director da Rádio Vaticana).
Em 1973, os procuradores do Departamento de Justiça dos Estados Unidos interessam-se em Marcinkus: William Aronwald e Bill Lynch querem explicações acerca dos 950 milhões de Dólares partidos da Máfia de New York e aterrados no Vaticano. Marcinkus não vacila: é amigo de David Matthew Kennedy, da Continental Illinois National Bank e em 1969 ministro de Nixon.
Na altura do crack do Banco Ambrosiano, fica claro o papel de primeiro plano do Ior. Um complicado Risiko bancário, onde não faltam a Maçonaria e a criminalidade organizada internacional também. O Ior excercitava o controle sobre Manic. S.A. (Luxemburgo), Astolfine S.A. (Panamá), Nordeurop Establishment (Liechtenstein), U.T.C. United Trading Corporation (Panamá), Erin S.A (Panamá), Bellatrix S.A (Panamá), Belrosa S.A (Panamá) e Starfield S.A (Panamá): todas sociedades-fantasmas em paraísos fiscais, que tinham desviado biliões de Dólares dos cofres do Banco Ambrosiano.
Mais: segundo as declarações do mafioso Vincenzo Calcara (que os juízes consideraram "credível": acórdão do Tribunal de Roma de 6 de Junho de 2003), Marcinkus era a ligação entre a entidade do Vaticano e a Máfia. Calcara conta também da última viagem e da "entrega" poucos meses antes do atentado contra João Paulo II: 10 biliões de Lire (5 milhões de Euros) com destino a América do Sul, entregues num encontro em casa do notário Francesco Albano (da Ordem dos Cavalheiros do Santo Sepulcro, notário pessoal do político Giulio Andreotti e dos boss mafiosos Luciano Liggio e Frank Coppola).
Em 1982 o governo italiano decreta o desaparecimento do Banco Ambrosiano e o Ministro do Tesouro, Beniamino Andreatta, denuncia no Parlamento as responsabilidades do Vaticano e do Marcinkus.
Este último é arguido em 1987 com a acusação de bancarrota intencional, a magistratura italiana emite uma orem de prisão, mas o pedido de extradição é chumbado com base no artigo 11 do Tratado do Latrão.
Entretanto (1981) João Paulo II tinha nomeado Marcinkus presidente da Pontifícia Comissão do Estado da Cidade do Vaticano, cargo que manteve até 1990. Atingidos os 75 anos, volta para os Estados Unidos, onde morre em 2006.
Mas a vida do Ior continua. Em 1993 a operação da magistratura Mani Pulite atesta que a instituição tinha funcionado como trâmite para a entrega do dinheiro Enimont, um caso de corrupção que envolveu o Partito Socialista e a Democrazia Cristiana (este último historicamente próximo do Vaticano).
Em 2012 é a vez de Vatileaks: há uma fuga de documentos reservados da Santa Sé, documentos que comprovam as lutas internas e o envolvimento na reciclagem de dinheiro por parte do Vaticano. Entre os documentos mais espantosos, a previsão da morte do Papa Bento XVI no prazo de um ano.
Americano de origens lituanas, Paul Marcinkus apresenta uma carreira de primeiro plano. Mas não poucas sombras também.
A revista OP - Osservatore Politico de Mino Pecorelli (entretanto obviamente assassinato), em 1978 publica uma investigação da qual resulta que Marcinkus fazia parte da Maçonaria, desde o ano 1967, com o número de matrícula 43/649.
E não era só ele: Jean-Marie Villot (Cardeal Secretário de Estado), Agostino Casaroli (Ministério dos Negócios Estrangeiros do Vaticano), Pasquale Macchi (secretário de Paulo VI), Donato De Bois (Ior), o cardeal Ugo Poletti, don Virgilio Levi (Osservatore Romano), Roberto Tuci (director da Rádio Vaticana).
Em 1973, os procuradores do Departamento de Justiça dos Estados Unidos interessam-se em Marcinkus: William Aronwald e Bill Lynch querem explicações acerca dos 950 milhões de Dólares partidos da Máfia de New York e aterrados no Vaticano. Marcinkus não vacila: é amigo de David Matthew Kennedy, da Continental Illinois National Bank e em 1969 ministro de Nixon.
Na altura do crack do Banco Ambrosiano, fica claro o papel de primeiro plano do Ior. Um complicado Risiko bancário, onde não faltam a Maçonaria e a criminalidade organizada internacional também. O Ior excercitava o controle sobre Manic. S.A. (Luxemburgo), Astolfine S.A. (Panamá), Nordeurop Establishment (Liechtenstein), U.T.C. United Trading Corporation (Panamá), Erin S.A (Panamá), Bellatrix S.A (Panamá), Belrosa S.A (Panamá) e Starfield S.A (Panamá): todas sociedades-fantasmas em paraísos fiscais, que tinham desviado biliões de Dólares dos cofres do Banco Ambrosiano.
Mais: segundo as declarações do mafioso Vincenzo Calcara (que os juízes consideraram "credível": acórdão do Tribunal de Roma de 6 de Junho de 2003), Marcinkus era a ligação entre a entidade do Vaticano e a Máfia. Calcara conta também da última viagem e da "entrega" poucos meses antes do atentado contra João Paulo II: 10 biliões de Lire (5 milhões de Euros) com destino a América do Sul, entregues num encontro em casa do notário Francesco Albano (da Ordem dos Cavalheiros do Santo Sepulcro, notário pessoal do político Giulio Andreotti e dos boss mafiosos Luciano Liggio e Frank Coppola).
Em 1982 o governo italiano decreta o desaparecimento do Banco Ambrosiano e o Ministro do Tesouro, Beniamino Andreatta, denuncia no Parlamento as responsabilidades do Vaticano e do Marcinkus.
Este último é arguido em 1987 com a acusação de bancarrota intencional, a magistratura italiana emite uma orem de prisão, mas o pedido de extradição é chumbado com base no artigo 11 do Tratado do Latrão.
Entretanto (1981) João Paulo II tinha nomeado Marcinkus presidente da Pontifícia Comissão do Estado da Cidade do Vaticano, cargo que manteve até 1990. Atingidos os 75 anos, volta para os Estados Unidos, onde morre em 2006.
Mas a vida do Ior continua. Em 1993 a operação da magistratura Mani Pulite atesta que a instituição tinha funcionado como trâmite para a entrega do dinheiro Enimont, um caso de corrupção que envolveu o Partito Socialista e a Democrazia Cristiana (este último historicamente próximo do Vaticano).
Em 2012 é a vez de Vatileaks: há uma fuga de documentos reservados da Santa Sé, documentos que comprovam as lutas internas e o envolvimento na reciclagem de dinheiro por parte do Vaticano. Entre os documentos mais espantosos, a previsão da morte do Papa Bento XVI no prazo de um ano.
Os outros
O
sócio de Calvi, Sindona? Julgado culpado por ter ordenado o homicídio
do advogado Ambrosoli (que tinha observado inquietantes irregularidades
nas contas do Banco Ambrosiano já em 1979), é preso na prisão de Voghera
e morto com um café envenenado em 1986.
O mafioso Pippo Caló, capturado em 1985, desconta duas penas de prisão perpétua.
Flavio Carboni entra e sai das prisões italianas. Da última vez foi preso em 2010, com a acusação de reciclagem de dinheiro. Um vício antigo, ao que parece.
Emanuela Orlandi continua desaparecida.
O Ior continua em funcionamento.
Provas? Não há. E talvez nem sejam precisas.
Ipse dixit.
Fontes: AgoraVox, Loggia P2, Wikipedia (versão italiana), Polisblog, La Repubblica
O mafioso Pippo Caló, capturado em 1985, desconta duas penas de prisão perpétua.
Flavio Carboni entra e sai das prisões italianas. Da última vez foi preso em 2010, com a acusação de reciclagem de dinheiro. Um vício antigo, ao que parece.
Emanuela Orlandi continua desaparecida.
O Ior continua em funcionamento.
Provas? Não há. E talvez nem sejam precisas.
Ipse dixit.
Fontes: AgoraVox, Loggia P2, Wikipedia (versão italiana), Polisblog, La Repubblica
*GilsonSampaio
Bomba explode no prédio da OAB-RJ em retaliação à Comissão da Verdade
Via Conjur
Bomba explode no prédio da OAB-RJ , no centro do Rio
Marcelo Pinto
Uma
bomba explodiu por volta de 15h50 desta quinta-feira (7/3) no
prédio-sede da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro, na
avenida Marechal Câmara, 150, no centro da capital fluminense.
Em
dez minutos, todos os funcionários haviam deixado o edifício de nove
andares — o artefato teria explodido entre o oitavo e o nono andar.
Segundo
informações passadas ao Disque-Denúncia, esta seria a primeira de três
bombas e teria como objetivo retaliar a instalação da Comissão da
Verdade, marcada para esta sexta-feira, na seccional carioca.
Carros
do Corpo de Bombeiros e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core)
da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro estão no local. Até as
17h50, o esquadrão antibomba não havia concluído a varredura no prédio.
Veja a nota oficial emitida pela OAB-RJ:
A OAB/RJ esclarece:
1.
Hoje, por volta das 15h50, um artefato, lançado das escadas entre o 8ª
e o 9ª andar no prédio localizado à Avenida Marechal Câmara, 150,
Centro, explodiu, sem causar danos ou ferimentos em qualquer dos
funcionários da seccional fluminense da Ordem.
2.
Logo em seguida, o presidente da seccional fluminense, Felipe Santa
Cruz, recebeu um telefonema do comando do Corpo de Bombeiros avisando
que havia recebido uma denúncia sobre a existência de três bombas que
teriam sido “plantadas” na sede da OAB/RJ.
3.
Por orientação dos bombeiros, o presidente da OAB/RJ recomendou que os
funcionários abandonassem o prédio à espera da chegada do Esquadrão
Antibombas da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
4. Os fatos serão investigados pela Delegacia Antibombas da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
5. A OAB/RJ aguarda a análise técnica do artefato e a investigação para se pronunciar.
*Texto alterado às 17h50 do dia 7 de março de 2013 para atualização.
*GilsonSampaio
Liquidez no Sertão
“Depois de décadas de miséria, a região
começa a deixar de lado a imagem de recanto da pobreza brasileira
Mariana Segala, Carta Capital
“Pouca gente conhece melhor a cidade baiana
de Luís Eduardo Magalhães, 950 quilômetros a oeste de Salvador, do que a
família Lauck. Eles chegaram à Bahia, vindos do Paraná, no começo da década de
1980, quando o local que hoje abriga o município não passava de um povoado
minúsculo apelidado de Mimoso do Oeste. Era um lugarejo sem nada. Tudo que
oferecia era terra para plantar. Os Lauck mudaram--se para lá numa época em que
o normal era fazer exatamente o contrário: deixar a miséria do Nordeste e
seguir para o Sudeste próspero, em busca de oportunidades de trabalho. Porém,
menos de 30 anos depois de instalados os primeiros moradores, Luís Eduardo
Magalhães hoje ostenta um símbolo dos ares muito diferentes que passaram a
circular na região na última década. A cidade é a 11a do Brasil que mais
recebeu imigrantes nos últimos anos. Pelo menos 35% da sua população (66 mil
habitantes) não morava no município cinco anos atrás. "Vimos a cidade
nascer, crescemos com ela e agora percebemos como tudo está mudando",
conta o produtor rural Fábio Lauck, que mora lá desde os 8 anos de idade.
O Nordeste ainda exporta gente, e muita ainda, para o Sudeste, mas os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o fluxo diminuiu consideravelmente na última década. Mais do que isso: além de reter nordestinos, a região também tem conseguido atrair de volta gente que um dia decidiu sair. Os estados do Nordeste estão entre os que apresentam os mais altos índices de migração de retorno do País: 23% dos imigrantes de Pernambuco, por exemplo, são pessoas 110 caminho de volta para o estado natal. E há bolsões de atração como Luís Eduardo Magalhães, onde o crescimento econômico ca-tapultado pelo agronegócio foi expressivo a ponto de ter feito sua população quase quadruplicar em menos de 15 anos.
"Estamos finalmente conseguindo livrar a região da imagem de saco de pobreza que ela tinha até bem pouco tempo atrás", diz Tânia Barcelar, professora da Universidade Federal de Pernambuco e sócia da consultoria Ceplan, especializada na Região Nordeste. "A orientação dos investimentos públicos para a infraestrutura e as políticas de redistribuição de renda no Brasil teve o impacto potencializado no Nordeste."
Não é difícil entender por quê. "Os trabalhadores que ganham salário mínimo formam um público enorme 110 Nordeste que, até dez anos atrás, não tinha poder de consumo nenhum", afirma Saumíneo Nascimento, secretário de Desenvolvimento Econômico de Sergipe. De lá para cá, o mínimo teve um aumento real, descontada a inflação do período, de nada menos que 70%. Seu valor atual é suficiente para comprar mais de duas cestas básicas, segundo as contas do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). E a melhor relação já registrada pelo órgão desde o fim dos anos 1970.
Esse movimento ajudou a renda dos nordestinos a crescer acima da média nacional. O rendimento da região aumentou 40% desde 2004,10 pontos mais que o crescimento da renda dos brasileiros em geral. Isso provocou uma mudança de hábitos sem precedentes. "Quem usava ventilador, hoje luta contra o calor com ar-condicionado", diz Nascimento. Quem se locomovia com os folclóricos jegues consegue comprar uma motocicleta (a frota nordestina sobre duas rodas quadruplicou desde 2002). Quem não tinha eletrodoméstico passou a ter - e o consumo de energia elétrica nas casas da região disparou 84% em uma década, mais do que em qualquer outro lugar do Brasil.
Esse círculo virtuoso pôs o Nordeste em uma situação econômica privilegiada. "Assim como a Região Norte e a Centro-Oeste, estamos em uma fronteira de expansão cobiçada por empresas e investidores", diz Paulo Ferraz Guimarães, chefe do departamento nordestino do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Apesar dos efeitos da crise financeira de 2008, o Produto Interno Bruto (PIB) da região cresceu a uma média de 4,5% ao ano de 2002 para cá, com picos de 5,7% no Maranhão c 5,4% no Piauí. Espera-se, no entanto, que no próximo par de anos o crescimento do Nordeste se distancie ainda mais da média brasileira, que foi de 4% no mesmo período.
"0 conjunto de investimentos que existem na região está maturando agora e promete mostrar a que veio em breve", destaca Guimarães. O crescimento econômico é a arma que pode ajudar a região a superar os abismos históricos de desenvolvimento econômico e social que ainda a separam das áreas mais avançadas do País. Um olhar rápido sobre as estatísticas educacionais do Nordeste indica o tamanho do desafio a enfrentar. O número de adultos analfabetos da região caiu 15%, mas lá ainda está a taxa mais alta do País de pessoas que não sabem ler um simples bilhete. Elas representam 16,9% da população de 15 anos ou mais. A renda dos nordestinos aumentou, mas continua a ser a mais baixa do Brasil. A economia se dinamizou, mas ainda é desproporcional quando comparada com o tamanho de sua população - o PIB do Nordeste equivale a 13,5% do PIB do País, mas lá vivem quase 30% dos brasileiros. Não existe mágica para sair da lanterninha.”
*Saraiva
Conheça, por sua conta e risco, o novo presidente da CDHM, Pastor Marcos Feliciano. Não consegui ver até o final
Presidente da CDH, Pastor Marcos Feliciano, é acusado de estelionato
Congresso em Foco
Segundo a denúncia, deputado inventou acidente para justificar ausência em evento para o qual já havia recebido cachê. Defesa nega crime e alega falta por “motivos de força maior”. Prejuízo à época foi de R$ 100 mil, afirma vítima
Congresso em Foco
Segundo a denúncia, deputado inventou acidente para justificar ausência em evento para o qual já havia recebido cachê. Defesa nega crime e alega falta por “motivos de força maior”. Prejuízo à época foi de R$ 100 mil, afirma vítima
O novo presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, Marco Feliciano(PSC-SP), é réu no
Supremo Tribunal Federal (STF) pelo crime de estelionato. Ele é acusado
de ter inventado um acidente no Rio de Janeiro para justificar a
ausência em evento no Rio Grande do Sul, para o qual já havia recebido
cachê, passagens e hospedagem. A vítima sustenta que, ao faltar ao
compromisso, Feliciano optou por receber uma remuneração maior no Rio. O
deputado nega o estelionato e alega que faltou por “motivos de força
maior”.
No dia
15 de março de 2008, o Estádio Municipal Silvio de Farias Correia, em
São Gabriel (RS), município de 60 mil habitantes, a 320 km de Porto
Alegre, reunia 7 mil pessoas para um show gospel. Uma das atrações era a
dupla sertaneja Rayssa e Ravel. O encerramento, previsto para as 20h,
seria feito pela principal estrela do dia, o pastor Marco Feliciano,
presidente da Assembleia de Deus Catedral do Avivamento, sediada em São
Paulo. Conhecido pelo estilo enfático de suas pregações, ele atraiu
caravanas de cidades vizinhas até São Gabriel.
Dona de
uma produtora então recém-criada, a advogada Liane Pires Marques
promovia, então, seu primeiro grande evento, o 1º Nettu’s Gospel, que se
estendeu por todo aquele sábado. “Fiz publicidade em todo o Rio Grande
do Sul, com TV, folhetos e rádios. Era um evento para 15 mil pessoas.
Recebi confirmação de caravanas. Paguei cachê e transporte aéreo, tudo o
que ele me exigiu. Hotel de primeira categoria”, disse a advogada ao Congresso em Foco nesta quinta-feira (7).
Segundo
ela, o acordo foi feito com o pastor André Luis de Oliveira,
braço-direito e atual assessor parlamentar de Feliciano na Câmara.
Oliveira havia confirmado a presença na véspera do evento. Às 8 horas do
dia da apresentação, os dois pastores eram aguardados no aeroporto de
Porto Alegre por integrantes da organização do evento gospel. Sem
conseguir estabelecer contato com os dois religiosos, eles esperaram até
o meio-dia. Voltaram para São Gabriel sem qualquer explicação.
“O
mestre de cerimônia anunciou no microfone que o pastor não compareceu,
não cumpriu o contrato e que iríamos tomar as medidas cabíveis. O
público vaiou. Depois, a ira se voltou contra mim. Fui xingada”, conta a
ex-empresária. Liane diz que perdeu credibilidade e nunca mais
conseguiu realizar outro evento. A empresa dela continua registrada, mas
inativa.
Foro privilegiado
Ela entrou com processo contra
Marco Feliciano na Justiça Criminal e na Justiça Cível. O processo
criminal, por estelionato, começou a correr na Vara Criminal de São
Gabriel, mas foi deslocado para o Supremo Tribunal Federal (STF) no ano
passado por causa da eleição de Feliciano como deputado. A ação penal
612 é relatada pelo ministro Ricardo Lewandowski. Os parlamentares só
podem responder criminalmente ao Supremo.
No
processo cível (031/108.0000.9509), que ainda tramita na cidade gaúcha,
ela reivindica indenização pelos prejuízos que teve. Quatro anos depois
do episódio, no ano passado, a juíza que cuida do caso determinou que
Marco Feliciano pagasse R$ 13 mil a Liane como devolução do cachê. O
deputado pagou. Mas ela cobra mais. “O prejuízo comprovado foi de quase
R$ 100 mil na época. Contratei segurança, comprei passagens aéreas.
Banquei despesas dele em Porto Alegre. Tive gastos com palco,
iluminação, sonorização e a divulgação em todo o estado. Hoje está em
quase R$ 2 milhões”, diz a ex-produtora de eventos.
Liane
conta que o assessor de Feliciano lhe telefonou para dizer que ele e
Feliciano haviam sofrido um acidente no Rio e, por isso, não poderiam
viajar até o Rio Grande do Sul. Intrigada com a história, ela diz que
pesquisou e não encontrou nenhum registro de acidente no Rio envolvendo
os dois pastores. Descobriu mais: “Ele tinha contrato com uma rádio no
Rio na sexta (14). E a rádio pediu pra ele ficar mais um dia. Pelo
sucesso que ele teve, dobraram o cachê dele, que seria o dobro do meu,
para ele ficar no sábado.”
Ludibriar
Autora
da denúncia, a promotora de Justiça Ivana Machado Battaglin, de São
Gabriel, diz que a marcação de dois eventos, em cidades distantes,
caracteriza o crime de estelionato. “No momento em que marca dois
eventos para mesma data, é porque ele não pretendia cumprir um deles.
Ele tentou ludibriá-la. Ele não é onipresente”, afirmou a promotora ao Congresso em Foco.
A
reportagem procurou o deputado, mas não conseguiu localizá-lo. O celular
dele estava desligado. Mas, em junho do ano passado, Marco Feliciano
declarou à Revista Congresso em Foco que
não compareceu ao evento por “motivos de força maior”. “Fui contratado
para realização de um show gospel na cidade de São Gabriel. Não pude
comparecer por motivos de força maior e minha equipe, em contato com os
realizadores do evento, decidiu que outra data seria agendada para
comparecimento. Todavia, fui surpreendido pela ação em epígrafe, mas
esclareço que os valores pagos pelos idealizadores do evento já foram
devidamente restituídos com juros e correções de praxe”, afirmou o
deputado à época.
A
ex-produtora de eventos diz que Marco Feliciano se recusou,
inicialmente, a devolver o cachê. Só o fez durante o andamento do
processo cível na Justiça. Em vez de devolver o dinheiro, o pastor
propôs fazer uma nova apresentação na cidade. “Meu contrato com ele era
para aquele dia. Ele queria que eu montasse toda a estrutura novamente
para ele vir. Gastei de R$ 70 mil a R$ 80 mil. Estou terminando de pagar
contas ainda este ano. Foi o meu primeiro e único evento”, conta Liane.
Advogada, ela deixou a produtora de lado e voltou ao exercício da
profissão. “Não tive como seguir diante do que aconteceu. Não tive mais
credibilidade. Estou aguardando a Justiça me dar uma sentença favorável
para, talvez, um dia voltar”, explica.
*Mariadapenhaneles
A eleição do presidente é feita pelos membros da comissão, que, em geral, seguem a indicação partidária. A bancada do PSC, composta por 17 parlamentares, confirmou na terça-feira (5) o nome do pastor para ocupar o cargo. Como vice, a indicação foi para a deputada Antonia Lúcia.
A sessão desta quinta foi marcada, mais uma vez, por polêmicas e protestos. O presidente Domingos Dutra chegou a se retirar da sessão, seguido por outros parlamentares, como Jean Wyllys (Psol-RJ). A deputada Luiza Erundina (PSB) disse que "esta não é mais uma comissão de direitos humanos".
Dutra se recusou a comandar a eleição sem a participação dos movimentos sociais, que foram impedidos de entrar na sala da comissão. Nesta quarta (6), a comissão deveria ter realizado a eleição, mas, devido a bate-boca e tumulto, a sessão foi cancelada e convocada novamente para esta quinta, desta vez, sem a presença de manifestantes e "torcida".
Polêmicas
Desde a semana passada, antes mesmo de ser indicado pelo PSC para o posto, a possibilidade de Feliciano como presidente da CDH gerou protestos de ativistas de direitos humanos, porque o deputado tem um discurso que pode ser considerado polêmico.
Em 2011, ele usou o Twitter para dizer que os descendentes de africanos seriam amaldiçoados. "A maldição que Noé lança sobre seu neto, Canaã, respinga sobre o continente africano, daí a fome, pestes, doenças, guerras étnicas!", escreveu.
Em outra ocasião, o pastor postou na rede social que "a podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam ao ódio, ao crime e à rejeição". No ano passado, o pastor defendeu em debate no plenário os tratamentos de "cura gay".
Ele nega as acusações de racismo e homofobia. Nesta quarta (6) ele negou ser homofóbico. "Não sou contra os gays, sou contra o ato e o casamento homossexual. Quero o lugar para poder justamente discutir isso. Vai ser debate. Vou ouvir e vou falar", afirmou.
Cristão: Comissão de Direitos Humanos elege pastor racista e homofóbico como presidente
Do Portal Vermelho
Os deputados da CDH (Comissão de Direitos Humanos e Minorias) da Câmara dos Deputados elegeram, nesta quinta-feira (7), o pastor Marco Feliciano (PSC-SP) como presidente. Ele teve 11 votos dos colegas (houve 12 votos no total, sendo um em branco) e já havia sido indicado por seu partido para presidi-la. Feliciano é criticado por entidades ligadas aos direitos humanos por acusações supostamente racistas e homofóbicas, mas diz ter sido mal-interpretado.
A eleição do presidente é feita pelos membros da comissão, que, em geral, seguem a indicação partidária. A bancada do PSC, composta por 17 parlamentares, confirmou na terça-feira (5) o nome do pastor para ocupar o cargo. Como vice, a indicação foi para a deputada Antonia Lúcia.
A sessão desta quinta foi marcada, mais uma vez, por polêmicas e protestos. O presidente Domingos Dutra chegou a se retirar da sessão, seguido por outros parlamentares, como Jean Wyllys (Psol-RJ). A deputada Luiza Erundina (PSB) disse que "esta não é mais uma comissão de direitos humanos".
Dutra se recusou a comandar a eleição sem a participação dos movimentos sociais, que foram impedidos de entrar na sala da comissão. Nesta quarta (6), a comissão deveria ter realizado a eleição, mas, devido a bate-boca e tumulto, a sessão foi cancelada e convocada novamente para esta quinta, desta vez, sem a presença de manifestantes e "torcida".
Polêmicas
Desde a semana passada, antes mesmo de ser indicado pelo PSC para o posto, a possibilidade de Feliciano como presidente da CDH gerou protestos de ativistas de direitos humanos, porque o deputado tem um discurso que pode ser considerado polêmico.
Em 2011, ele usou o Twitter para dizer que os descendentes de africanos seriam amaldiçoados. "A maldição que Noé lança sobre seu neto, Canaã, respinga sobre o continente africano, daí a fome, pestes, doenças, guerras étnicas!", escreveu.
Em outra ocasião, o pastor postou na rede social que "a podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam ao ódio, ao crime e à rejeição". No ano passado, o pastor defendeu em debate no plenário os tratamentos de "cura gay".
Ele nega as acusações de racismo e homofobia. Nesta quarta (6) ele negou ser homofóbico. "Não sou contra os gays, sou contra o ato e o casamento homossexual. Quero o lugar para poder justamente discutir isso. Vai ser debate. Vou ouvir e vou falar", afirmou.
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=207752&id_secao=1
quarta-feira, março 06, 2013
Na dúvida, siga à esquerda compartilhou a foto de Mães de Maio.
Ontem
Diga presente!
DIA 8 DE MARÇO É + UM DIA DE LUTA!
DIA 8 DE MARÇO É + UM DIA DE LUTA!Ontem
Diga presente!
DIA 8 DE MARÇO É + UM DIA DE LUTA!
Dia 8 de Março é Dia Internacional de Luta das Mulheres!
Convidamos a todas e todos, então, a unirem-se ao Ato do 8 de Março, que acontecerá em São Paulo, na sexta=feira, dia 8 de Março de 2013, com concentração na Praça da Sé, às 13h.
Mulheres em LUTA contra a violência machista, racista e lesbofóbica!
Porque enquanto a igualdade ainda for apenas um sonho, LUTAREMOS!
(convocatória recebida via Guerrêra Elizandra Souza)
O depoimento da ‘namorada americana’ da Venezuela
A jornalista americana Eva Golinger conheceu Chávez na ONU. Acabaram se tornando amigos. Chávez dizia que ela era a “namorada americana” da Venezuela. Eva escreveu o artigo abaixo sobre seu amigo Chávez.
A primeira vez que encontrei Hugo Chávez foi na Organização das Nações Unidas, em Nova York, em janeiro de 2003. Ele me perguntou o meu nome, como se estivéssemos conversando entre amigos que estivessem começando a conhecer um ao outro.
Quando eu disse “Eva”, ele respondeu: “Eva, realmente?” ”Sim, Eva”, eu disse. “Meu irmão se chama Adão”, disse ele, acrescentando: “Minha mãe queria que eu fosse uma menina para que ela pudesse me chamar de Eva, e olha, eu apareci!” Ele sorriu e riu com aquele riso dele, tão puro e sincero e contagiante para todos aqueles por perto.
Ele apareceu, maior que a vida, com um imenso coração cheio de seu povo, pueblo, batendo pela pátria. Um ser humano apareceu, com uma grande capacidade de persistir e ficar desafiadoramente em face dos obstáculos mais poderosos.
Hugo Chávez sonhou o impossível e conseguiu. Ele assumiu a responsabilidade pelas tarefas grandiosas e árduas que permaneceram por fazer a partir do momento da independência, aquelas que Simon Bolívar não poderia alcançar devido às forças adversas contra ele. Chávez cumpriu essas metas, transformando-as em realidade.
A Revolução Bolivariana, a recuperação da dignidade da Venezuela, a justiça social, a visibilidade e o poder do povo, a integração latino-americana, a soberania nacional e regional, a verdadeira independência, a realização do sonho da Pátria Grande, e muito, muito mais. Estas são conquistas de Chávez, o homem que apareceu apenas como aquele irmão de Adão.
Há milhões de pessoas ao redor do mundo que são inspiradas por Hugo Chávez. Chávez levantou a voz sem tremer diante dos mais poderoso, disse a verdade – aquela que os outros têm medo de dizer -, não se ajoelhou diante de ninguém, caminhou com dignidade firme, cabeça erguida, com as pessoas, el pueblo, guiando-o e um sonho de uma nação próspera, justa e plena. Chávez deu a seu povo a força coletiva para combater a injustiça, a desigualdade, para acreditar que um mundo melhor não é apenas um sonho, é uma realidade possível.
Chávez, um homem que poderia passar o tempo na companhia do homens mais ricos e poderosos do mundo, preferiu estar com aqueles que mais precisam, sentindo sua dor, abraçando-os e encontrando maneiras de melhorar suas vidas.
Chávez uma vez me contou uma história, ou a contou muitas vezes como ele sempre fazia. Ele estava viajando de carro com sua comitiva, nas planícies venezuelanas de Los Llanos, naquelas longas estradas que parecem continuar infinitamente. Um cão de repente apareceu no lado da estrada, coxeando com uma perna ferida. Chávez ordenou que o carro parasse e saiu para pegar o cachorro.
Ele abraçou o animal ferido, dizendo que tinha que ser levado ao veterinário. “Como podemos deixá-lo aqui sozinho e ferido”, perguntou. “É um ser, é uma vida, ela precisa ser cuidada”, disse ele, demonstrando sua sensibilidade. “Como podemos nos chamar socialistas sem nos importarmos com as vidas dos outros? Precisamos amar, precisamos cuidar de todos, incluindo os animais, que são seres inocentes. Não podemos virar as costas a ninguém.”
Quando ele disse aquel a história eu chorei. Chorei por causa do meu amor por animais e pelos maus-tratos que sofrem generalizadamente, e chorei também por ouvir alguém como ele, Chávez, dizer coisas para despertar a consciência sobre a necessidade de cuidar das pessoas que compartilham de nosso planeta.
Mas também chorei porque Chávez confirmou algo naquele momento que eu já sabia, algo que eu senti no meu coração, mas de que não tinha certeza em minha mente. Chávez confirmou sua simplicidade, sua sensibilidade e sua capacidade de amar. Ele confirmou que era um homem cujo coração sente dor quando vê um animal ferido. Um homem que não só sente, mas age. Isso é o que ele foi.
Quando Chávez assumiu a presidência da Venezuela, o país estava mancando. Ele tinha visto as suas feridas e sabia que tinha que fazer todo o possível para ajudar. Ele tomou a Venezuela em seus braços, embalou-a de perto, acalmou-a, e buscou fazer o melhor. Ele deu tudo o que tinha dentro dele – o seu suor, alma, força, inteligência, energia e amor – para alterar a Venezuela com crescimento, dignidade, soberania, e a construção do sentido de nação.
Ele olhou por sua pátria de dia e de noite, nunca a deixando sozinha. Ele descobriu a beleza, a força, o potencial e a grandeza de sua pátria. Ele a ajudou a crescer forte, bonita, visível e feliz. Ele comandou seu renascimento com força e paixão, com o poder do povo e uma pátria digna.
Chávez deu tudo de si mesmo e não pediu nada em troca. Hoje, a Venezuela cresce e floresce, graças a seu compromisso e visão, graças à sua dedicação e determinação, graças ao seu amor.
Graças a Deus que você apareceu, Chávez.
Leia mais: A namorada americana da Venezuela.
*Diariodocentrodomundo
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