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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, março 12, 2013

Deleite - Si tengo un hermano



Uruguai defende legalização da maconha perante a ONU


Da Redação
O Uruguai defendeu nesta terça-feira (12), perante a Comissão de Drogas da Organização das Nações Unidas (ONU), o projeto de legalização da maconha que está sendo discutido no país. A delegação uruguaia afirmou que as políticas “proibicionistas” aplicadas nos últimos 50 anos precisam ser revisadas internacionalmente, pois não foram eficazes.
Diego Cánepa, chefe da delegação do Uruguai no fórum e secretário de presidência do Uruguai, afirmou que o número de dependentes de drogas só aumentou nas últimas décadas, o que comprovaria o fracasso das políticas existentes. “Podemos observar que os objetivos dessas políticas baseadas na criminalização do uso não completaram seus objetivos e se mostraram ineficientes”, disse ele. “Com o proibicionismo, a única coisa que alcançamos foi fortalecer o poder do tráfico e do crime organizado de tal forma que, como ocorre na Colômbia ou no México, os mesmos chegam a desafiar o próprio Estado”, acrescentou.
Cánepa ainda ressaltou que a regulamentação do mercado da maconha seria uma forma de buscar novas alternativas de fiscalização e controle da droga. A Jife (Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes), órgão da ONU que vigia o cumprimento de normas contra as drogas, publicou recentemente em seu relatório anual que essa medida infringiria os tratados internacionais. Como resposta, Cánepa afirmou que o Uruguai tem o direito de “assumir as formas jurídicas que lhe dão possibilidade de atacar de maneira frontal as bases econômicas do tráfico”.
O projeto de regulamentação da droga consiste no controle da produção, distribuição e venda pelo Estado. O Poder Legislativo estuda a proposta, feita em dezembro de 2012 pelo presidente uruguaio José Mujica. O aumento constante do narcotráfico na América Latina é uma das principais justificadas para a mudança na lei.
*Opera Mundi




José Dirceu foi condenado e aguarda prisão, mas Cachoeira tenta retomar negócios.

Cachoeira tenta retomar negócios 1 ano após prisão


Contraventor está aos poucos restabelecendo velhas conexões políticas e empresariais

Alana Rizzo - ENVIADO ESPECIAL - O Estado de S.PauloGOIÂNIA - Depois de ficar preso por 266 dias no ano passado sob acusação de comandar uma rede de tráfico de influência envolvida com negócios públicos e jogos ilegais, Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, está aos poucos restabelecendo velhas conexões políticas e empresariais.

Wilson Pedrosa/AE
Cárcere. Contraventor passou 266 dias na prisão em 2012Argumentando que as provas da Operação Monte Carlo serão anuladas, Cachoeira faz reuniões em casa com amigos e empresários, especialmente do setor de coleta de lixo. Entre os convidados, está Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta Construções no Centro-Oeste, vizinho do contraventor e também réu na Justiça.
O que Cachoeira ainda não conseguiu foi marcar sua volta à sociedade de Goiânia. Sua mulher, Andressa Mendonça, é requisitada em festas e eventos sociais. "Ele nunca foi das ‘altas rodas’ da capital. É de Anápolis e, por mais que tenha dinheiro, não é de família tradicional", diz um parlamentar que atuou na CPI do Cachoeira na Assembleia de Goiás.
A comissão terminou em pizza na última semana, sem indiciamentos ou relatório final. Segundo deputados da oposição, os aliados do governador Marconi Perillo (PSDB) literalmente se esqueceram de votar o texto.
A exposição pública de Cachoeira - condenado a quase 40 anos de cadeia - tem sido evitada, especialmente após o flagra em um resort de luxo na Bahia, com diárias de R$ 3 mil. Há mais ou menos duas semanas, a defesa ordenou que o contraventor submergisse para não atrapalhar a montagem de um figurino mais discreto para quem ainda responde a ações na Justiça. A personalidade expansiva e articulada do contraventor sempre preocupou os advogados que o defendem.
Sob os cuidados do criminalista Nabor Bulhões, Cachoeira tornou-se evangélico na prisão e estabeleceu uma rotina de cultos semanais em casa. Na nova fase, ele pega os filhos na escola, deixou de frequentar a noite goiana e agora encomenda jantares em casa nos melhores restaurantes da cidade.
"É uma orientação pessoal dele e que casa com a nossa. Ele está muito discreto e focado na família e nos processos. Carlinhos está trabalhando na defesa. Isso tudo absorve bastante tempo", afirma Nabor, negando que ele tenha retomado a vida empresarial.
Delação. Sobre uma eventual colaboração com a Justiça, Nabor responde: "Não aceito assistir cliente que cogite a delação. É uma questão de princípio". Ao deixar a cadeia, Cachoeira prometeu revelar tudo o que sabia e anunciou ser o "verdadeiro garganta profunda do PT". Até agora, nada veio a público.
Mesmo condenado, Cachoeira aguarda em liberdade o trânsito em julgado da sentença. O Ministério Público avalia a possibilidade de novas denúncias por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e corrupção. Uma força-tarefa foi montada para analisar o fluxo financeiro da organização criminosa, e os volumosos saques em espécie já despertaram a atenção dos investigadores.
Para a procuradora Léa Oliveira, uma das autoras da denúncia contra Cachoeira, o resultado da operação é positivo. "Só nos ressentimos de que, se não fossem os vazamentos de setores de onde não esperávamos, conseguiríamos ter desenvolvido uma persecução financeira do grupo. Mas levantamos o véu que cobria uma realidade extremamente complexa."
A procuradora não descarta a possibilidade de o grupo criminoso ainda estar atuando. "Conseguimos desarticular temporariamente o grupo, mas não desmantelá-lo completamente.
Dilma inaugura Canal do Sertão e anuncia obras até 4º trecho Presidenta também revelou que governo federal pavimentará rodovia e construirá viaduto em Maceió
 
Thiago Gomes
A presidenta Dilma Rousseff (PT) inaugurou, na manhã desta terça-feira (12), os primeiros 65 km do Canal do Sertão, em solenidade concorrida e cheia de autoridades celebrada em trecho do distrito Alto dos Coelhos, entre os municípios de Água Branca e Delmiro Gouveia. Rousseff descerrou a placa em que representava a visita oficial da presidência para inaugurar os primeiros trechos do canal e anunciou que, além de fazer o terceiro trecho do canal, fará o quarto, que alcançará 122 km com água correndo pelo Sertão.

Segundo a presidenta, o dinheiro está garantido por meio dos recursos oriundos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2. Ela revelou que obras complementares serão feitas e anunciou, também, a pavimentação de 49 km da BR-316, que corta Alagoas, e a construção do viaduto localizado entre a BR-104 e BR-316, em Maceió.

Dilma quebrou o protocolo e cumprimentou primeiro os trabalhadores que estiveram na obra e ressaltou a mulher, pela passagem do Dia Internacional, na semana passada. Evidenciou a ajuda sistemática dos senadores alagoanos no encaminhamento de projetos do governo no Congresso Nacional

Ela veio de Brasília em voo que desembarcou por volta das 10h40, no Aeroporto de Paulo Afonso, cidade baiana que faz divisa com Alagoas. Quinze minutos após o helicóptero da Força Aérea Brasileira (FAB) pousou na área localizada entre Água Branca e Delmiro Gouveia. A aeronave levou a presidenta e a comitiva de autoridades políticas que a acompanhavam, entre elas o ministro da Integração Nacional e o senador Fernando Collor de Mello, convidado pela presidente para integrar o grupo.

Assim que pisou em solo sertanejo, a presidenta fez uma visita a unidades demonstrativas de psicultura e de irrigação, que são ideias a serem usadas pelos pequenos agricultores que vivem às margens do Canal do Sertão. Dilma conversou com pescadores e produtores rurais que estavam presentes especificamente para apresentar alguns dos benefícios com a chegada da água na região.

A comitiva ainda conferiu as obras do canal, no local em que foi montada a estrutura do evento. Dilma cumprimentou os sertanejos e se dirigiu ao palco, onde foi bastante aplaudida pela multidão presente à solenidade.




Prefeita exalta ‘amigos’ da terra e diz que Sertão não é o mesmo

A prefeita de Água Branca, Albanir Sandes Gomes (PMDB), fez um discurso emocionado e de agradecimento por ter o município sido beneficiado pelas obras do Canal do Sertão. “È com enorme alegria e satisfação que recebemos a presidente Dilma em nossa terra. Esse dia ficará marcado em nossas vidas. É a certeza de que o Sertão não será mais o mesmo a partir de agora. As dificuldades continuam sendo inúmeras do povo sertanejo, mas quero agradecer a grandiosa obra que vai matar a sede e a fome dos nossos habitantes. Ressaltar também os senadores Fernando Collor e Renan Calheiros. Eles desenvolveram grandes projetos e são os verdadeiros amigos dessa cidade. Faço menção também ao programa Bolsa Família, que transfere renda e mudou a vida de muita gente”, evidenciou. A prefeita não fez menção ao governo do Estado.




Fernando Bezerra exalta
O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, destacou, em sua fala, a presença do ensino superior federal no Sertão de Alagoas. Disse que observou, do helicóptero, o campus da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), todos em Delmiro Gouveia e revela que repercutiu a surpresa com os senadores Collor e Renan.

“No meio da seca mais severa que o Nordeste já enfrentou, eu vejo a determinação de um governo, que iniciou com Lula o maior programa de interiorização das universidades federais do país. Foi ele, Lula, também, quem resgatou a obra do Canal do Sertão, que estava parada há dez anos. É água para o povo, para os animais, mais irrigação para os pequenos agricultores e a grande novidade: a presidenta Dilma destinou R$ 20 milhões para levar água aos assentamentos do Incra, em parceria com a Codevasf”, discursou Bezerra. Segundo o ministro, o Nordeste não seria problema para a nação, mas a solução.

Governador é vaiado durante solenidade
O governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) também discursou e foi vaiado por alguns manifestantes presentes à solenidade. Muitos fizeram também um apitaço. Entre outros pontos de sua falação, ele exaltou o empenho do ex-presidente Lula e da atual presidente Dilma Rousseff, a quem classificou de grande amiga de Alagoas. Na opinião do governador, foram os dois os responsáveis por deslanchar as obras do Canal do Sertão. Ele ainda elogiou o empenho do ministro Fernando Bezerra para trabalhos de infraestrutura no estado.

Política de cotas de SP segrega alunos




Por Raimundo Oliveira, na Rede Brasil Atual: 
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse hoje (11) que a política de cotas apresentada pelo governo de São Paulo mantém os estudantes de escolas públicas apartados do convívio universitário, criando exclusão no local em que deveria ocorrer a integração social. 
“É uma política de cotas que mantém o aluno segregado. Se é assim, o governador deveria adotar esse sistema para todos os alunos que quisessem ingressar na universidade”, disse, durante conversa com jornalistas após audiência pública na Assembleia Legislativa paulista. 
Para Mercadante, não se pode dizer que a proposta do governador Geraldo Alckmin (PSDB) funcione como alternativa à política de cotas do governo federal, como argumenta a gestão tucana. 
“Esse sistema de college é usado em vários países, mas de maneira diferente. Aqui os alunos não têm garantia se vão conseguir o diploma ou o certificado no final do curso, nem se a carga horária do curso será abatida como crédito depois que ingressarem na universidade”, afirmou.
Baseado no college, o ensino superior dos Estados Unidos, o programa de cotas do governo estadual também é criticado por movimentos de promoção da igualdade racial. 
Os selecionados terão de fazer um curso semipresencial de dois anos. Para ter acesso às universidades, será necessário completar o segundo ano, com, no mínimo, média sete. 
No entanto, ao final do primeiro ano de curso, os que obtiverem desempenho acima de 70% já terão vagas garantidas nas Faculdades de Tecnologia (Fatecs). 
A distribuição dos outros 60% das vagas por cotas será definida a critério de cada universidade. 
Para Mercadante, outro defeito da proposta de Alckmin é que não há a garantia de continuidade em caso de mudança de governo, já que não se trata de um projeto de lei, mas de uma decisão tomada internamente, e sem que fossem ouvidos deputados e representantes da sociedade civil. 

O ministro da Educação apresentou como contrário a política do governo federal, implementada desde 2003 e que, a partir do ano passado, foi reforçada pela aprovação de um projeto de lei que prevê que negros e indígenas tenham direito a 50% das vagas até 2020. 
“Atualmente, nas universidades federais, 12,5% dos alunos são cotistas. O desempenho dos melhores alunos cotistas é igual ao dos alunos não cotistas.” 
Para se preparar para a realidade futura, disse Mercadante, o governo federal está criando planos que viabilizem do ponto de vista financeiro a permanência de alunos pobres, com oferecimento de transporte e moradia, e que garantam um processo de aprendizado para aqueles que cheguem ao ensino superior em estágio inferior aos demais estudantes. 
Postado por Miro 
*cutucandodeleve

Será o fim do papado????


Jesus barrado no conclave dos Cardeais

Por Leonardo Boff, em seu blog:
Cardeais da Igreja Católica vieram de todas as partes do mundo, cada qual carregando as angústicas e as esperanças de seus povos, alguns martirizados pela Aids e outros atormentados pela fome e pela guerra. Mas todos mostravam certo constrangimento e até vergonha pois vieram à luz os escândalos, alguns até criminosos, ocorridos em muitas dioceses do mundo, com os padres pedófilos; outros implicados na lavagem de dinheiro de mafiosos e super-ricos italianos que para escapar dos duros ajustes financeiros do governo italiano, usavam o bom nome do Banco Vaticano para enviar milhões de Euros para a Alemanha e para os USA. E havia ainda escândalos sexuais no interior da Cúria bem como intrigas internas e disputas de poder.

Face à gravidade da situação, o Papa reinante sentiu que lhe faltavam forças para enfrentar tão pesada crise e constatando o colapso de sua própria teologia e o fracasso do modelo de Igreja, distanciado do Vaticano II, que, sem sucesso, tentou implementar na cristandade, acabou honestamente renunciando. Não era covardia de um pastor que abandona o rebanho mas a coragem de deixar o lugar para alguém mais apropriado para sanar o corpo ferido da Igreja-instituição.
Finalmente chegaram todos os Cardeais, alguns retardatários, à sede de São Pedro para elegerem um novo Papa. Fizeram várias reuniões prévias para ver como enfrentariam este fato inusitado da renúncia de um Papa e o que fariam com o volumoso relatório do estado degenerado da administração central da Igreja. Mas em fim decidiram que não podiam esperar mais e que em poucos dias deveriam realizar o Conclave.
Juntos rezaram e discutiram o estado da Terra e da Igreja, especialmente a crise moral e financeira que a todos preocupava e até escandalizava. Consideraram, à luz do Espírito de Deus, qual deles seria o mais apto para cumprir a dificil missão de “confirmar os irmãos e as irmãs na fé”, mandato que o Senhor conferira a Pedro e a seus sucessores e recuperar a moralidade perdida da instituição eclesiástica.
Enquanto lá estavam, fechados e isolados do mundo, eis que apareceu um senhor que pelo modo de vestir e pela cor de sua pele parecia ser um semita. Veio à porta da Capela Sistina e disse a um dos Cardeais retardatários: ”posso entrar com o Senhor, pois todos os Cardeais são meus representantes e preciso urgentemente falar com eles”.
O Cardeal, pensando tratar-se de um louco, fez um gesto de irritação e disse-lhe benevolamente: “resolva seu problema com a guarda suiça”. E bateu a porta. Então, este estranho senhor, calmamente se dirigiu ao guarda suiço e lhe disse:”posso entrar para falar com os Cardeais, meus representantes”?
O guarda o olhou de cima para baixo e não acreditando no que ouvira, pediu, perplexo, que repetisse o que dissera. E ele o fez. O guarda com certo desdém lhe disse: “aqui entram somente cardeais e ninguém mais”.
Mas esta figura enigmática insistiu: “eu até falei com um dos Cardeais e todos eles são meus representantes, por isso, me permito de estar com eles”.
O guarda, com razão, pensou estar diante de um paranóico destes que se apresentam como Cesar ou Napoleão. Chamou o chefe da guarda que tudo ouvira. Este o agarrou pelos ombros e lhe disse com voz alterada: ”Aqui não é um hospital psiquiátrico. Só um louco imagina que os Cardeais são seus representantes”.
Mandou que o entregassem ao chefe de polícia de Roma. Lá, no prédio central, repetiu o mesmo pedido: “preciso falar urgentemente com meus representantes, os Cardeais”. O chefe de polícia nem se deu ao trabalho de ouvir direito. Com um simples gesto determinou que fosse retirado. Dois fortes policiais o jogaram numa cela escura.
De lá de dentro continuava a gritar. Como ninguém o fizesse calar, deram-lhe murros na boca e muitos socos. Mas ele, sangrando, continuava a gritar:”preciso falar com meus representantes, os Cardeais”. Até que irrompeu cela adentro um soldado enorme que começou a golpeá-lo sem parar até que caisse desmaiado. Depois amarrou-lhe os braços com um pano e o dependurou em dois suportes que havia na parede. Parecia um crucificado. E não se ouviu mais gritar:”preciso falar com meus representantes, os Cardeais”.
Ocorre que este misterioso personagem não era cardeal, nem patriarca, nem metropolita, nem arcebispo, nem bispo, nem padre, nem batizado, nem cristão, nem católico. Era um simples homem, um judeu da Galiléia. Tinha uma mensagem que poderia salvar a Igreja e toda a humanidade. Mas ninguém quis ouvi-lo. Seu nome é Jeshua.
Qualquer semelhança com Jesus de Nazaré, de quem os Cardeais se dizem representantes, não é mera coincidência mas a pura verdade.
“Veio para os seus, e os seus não o receberam” observou mais tarde e tristemente um seu evangelista.
*Turquinho

O brasileiro bolivariano

Los Próceres, Caracas, Venezuela

por Luiz Alves

José Inácio de Abreu e Lima nasceu no dia 6 de abril de 1794, no Recife, numa família de senhores de engenho. O futuro general de Bolívar veio ao mundo cinco anos após a Revolução Francesa, quando as suas ideias de liberdade, igualdade e fraternidade se espalhavam pelo mundo e tinham inspirado no Brasil a Conjuração Mineira, que ocorrera também em 1789, dando à nossa história o legendário mártir Tiradentes (A Verdade, nº 6 e 29).

Nas veias do menino corria sangue revolucionário. O do seu pai, José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima, conhecido como Padre Roma. É que ele foi realmente frade, graduou-se em teologia na Universidade de Coimbra, Portugal, e ordenou-se em Roma, mas por pouco tempo. Teve as ordens sacerdotais suspensas, por não seguir os cânones conservadores do Vaticano.

Participante ativo da Revolução Pernambucana de 1817, padre Roma foi enviado à Bahia para articular o levante anti-imperial naquele Estado. Preso em missão, foi executado três dias depois, sem delatar os companheiros nem os planos revolucionários. Uma tortura adicional: dois dos seus três filhos, Luís e José foram obrigados a assistir ao fuzilamento. José tinha então 23 anos e era um jovem capitão do Exército brasileiro. O fato não o abateu; pelo contrário, marcou-lhe o espírito revolucionário. Alguns anos depois viria a ser o bravo general bolivariano.

Na luta com Simón Bolívar

Dois anos depois do fuzilamento do genitor, Abreu e Lima abandonou o exército brasileiro e engajou-se nas tropas de Bolívar, na Venezuela. Bolívar lutava, não apenas pela independência ante o invasor espanhol, mas pela formação de uma grande nação latino-americana. Fruto de sua campanha, já se haviam unificado Colômbia, Venezuela e Equador, formando a Grã-Colômbia e a luta se estendia vitoriosa nos territórios do Peru e da Bolívia, avançando pelo Chile e pela Argentina.

Em pouco tempo o jovem oficial brasileiro destacou-se na guerra de libertação, assumiu postos de comando e foi responsável pela vitória em várias batalhas, recebendo a patente de coronel em janeiro de 1824. Conflitos internos, que resvalaram para ataques pessoais levaram Abreu e Lima a sofrer uma suspensão do exército libertador e ao cumprimento de pena de detenção por seis meses. Reabilitado, integrou o círculo de oficiais mais próximos e leais a Bolívar, de quem recebeu a patente de general.

Divergiam de Bolívar líderes nacionais, que defendiam a consolidação isolada de cada nação e consideravam um sonho impossível, tornando-se um desperdício de energia a ideia de integração continental. Francisco de Paula Santander, da Colômbia, foi inicialmente o defensor dessa proposta, que se alastrou para os outros países libertados, com José Antônio Paez, na Venezuela; Agostin Guerra, na Bolívia; José Lamar, no Peru. O ideal unitário bolivariano se despedaçava.

Bolívar ainda tentou, com os poucos oficiais que permaneciam do seu lado, entre os quais Abreu e Lima, defender a Grã-Colômbia. Houve forte luta interna, com muitas perdas, entre aqueles que pouco antes estavam irmanados na guerra contra o invasor espanhol. Simón Bolívar resolveu partir para o exílio, organizando a retirada até o litoral com os oficiais que continuavam do seu lado, ocasião em que nomeou Abreu e Lima, general e um dos comandantes da operação. Esta não chegou ao seu termo, porque no dia 17 de dezembro de 1830, o Grande Libertador falecia, vitimado pela tuberculose.

Os oficiais bolivarianos divulgaram a seguir um comunicado em que se manifestaram “dispostos a morrer para garantir a última vontade do Libertador” e faziam apelo no mesmo sentido aos “companheiros do Exército da Grã-Colômbia”. Mesmo esse grupo, entretanto, não sustentou por muito tempo a unidade. Tendo assumido o comando, o general Luque expulsou os bolivarianos autênticos. Abreu e Lima foi para os Estados Unidos em setembro de 1831 e retornou no mesmo ano ao Brasil.

Monarquista, pela unidade nacional, e homem das massas

Surpreendentemente, não se alinhou aos republicanos. Considerava-os elitistas e acreditava que o fim da monarquia poria fim à unidade do país. Radicado no Rio de Janeiro, dedicou-se ao estudo da História do Brasil e travou apaixonadas polêmicas pela imprensa, com destaque para a travada com o famoso escriba republicano Evaristo da Veiga. Este negava qualquer valor a Abreu e Lima e o chamava pejorativamente de “general das massas”. A este epíteto, o general de Bolívar respondeu: “Com efeito a minha causa está afeta ao povo; é às massas para quem apelo, porque eu sou parte delas; sou membro desse todo a quem desprezais a cada instante e a quem tendes chamado vil canalha”.

Preso como articulador da Revolução Praieira

Tendo retornado para o Recife em 1844, Abreu e Lima filiou-se ao Partido Liberal, denominado praieiro porque a sua ala mais radical editava um jornal com sede na Rua da Praia, denominado Diário Novo, em contraposição ao Diário de Pernambuco, chamado “Diário Velho”, por ser porta-voz do conservadorismo. O jornal era impresso na gráfica do seu irmão, Luís Inácio Ribeiro Roma, ativo militante praieiro, que morreu durante a Revolução. Abreu e Lima escrevia nesse jornal, sempre dando notícias e fazendo comentários sobre os demais países latino-americanos e propugnando pela unidade continental. Por desavenças familiares, depois resolvidas, passou a editar seu próprio jornal, quase um boletim, denominado Barca de São Pedro.

Recife continuava sendo um centro irradiador de mercadorias e de ideias para todo o Nordeste e aí é que chegavam primeiro as notícias e obras produzidas na Europa. O comércio, dominado por estrangeiros, especialmente ingleses e portugueses. No meio intelectual predominava o liberalismo radical e começavam a se disseminar ideias socialistas, do socialismo utópico, trazidas pelo engenheiro francês Louis Léger Vauthier, adepto de Fourier.

Nacionalismo e socialismo utópico se juntaram e foram o motor da Revolução Praieira, desencadeada no dia 7 de novembro de 1848, dia do aniversário da Sabinada, luta pela independência travada na Bahia no ano de 1837. O Manifesto da Praieira propugnava o fim do latifúndio, da escravidão, a nacionalização do comércio e trabalho digno para todos. Derrotados os revoltosos, centenas de liberais, radicais ou moderados são presos, julgados e condenados. Abreu e Lima foi sentenciado à prisão perpétua e levado para a ilha de Fernando de Noronha. Não havia participado da Revolução, porém, e mantinha até uma certa distância dos revolucionários, o que conseguiu comprovar, sendo absolvido e liberado em junho de 1850.

Cidadania e socialismo

Saído do cárcere, voltou-se para os livros. Escrevia para os jornais, defendendo a ampliação do direito de voto, de direitos dos consumidores e contra a carestia. Sua análise da sociedade, levou-o à compreensão da luta de classes e à defesa do socialismo, de tipo utópico ou pré-marxista. No ano da praieira, 1848, Marx e Engels lançavam para o mundo o Manifesto Comunista, mas Abreu e Lima não faz referência a ele na sua obra O Socialismo. Fala de Babeux, Fourier, Saint-Simon e Owen.

Trechos que esclarecem a visão socialista de Abreu e Lima: “Que somos todos inimigos e rivais uns dos outros na proporção das nossas respectivas classes, não necessitamos de argumentos para prová-lo, basta que cada um dos que lerem este papel, seja qual for a sua condição, meta a mão na sua consciência”. “Em que consiste o socialismo? Na tendência do gênero humano para tornar-se uma só e imensa família”. E como se revela esta tendência? “Pelos fenômenos sociais, e eis aí porque chamamos socialismo a essa tendência visível, palpável, conhecida por sua marcha crescente e sempre progressiva desde os 15 primeiros séculos da História”.

Monumento ao herói na Venezuela

O general da libertação e unidade latino-americanas, faleceu em sua casa no dia 8 de março de 1869, aos 75 anos de idade. Não pôde ser sepultado em cemitério brasileiro, porque o bispo Francisco Cardoso Ayres não permitiu, alegando liberalismo religioso. Foi aceito, ironia histórica, no Cemitério dos Ingleses. Em seu túmulo, colocou-se a inscrição: “Aqui jaz o cidadão brasileiro José Ignácio de Abreu e Lima, propugnador esforçado da liberdade de consciência.”

Pouco lembrado no Brasil, mesmo em Pernambuco, a não ser pelo nome dado ao então distrito de Maricota, hoje cidade de Abreu e Lima, o nome do general bolivariano aparece com destaque no Monumento aos próceres, em Caracas, homenagem aos estrangeiros que contribuíram com a causa da independência.

O herói deve retornar ao solo pátrio

Exilado após a morte, o general das massas continua em solo estrangeiro. No ano passado o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, foi proibido de colocar um busto do herói no local. Urge resgatar os restos mortais de Abreu e Lima, para que descanse em solo pátrio. O Centro Cultural Manoel Lisboa e o Fórum Permanente da Anistia em Pernambuco estão realizando uma campanha pela repatriação do libertador bolivariano.

Obras consultadas: 
Abreu e Lima, general de Bolívar, Chacon, Vamireh, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983
O Socialismo, General José Ignácio de Abreu e Lima, 2a edição, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1979 
*Tecedora
Deputada Luiza Erundina apresenta a petição do Avaaz com 363.600 assinaturas contra a eleição de Marco Feliciano

Os deputados e deputadas contrários à escolha do Dep. Marco Feliciano para presidir a CDHM se reuniram na manhã desta terça-feira (12/3). Como encaminhamento, os parlamentares deverão impetrar, ainda hoje, um mandado de segurança, no Supremo Tribunal Federal (STF), na tentativa de anular a sessão que elegeu Feliciano. Argumenta-se que a reunião de eleição da presidência da CDHM feriu dispositivos do regimento da Câmara dos Deputados, ao impossibilitar que representantes dos movimentos sociais acompanhassem a sessão. Equipe LE