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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, março 12, 2013


Uruguai defende legalização da maconha perante a ONU


Da Redação
O Uruguai defendeu nesta terça-feira (12), perante a Comissão de Drogas da Organização das Nações Unidas (ONU), o projeto de legalização da maconha que está sendo discutido no país. A delegação uruguaia afirmou que as políticas “proibicionistas” aplicadas nos últimos 50 anos precisam ser revisadas internacionalmente, pois não foram eficazes.
Diego Cánepa, chefe da delegação do Uruguai no fórum e secretário de presidência do Uruguai, afirmou que o número de dependentes de drogas só aumentou nas últimas décadas, o que comprovaria o fracasso das políticas existentes. “Podemos observar que os objetivos dessas políticas baseadas na criminalização do uso não completaram seus objetivos e se mostraram ineficientes”, disse ele. “Com o proibicionismo, a única coisa que alcançamos foi fortalecer o poder do tráfico e do crime organizado de tal forma que, como ocorre na Colômbia ou no México, os mesmos chegam a desafiar o próprio Estado”, acrescentou.
Cánepa ainda ressaltou que a regulamentação do mercado da maconha seria uma forma de buscar novas alternativas de fiscalização e controle da droga. A Jife (Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes), órgão da ONU que vigia o cumprimento de normas contra as drogas, publicou recentemente em seu relatório anual que essa medida infringiria os tratados internacionais. Como resposta, Cánepa afirmou que o Uruguai tem o direito de “assumir as formas jurídicas que lhe dão possibilidade de atacar de maneira frontal as bases econômicas do tráfico”.
O projeto de regulamentação da droga consiste no controle da produção, distribuição e venda pelo Estado. O Poder Legislativo estuda a proposta, feita em dezembro de 2012 pelo presidente uruguaio José Mujica. O aumento constante do narcotráfico na América Latina é uma das principais justificadas para a mudança na lei.
*Opera Mundi

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