Plantando maconha para a vitória
Melhor plantar para a paz...
Puxado do Socialista Morena
Nos anos 1980, um filme de 14 minutos
começou a circular entre os ativistas norte-americanos pró-liberação da
maconha: nele, o Departamento de Agricultura do governo dos Estados
Unidos pedia ao país que plantasse cânhamo (a mesma planta da maconha)
para ajudar na guerra, em 1942. “Cânhamo para amarrar navios, cânhamo
para toas, cânhamo para rebocar e atrelar, cânhamo para incontáveis usos
navais tanto a bordo quanto em terra!” Nada poderia ser mais
patriótico, sugeria o filme, do que plantar maconha.
Antes de o algodão dominar o setor e o lobby dos plantadores acabar
com as lavouras de cânhamo sob o pretexto de proibir a droga, a fibra
era largamente utilizada em várias partes do planeta. Inclusive os
cordames e velas das caravelas de nossos descobridores eram feitos de
cânhamo. O Novo Mundo já nasceu ligado de alguma forma à planta… Eu
sempre me perguntei, aliás, por que não plantar cânhamo oficialmente no
Nordeste brasileiro, onde cresce tão bem, mesmo em solo árido –plantas
com baixo teor de THC, o princípio ativo da maconha, que seriam
utilizadas somente para extrair a fibra e fabricar de roupas, por
exemplo. O óleo também é super-nutritivo e seu uso está sendo estudado
como biocombustível. Qual o problema?
Enfim, é muito curioso descobrir que o plantio da proibidíssima
maconha já foi incentivado nos EUA. Quando o filme foi descoberto, o
governo negou, disse que se tratava de um embuste. Não havia registro
oficial sobre a produção em lugar algum, mas os ativistas não
desistiram. As autoridades americanas só não contavam com um detalhe:
embora o registro tenha desaparecido do catálogo eletrônico, as velhas
fichas da Biblioteca do Congresso não haviam sido incineradas, e estava
lá: Hemp for Victory (Cânhamo para a Vitória), Departamento de Agricultura dos EUA, 1942. Bingo.
“Podemos apenas especular sobre o autor da decisão de ‘apagar’ Hemp for Victory
dos vários arquivos oficiais. Ao que parece, a ‘reescrita’ da História
Oficial, algo que supomos só ter acontecido na Rússia comunista e em
outros Estados não democráticos, acontece também nos Estados Unidos”,
escreveu Rowan Robinson em O Grande Livro da Cannabis (Jorge Zahar), que conta a história.
Em 2010, o pessoal do blog O Imperador Está Nu legendou
em português e disponibilizou no youtube o filme, em duas partes.
Assista. Você vai ver como as visões sobre a maconha variam de acordo
com a ocasião. Uma hora heróica, outra hora banida da sociedade até como
fibra.
Para conferir os docs, clique em Hemp for Victory – Parte 1 e Parte 2
*Cappacete
*comtextolivre
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