Protesto: 19 servidores deixam Comissão de Direitos Humanos após eleição de Feliciano
Servidores deixam Comissão de Direitos Humanos após eleição de Feliciano
Dos 19 funcionários que trabalhavam no colegiado, somente dois ficaram. PPS quer levar denúncias contra o pastor ao Conselho de Ética da Câmara
A permanência do pastor Marco Feliciano (PSC-SP)
na Comissão de Direitos Humanos e Minorias provocou uma debandada de
servidores. Dos 19 funcionários que trabalhavam no colegiado, somente
dois ficaram. Alguns foram dispensados, outros pediram para sair.
Exercendo a presidência sob protestos, Feliciano será levado ao Conselho
de Ética pelo PPS pela suspeita de uso de recursos da Casa em proveito
próprio.
A
assessoria do deputado do PSC afirmou que o processo de substituições é
"natural". Diz que alguns dos servidores pediram desligamento ao longo
do mês e outros foram dispensados para que o deputado pudesse formar sua
própria equipe. Dos 17 funcionários que saíram, 12 são efetivos da Casa
e estão sendo realocados em outras atividades. Os dois servidores que
ficaram pediram ao parlamentar para continuar.
Servidores
que atuaram na comissão contam que sete deles deixaram os cargos por
diferenças ideológicas assim que Feliciano foi eleito. Outros
continuaram na expectativa de uma renúncia do pastor, o que teria levado
alguns aliados de Feliciano a tomá-los por "espiões".
Ex-presidente
da comissão, o deputado Domingos Dutra (PT-MA) relata que uma
consequência da debandada é a perda da "memória" do trabalho realizado.
"Esse é mais um capítulo dessa tragédia que se abateu sobre a comissão.
As pessoas que estavam ali eram pessoas que estavam há muito tempo e
tinham todo o conhecimento do que já foi feito", disse. Para ele, o PSC,
que não teria parlamentares ligados à causa, também não possui
servidores com o perfil necessário para o trabalho. A assessoria de
Feliciano sustenta que foi feita uma transição para se absorver o máximo
possível de informações dos funcionários que deixaram os cargos.
Conselho de Ética
Na
tentativa de retirar Feliciano do comando da comissão, uma vez que ele
se recusa a renunciar, o PPS decidiu entrar na próxima terça-feira (2)
com processo por quebra de decoro parlamentar contra o pastor no
Conselho de Ética da Casa. O colegiado tem a possibilidade de decidir
por um afastamento de Feliciano da função.
"Precisamos
acabar de vez com a situação vexatória vivida na a Câmara desde a
eleição do pastor para presidir o colegiado", afirmou o deputado Arnaldo
Jordy (PPS-PA).
Para o
PPS, além das acusações de racismo e homofobia, o pastor precisa
explicar denúncias de uso irregular de verbas de sua cota na Câmara.
Jordy alega que Feliciano paga com dinheiro público escritórios de
advocacia que lhe defendem em processos de interesse pessoal. O pastor
nega irregularidade. O deputado do PPS defendeu ainda como outra
alternativa uma renúncia coletiva dos integrantes da comissão de
Direitos Humanos, mas a ideia deve ser descartada pelos líderes porque a
maioria do colegiado é composta por apoiadores do pastor.
Feliciano
respondeu republicando nas redes sociais um vídeo que veio a público no
ano passado em que Jordy estaria pedindo a uma namorada para realizar
um aborto. Na ocasião, o deputado do PPS diz que apenas estava
demonstrando cuidado com a gravidez, fruto de um relacionamento
fortuito.
Ignorando
os protestos e as pressões por sua saída, Feliciano segue tentando
promover uma agenda na comissão. Sua assessoria divulgou que o
parlamentar, acompanhado de outros colegas, irá à Bolívia no dia 9 de
abril para tratar da situação dos 12 torcedores corintianos presos
devido à morte de um garoto durante um jogo da Copa Libertadores, em
Oruro. O pastor pretende ainda manter a agenda de audiências públicas no
colegiado.
AC
*Mariadapenheneles
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