Neto trai o avô e cai nos braços de Cerra!
SERRA E EDUARDO CAMPOS FORMAM NOVO CAMPO POLÍTICO À DIREITA NO PAÍS
Por Redação - de Brasília, Recife e São Paulo
Correio do Brasil
No obroguero
Campos e Serra buscam aproximação para gerar um novo campo político na direita brasileira
O quadro político nacional ganhou, nesta sexta-feira, um novo
realinhamento após as declarações mútuas de entendimento entre o
governador pernambucano Eduardo Campos(PSB) e o candidato tucano
derrotado nas últimas eleições, José Serra. Após a veiculação de nota,
em um dos diários conservadores da capital paulista, acerca de um
“encontro secreto”, no início da semana, entre expoentes partidários de
forças até alí antagônicas, ambos declaram-se, em elogios mútuos,
afinados com um projeto de poder distante da atual inquilina do Palácio
da Alvorada.
Serra falou, na véspera, a jornalistas e curiosos, que uma eventual
candidatura de Campos à Presidência da República, em 2014, seria “boa
para o Brasil e boa para a política”. Serra confirmou a reunião com o
líder pernambucano, na última sexta-feira, em sua casa, na capital
paulista. A notícia foi vazada para a colunista do jornal Folha de S.
Paulo Eliane Cantanhêde.
De seu lado, horas depois, o governador Campos diz que o encontro foi
“uma conversa sobre o Brasil”. Afinados, Serra foi na mesma linha e
concordou ter sido “uma conversa cordial sobre o Brasil, a política e a
economia”, na qual a sucessão, assunto que domina as redes sociais há
dias, não teria sido tratado. Sem se preocupar se alguém acreditou
nisso, Serra também nega que tenham conversado sobre alianças
eleitorais.
Ainda no ninho tucano, mas de malas prontas,
Serra diz que, “apesar do distanciamento político”, foi muito amigo do
avô de Campos, o governador Miguel Arraes (1916-2005), e que recebeu
abrigo da família em Paris na ditadura militar, enquanto ambos estavam
exilados, ainda que por razões inteiramente distintas.
No novo quadro que se desenha, o peso da candidatura de Aécio Neves no
PSDB fica reduzido com as divergências que assinalam uma rachadura
profunda no poleiro onde os tucanos Serra e Neves pousaram, até que a
convenção nacional do partido resolva quem deve ceder lugar para o
próximo representante da legenda nas urnas, no ano que vem.
Desafetos tradicionais na direita brasileira, Serra e Aécio estiveram
juntos, pela última vez, na segunda-feira em São Paulo, mas a conversa
foi curta. Concordaram apenas em marcar uma nova reunião, para o mês que
vem. Aécio, no entanto, mantém a mobilização e passa este fim de semana
em conversas com líderes tucanos de vários Estados.
Jogo de cena
Para o assessor de um dos principais deputados da bancada petista na
Câmara, ouvido pelo Correio do Brasil em condição de anonimato, a base
aliada assiste às movimentações de Eduardo Campos com apreensão, pois o
PSB foi um dos partidos que mais cresceu nas últimas eleições, em nível
nacional, e representa “uma fatia considerável da base de apoio à
presidenta Dilma”, afirmou.
Campos ainda não declarou, publicamente, que é candidato à Presidência,
mas as evidências de que concorrerá contra Dilma Rousseff “estão cada
vez mais óbvias”, disse o assessor.
– Não vê quem não quer – acrescenta.
Ainda assim, há aqueles que acreditam na hipótese de um “jogo de cena do
governador, para seguir adiante na base aliada, mais valorizado do que
nunca e com recursos de sobra para continuar com sua administração e,
desta forma, se cacifar para 2018″, prevê.
Campos já se reuniu também com o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e
conversa com frequência com o presidente do PPS, deputado Roberto Freire
(PE). Campos, de origem socialista, chega a despertar simpatia até no
DEM, o equivalente brasileiro ao ‘Tea Party‘ norte-americano, de
extrema-direita. Este, no entanto, deveria ser o eleitorado de Aécio
Neves.
Rasga-seda
Após a sessão de elogios de Serra, foi a vez de Campos, nesta
sexta-feira, derramar sua admiração sobre o antigo adversário. Segundo o
governador pernambucano, há mais pontos em comum com o tucano do que
com alguns aliados.
– Esse campo em que Serra sempre militou é um campo mais próximo do
nosso campo político do que muita gente que está conosco e esteve
conosco na base de sustentação do presidente Lula. Todo mundo sabe disso
– afirmou o socialista, no Recife, pouco antes de ele participar do
lançamento de um livro patrocinado pela empreiteira OAS sobre o
artesanato local.
Campos afirmou ter “muitas coisas em comum” e citou como exemplo
questões como a maior distribuição de renda, crescimento “mais arrojado”
da economia e “inovação que agregue valor às nossas exportações”.
– Não há diferença nisso em relação a muitos que estão na base do
governo e outros que estão na oposição. Ele (Serra) não vai concordar
com tudo o que eu falo, nem eu vou concordar com tudo o que ele fala.
Mas nós vamos, com certeza, com esse debate, enriquecer o debate
político – acredita.
Hoje em dia, para Eduardo Campos, o tucano é um homem de “experiência”,
“quadro importante na vida brasileira” e “economista respeitado”, como
afirmou a jornalistas, nesta tarde.
– Sempre tive uma boa relação com Serra. O próprio (ex-)presidente (Luiz
Inácio) Lula (da Silva) sabe disso, que sempre tivemos uma porta de
conversa – afirmou.
Por meio de sua assessoria, Lula preferiu não comentar a afirmação de Campos.
Da mesma forma como a presidenta Dilma viu azedar sua receita de um acordo com o recém-formado PSD, do prefeito Gilberto Kassab,
o almoço entre o governador Eduardo Campos e ela, nesta segunda-feira,
será tenso. Campos promete manter “absolutamente” a mesma atitude de
sempre com a presidenta em suas visitas ao Estado. Dilma irá inaugurar
uma adutora no sertão de Pernambuco e um trecho de uma rodovia na região
metropolitana do Recife.
– Estamos felizes de receber a presidenta Dilma aqui. Terei muito gosto de fazer uma calorosa recepção para ela – avisou.
*Ajusticeiradeesquerda
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