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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, março 25, 2013



SERRA E EDUARDO CAMPOS FORMAM NOVO CAMPO POLÍTICO À DIREITA NO PAÍS
Por Redação - de Brasília, Recife e São Paulo 
Correio do Brasil

Campos e Serra buscam aproximação para gerar um novo campo político na direita brasileira

O quadro político nacional ganhou, nesta sexta-feira, um novo realinhamento após as declarações mútuas de entendimento entre o governador pernambucano Eduardo Campos(PSB) e o candidato tucano derrotado nas últimas eleições, José Serra. Após a veiculação de nota, em um dos diários conservadores da capital paulista, acerca de um “encontro secreto”, no início da semana, entre expoentes partidários de forças até alí antagônicas, ambos declaram-se, em elogios mútuos, afinados com um projeto de poder distante da atual inquilina do Palácio da Alvorada.

Serra falou, na véspera, a jornalistas e curiosos, que uma eventual candidatura de Campos à Presidência da República, em 2014, seria “boa para o Brasil e boa para a política”. Serra confirmou a reunião com o líder pernambucano, na última sexta-feira, em sua casa, na capital paulista. A notícia foi vazada para a colunista do jornal Folha de S. Paulo Eliane Cantanhêde.

De seu lado, horas depois, o governador Campos diz que o encontro foi “uma conversa sobre o Brasil”. Afinados, Serra foi na mesma linha e concordou ter sido “uma conversa cordial sobre o Brasil, a política e a economia”, na qual a sucessão, assunto que domina as redes sociais há dias, não teria sido tratado. Sem se preocupar se alguém acreditou nisso, Serra também nega que tenham conversado sobre alianças eleitorais.

Ainda no ninho tucano, mas de malas prontas, Serra diz que, “apesar do distanciamento político”, foi muito amigo do avô de Campos, o governador Miguel Arraes (1916-2005), e que recebeu abrigo da família em Paris na ditadura militar, enquanto ambos estavam exilados, ainda que por razões inteiramente distintas.

No novo quadro que se desenha, o peso da candidatura de Aécio Neves no PSDB fica reduzido com as divergências que assinalam uma rachadura profunda no poleiro onde os tucanos Serra e Neves pousaram, até que a convenção nacional do partido resolva quem deve ceder lugar para o próximo representante da legenda nas urnas, no ano que vem.

Desafetos tradicionais na direita brasileira, Serra e Aécio estiveram juntos, pela última vez, na segunda-feira em São Paulo, mas a conversa foi curta. Concordaram apenas em marcar uma nova reunião, para o mês que vem. Aécio, no entanto, mantém a mobilização e passa este fim de semana em conversas com líderes tucanos de vários Estados.

Jogo de cena
Para o assessor de um dos principais deputados da bancada petista na Câmara, ouvido pelo Correio do Brasil em condição de anonimato, a base aliada assiste às movimentações de Eduardo Campos com apreensão, pois o PSB foi um dos partidos que mais cresceu nas últimas eleições, em nível nacional, e representa “uma fatia considerável da base de apoio à presidenta Dilma”, afirmou.
Campos ainda não declarou, publicamente, que é candidato à Presidência, mas as evidências de que concorrerá contra Dilma Rousseff “estão cada vez mais óbvias”, disse o assessor.
– Não vê quem não quer – acrescenta.

Ainda assim, há aqueles que acreditam na hipótese de um “jogo de cena do governador, para seguir adiante na base aliada, mais valorizado do que nunca e com recursos de sobra para continuar com sua administração e, desta forma, se cacifar para 2018″, prevê.

Campos já se reuniu também com o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e conversa com frequência com o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE). Campos, de origem socialista, chega a despertar simpatia até no DEM, o equivalente brasileiro ao ‘Tea Party‘ norte-americano, de extrema-direita. Este, no entanto, deveria ser o eleitorado de Aécio Neves.

Rasga-seda
Após a sessão de elogios de Serra, foi a vez de Campos, nesta sexta-feira, derramar sua admiração sobre o antigo adversário. Segundo o governador pernambucano, há mais pontos em comum com o tucano do que com alguns aliados.
– Esse campo em que Serra sempre militou é um campo mais próximo do nosso campo político do que muita gente que está conosco e esteve conosco na base de sustentação do presidente Lula. Todo mundo sabe disso – afirmou o socialista, no Recife, pouco antes de ele participar do lançamento de um livro patrocinado pela empreiteira OAS sobre o artesanato local.

Campos afirmou ter “muitas coisas em comum” e citou como exemplo questões como a maior distribuição de renda, crescimento “mais arrojado” da economia e “inovação que agregue valor às nossas exportações”.
– Não há diferença nisso em relação a muitos que estão na base do governo e outros que estão na oposição. Ele (Serra) não vai concordar com tudo o que eu falo, nem eu vou concordar com tudo o que ele fala. Mas nós vamos, com certeza, com esse debate, enriquecer o debate político – acredita.
Hoje em dia, para Eduardo Campos, o tucano é um homem de “experiência”, “quadro importante na vida brasileira” e “economista respeitado”, como afirmou a jornalistas, nesta tarde.
– Sempre tive uma boa relação com Serra. O próprio (ex-)presidente (Luiz Inácio) Lula (da Silva) sabe disso, que sempre tivemos uma porta de conversa – afirmou.

Por meio de sua assessoria, Lula preferiu não comentar a afirmação de Campos.
Da mesma forma como a presidenta Dilma viu azedar sua receita de um acordo com o recém-formado PSD, do prefeito Gilberto Kassab, o almoço entre o governador Eduardo Campos e ela, nesta segunda-feira, será tenso. Campos promete manter “absolutamente” a mesma atitude de sempre com a presidenta em suas visitas ao Estado. Dilma irá inaugurar uma adutora no sertão de Pernambuco e um trecho de uma rodovia na região metropolitana do Recife.
– Estamos felizes de receber a presidenta Dilma aqui. Terei muito gosto de fazer uma calorosa recepção para ela – avisou.


*Ajusticeiradeesquerda 

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