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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, março 25, 2013

Rota declara combate aos “seguidores” de Lamarca e Marighella



Calos Marighella e Carlos Lamarca sacrificaram suas vidas em nome do povo e de seu país, sempre estiveram do lado da classe trabalhadora. Já a Rota, sempre defendeu os interesses da elite branca paulista, embora seus ordenados sejam pagos por toda a sociedade. Não sou contra que se homenageie a Rota, mas que fique bem claro de quem parte essa homenagem, que fique claro quais setores da sociedade se sentem gratificados e protegidos pela ações desse grupo. Uma dica, o shopping Pátio Higienópolis é uma boa pedida, aqui, com certeza os matadores da Rota serão aplaudidos de pé.


No site oficial da Polícia Militar (PM), num texto intitulado “A história dos Boinas Negras”, a Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar (Rota), considerada o batalhão especial da corporação, declara combate aos “remanescentes e seguidores de Lamarca e Marighella”. O texto associa a luta dos guerrilheiros contra o regime civil-militar (1964-85) com as facções criminosas de hoje.
“Mais uma vez dentro da história, o Primeiro Batalhão Policial Militar ‘TOBIAS DE AGUIAR’, sob o comando do Ten Cel SALVADOR D’AQUINO [fundador da Rota], é chamado a dar sequência no seu passado heróico, desta vez no combate à Guerrilha Urbana que atormentava o povo paulista (sic)”, diz trecho do texto.
Trecho do texto no site da PM que associa a luta dos guerrilheiros contra a ditadura com as facções criminosas de hoje





 O vereador Paulo Telhada
Foto: Reprodução
Para enaltecer as “campanhas de guerra” da Rota, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou, nesta quinta-feira (21), um projeto de decreto legislativo que permite a realização de uma homenagem aos feitos do batalhão, entre eles a companhia chamada “Boinas Negras”, que atuou durante a ditadura militar. De autoria do ex-coronel do batalhão e vereador pelo PSDB Paulo Telhada, o objetivo do projeto é “homenagear o Batalhão pelos relevantes serviços prestados a sociedade brasileira e, em especial, ao povo do Estado de São Paulo.".
No texto do projeto, Telhada destaca ainda a atuação da Rota durante o regime, que perseguiu guerrilheiros como Carlos Lamarca e Carlos Marighella. A sessão em que será feita a homenagem ainda não tem data marcada.
*Cappacete

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