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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, março 26, 2013


Protesto contra Feliciano reuniu artistas, políticos e representantes de movimentos sociais e religiosos no RioNo Rio, artistas protestam contra permanência de Feliciano em comissão


DE BRASÍLIA

Uma manifestação de repúdio à permanência do deputado Marco Feliciano (PSC) na presidência na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara lotou nesta segunda-feira (25) o auditório da Associação Brasileira de Imprensa, no Rio. O auditório comporta 600 pessoas sentadas.
Eleito no início do mês para o cargo, Feliciano enfrenta resistência de grupos que o acusam de ser homofóbico e racista. Ele nega e diz defender posições comuns a evangélicos, como ser contra união civil homossexual.
Organizado pelo deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) e pelo deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), o evento reuniu, entre outros, os cantores Caetano Veloso e Preta Gil, os atores Wagner Moura, Leandra Leal e Dira Paes e representantes de movimentos sociais e religiosos.
Celso Pupo/Fotoarena/Folhapress
Protesto contra o pastor Feliciano reuniuno Rio artistas, políticos e representantes de movimentos sociais e religiosos
Caetano disse que a saída de Feliciano é importante para que o Legislativo tenha mais credibilidade: "Vários fatos levam o povo brasileiro a desprezar o Poder Legislativo. Estamos aqui reunidos para dizer que não concordamos com essa decisão absurda, mas isso significa dizer também que nós não queremos viver sem o Congresso".
"Acho muito desonesto os parlamentares do PSC dizerem que a oposição ao nome de Feliciano é uma intolerância contra a figura dele. É, portanto, muito significativa a presença de vários líderes religiosos aqui, inclusive de um pastor presbiteriano", disse o ator Wagner Moura.
O deputado Jean Wyllys afirmou que é chegada a hora de Dilma Rousseff se manifestar: "O governo sabe se meter no Legislativo quando é de seu interesse".
Mesmo com as pressões para deixar o cargo, Feliciano afirmou, por meio de sua assessoria, que a agenda da Comissão de Direitos Humanos está mantida e que ele não tem planos de renúncia.
Feliciano agendou, possivelmente para a próxima semana, uma ida à Bolívia para tratar dos torcedores corintianos presos naquele país.
Com isso, Feliciano desafiou o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que pediu uma solução para o caso até hoje. Alves havia dito que a situação de Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos era insustentável.
Em nota, a Anistia Internacional afirmou que a escolha de Feliciano para a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias é "inaceitável", por suas "posições claramente discriminatórias em relação à população negra, LGBT e mulheres".
A Anistia Internacional diz esperar que os parlamentares "reconheçam o grave equívoco cometido" e tomem medidas para substituí-lo.
Na noite desta segunda-feira, manifestantes se reúnem em frente ao Congresso Nacional em Brasília para uma vigília em protesto contra Feliciano.
*Nina

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